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Ato do pensamento que consiste na atribuição afirmativa ou negativa de um atributo (Predicado: P), a um
conceito (Sujeito: S), através de um elemento de ligação (Cópula: é): S é P. Estabelece uma relação de conveniência
ou de não conveniência. Ex.:
Juízos de Facto
Por exemplo, os juízos A) e D) são juízos de facto, pois:
Juízos de Valor
Por exemplo, os juízos B), C), E) e F) são juízos de valor, pois:
Depois da análise destes dois tipos de juízos, podemos prosseguir com um outro mais particular, os:
Juízos Morais
Os juízos morais dizem respeito àquilo que devemos ou não fazer, ou seja, o que é correto ou errado. São juízos
que se voltam em torno dos valores ético-morais :
► Bom/Mau;
► Justo/Injusto;
► Leal/Desleal;
► Louvável/Censurável;
► Coragem/Medo;
► Bondade/Ruindade;
► Etc…
Assim, os juízos C) e F) são juízos morais: "Os gatos são leais" - é uma coisa correta e uma característica que deve ser;
"Mozart é bom para os seus amigos da música" - é uma coisa correta e uma característica que deve ser.
As crenças acontecem no estado mental e correspondem em pensar que uma dada proposição é verdadeira.
Ex.: Ele acredita em Deus.
Já que são representações adequadas da realidade, estes têm conteúdo cognitivo, isto é, relativo ao conhecimento,
estados mentais acerca dos quais faz sentido perguntar se são verdadeiros ou falsos.
Logo, ao perguntar: "Os juízos morais são crenças ?", está-se a fazer a seguinte questão: "Os juízos morais consistem
em estados mentais com conteúdo cognitivo ?" ou: "Faz sentido perguntar se os juízos morais são verdadeiros ou
falsos ?".
A quem responde a esta questão, cabe a si mesmo ficar em um dos lados, com os: "cognitivistas" (respondem "sim") ou
"não cognitivistas" (respondem "não").
Para responder às questões anteriores, foram feitas várias teorias, como se pode observar na tabela:
Não Cognitivismo
À questão "Os juízos morais são crenças ?", estes respondem que não, ou seja, não têm conteúdo cognitivo,
não faz sentido perguntar se são verdadeiros ou falsos. Aliás, de acordo com esta teoria, nem podem ser
chamados sequer de juízos: são pseudojuízos.
Estes acabam por não ser juízos porque não possuem qualquer tipo de propriedade aos objetos (S é P), mas
antes limitam-se a prescrever certos tipos de ações, ou a expressar certos sentimentos de aprovação ou
reprovação relativamente às mesmas, etc. Parecem juízos, mas não são. Ora, uma prescrição como "Não
mintas!" não poderá ser interpretada de maneira que seja verdadeira ou falsa, ou qualquer outra ordem ou
conselho ou desabafo.
Cognitivismo
À questão "Os juízos morais são crenças ?", estes respondem que sim, ou seja, têm conteúdo cognitivo, faz
sentido perguntar se são verdadeiros ou falsos. Assim, estes juízos, de acordo com os cognitivistas, fazem
parte dos juízos de facto, pois têm componente descritiva: juízos morais relacionados aos factos morais; logo,
são juízos de facto. Aqui, estes juízos possuem um tipo de propriedade (P), as propriedades morais, como
coragem, justiça, etc, atribuídas ao sujeito (S).
De acordo com os subjetivistas, os juízos morais têm valor de verdade, mas não são independentes de qualquer
perspetiva.
Tese:
"Quando alguém afirma 'algo é errado' está simplesmente a afirmar 'eu reprovo algo' e quando alguém afirma 'algo é
correto' está simplesmente a dizer 'eu aprovo algo'." 11
Argumento: 15
Argumento dos desacordos: 13
► "Existem amplos e profundos desacordos no que diz respeito ao valor de verdade dos juízos morais.
► Se, além das nossas preferências pessoais e subjetivas, houvesse um domínio dos factos morais ao qual
pudéssemos apelar, então tais desacordos não teriam lugar.
► Logo, não há um domínio de factos morais além das nossas preferências pessoais e subjetivas."
Objeções:
O subjetivismo tornaria impossível a existência de desacordos morais genuínos:
► De acordo com o subjetivismo, dois indivíduos que façam juízos morais aparentemente opostos estão na verdade
apenas a afirmar que têm sentimentos opostos. Isto implica que o desacordo entre estes dois indivíduos seja
apenas aparente. Já que o desacordo implica dois lados que são incompatíveis, e se este desacordo é apenas
aparente, esses dois lados tornam-se compatíveis.
► Exemplo: se o João afirmar "o aborto é errado" e o Simão afirmar "o aborto não é errado", o desacordo entre
eles é apenas aparente, afinal só estão a afirmar, respetivamente, que um "não aprova o aborto" e o outro "não
reprova o aborto". Ao não aprovar e não reprovar, está-se numa situação não incompatível, ou seja, são
proposições que não são incompatíveis.
De acordo com os relativistas, os juízos morais têm valor de verdade, mas não são independentes de qualquer
perspetiva. Este valor de verdade é relativo a cada grupo de indivíduos, uma sociedade.
Tese:
"Quando alguém afirma 'algo é errado' está simplesmente a afirmar 'nós reprovamos algo' e quando alguém afirma 'algo é
correto' está simplesmente a dizer 'nós aprovamos algo'."
Argumentos:
Argumento da Diversidade Cultural:
► "Culturas diferentes têm códigos morais diferentes.
► Se culturas diferentes têm códigos morais diferentes, então não há uma moral objetiva, pois a verdade dos juízos
morais é sempre relativa à cultura ou grupo social onde estes são formulados, mais propriamente a um conjunto
de normas que os respetivos membros estão na disposição de acordar.
► Logo, não há uma verdade moral objetiva, pois a verdade dos juízos morais é sempre relativa à cultura ou ao
grupo social onde estes são formulados, mais propriamente ao conjunto de normas que estes estão na disposição
de acordar."
Objeções:
Argumento da diversidade cultural não é sólido:
► A premissa 2: "Se culturas diferentes têm códigos morais diferentes, então não há uma moral objetiva, pois a
verdade dos juízos morais é sempre relativa à cultura ou grupo social onde estes são formulados, mais
propriamente a um conjunto de normas que os respetivos membros estão na disposição de acordar." é
obviamente falsa, pois o facto de haver culturas com códigos morais diferentes não é condição suficiente para
que não haja uma verdade moral objetiva. Pode simplesmente dar-se o caso de haver culturas com códigos morais
errados.
► Exemplo: O facto de existirem várias opiniões à cerca da existência de extraterrestres não é condição suficiente
para considerarmos que não existe uma verdade objetiva sobre este assunto.
Há acordos imorais :
► Numa sociedade, nem todos concordam com o que a maioria acha. O facto dessa tal minoria ter de aceitar um
certo código moral estabelecido pela maioria não é condição suficiente para o legitimar.
Conduz ao conformismo:
► Segundo um relativista, uma prática é correta ou incorreta segundo os códigos morais de cada cultura. Mas isso
parece apelar à passividade perante os valores de uma cultura, anulando qualquer espírito crítico e qualquer
É autorrefutante:
► Se, de acordo com o relativismo, todo o valor é relativo, então o próprio relativismo é de valor relativo e não pode
impor-se como uma verdade absoluta.
De acordo com os objetivistas, os juízos morais têm valor de verdade, mas o mesmo é independente de quaisquer
opiniões, preferências, perspetivas, convicções, etc.
Tese:
"Quando alguém afirma 'algo é errado' está simplesmente a afirmar 'independentemente das nossas preferências
pessoais e convenções coletivas, há boas razões para se reprovar algo' e quando alguém afirma 'algo é correto' está
simplesmente a dizer 'independentemente das nossas preferências pessoais e convenções coletivas, há boas razões
para se aprovar algo'."
Isto significa que os conceitos como justiça, lealdade, etc., têm um significado universal, independentemente de qualquer
pensamento de uma qualquer sociedade ou de um qualquer indivíduo. É por isso que existem critérios transubjetivos,
critérios universais e independentes.
Argumento:
► "Há juízos morais que são (não são) justificáveis de um ponto de vista imparcial.
► Se há juízos que são (não são) justificáveis de um ponto de vista imparcial, então há juízos objetivamente
verdadeiros (falsos).
► Logo, há juízos morais objetivamente verdadeiros (falsos)."
Objeções:
Argumento dos desacordos:
► No que diz respeito a problemas éticos, o mais comum é haver um forte desentendimento entre as diversas
pessoas e as suas opiniões. Daí, se conclui que a ética não pode ser objetiva. Os críticos (os subjetivistas)
defendem a diferenças de opiniões no âmbito dos juízos morais.
Argumento da estranheza:
► O objetivismo pressupõe a existência de propriedades estranhas, pois seriam propriedades reais e objetivas das
coisas mas que simultaneamente teriam a capacidade de iniciar todo e qualquer agente moral a agir de certa
forma.
► Contudo, não parece existir nada no mundo com essas características (através de uma observação: essas
propriedades não são factuais, não são físicas - uma mesa tem a propriedade de ser castanha -, e sim são
propriedades estranhas, não comuns).
► Logo, o objetivismo é falso.