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FALÁCIAS

Escola Estadual Antônio Silva


Professor: Luiz
O universo da argumentação pode ser resumido na seguinte tabela:

ALGUNS TIPOS DE ARGUMENTOS

DEDUTIVOS NÃO DEDUTIVOS

FORMAIS INFORMAIS

● Silogísticos ● Conceituais ● Indutivos


● Proposicionais ● Semânticos ● Generalização
● Previsão
● De autoridade
● Por analogia
O básico de um argumento é que a
conclusão deve decorrer das premissas.
Se uma conclusão não é consequência
das premissas, o argumento é inválido.

Argumentos que se destinam à


persuasão podem parecer convincentes
para grande parte do público, apesar de
serem inválidos.
Falácia

Em geral, um defeito de raciocínio argumentativo que passa despercebido, criando


assim a ilusão de se estar na presença de um raciocínio correto. Essa ilusão pode
ser partilhada, ou não, por quem propõe o raciocínio e por aqueles a quem ele se
destina.

A noção de falácia é híbrida: tem aspectos lógicos e aspectos psicológicos


(eventualmente, até, sociológicos). As noções híbridas deste tipo estão longe de
ser pérolas conceituais, mas revelam-se por vezes úteis para fins pedagógicos e
práticos.
Uma falácia pode iludir, ou enganar, por
vezes obscurecendo a forma do
argumento e criando a ilusão de
validade; outras vezes, construindo o
raciocínio de um modo tal que se torne
(virtualmente) imperceptível a falta de
uma premissa que, se descoberta, seria
imediatamente compreendida como
falsa; outras vezes ainda, dando a uma
premissa falsa uma formulação que é
suscetível de a fazer passar por
verdadeira.
As falácias que são cometidas
involuntariamente designam-se por
paralogismos e as que são produzidas
de forma a confundir alguém numa
discussão designam-se por sofismas.

A principal motivação para o raciocínio


falacioso reside, talvez, na vontade de
persuadir um auditório sem ter razões
(ou provas) suficientes para o convencer.
Existem falácias formais, que lidam com a forma lógica ou a estrutura técnica
do argumento, e falácias informais, que lidam com a lógica do significado da
linguagem.

Algumas das principais categorias de falácias e seus tipos são:

Falácias da dispersão: Falso dilema; Apelo à ignorância; Bola de neve.

Apelo a motivos: Apelo à força; Apelo às consequências; Apelo à piedade.

Falácias causais: Depois disso, por causa disso; Efeito conjunto; Tomar o efeito
pela causa.
Falácias causais

Ocorrem quando você supõe existir uma relação de causa e efeito entre dois fenômenos que
provavelmente não existe. Na maioria dos debates nos deparamos com o problema de saber se um
fenômeno causa de fato outro.

No Brasil atualmente, por exemplo, as pessoas discutem se facilitar a posse de armas vai reduzir ou
aumentar a violência. Quando o assunto é saúde, algumas pessoas sugerem que vacinas provocam
doenças, enquanto a comunidade científica afirma que isso é um mito. Quando o tema é religião,
algumas pessoas acreditam terem sido curadas por um milagre, enquanto os céticos afirmam que isso
não passa de uma coincidência.

Em todos esses casos, temos um debate sobre relações de causa e efeito, e em todos eles estamos
sujeitos a incorrer em falácias causais. Essa falácia é muito comum é pode ocorrer por diferentes
motivos. A seguir iremos apresentar três erros que levam alguém a identificar incorretamente a causa de
um fenômeno.
Depois disso, por causa disso (post hoc ergo propter hoc)

Por vezes uma relação de causa e efeito é estabelecida com base na observação de que dois
eventos estão correlacionados: sempre que um acontece, o outro também acontece. Por
exemplo: Toda vez que o galo canta, o sol nasce. Portanto, devo concluir que é o cantar do
galo que faz o sol nascer.

O ponto de partida do argumento é uma observação verdadeira. O galo de fato canta antes
do sol nascer. Contudo, é incorreto concluir disso que a causa do nascimento do sol é o
cantar do galo. Se trata apenas de uma coincidência. O cantar do galo não tem esse poder.

Pensando nesse exemplo, tal erro na argumentação pode parecer bobo e pouco frequente.
De fato, provavelmente jamais alguém pensou que é o cantar do galo que nos traz horas de
sol.
No entanto, pensar que uma coisa causa outra só porque ocorrem em sequência é
bastante comum. Isso está por trás de um mito que vem ganhando aceitação: a ideia de
que vacinas causam doenças.

Essa crença surgiu do fato de que alguns pais recebem diagnóstico de autismo para
seus filhos depois de terem feito a vacina tríplice viral. Ao ver isso, concluíram que é a
vacina a causa do autismo.

Esse raciocínio tem a mesma estrutura do primeiro: uma suposta relação de causa e
efeito é identificada a partir da observação de correlações. E também nesse caso se
trata de uma falácia causal. Todos os estudos mostram que a vacina não causa autismo.
No atual debate sobre posse de armas um erro dessa natureza também pode estar acontecendo. Algumas
pessoas defendem sua ampliação argumentando que o Estatuto do Desarmamento não trouxe o resultado
pretendido.

Desde que foi aprovado, os números relacionados à violência, como assassinato, roubo, etc. aumentaram.
Isso supostamente mostra que menos armas legais disponíveis para a população causa um aumento no
número de crimes.

Como nos outros exemplos, essa é uma conclusão tirada apenas com base numa correlação. Isso é
informação insuficiente para tal conclusão. É possível que o aumento na violência observada seja
provocada por outras mudanças sociais que também ocorreram no período. Também é possível que se o
Estatuto do desarmamento não tivesse sido implementado a violência hoje seria ainda maior.

Enfim, não é possível chegar a qualquer conclusão muito confiável com base em observações de
correlação como essas.
Erros na identificação da causa e do efeito

Outro erro comum em argumentos causais ocorre


na identificação da causa e do efeito. Por vezes
pensamos que A é o efeito e B a causa, mas, na
verdade, é o inverso.

Também pode acontecer casos nos quais A e B são


o efeito de uma terceira causa, C. Essas
possibilidades também são motivo para muitos
erros.
Direção errada

A falácia causal chamada de direção errada ocorre quando confundimos causa com efeito. Por
vezes identificamos que existe uma relação causal entre A e B, porém não sabemos ao certo qual é
a causa e qual o efeito.

Um exemplo curioso dessa falácia é o seguinte: Os habitantes de certa ilha observaram


corretamente, ao longo dos séculos, que pessoas com boa saúde têm piolhos no corpo e que
pessoas doentes, não. Então, concluíram que os piolhos tornam a pessoa saudável.

A conclusão dos habitantes foi que piolhos (A) geram saúde (B). Contudo, seria mais correto terem
pensado que a saúde (B) proporcionam condições favoráveis ao aparecimento dos piolhos (A). Isso
porque a doença gera febre, aumenta a temperatura do corpo e os piolhos não gostam. Portanto,
deveriam ter concluído que B causa A e não o contrário.
Efeito conjunto

Por vezes observamos uma relação entre A e B, mas isso não se deve a uma relação causal entre ambos.
Existe um terceiro elemento, C, que é responsável por causar os dois. Essa é uma falácia chamada de
efeito conjunto.

Por exemplo. Se descobriu que pessoas casadas comem menos doces do que pessoas solteiras. Ao
observar isso, alguém poderia pensar que o casamento (A) causa uma diminuição no consumo de doces
(B). Afinal, um acontece depois do outro.

Porém, outras pesquisas mostraram que quando comparados casados e solteiros da mesma idade, essa
relação não existia. O consumo de doces era tão frequente num grupo quanto no outro. Portanto, não é o
casamento que faz as pessoas gostarem menos de açúcar, mas a idade.

É um terceiro fator, a idade (C), que aumenta a chance da pessoa se casar e diminui seu consumo de doce.
Por isso que os últimos geralmente ocorrem juntos. Portanto, mais uma vez é possível ver que correlação
não é indício suficiente de causalidade.
Como evitar uma falácia causal

Quando observamos uma correlação, um acontecimento acontecendo e depois o


outro, temos uma tendência natural de pensar que o primeiro causou o segundo.

Por vezes isso está certo. Mas também é comum cometermos erros nessas
avaliações.

Para evitar isso, é necessário sempre cuidado ao tirar conclusões sobre relações
causais entre eventos, lembrando que correlação não é garantia total de
causalidade.
Fontes

A Arte de Pensar 11º Ano. Vários autores. Didáctica Editora. 2008.

Enciclopédia de Termos Lógicos-filosóficos. Vários autores. Ed. Martins Fontes. 2006.

Falácias Causais: https://filosofianaescola.com/falacias/falacias-causais/

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