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Filosofia do olhar: um novo jeito de ver o mundo

Não há dúvida de que um dos maiores problemas da atualidade seja a “convivência pacífica”.
Existem conflitos de todas as ordens, principalmente econômica, política, cultural e religiosa. Ou seja, o
mundo já não está mais convidativo, hospitaleiro e acolhedor. Um mundo hostil, traiçoeiro, que respira
vingança, parece imperar. Dessa forma, o credo do filósofo Nietzsche (1844-1900), “O outro é meu
inimigo”, nunca esteve tão atual.
O que fazer, então, diante de um quadro tão sombrio e assustador como esse? Desesperar-se?
Revoltar-se? Tornar-se indiferente a tudo o que acontece ao meu redor? Não! Nem uma coisa e nem
outra.
É preciso fazer o movimento ao contrário: se o mundo não quer paz, sejamos de paz; se o mundo é
dos consumidores alienados, sejamos consumidores conscientes. É preciso aprender a conviver com o
diferente, com o outro, com o refugiado, com o estrangeiro, com o turista, afinal de contas, somos todos
passageiros nessa vida.
Sabedores de que o horror e o medo, muitas vezes, nos ensinam mais do que a boa vontade
e a previsibilidade das coisas, é preciso um novo jeito de fazer, ensinar e aprender. Mas que novo
jeito é esse? Primeiramente, precisamos reconhecer que a pluralidade é uma característica dos tempos
modernos, e como tal pode ser sinal de inteligência. Em segundo lugar, é preciso educar o olhar para ver
as coisas como elas são e não como queremos que elas sejam.

A filosofia do olhar é uma corrente filosófica contemporânea que destaca a “educação do olhar”
como ponto de partida do filosofar. Ou seja, ela afirma que “o olhar que você repousa sobre o outro é o
mesmo que você repousa sobre si mesmo”.
O que a filosofia do olhar nos ensina é que sempre buscamos sobrevivência e significado na vida.
Como abelhas fazem mel, nós construímos significados para nós mesmos.
A lógica de que “o outro é meu inimigo” está voltada para o desenvolvimento de uma política de
relações mínimas, ou seja, “quanto menos contato com o outro, melhor”. No entanto, os estudos
sociológicos afirmam que o ser humano é um ser de relação por excelência. Ou seja, são as relações
sociais que nos fazem humanos propriamente ditos. Quanto mais intensas forem às relações sociais, mais
verdadeiros serão os homens em suas histórias.
A escuridão do mundo contemporâneo, tais como as doenças, a violência, a fome, o preconceito, a
segregação racial, entre outros problemas, seguramente nos levaram à busca por um outro tipo de
significado de tudo isso.
A educação do olhar ampliará o legado dessas opções, tornando o homem e a mulher mais
assertivos na busca pela felicidade coletiva. É um sonho impossível? Pensamos que não. Existem
milhares de exemplos pelo mundo afora. Povos, famílias e pessoas diferentes que vivem a vida em
plenitude e harmonia em ambientes totalmente diferentes daqueles planejados e nem por isso vivem
praguejando contra tudo e contra todos.
Em suma, cabe aqui uma palavrinha sobre ética. Vale dizer que se o mundo está violento e que um dos
maiores desafios da atualidade é a convivência pacífica, a ética pode nos ensinar muito. Isso porque a
elegância da ética nas relações entre todos transparece na leveza do comportamento da pessoa que vive
a vida autêntica, aberta ao outro pelo outro, sem preocupação com regras e etiquetas sociais.

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