Grupo: Cecíllia Leal Luz de Souza e Silva - 202204051 Hyasmmin Thaynara Ferreira Furriel – 202204031 Milena Rodrigues Pereira de Carvalho – 202204050 Pedro Henrique Expedito Rosa – 202204017
1) A) A autonomia patrimonial e a atribuição de personalidade jurídica
são conceitos relacionados, mas distintos, no âmbito do direito empresarial e societário. A atribuição de personalidade jurídica refere-se ao reconhecimento legal de que uma entidade possui uma personalidade jurídica separada e distinta das pessoas físicas que a compõem. Essa atribuição ocorre quando uma empresa ou organização é registrada nos órgãos competentes e adquire uma personalidade jurídica própria. Isso significa que a entidade é considerada como uma pessoa jurídica, capaz de adquirir direitos e obrigações, celebrar contratos, responder judicialmente, entre outras atividades. A autonomia patrimonial, por sua vez, está relacionada à separação do patrimônio da pessoa jurídica em relação ao patrimônio dos seus sócios ou acionistas. Quando uma empresa possui autonomia patrimonial, os bens e obrigações da empresa são distintos dos bens e obrigações dos seus sócios. Isso significa que os credores da empresa só podem buscar a satisfação de suas dívidas nos bens pertencentes à pessoa jurídica, e não nos bens pessoais dos sócios. A atribuição de personalidade jurídica é o primeiro passo para a criação de uma empresa e estabelece a sua existência legal. A partir desse momento, a autonomia patrimonial é reconhecida, desde que sejam observadas as regras legais que regem a separação do patrimônio da pessoa jurídica em relação aos seus sócios.
No entanto, é importante destacar que a autonomia patrimonial não
é absoluta. Em certas situações, a lei permite a desconsideração da personalidade jurídica, o que significa que os bens pessoais dos sócios ou administradores podem ser alcançados para satisfazer dívidas da empresa. Isso ocorre quando há abuso da personalidade jurídica, desvio de finalidade, confusão patrimonial ou outras situações em que a separação patrimonial é utilizada de forma fraudulenta ou prejudicial aos credores. A desconsideração da personalidade jurídica é uma medida excepcional, adotada para evitar fraudes ou injustiças, e está prevista na legislação de cada país. Não, a desconsideração da personalidade jurídica não promove a invalidação da personificação. A desconsideração é uma medida excepcional adotada para permitir que os efeitos da personificação sejam desconsiderados em situações específicas, mas não implica na invalidação da existência legal da pessoa jurídica. A desconsideração da personalidade jurídica ocorre quando se verifica, frente às circunstâncias fáticas, que a separação patrimonial entre a pessoa jurídica e seus sócios ou administradores está sendo usada de forma abusiva, fraudulenta ou em desvio de finalidade, prejudicando terceiros, como credores. Nesses casos, os efeitos da personificação são desconsiderados, permitindo que os bens pessoais dos sócios ou administradores sejam alcançados para satisfazer dívidas da empresa. Assim, a desconsideração da personalidade jurídica tem como objetivo proteger os interesses dos credores e evitar que a personificação seja utilizada de forma indevida. Porém, essa medida não invalida a existência legal da pessoa jurídica, apenas permite que seus efeitos sejam afastados temporariamente em determinadas situações específicas. Nesse sentido, ocorre apenas a ineficácia da personalidade jurídica, não há a dissolução da mesma, apenas considera-se declarada a ineficácia do ato praticado.
B) De acordo com a Teoria Maior, entende-se que é necessário que
haja o abuso da personalidade jurídica para que ocorra a desconsideração da personalidade jurídica. Nesse sentido, essa tese está exposta no artigo 50 do Código Civil, o qual determina que, em caso de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, o juiz ou o Ministério Público podem exercer a desconsideração, de modo que “os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.” Trata-se do entendimento majoritário adotado pelos Tribunais Superiores, sendo necessário que haja a constatação dos atos fraudulentos, é preciso que, após o trâmite do processo, conclua-se se houve, ou não, abuso da personalidade jurídica, e, então decida-se pelo afastamento, ou não, da separação patrimonial da empresa envolvida. Segundo a Teoria Menor, o mero inadimplemento, obstrução ou dificuldade e abuso de direito em face do consumidor, cometido pelo fornecedor, propicia o afastamento da personalidade jurídica. Essa tese está prevista pelo artigo 28, parágrafo 5° do Código de Defesa do Consumidor, caracterizando um processo mais agressivo à pessoa jurídica inadimplente, uma vez que não exigência da prova de fraude ou do abuso de direito, basta que o consumidor demonstre o estado de insolvência do fornecedor ou que a personalidade jurídica representa obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos. No julgado abordado, o desabamento do Shopping Osasco, houve a desconsideração da personalidade jurídica a partir da perspectiva da Teoria Menor. Desse modo, houve a responsabilização dos sócios de forma subsidiária, sendo que o argumento do relator do caso baseou-se no fato de que a consideração da personalidade jurídica seria um obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados aos consumidores.
C) Depreende-se a partir da leitura da obra “A ilusão do levantamento
do véu societário e a responsabilidade das empresas por violações de direitos humanos” que a desconsideração da personalidade não representa uma técnica adequada para a responsabilização das sociedades empresárias pela violação de direitos humanos. Essa afirmação é sustentada ao se contrapor as possíveis interpretações dos conceitos jurídicos abstratamente ou concretamente. Quando tomados em abstrato, a percepção dos conceitos jurídicos os encaminha para um alto grau de descontextualização, em que há o ocultamento de conflitos sociais que se erguem frente a esses conceitos. Logo, faz-se preciso interpretá-los frente ao concreto, contemplado problemáticas como a dificuldade em se identificar o responsável quando há a desconsideração da personalidade jurídica, em que algum direito humano é violado. Diante desse quadro, sustentam-se críticas acerca da desconsideração da personalidade jurídica no âmbito de violência de direitos humanos, uma vez que esse recurso é utilizado muitas vezes como estratégia de fuga da responsabilização. No que tange às limitações acerca do processo de desconsideração, têm-se que em alguns casos, a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica pode entrar em conflito com a proteção dos investimentos e os incentivos econômicos necessários para promover o desenvolvimento econômico. Isso pode levar a discussões sobre o equilíbrio entre a responsabilização das sociedades empresárias e a promoção do crescimento econômico. Além disso, trata-se de uma medida excepcional, que exige a comprovação de requisitos legais específicos para ser aplicada. Isso significa que é necessário apresentar evidências sólidas de abuso da personalidade jurídica, fraude ou desvio de finalidade por parte da sociedade empresária. A falta de provas adequadas pode dificultar a aplicação da desconsideração.
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