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Problema da Natureza dos Juízos Morais:

Os juízos morais são objetivos, ou dependem dos


sujeitos/culturas?
Assim, se quisermos entender a natureza da ética, devemos atentar nas
razões. Uma verdade em ética é uma conclusão apoiada por razões: a resposta
correta a uma questão moral é simplesmente a resposta que tem do seu lado o
peso da razão. Tais verdades são objetivas no sentido em que são verdadeiras
independentemente do que possamos querer ou pensar. Não podemos tornar
algo bom ou mau pelo simples desejo de que seja assim, porque não podemos
simplesmente querer que o peso da razão esteja a favor ou contra algo (…) A
razão diz o que diz, alheia às nossas opiniões e desejos.
James Rachels, 2004, Elementos de Filosofia Moral, Lisboa, Gradiva, p.67
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Problema da Natureza dos Juízos Morais:
Os juízos morais são objetivos, ou dependem dos
sujeitos/culturas?

POSIÇÕES FILOSÓFICAS:
- Subjetivismo;
- Relativismo;
- Objetivismo.
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SUBJETIVISMO:
Os juízos morais não são objetivos: dependem dos
sujeitos.

Os Juízos Morais dependem da maneira particular


como cada indivíduo, ao formulá-los, avalia a
realidade.

A verdade dos juízos morais é, portanto, relativa


ao sujeito e puramente subjetiva.
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SUBJETIVISMO:
Os juízos morais não são objetivos: dependem dos
sujeitos.

Um dos argumentos assenta na ideia de que


não há verdades morais objetivas devido à existência de
desacordos:
«Se há um desacordo alargado e persistente entre diferentes pessoas acerca de
questões morais, então não há verdades morais objetivas.
Há um desacordo alargado e persistente entre diferentes pessoas acerca de
questões morais.
Logo, não há verdades morais objetivas.»
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SUBJETIVISMO:
Os juízos morais não são objetivos: dependem dos
sujeitos.

O indivíduo é, na sua subjetividade,


o fundamento de todos os princípios morais.

A moralidade depende exclusivamente das crenças e dos princípios que


cada um escolhe para orientar as suas ações.

As máximas «O que é bom para ti pode não ser bom para mim»
e, «A cada um a sua verdade», traduzem
a visão mais simples do Subjetivismo. 5 / 18
SUBJETIVISMO:
Os juízos morais não são objetivos: dependem dos
sujeitos.

Dois juízos morais opostos sobre uma mesma realidade:


- ocorrem devido às opções morais destas pessoas dependerem apenas de si
próprias, individualmente, enquanto pessoas com convicções morais pessoais,
que expressam os seus sentimentos, desejos e opiniões/perspetivas;
- nenhum dos juízos está objetivamente certo ou errado:
umas pessoas têm uma perspetiva, outras têm outra. É tudo.

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SUBJETIVISMO:
Os juízos morais não são objetivos: dependem dos
sujeitos.

Dois juízos morais opostos sobre uma mesma realidade:

cada juízo expressa apenas a perspetiva de cada sujeito, e, cada um


dos autores, terá de respeitar a posição da outra.

Desta forma, o Subjetivismo veicula a ideia de que


promove a tolerância.
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SUBJETIVISMO:

Perspetiva segundo a qual os valores morais não são


objetivos, mas totalmente dependentes da avaliação que os
sujeitos fazem da realidade. Os juízos morais traduzem as
preferências pessoais, sendo a sua verdade relativa ao
sujeito e puramente subjetiva.

Argumento da existência
Argumento da
de desacordos sobre
tolerância.
questões morais.
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Objeções ao Subjetivismo:

Se o subjetivismo simples está correto, então somos todos infalíveis no que


respeita aos juízos morais, mas nós não somos, por certo, infalíveis: portanto, o
subjetivismo simples não pode estar correto.

Este argumento só é eficaz porque o subjetivismo simples interpreta os juízos


morais como afirmações que podem ser verdadeiras ou falsas. “Infalível” significa que
os juízos morais de alguém são sempre verdadeiros; e o subjetivismo simples atribui
aos juízos morais um significado que será sempre verdadeiro desde que o interlocutor
seja sincero. É por isso que, nessa teoria, as pessoas acabam por ser infalíveis.

James Rachels, 2004, Elementos de Filosofia Moral, Lisboa, Gradiva, p.63

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Objeções ao Subjetivismo:
O subjetivismo simples não dá conta da nossa falibilidade.
Ninguém é infalível. Estamos por vezes errados nas nossas avaliações e
quando o descobrimos podemos querer corrigir os nossos juízos. Mas, se
o subjetivismo simples estivesse correto, isso seria impossível, porque o
subjetivismo simples pressupõe que somos infalíveis.
James Rachels, 2004, Elementos de Filosofia Moral, Lisboa, Gradiva, p.59

A primeira objeção ao Subjetivismo é que este encara o ser


humano como um ser infalível, que não se engana.

O que colide com a constatação deste facto elementar: nenhum


ser humano é infalível! Por vezes, estamos errados. 10 / 18
Objeções ao Subjetivismo:

Relativamente ao argumento dos desacordos


constata-se a existência de Falácia da Generalização Precipitada:

Com base em casos particulares de juízos morais em que as


pessoas discordam, concluem, exagerando, que toda a gente
discorda de todos os juízos morais!

Exageram-se os desacordos,
ao mesmo tempo que se ignoram casos em que as pessoas concordam!
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Objeções ao Subjetivismo:

Esta falácia reflete a dificuldade que o Subjetivismo enfrenta para


explicar a existência de acordos e consensos éticos a propósito de
algumas questões morais.

Dar exemplos de juízos morais discordantes não chega.


Como explicam a existência de juízos morais que toda a gente aceita?
Por ex.: « ».
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Objeções ao Subjetivismo:

Outra objeção, inerente à argumentação subjetivista, é a frustração decorrente


dos desacordos, pois não sendo qualquer um dos juízos objetivamente certo
ou errado, impossibilitam os seus autores de apresentarem as suas posições
de forma a debaterem o tema em conjunto (por ex.: conciliar perspetivas).

Esta frustrante impossibilidade de se discutirem


questões ou problemas morais, conduz a que apenas
seja possível mudar de assunto!
O que para o ser humano racional e crítico, pode ser considerado como um
verdadeiro obstáculo à sua própria natureza!
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Objeções ao Subjetivismo:
Outra objeção, decorrente da anterior, refere-se ao facto do
Subjetivismo poder levar a consequências indesejáveis do ponto
de vista moral, porque se não há juízos de valor morais
objetivamente certos ou errados, então todos os comportamentos
e práticas culturais, por mais imorais que se nos afigurem, são
igualmente aceitáveis.

«Quando me perguntam por que odeio todos os Tutsis? (…)


Os Tutsis são insetos, assassinos, uma praga!»
Filme «Hotel Ruanda»

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Objeções ao Subjetivismo:

Por fim, pode ainda fazer-se uma crítica à ideia


de tolerância proposta pelo Subjetivismo
(«cada juízo expressa apenas a perspetiva de cada sujeito, e, cada
um dos autores, terá de respeitar a posição do outro»), uma
vez que ela parece admitir algumas formas de
intolerância, como o racismo e a xenofobia.

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Sociedades atuais

Marcadamente plurais e multiculturais.

Ocorrência frequente de conflitos de valores e de perspetivas, que


dão origem a fenómenos de racismo, xenofobia, etc.

Na base destes fenómenos estão, muitas


vezes, atitudes de intolerância face à diversidade cultural.

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Objeções ao subjetivismo moral

Não dá conta da nossa falibilidade.

Impossibilita a discussão de questões ou problemas


morais.
O subjetivismo
moral Pode levar a consequências indesejáveis do ponto de
vista moral.

Torna difícil explicar a existência de acordos e


consensos éticos.

Admite aparentemente algumas formas de


intolerância.
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 momondo – The DNA Journey
We asked 67 people from all over the world to take a DNA test. It turns out they have much more in common with other nationalities than they thought ... It’s easy to think there are more things dividing us than uniting us. But we actually have much more in common with other nationalities than you’d think. At momondo we believe that ...
www.youtube.com

-
https://www.youtube.com/watch?v=tyaEQEmt5ls

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