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Estudo Dirigido – Teoria do Direito Civil

Professor: Sérgio Ávila Negri


Grupo: Cecíllia Leal Luz de Souza e Silva - 202204051
Hyasmmin Thaynara Ferreira Furriel – 202204031
Milena Rodrigues Pereira de Carvalho – 202204050
Pedro Henrique Expedito Rosa – 202204017

1) A) A autonomia patrimonial e a atribuição de personalidade jurídica


são conceitos relacionados, mas distintos, no âmbito do direito
empresarial e societário.
A atribuição de personalidade jurídica refere-se ao reconhecimento
legal de que uma entidade possui uma personalidade jurídica separada e
distinta das pessoas físicas que a compõem. Essa atribuição ocorre
quando uma empresa ou organização é registrada nos órgãos
competentes e adquire uma personalidade jurídica própria. Isso significa
que a entidade é considerada como uma pessoa jurídica, capaz de
adquirir direitos e obrigações, celebrar contratos, responder judicialmente,
entre outras atividades.
A autonomia patrimonial, por sua vez, está relacionada à
separação do patrimônio da pessoa jurídica em relação ao patrimônio dos
seus sócios ou acionistas. Quando uma empresa possui autonomia
patrimonial, os bens e obrigações da empresa são distintos dos bens e
obrigações dos seus sócios. Isso significa que os credores da empresa só
podem buscar a satisfação de suas dívidas nos bens pertencentes à
pessoa jurídica, e não nos bens pessoais dos sócios.
A atribuição de personalidade jurídica é o primeiro passo para a
criação de uma empresa e estabelece a sua existência legal. A partir
desse momento, a autonomia patrimonial é reconhecida, desde que
sejam observadas as regras legais que regem a separação do patrimônio
da pessoa jurídica em relação aos seus sócios.

No entanto, é importante destacar que a autonomia patrimonial não


é absoluta. Em certas situações, a lei permite a desconsideração da
personalidade jurídica, o que significa que os bens pessoais dos
sócios ou administradores podem ser alcançados para satisfazer
dívidas da empresa. Isso ocorre quando há abuso da personalidade
jurídica, desvio de finalidade, confusão patrimonial ou outras situações
em que a separação patrimonial é utilizada de forma fraudulenta ou
prejudicial aos credores. A desconsideração da personalidade jurídica
é uma medida excepcional, adotada para evitar fraudes ou injustiças,
e está prevista na legislação de cada país.
Não, a desconsideração da personalidade jurídica não promove a
invalidação da personificação. A desconsideração é uma medida
excepcional adotada para permitir que os efeitos da personificação
sejam desconsiderados em situações específicas, mas não implica na
invalidação da existência legal da pessoa jurídica.
A desconsideração da personalidade jurídica ocorre quando se
verifica, frente às circunstâncias fáticas, que a separação patrimonial
entre a pessoa jurídica e seus sócios ou administradores está sendo
usada de forma abusiva, fraudulenta ou em desvio de finalidade,
prejudicando terceiros, como credores. Nesses casos, os efeitos da
personificação são desconsiderados, permitindo que os bens pessoais
dos sócios ou administradores sejam alcançados para satisfazer
dívidas da empresa.
Assim, a desconsideração da personalidade jurídica tem como
objetivo proteger os interesses dos credores e evitar que a
personificação seja utilizada de forma indevida. Porém, essa medida
não invalida a existência legal da pessoa jurídica, apenas permite que
seus efeitos sejam afastados temporariamente em determinadas
situações específicas. Nesse sentido, ocorre apenas a ineficácia da
personalidade jurídica, não há a dissolução da mesma, apenas
considera-se declarada a ineficácia do ato praticado.

B) De acordo com a Teoria Maior, entende-se que é necessário que


haja o abuso da personalidade jurídica para que ocorra a
desconsideração da personalidade jurídica. Nesse sentido, essa tese
está exposta no artigo 50 do Código Civil, o qual determina que, em
caso de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, o juiz ou o
Ministério Público podem exercer a desconsideração, de modo que
“os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da
pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.”
Trata-se do entendimento majoritário adotado pelos Tribunais
Superiores, sendo necessário que haja a constatação dos atos
fraudulentos, é preciso que, após o trâmite do processo, conclua-se
se houve, ou não, abuso da personalidade jurídica, e, então decida-se
pelo afastamento, ou não, da separação patrimonial da empresa
envolvida.
Segundo a Teoria Menor, o mero inadimplemento, obstrução ou
dificuldade e abuso de direito em face do consumidor, cometido pelo
fornecedor, propicia o afastamento da personalidade jurídica. Essa
tese está prevista pelo artigo 28, parágrafo 5° do Código de Defesa
do Consumidor, caracterizando um processo mais agressivo à
pessoa jurídica inadimplente, uma vez que não exigência da prova
de fraude ou do abuso de direito, basta que o consumidor demonstre
o estado de insolvência do fornecedor ou que a personalidade
jurídica representa obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos.
No julgado abordado, o desabamento do Shopping Osasco, houve
a desconsideração da personalidade jurídica a partir da perspectiva
da Teoria Menor. Desse modo, houve a responsabilização dos sócios
de forma subsidiária, sendo que o argumento do relator do caso
baseou-se no fato de que a consideração da personalidade jurídica
seria um obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados aos
consumidores.

C) Depreende-se a partir da leitura da obra “A ilusão do levantamento


do véu societário e a responsabilidade das empresas por violações
de direitos humanos” que a desconsideração da personalidade não
representa uma técnica adequada para a responsabilização das
sociedades empresárias pela violação de direitos humanos.
Essa afirmação é sustentada ao se contrapor as possíveis
interpretações dos conceitos jurídicos abstratamente ou concretamente.
Quando tomados em abstrato, a percepção dos conceitos jurídicos os
encaminha para um alto grau de descontextualização, em que há o
ocultamento de conflitos sociais que se erguem frente a esses conceitos.
Logo, faz-se preciso interpretá-los frente ao concreto, contemplado
problemáticas como a dificuldade em se identificar o responsável quando
há a desconsideração da personalidade jurídica, em que algum direito
humano é violado. Diante desse quadro, sustentam-se críticas acerca da
desconsideração da personalidade jurídica no âmbito de violência de
direitos humanos, uma vez que esse recurso é utilizado muitas vezes
como estratégia de fuga da responsabilização.
No que tange às limitações acerca do processo de
desconsideração, têm-se que em alguns casos, a aplicação da
desconsideração da personalidade jurídica pode entrar em conflito
com a proteção dos investimentos e os incentivos econômicos
necessários para promover o desenvolvimento econômico. Isso pode
levar a discussões sobre o equilíbrio entre a responsabilização das
sociedades empresárias e a promoção do crescimento econômico.
Além disso, trata-se de uma medida excepcional, que exige a
comprovação de requisitos legais específicos para ser aplicada. Isso
significa que é necessário apresentar evidências sólidas de abuso da
personalidade jurídica, fraude ou desvio de finalidade por parte da
sociedade empresária. A falta de provas adequadas pode dificultar a
aplicação da desconsideração.

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