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FILOSOFIA 10º ANO

O PROBLEMA DA
LIBERDADE E DO
DETERMINISMO NA
AÇÃO HUMANA
Determinismo e liberdade na ação humana

ESPL/ Prof. Rosa Alice Rio


FILOSOFIA 10º ANO

LIVRE-ARBÍTRIO E DETERMINISMO
 Temos livre-arbítrio, se, e só se, algumas das
coisas que acontecem dependem
fundamentalmente de nós.
 É a capacidade de escolhermos realmente o que
fazemos. Se realizo uma determinada ação,
parece evidente que isso resultou de uma
decisão voluntária e que poderia ter escolhido
não a fazer.
• O determinismo é a tese de que tudo o que
acontece no universo, incluindo as ações
humanas, é a consequência necessária e
inevitável de acontecimentos anteriores e das leis
da natureza.
O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO

De que resulta o problema do livre-arbítrio?

Quase todas as pessoas parecem acreditar que têm


livre-arbítrio.
Quando escolhemos a roupa que vamos usar
ou a comida que vamos comer, quando planeamos
o que vamos fazer no futuro não parece fazer
sentido que não tenhamos a liberdade
de escolher entre várias alternativas (ou livre-arbítrio).
Por outro lado, quase todas as pessoas parecem
acreditar no determinismo, isto é, que todos
acontecimentos têm causas (incluindo as ações
humanas) e ocorrem de acordo com as leis da natureza.
Nada acontece por acaso.
Essa crença faz parte do modo como geralmente
olhamos para o mundo.
O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO
Eis a questão: Mas, sendo assim, se todos os
acontecimentos têm causas anteriores, como
podem as nossas ações ser livres?
É aqui que reside o problema
do livre-arbítrio.
Apesar de o determinismo e de o livre-arbítrio
parecerem crenças aceitáveis e justificadas
por boas razões, se o determinismo incluir as
ações humanas então não parece ser
possível fazermos escolhas e, por isso -
como responsabilizar as pessoas pelas suas
ações?
O problema está em saber se o livre-arbítrio e
o determinismo poderão ser simultaneamente
crenças verdadeiras, ou seja, é o problema da
compatibilidade: Será o livre-arbítrio
compatível com o determinismo?
FILOSOFIA 10º ANO

LIVRE-ARBÍTRIO E DETERMINISMO

PROBLEMAS
PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O
DETERMINISMO?

PROBLEMA 2: TEMOS LIVRE-ARBÍTRIO?


FILOSOFIA 10º ANO

MAPA DE POSIÇÕES
O livre-arbítrio é
Temos Está tudo
Teorias compatível com
livre-arbítrio? determinado?
o determinismo?

Libertismo Não Sim Não


Incompatibilismo
Determinismo
Não Não Sim
Radical

Compatibilismo Determinismo
Sim Sim Sim
Moderado
FILOSOFIA 10º ANO

MAPA DE POSIÇÕES (CONT.)


PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O DETERMINISMO?

INCOMPATIBILISMO:
NÃO, o livre-arbítrio não é compatível com o determinismo.
Se o determinismo é verdadeiro, não temos livre-arbítrio. (tese do determinismo
radical)
Num mundo onde todos os acontecimentos (incluindo as nossas ações) fossem a
consequência necessária de acontecimentos que os antecedem e das leis da natureza
(i.e., num mundo onde o passado e as leis da natureza determinassem em cada
momento um único futuro possível), então não poderia haver verdadeiro livre-arbítrio.
NÃO: temos livre-arbítrio, nem tudo está determinado. (tese do libertismo)
FILOSOFIA 10º ANO

MAPA DE POSIÇÕES (CONT.)


PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O DETERMINISMO?

COMPATIBILISMO:
SIM, o livre-arbítrio é compatível com o determinismo, ou seja, é possível termos
livre-arbítrio, apesar de vivermos num mundo onde todos os acontecimentos
(incluindo as nossas ações) são uma consequência necessária de acontecimentos
que os antecedem e das leis da natureza.
FILOSOFIA 10º ANO

MAPA DE POSIÇÕES (CONT.)


PROBLEMA 2: TEMOS LIVRE-ARBÍTRIO?

DETERMINISMO RADICAL: NÃO, porque determinismo é verdadeiro e o


livre-arbítrio não é compatível com o determinismo.

DETERMINISMO MODERADO: SIM, apesar do determinismo ser verdadeiro, isto


é, apesar de todos os acontecimentos (incluindo as nossas ações) serem a
consequência necessária de acontecimentos que os antecedem e das leis da natureza.

LIBERTISMO: SIM, portanto, o determinismo é falso, visto que livre-arbítrio e


determinismo não são compatíveis.
FILOSOFIA 10º ANO

O PROBLEMA DA COMPATIBILIDADE
PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O DETERMINISMO?
FILOSOFIA 10º ANO

O ARGUMENTO DA CONSEQUÊNCIA
(1) Se o determinismo for verdadeiro, então não temos controlo sobre as nossas
ações.
(2) Se não temos controlo sobre as nossas ações., então não temos alternativas de
escolha.
(3) Se não temos alternativas de escolha, então não agimos livremente.
(4) Logo, se o determinismo for verdadeiro, então não agimos livremente (não temos
livre-arbítrio.

• Qual é a teoria que apresenta este argumento? Que tese defende?


• De (1) e (3), identifique a forma de inferência dedutiva usada.
DETERMINISMO RADICAL
O DETERMINISMO
Tese fundamental
RADICAL É
Não existe livre-arbítrio e, portanto, I N C O M PAT I B I L I S TA ?
nenhuma ação humana é livre.
O determinismo radical
Porque não existe livre-arbítrio? considera que o determinismo
e o livre-arbítrio são
O determinismo radical considera que todos incompatíveis.
os acontecimentos, o que inclui também as Se todas as ações humanas
ações humanas, têm causas anteriores e têm causas anteriores e estão
estão submetidos às leis da natureza. submetidas às leis da natureza,
o livre-arbítrio não existe.
Se as ações humanas resultam de causas
anteriores e das leis da natureza, então isso
significa que nas nossas ações não temos
realmente liberdade de escolha. Nunca
existem possibilidades alternativas de ação.
DETERMINISMO RADICAL

O comportamento humano
tem variadas causas
Pode o comportamento humano ser atribuído
às mesmas causas que afetam os objetos
e os outros animais?

O determinismo radical considera que


as causas do nosso comportamento são
muito mais variadas do que as dos objetos
e outros animais, o que faz com
que as ações humanas não escapem
à causalidade.

Segundo esta teoria, as ações humanas


resultam de uma combinação complexa
destas causas.
A série causal que daqui resulta não é
controlada pelo agente.
DETERMINISMO RADICAL: razões a favor da tese defendida
Negar o determinismo contraria
a ciência e é pouco racional
Para sustentar a sua tese, o determinismo radical
apoia-se em estudos e descobertas de várias ciências
– como a Biologia, Psicologia ou Sociologia.
Descobertas como a de genes responsáveis por
doenças ou que muitos dos nossos comportamentos
são fortemente influenciados por padrões sociais,
educacionais e culturais ou por situações vividas na
infância parecem sustentar a tese determinista.
O determinismo radical defende que através
da articulação entre os conhecimentos de várias ciências
é possível apresentar uma explicação determinista
do comportamento humano e, assim sendo,
negar o determinismo é pouco racional,
uma vez que isso significa contrariar o que é afirmado
pela ciência.
DETERMINISMO RADICAL

A ilusão do livre-arbítrio
Para o determinismo radical, é uma ilusão pensar
que podemos escolher livremente o que fazer
–o livre-arbítrio é uma crença falsa.
O desconhecimento das inúmeras causas
que influenciam uma ação levam-nos a pensar que
temos liberdade de escolha.

Porém, se conhecêssemos todas essas causas,


perceberíamos que fazemos apenas o que temos
de fazer e que o livre-arbítrio não existe.
FILOSOFIA 10º ANO

OBJEÇÕES AO DETERMINISMO RADICAL


Põe em causa a noção de responsabilidade moral.
• Grande parte dos nossos comportamentos quotidianos (como a admiração, a censura, o
louvor e a culpa) pressupõe que, de facto, somos moralmente responsáveis pelo menos
por algumas das coisas que fazemos
• O determinismo implica que nenhum de nós pode realmente agir de modo diferente
daquele que age e, por conseguinte, não é moralmente responsável por nada do que faz.
• Mas então como condenar e ilibar alguém? Como elogiar e censurar? Como dizer a
alguém que não devia ter feito o que fez? Como explicar sentimentos de remorso, de
arrependimento e de culpa? Será possível construir a vida social sem a ideia de
responsabilidade moral? Se não houver livre – arbítrio não estará o nosso sistema penal
todo errado?
• A ser verdadeira a crença no determinismo: que diferença moral haveria entre o
comportamento de Hitler e o de Dalai Lama?
OBJEÇÕES AO DETERMINISMO RADICAL
Evolutivamente, é mais plausível
Sem livre-arbítrio, a vida que exista livre-arbítrio
não tem sentido
Esta objeção apoia-se na teoria da evolução
Que sentido faria a nossa vida se, por tudo estar das espécies de Darwin, para afirmar que
determinado, fossemos como robôs, programados dificilmente a espécie humana se adaptaria
para fazer o que fazemos? ao meio ambiente se a crença de que
Que motivação teríamos para viver e agir se escolhemos livremente as nossas ações
as nossas ações se devessem a causas que fosse falsa.
não controlamos e não a nós mesmos? Para os defensores desta
Se fosse assim quase toda a nossa vida seria objeção, o facto de estarmos
uma mentira, o que é absurdo. realmente adaptados
ao meio ambiente
sugere que
a crença no
livre-arbítrio
é verdadeira.
LIBERTISMO
O LIBERTISMO É
I N C O M PAT I B I L I S TA ?
Tese fundamental
Tal como o determinismo radical,
A crença no livre-arbítrio é verdadeira e a
o libertismo considera que o determinismo
crença no determinismo é falsa.
e o livre-arbítrio são incompatíveis.
(nem tudo está determinado)
Se uma ação humana tem causas anteriores
e está submetida às leis da natureza, não é
Que ações são livres? uma ação livre. Este é um ponto em comum
entre as duas teses, mas há divergência
Para o libertismo, algumas escolhas
humanas não estão constrangidas
quanto à existência ou não de livre-arbítrio.
do mesmo modo que os outros
acontecimentos do mundo.
Existem ações que não são O determinismo
determinadas por causas anteriores radical considera que O libertismo considera
às decisões e escolhas do agente não existe (pois tudo está que existe (pois nem
determinado). tudo está
– e por isso são ações livres.
determinado).
LIBERTISMO
Causalidade do agente
Para o libertismo, o agente é
A ideia de que o livre-arbítrio
livre quando é capaz de deliberar consiste na autodeterminação
(avaliar os prós e contras) entre pode ser designada
alternativas de ação e decidir «causalidade do agente».
independentemente de quaisquer Este é um tipo especial
causas anteriores. Nesse caso, o de causalidade: só os seres
agente autodetermina-se, porque humanos a têm.
a única causa da ação é a sua
deliberação e decisão.

Acontecimentos Causalidade As mesmas causas conduzem


da natureza natural a efeitos semelhantes e previsíveis

Ações Causalidade Em situações exatamente iguais


humanas do agente podem ser feitas ações diferentes
LIBERTISMO
Causalidade do agente
Por exemplo:
• Que eu esteja agora no curso de Humanidades não é, para o libertista, o
resultado necessário de ter terminado o 9.º ano. Em cada momento do percurso,
há deliberações e decisões que interrompem uma sequência causal e iniciam
outra. Assim, no final do 9º ano, é como que ponha o passado entre parênteses e
decido o curso a seguir, e sobre essa decisão não pesa de forma esmagadora o
que antes aconteceu. Podia ter escolhido outro curso que não o de Humanidades.
• Segundo o libertista, as ações livres interrompem o encadeamento causal, mas
não são ações sem causa porque derivam das nossas deliberações e decisões.
LIBERTISMO
Possibilidades alternativas de ação

Contrariamente ao determinista radical, para o libertismo, a existência de


possibilidades alternativas de ação é essencial para podermos dizer que agimos
livremente: isso só acontece se escolhemos uma coisa mas podíamos ter escolhido
outras, realizamos uma ação mas podíamos ter realizado outras.

Para o libertismo, essa é uma característica fundamental da vida humana: o futuro


está em aberto, há uma pluralidade de caminhos.
LIBERTISMO
Argumento da experiência
Uma possibilidade de defender a existência de livre-arbítrio
é alegar que temos experiência do livre-arbítrio e,
portanto, este existe.
Mas que experiência é essa?
Temos experiência do livre-arbítrio quando não sentimos
qualquer constrangimento para fazer uma escolha, não
sentimos nenhuma força a obrigar-nos a fazer algo.
Esta é uma experiência oposta à da falta de liberdade,
que sentimos quando somos forçados a fazer algo
e não o conseguimos evitar por muito que tentemos.

Para o libertismo, uma vez que o sentimento de livre-arbítrio


é muito frequente e generalizado, seria implausível que
essas experiências não fossem verídicas. Assim, é muito
provável que algumas das nossas ações
sejam livres.
LIBERTISMO
Argumento da responsabilidade
Se não houver livre-arbítrio é difícil
entender como pode existir
responsabilidade.
 Se o livre-arbítrio não existir, as pessoas
não são verdadeiramente as autoras das
suas ações, isto é, farão coisas
inevitáveis.
A ser assim, Adolf Hitler não seria culpado
pelo Holocausto – o que é muito implausível.
• Do mesmo modo, sentimentos como
o orgulho ou a vergonha não farão sentido
se as nossas ações forem o produto
de causas que não controlamos
– o que também é implausível.
LIBERTISMO
Sartre
O filósofo francês Sartre considera a liberdade como
fundamental para a vida humana, e afirma que ela é
que faz dos seres humanos aquilo que são.
Para Sartre: os seres humanos é que têm de escolher o
que são e como devem agir.

Deste modo, mesmo nas circunstâncias mais difíceis,


podemos pelo menos optar pela maneira como vamos
reagir aos problemas. Por isso, somos totalmente Jean-Paul Sartre (1905-1980) filósofo, escritor e
responsáveis pela nossa vida e pelas nossas crítico francês, conhecido como representante
ações. do existencialismo.
Sartre não se intitulava libertista nem
recorria à terminologia usada pelos
defensores do libertismo.
Porém, as suas ideias podem ser
enquadradas nesta perspetiva filosófica.
OBJEÇÕES AO LIBERTISMO
Não há ações sem causa
As nossas deliberações e decisões baseiam-se em várias
crenças e desejos. Ao decidir pelo curso de Humanidades,
julgo fazer o que desejo e acredito que será o melhor para
mim em termos profissionais.
Não sentir as causas não
As nossas crenças, desejos e motivos constituem a nossa
personalidade, o nosso eu. prova a sua inexistência
É possível não sentir ou não reconhecer,
 Mas o determinista radical perguntaria pela origem da numa ação, aquilo que é efeito de causas
minha personalidade. Decidi ter a personalidade que anteriores, mas ainda assim essas
tenho? E a que se devem as crenças, valores e desejos que causas existirem e determinarem
tenho? Mesmo que os tenha escolhido, o que me fez a nossa vontade.
escolher estes e não outros? Por isso, os defensores desta objeção
Assim, as nossas deliberações e escolhas são o resultado da consideram que o argumento libertista
influência de fatores biológicos – genéticos – e ambientais – da experiência não prova a existência
de livre-arbítrio.
as circunstâncias em que fomos socializados e educados.
DETERMINISMO MODERADO
O DETERMINISMO
Tese fundamental
MODERADO É
Existe livre-arbítrio e algumas
ações humanas são livres.
C O M PAT I B I L I S TA ?
Sim, ao contrário
. do determinismo radical
O determinismo moderado defende e do libertismo.
que há efetivamente ações O determinismo moderado considera
livres e ações não livres que
e o mais importante é encontrar
o que distingue umas das outras.

livre-arbítrio
… mas algumas
delas são
livres.
DETERMINISMO MODERADO
Se todas as ações são determinadas por causas
anteriores, mas algumas delas são livres,
isso significa que as ações livres são Redefinição do conceito
também determinadas. de livre-arbítrio
O determinismo moderado
entende livre-arbítrio
Mas como pode uma ação ser como o poder de
simultaneamente livre e determinada?
fazermos o que
queremos
e não fazer o que
não queremos.
DETERMINISMO MODERADO

O que é, então, uma ação livre?

Uma ação é livre quando:


• é realizada sem coações (internas ou externas ao agente);
• deriva das crenças e desejos que constituem a
personalidade do agente.

Mas essas ações não têm causas anteriores à decisão do


agente?

Sim, têm. Mas não impedem que o agente realize uma ação livre.
. O que retira a liberdade ao agente é a existência de alguma
coação que o impeça de agir de acordo com o seu desejo.
Quando a coação não existe, a ação é livre (e,
simultaneamente, determinada (desejos e crenças).
DETERMINISMO MODERADO

Possibilidades alternativas de ação

Numa ação livre, afirma o determinismo moderado, temos


a possibilidade de fazer uma coisa podendo fazer outra.

Imaginemos que um agente realiza uma ação a que chamamos A.


Para o determinismo moderado, o agente realizou a ação A,
mas poderia ter realizado a ação B. Se o agente tivesse desejado
realizar a ação B e não a A, então podia tê-lo feito, teria o feito
(não teria sido impedido por nada nem ninguém de o fazer).

Para o determinismo moderado, uma situação


como esta permite dizer que o agente teve
possibilidades alternativas de ação.
Analise os seguintes exemplos
a) Um homem sai de casa e dirige-se à esquadra da polícia porque quer confessar a sua
participação num crime.
b) Um homem sai de casa e dirige-se à esquadra da polícia porque alguém lhe apontou
uma arma à cabeça e o aconselhou a confessar o crime dizendo-lhe, que se não o fizesse,
as consequências seriam gravíssimas para a sua família, entretanto refém.

• 1.1. Como avaliaria um determinista moderado os exemplos? Alguma deles seria


considerado uma ação livre? Porquê?
• 1.2. Apresente uma objeção à tese do determinista moderado.
OBJEÇÕES AO DETERMINISMO MODERADO

1. O determinista moderado não traça com clareza a distinção


entre ações livres e não livres com base na diferença entre
causalidade interna e causalidade externa.

Usando esta distinção, teria de admitir que todas as


ações são livres.
Ex.: Aponto uma arma à cabeça da pessoa e pronuncio o 2. O determinismo moderado não explica de forma
famoso «A bolsa ou a vida!». A pessoa dá-me a carteira. À adequada o comportamento patológico
primeira vista esta ação é forçada porque a sua causa não compulsivo.
é interna. A causa da ação está no exterior do agente. Mas Quando alguém age compulsivamente,
será assim mesmo? A pessoa deu-me a carteira porque
age de acordo com os seus próprios
acreditou que eu estava a falar a sério e a mataria se não
me obedecesse (crenças que são causas internas) e porque desejos e crenças. Contudo,
queria conservar a sua vida (desejo que é também uma dificilmente se pode dizer que quem o
causa interna). Assim, a causa imediata da ação são faz é livre. É o caso do cleptómano.
estados internos do sujeito. Ora, seguindo à letra a tese
do determinismo moderado, isso faz desta ação forçada
uma ação livre.
Aplicar- “Agora pensa mais”
• Aplicar as três teorias sobre o problema do livre-arbítrio à análise da
estratégia utilizada pelo advogado Clarence Darrow para reduzir a pena
de dois jovens criminosos - laboratório mental “Um crime sem
culpados”, manual, p. 134

• O que diriam as diferentes perspetivas estudadas sobre o problema


do livre-arbítrio acerca deste assunto- concordariam ou discordariam
da estratégia de Darrow? Porquê?

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