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Objetivismo

Defender que uma música é bela porque gosto dela é muito diferente de defender que gosto dela
porque é bela. Mas o que é que isto significa? O FACTO DE GOSTARMOS DE UMA COISA
SEMPRE QUE A CONSIDERAMOS BELA, NÃO SIGNIFICA QUE ESTA SEJA BELA
PORQUE GOSTAMOS DELA.
Em ambas se fala do gosto, mas afirma-se coisas diferentes. O objetivismo defende que não
pode ser por acaso que gostamos de umas coisas e de outras não. Logo, por exemplo, a razão
para gostarmos de certas coisas é, segundo o objetivismo, bastante simples: Gostamos delas
precisamente porque são belas.

Gostar de algo e esse algo ser belo são coisas


diferentes.

E é por esta mesma razão que o objetivismo defende a seguinte tese: “Alguns juízos de valor
morais são objetivos”.
Por exemplo, um objetivista pode considerar que alguns juízos são subjetivos e outros são
culturalmente relativos.

“É uma falta de respeito casar sem a bênção dos pais de ambos os companheiros.”
“Não é uma falta de respeito casar sem a bênção dos pais de ambos os companheiros.”
Estes não são juízos objetivos pois a sua verdade ou falsidade depende das tradições em que a
pessoa foi educada e não só.

Porém:
“O antissemitismo é errado.”
“O antissemitismo não é errado.”

Estes são juízos objetivos pois não se baseiam nos sentimentos pessoais nem nos costumes
sociais, mas sim em RAZÕES INFORMADAS E IMPARCIAIS (que podem ser comprovadas
com factos e conhecimentos).
Desta forma é importante que não sejam cometidos erros factuais.

Casos problema:

Trabalho infantil
É sobretudo em África e/ou na América Latina (países pobres – países em desenvolvimento) onde
este problema tem maior intensidade.
Qual a razão pela qual as crianças trabalham? Há quem defenda que o trabalho infantil é uma prática
disciplinadora e prepara as crianças para a vida. Pois na verdade, a principal razão pela qual as
crianças trabalham é a pobreza das suas famílias. É imparcial que o trabalho infantil traz
consequências para as crianças exploradas! Por exemplo, as crianças não podem ter uma boa
educação, nem fazer actividades próprias da sua idade, o que prejudica a sua formação como pessoa
e o seu desenvolvimento. Não terão todas as crianças os mesmos direitos? Não terão todas direito a
uma infância feliz? Este artigo é mais um de muitos que nos permitem perceber que o trabalho
infantil trata-se de algo cruel e mau. Portanto, afirmar que o trabalho infantil é errado ou certo trata-
se claramente de um juízo objetivo.
A mutilação genital feminina:
Enquanto o relativismo cultural e o subjetivismo consideram a mutilação genital
feminina aceitável, visto que se insere na questão do culturalismo, o objetivismo não
aceita a escravatura e considera-a errada.

A maioria das razões apontadas para a mutilação genital feminina passa por aceitação
social, religião, desinformação sobre higiene, um modo de preservar a virgindade,
tornando a mulher "casável" e ampliando o prazer masculino, como podemos ver no
filme “Flor do Deserto”. Agora, afirmar que a mutilação genital é correta é
objetivamente falso visto que há diversas razões pelas quais nos podemos guiar para
negar esta prática como:

Ciclo menstrual irregular, problemas na bexiga, infecções recorrentes e, em caso de


gravidez, a mulher apenas puder ter o filho por cesariana. Esta é uma prática que
causa sofrimento às mulheres em todo mundo.

A Guerra é solução de problemas


A guerra é o maior perigo que a Humanidade enfrenta e a Europa tem uma das mais dolorosas ex-
periências do que ela pode significar.

Existem várias percepções para este caso problema. Dizer que “A guerra é a solução para todos os
problemas” é de facto algo aceitavel, por exemplo pelo relativismo cutural, visto que há sociedades
como a Coreia do Norte e o Congo que vivem esta realidade e têm esta mentalidade. Porém agora
com a guerra entre a Rússia e Ucrânia podemos perceber mais uma vez que a guerra não é a solução
para problemas económicos e políticos visto que com ela traz a perda de tropas militares,mudanças nas
relações internas(guerras civis) e externas de um país, instabilidade política,morte de civis, e sobretudo
prejuízos econômicos,principalmente devido ao gasto com armamentos. Mais uma vez, “A Guerra é a
solução para todos os problemas” trata-se de um juízo objetivo falso.

Críticas:
A crítica pode não ser etnocêntrica
Os defensores do objetivismo rejeitam a ideia (relativista) de que criticar
valores e costumes de outros povos é sempre etnocêntrico. Consideram que:
- não é uma resposta adequada aos desafios do multiculturalismo.
- é possível criticar outros costumes sem ser ofensivo;
- criticar um determinado costume de outra sociedade não significa criticar a
totalidade dos costumes dessa sociedade, nem, consequentemente, ter uma atitude
etnocêntrica contra essa sociedade.

Por condenar todas as críticas, o relativismo põe em causa o debate intercultural, por
isso é que desta forma o relativismo não permite explicar o progresso moral, tornando
o relativismo muito provavelmente falso.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazis alemães acreditavam que tinham uma
pretensão moral e válida de se apoderar do resto do mundo. Uma expressão
proeminente desta crença era o princípio nazi do Lebensraum, ou “espaço vital”;
supostamente justificando a conquista nacional como um direito ordenado da raça
ariana para fins de desenvolvimento natural.

Em contrapartida, a Polónia manteve e agiu de acordo com o princípio da soberania


nacional. Apesar destes princípios diametralmente opostos, a Alemanha invadiu a
Polónia sob o pretexto de que tinha o direito de o fazer, enquanto a Polónia negou
veementemente esse direito.

No quadro relativista cultural, porém, a pretensão alemã à Polónia é tão válida como a
pretensão da Polónia à soberania.
Por conseguinte, a fantasia nazi do domínio mundial e a sua prática de invasões brutais
e genocídio são tão válidas como a ideia de soberania e a prática da mesma.

Em que se baseia, então, a Polónia reivindicar o direito à sua soberania quando as


reivindicações à sua escravatura são tão válidas como as suas reivindicações? O
resultado é o desarmamento moral da Polónia inocente – a Polónia ficaria com poucos
ou nenhuns meios para refutar efectivamente as acções e a justificação da Alemanha.

Como tal, o relativismo cultural torna impossíveis os julgamentos transculturais – não


deixa nenhum meio pelo qual ideias e práticas diferentes de culturas possam ser
julgadas. O resultado é óbvio: os inocentes ficam moralmente indefesos contra os seus
agressores. O seu quadro – se for considerado verdadeiro e aplicado como tal –
desarma automaticamente as vítimas. Fá-lo através da sua negação universal de
qualquer norma pela qual uma ideia ou prática possa ser julgada, pelo menos
transculturalmente.

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