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Universidade Federal de Juiz de Fora- UFJF

Faculdade de Direito
Docente: Júlio César
Discente: Gabriela de Sousa Costa

Novas percepções alteram o mundo


Os avanços tecnológicos proporcionaram magníficas inovações as quais criaram
novos meios de comunicação, interação e conexão entre as pessoas. A inovação possibilitou
que pessoas de diferentes continentes pudessem se conectar de maneira instantânea e
experimentar diversas experiências. Entretanto, as inovações também trouxeram novos
desafios para a sociedade.
O tempo moderno passou a ser acelerado e junto a ele a competição, pressão e o
individualismo passaram a ser mais acentuados na sociedade. O filósofo Zygmunt Bauman
traz em seus estudos o modo que os laços entre as pessoas, induzido pelo avanço social, ficou
fragilizado e levou os indivíduos a viverem em uma sociedade líquida. Essa sociedade é
constituída de relações superficiais e de seres humanos se entendendo como instituições
próprias que não precisam do outro. Dessa forma, surge a empatia como uma resposta
necessária para superar essas barreiras e reconectar os laços humanos que se enfraqueceram
A obra “O poder da empatia: A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o
mundo” busca, através de argumentos históricos e de outros artifícios argumentativos,
convencer o leitor de que a empatia é algo nato do ser humano. Através de uma análise crítica
na história da humanidade, são obtidas fortes evidências de como é algo natural ao homem.
Todavia, com a evolução social e tecnológica ocorreu uma brusca mudança no entendimento
do ser, uma vez que este passou a voltar-se para si e a cultivar o individualismo.
Acerca do exposto, torna-se nítido que as bolhas individualistas hodiernas têm
atrapalhado essa essência empática apontada pelo autor no decorrer do livro. A tecnologia é
uma forma de aproximar as pessoas no mundo globalizado, porém é através dela que tem
ocorrido massivamente o narcisismo, pois as pessoas preocupam-se consigo mesmas e
acabam se esquecendo de colocar-se no lugar do outro, ou de preocupar-se com o que
tangencia de seus problemas ou interesses.
A posteriori, o autor busca diversas propostas que estimulem as pessoas a quererem
mudar, uma vez que os exercícios diários, reflexão diária, escuta ativa, exercício da
perspectiva, pequenos atos de bondade, busca por diferentes perspectivas e prática de
autocompaixão, devem ser uma escolha do indivíduo que deseja mudar. Também é preciso
que a pessoa queira despertar a percepção de enxergar o outro, se colocar no lugar do outro,
quebrar essas barreiras que atrapalham essas ações naturais tão repetidamente apontadas pelo
autor. Desse modo, um termo utilizado pelo autor é “fadiga da empatia”, ou seja, com tantos
problemas, como a fome e a guerra, as imagens dessas tragédias humanitárias pouco
comovem a sociedade que está anestesiada com as imagens. Contudo, faz-se necessário
cultivar a humanização cada vez mais, nessa sociedade ímpar, a dor de seu semelhante.
É importante destacar que, de acordo com o filósofo John Dewey, "toda verdadeira
educação ocorre por meio de experiência". Isso significa que, para que a sociedade realmente
compreenda o que o outro sente, é necessário que o próprio indivíduo experimente na própria
pele. Nesse sentido, ao longo do livro, o autor sugere que, para compreender melhor o outro,
devemos nos colocar em seu lugar e reconhecer a importância do ambiente em que ele está
inserido. Além disso, devemos nos propor a sentir fisicamente a dor e a angústia do outro,
vivenciando os desafios da vida. Portanto, o princípio filosófico é verdadeiro, pois essas
estratégias possibilitam o surgimento da empatia ou, melhor dizendo, despertam-na
Ademais, uma das ideologias apontadas pelo autor é uma revolução digital. Apesar de
dispormos de diversos veículos para nos auxiliarem na comunicação, as vias digitais são as
mais rápidas e que possibilitam uma linguagem universal. É válido ressaltar que
anteriormente foi exposto que as redes sociais geram bolhas e cultivam o narcisismo, todavia,
se repensadas, as redes sociais têm um alcance de 2,5 bilhões de usuários. Nesse sentido,
através de plataformas e aplicativos voltados e pensados em unir pessoas é possível, se
souber aplicar esse artifício, causar um grande impacto na vida das pessoas.
Outrossim, o autor incentiva uma revolução da empatia através do pensamento
coletivo. Para isso, é necessário diminuir o "Homo autocentricus", mentalidade foca em si
mesmo, e "Homo empathicus", pensamento empático, a fim de ter espaço para a existência do
"Homo socioempathicus", equilíbrio entre autocuidado e cuidar do outro, visto que o ego
empático de cada indivíduo se realiza ao poder trabalhar em conjunto. A história dos grandes
impérios, líderes ou entidades deram-se através do derramamento de sangue de inocentes,
além da violência sexual e da escravidão. Por isso, com as raízes históricas da humanidade
faz-se necessário incentivar uma era que pense no coletivo, para que, paulatinamente, as
guerras e toda a maldade fiquem no passado.
Portanto, podemos compreender que a empatia desempenha um papel fundamental em
um mundo violento e individualista. É necessário superar diversas barreiras e, para isso, uma
revolução empática se faz necessária, especialmente no âmbito da cultura. Os indivíduos
devem não apenas se colocar no lugar do outro, mas também aprender a enxergar e sentir
como o outro. Além disso, é imperativo que o diálogo seja constantemente vivenciado na
sociedade, e que nunca percamos de vista a importância de nos conectarmos com o próximo,
mesmo com o advento da internet. Essa ferramenta, por sua vez, precisa ser melhor
explorada, a fim de gerar resultados positivos na sociedade e disseminar essa revolução
empática.
A obra detém de diversos artifícios de convencimentos ao leitor e de fato, consegue
causar uma reflexão de que a empatia é algo que pode ser despertada nos indivíduos, porém
em meio a uma sociedade individualista e que está disposta a fazer qualquer coisa que no fim
gere dinheiro, a empatia torna-se quase apenas mais uma palavra bonita de dicionário. Porém,
através de uma análise histórica, é visível constatar que o ser humano é ruim, sanguinário e
usa de tudo para sua ascensão social, mas, mesmo assim, a bondade, a esperança e a empatia
são uma decisão. A obra gera fé de que ainda há solução para que a sociedade mude e com as
dicas que são trazidas ao longo do livro, percebe-se que está mais próxima e palpável do que
se possa imaginar. O autor busca trazer possibilidades ao invés de utopias como muitos
revolucionários.

Referência
KRNARIC, Roman. O poder da empatia: A arte de se colocar no lugar do outro para
transformar o mundo. Rio de Janeiro: Zaarar, 2015. Tradução: Maria Luiza Borges.

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