Direito do trabalho é o conjunto de normas jurídicas que regem
as relações entre empregados e empregadores, trata dos direitos resultantes da condição jurídica dos trabalhadores. Estas normas, no Brasil, estão regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Constituição Federal de 1988 e várias leis esparsas (como a lei que define o trabalho do estagiário, entre outras). O Direito do trabalho interfere diretamente na atividade empresarial, é um dos ramos do direito que mais impactam a empresa. Vejamos agora alguns de seus princípios.
Princípios do Direito do Trabalho
Princípios são normas gerais já consolidadas e que expressam
valores sedimentados na sociedade. Além dos princípios gerais do Direito com aplicabilidade sobre o Direito do trabalho, têm- se os princípios específicos desta área. De acordo com o princípio da prevalência da condição mais benéfica ao trabalhador, qualquer condição que seja concedida de forma habitual e tácita ao empregado e for ela mais benéfica do que outra decorrente de lei ou do contrato, passa então a prevalecer. Isso significa dizer que a condição mais benéfica incorpora-se ao patrimônio do empregado e não pode ser suprimida. Imagine, por exemplo, que um trabalhador contratado para trabalhar 44 horas semanais venha a trabalhar de forma efetiva, habitual e tacitamente aceita pelo empregado, apenas 40 horas semanais. Significa dizer que essa condição mais benéfica passa a ser regra e não pode ser suprimida.
Informa-nos o princípio da norma mais favorável que, havendo
duas normas aplicáveis ao mesmo trabalhador, deverá prevalecer aquela que for a mais favorável ao empregado. Significa dizer que, havendo, por exemplo, norma legal e convenção coletiva, prevalecerá aquela que for mais favorável for ao trabalhador. Por sua vez, o princípio do in dubio pro operario determina que, havendo mais de uma interpretação possível sobre uma norma, deverá prevalecer aquela que for mais favorável ao trabalhador, parte fraca da relação de emprego.
Segundo o princípio da primazia da realidade vale mais o que
aconteceu na prática do que o que as partes ajustaram. Isso significa dizer que, mesmo havendo documentos, deve prevalecer o que realmente aconteceu durante a relação de emprego. Um dos principais fundamentos consiste no fato de que o trabalhador, parte vulnerável, poderia ser compelido a assinar qualquer documento, por ser a parte frágil da relação, o que não poderia ser tido como legítimo.
Pelo princípio da irredutibilidade salarial, tem-se que o salário
do trabalhador é, a rigor, irredutível. Contudo, são admitidas as hipóteses de redução nos casos de acordo ou convecção coletiva. Já o princípio da continuidade da relação de emprego informa-nos que a relação de emprego tende a ser duradoura e, como regra, o contrato de trabalho vigora por tempo indeterminado. Isso significa que, não havendo contrato expresso por prazo determinado, o contrato de trabalho é tido como de prazo indeterminado. O princípio da inalterabilidade contratual prejudicial ao trabalhador determina que não pode haver alteração no contrato de trabalho que seja lesiva ao trabalhador. Significa dizer que as condições contratuais devem permanecer quando mais benéficas ao trabalhador, protegendo-o contra alterações contratuais lesivas aos seus direitos. Por fim, o princípio da irrenunciabilidade preceitua que, a rigor, não se deve renunciar aos direitos trabalhistas ou negociá-los, seja antes, durante ou depois da relação contratual. Esse princípio visa a tutelar o trabalhador. Ademais, as normas trabalhistas são cogentes, imperativas e, portanto, não podem ser negociadas.
Conceito de Empregador
Considera-se empregador a empresa (pessoa jurídica/pessoa
física), individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço do empregado. Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das suas subordinadas. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Conceito de Empregado
Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços
de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Empregado e empregador estabelecem um vínculo jurídico por meio do contrato de trabalho, o qual se passa a analisar.
Contrato de Trabalho
O contrato de trabalho é o ajuste verbal ou escrito, por meio do
qual uma pessoa se obriga a prestar trabalho a outra, de forma não eventual, em proveito do empregador, seja por tempo determinado ou por tempo indeterminado. A regra é a do contrato por tempo indeterminado, contudo, cabe ajustar contrato por tempo determinado, desde que seja feito de forma expressa entre as partes. Uma vez iniciando o trabalho, deve o empregador e o empregado firmar contrato por tempo determinado sob pena de, não o fazendo, ser o contrato considerado como de prazo indeterminado.
Requisitos do Vínculo Empregatício
Se, eventualmente, não houver a anotação da carteira de
trabalho do empregado, para que ele prove ter havido um vínculo empregatício entre ele e seu empregador, inclusive para pleitear direitos não pagos junto à Justiça do Trabalho, é necessário demonstrar que houve a existência dos seguintes requisitos: 1. Empregado: deve ser uma pessoa física, pois não há a possibilidade de ser empregada uma pessoa jurídica. 2. Subordinação: o empregado deve estar sujeito às ordens e determinações do empregador, agindo de forma subordinada a este. 3. Onerosidade: o empregado deve perceber remuneração/salário, pois não há relação de emprego de forma graciosa, voluntária, mas sim mediante contraprestação de fundo econômico. 4. Habitualidade: o empregado deve entregar sua força de trabalho de forma habitual, ou seja, não pode ser eventual, esporádico. 5. Pessoalidade: o vínculo empregatício se desenvolve entre empregador e empregado, não podendo este se fazer substituir no seu trabalho.
Presentes estes requisitos, estaremos diante de uma relação de
emprego, na qual são devidos todos os direitos trabalhistas, a saber, férias, 13º salário etc.
Atuação Empresarial e Direito do Consumidor
O Direito do consumidor é um ramo do Direito que lida com
conflitos de consumo e com a defesa dos direitos dos consumidores. Encontra-se desenvolvido na maior parte dos países com sociedades de consumo e sistemas legais funcionais. Entretanto, devemos, de uma forma coesa, atribuir os reais valores aos consumidores, reconhecendo as falcatruas e beligerantes atitudes de muitos fornecedores, quanto às condições dos vários produtos fornecidos aos consumidores. Entende-se por consumidor toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Contudo, equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Por sua vez, fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Já o Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. Enfim, o serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
O Código de Defesa do Consumidor define quais são direitos
básicos do consumidor, a saber:
I - Direito à proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos
provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos. II - Direito a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações. III - Direito à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. IV - Direito à proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços. V - Direito à modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. VI - Direito à efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. VII - Direito ao acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados. VIII - Direito à facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo às regras ordinárias de experiências. IX - Direito à adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm. Acesso em: 30 jul. 2015. Verifica-se que, pelos direitos elencados em lei, o consumidor tem a sua saúde e segurança preservadas. Mais do que isso, ele é tutelado em face do fornecedor em razão da sua vulnerabilidade, que decorre do fato de ser hipossuficiente.
Quanto aos vícios e defeitos dos produtos e serviços, a lei
estabelece prazos para que o consumidor possa reclamar. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de
produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. Interrompem a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm. Acesso em: 30 jul. 2015.
Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no
momento em que ficar evidenciado o defeito. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.