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23ª VARA DO
TRABALHO DE SÃO PAULO - SP.
Processo n.º
Excelência, logo de início a Impugnante rechaça a sua inclusão no feito, pois, não
concorda em responder pelo crédito trabalhista exequendo, já que não possui qualquer relação
com a empresa Reclamada, além de nunca ter contratado e utilizado da força de trabalho do
Reclamante.
A Impugnante entende como absurda alegação de que possui vínculo com a empresa
Reclamada em razão de prestador de serviços seus ter tido relação com a Reclamada em 2014 e,
ainda que tivesse, essa empresa não se vincularia à Reclamada apenas por essa identidade.
Aliás, a Impugnante se quer era conhecedora de tal situação até o recebimento da
presente ação, sabendo apenas que o Sr. Yuji era uma pessoa conhecida no ramo de sua
atividade, unicamente por já ter trabalhado na área, pouco importando para a empresa a relação
dele com a empresa de seu pai.
Não existe qualquer embasamento legal que proíba a Impugnante de atuar no mesmo
ramo de prestação de serviços, de contratar qualquer pessoa que queira para prestar serviços ou
até para trabalhar como empregado, o que se diz como argumento para rebater os fatos
mentirosos trazidos pelo Reclamante. Aliás, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo
senão em virtude de lei (princípio da legalidade).
Não há fraude à execução porque as empresas não possuem qualquer vinculação entre
si, sendo certo que qualquer informação fornecida por terceiro não deve ser levada em
consideração, vez que a lei traz requisitos necessários para a configuração de grupo econômico,
sucessão empresarial e / ou fraude à execução, não sendo requisito a mera informação prestada
por pessoas alheias ao presente feito.
De acordo com o art. 2º, § 2º, da CLT, “recém” modificado pela Lei nº 13.467/2017,
sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, será considerada grupo
econômico e consequentemente responsabilizada solidariamente pelas obrigações trabalhistas
em eventual ação judicial.
Consta do citado artigo celetista, in verbis:
Note que os requisitos são cumulativos e não alternativos, não bastando provar, por
exemplo, apenas o interesse integrado. É preciso provar a direção, controle ou administração , a
efetiva comunhão de interesses integrado e, além disso, a atuação conjunta entre essas
empresas, o que no presente caso NÃO existe.
Há ainda o conceito do art. 256 da Lei da Sociedade por Ações que estabelece que, in
verbis:
“Art. 265. A sociedade controladora e suas controladas podem constituir, nos termos
deste Capítulo, grupo de sociedades, mediante convenção pela qual se obriguem a
combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos, ou a
participar de atividades ou empreendimentos comuns”.
Basta uma simples consulta na Junta Comercial do Estado de São Paulo para verificar
que esta empresa e a Reclamada não possuem os mesmos sócios, não possuem uma mesma
direção, nem controle, nem administração comum. Tampouco verificamos uma convenção para
aplicação de recursos de forma conjunta, muito pelo contrário, a cessão onerosa foi prova disso.
Note que o prosseguimento da execução em face desta Impugnante que nada tem a
ver com a Reclamada e o Reclamante pode trazer consequências gravosas a todo um grupo de
pessoas: fornecedores, empregados, prestadores de serviços; além de penalizar ainda mais esta
empresa que já atravessa uma realidade muito dura em razão da crise interna do país, que
recentemente foi agravada pela pandemia de COVID-19 e pelos bloqueios ilegais realizados em
suas contas.
E prossegue:
Termos em que,
Pede e espera o deferimento.