EMPREGADOR No art. 2º da CLT, o legislador conceitua o empregador nos seguintes
termos: "Consider a -se empregador a empresa, individual ou coletiva, que assumindo os riscos de atividade econômica, admite, assalaria e dir ige a prestação pessoal de serviço" . Nenhuma dificuldade existe em identificar a figura do empregador. Confor me an tes nos r eportamos, para que se configure o cont rato de tr abalho urge m co mo req uisitos pes soalidade, onerosidade, não-e ventualidade e subordinação. Fixado que o empregado é pessoa física e é quem presta o serviço, acaso presente u m ajuste de von tades co m os requisitos previstos no artigo 3º da CLT, o outro contratante, independente de qua lquer atributo especial, será empregador. Empregador é a pessoa (física ou jurídica) que, assum i ndo os r iscos da at ividade econômica, contrata empregados. Em verdade, os requisitos que deter minam o reco nhecimento da r elação de emprego há que se fazerem presentes, tantas vezes e pro positadamente repetidos: pessoalidade, não- eventualidade, onerosidad e e subordinação, sendo o contratante do tr abalho, em tal hipótese, o empregador, o q ue facilita sua identificação. Digno de nota estabelecer que uma ca racterística, ou, para alguns, requisito do contrato de trab alho, reside justamente na as sunção pelo empregador do risco da atividade econômica, jamais pelo empregado, isso porque o contrato possui o q ue se co nvencionou denominar alteridad e. Alteridade pode ser entendida como abran gente de duas idéias. Primeira, de que o empregado presta serviços que revertem em proveito de o utrem que o remunera. Segunda, que este al guém, empregador, assu me o risco da atividade econômica. Afora os ele mentos conce ituais acima indicad os e analisados, p rossegue o le gislador no art. 2º da CLT afirmando q ue: " Conside ra-se empregador a empresa indi vidual ou coletiva, que assumindo os riscos da atividade econômica, ad mite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço" .
DIREITO DO TRABALHO I - Profª DEISY ALVES – Poder
de controle - O empregado r tem o direito de fiscalizar e controlar as atividad e de seus e mpregados. Isto porque, dentro do horário de trabalho o empregado está à disposiç ão do empregador, devendo pro duzir aquilo que o empregador lhe pede, podendo, por tanto, ser fiscalizado. Tratam-se de um conjunto de prerr ogativas dirigidas a p ropiciar o acompanhamento co ntínuo da prestação de trabalho e a própria vigilância efetivada a o lo ngo do espaço empresarial interno. Assim, medid as c omo o controle de portar ia, revista, cir cuito interno de televisão, co ntrole de hor ário e freqüência e outras pro vidências correlatas seria m manifestações do p oder de controle. OBS.: Limites ao p oder de controle Revista do e mpregado Controle de computador – Poder discipl inar - É o co njunto de prerro gativas concentradas n o e mpregador dir igidas a p ropiciar a i mposição de san ções aos e mpregados em face do descumprimento por esses de suas obrigações contratuais. T rata -se, e m última a nálise, d e um cor olário o u extensão d o p oder de d ireção, ou seja, do poder de o empregador det erminar o rdens na empresa, que, se não c umpridas, enseja m penalidades ao e mpregado, que deve ater -se à discipli na e respeito a seu patrão . O empregado pod erá ser advertido (verbalmente e por escrit o) e suspenso. Não poder á ser multado, salvo o atleta pro fissional de futebol. Não po derá ser suspenso por mais de 30 dias, o que importará a r escisão injusta d o contrato de trabalho ( art. 474 , CLT) . O empregador só e stará obrigado a pr imeiro advertir e dep ois suspender, se hou ver norma coletiva o u previsão no regulamento interno da empr esa. O p oder d e punição d eve ser e xercido co m observância da bo a -fé, tendo e m vista o se u ca ráter pedagógico. Não existe a exigência legal de que haja gradação nas punições. Contudo, o Poder Judiciário, poder á rever as pena lidades aplicadas sempre que forem desproporcio nais às faltas cometidas ou quando não fore m aplicadas dentro de um lapso temporal razoável existente e ntre a punição e a falta co metida. O poder j udiciário poderá controlar a p ena ap licada pelo e mpregador apenas no toca nte à existência ou não da falta, todavia, não poderá ingressar na questão da graduação da penalidade, q ue está adstrita ao e mpregador. Jus Variandi => É o po der do e mpregador alterar u nilateralmente o co ntrato de trabal ho, fazendo peque nas modificações q ue venha m a alterar a forma da prestação de serviço, respeitand o sua essência e se m prejudicar o empregado. Exemplo: alteração da função, de horário, de lo cal de trabalho – Ver ificar o parágrafo único d o artigo 468 e o artigo 450 da CLT. Jus Re sistentiae => O empre gado poder á opo r-se a certas modificações que lhe ca usem prejuízos, contrariem o contra to d e trabalho ou sejam ilegais, inclusi ve pleiteando a rescisão indireta de seu contrato de trabalho (ar tigo 483 CLT). GRUPO ECONÔM ICO OU GRUPO D E EM PRESAS - P resente no § 2 º do art. 2º o co nceito de grupo econômico c om o escopo de proteger o créd ito trabalhista em face da crescente a glutinação econômica. Em res umo, reco nhecido o grupo econô mico, as e mpresas, ou mais p ropria mente as pess oas j urídicas, ainda q ue sej am distintas, são solidariamente resp onsáveis. É d isso que trata o legislador no ar t. 2º, § 2, da CLT. Assim, se deter minada empresa controla a vontade das demais, todas as empresas resp ondem solidariamente pelos débitos existen te s para com os seus empre gados. O q ue significa o vínculo solidário? Disp õe o art. 264 do Cód igo Civil que: " há solidariedade, quando na mesma obr igação conc orre mais de um credor, ou mais de um devedor, cad a um com direito, o u obrigação, à dívida toda". Qual o eleme nto primacial ao r econhecimento do grupo econômico? A pala vra chave é con trole. Não há grupo, ao menos urbano, se m o controle de uma empresa so bre a vontade das demais. O grupo p ode ser formalmente constituído co mo tal, nesse sentido a p revisão d a L ei de S/A, art. 265. Será, to davia, necessário que o grupo tenha existência de direito? A r esposta é negativa. O só fato d o controle de u ma empresa sobre outras configura o gr upo econômico para o s efeitos do art. 2º, § 2º, da CLT. Diga-se que i mpende reconhece r ao lad o da so lidariedade passiva a solidariedade ativa, ou seja, no grupo econômico, o verdad eiro empregador é não cada uma das e mpresas individualmente consideradas, mas o grupo como um todo. Disso resultam conseqüências relevantes, v. g., o fato de q ue se o mesmo empregado, na mesma jornada, pr esta ser viços a várias empresa s do gr upo, presume -se a existência de um único co ntrato de trab alho, salvo prova em contrário .
DIREITO DO TRABALHO I - Profª DEISY ALVES Não há
divergê ncia quanto à solidariedade passiva existente no grupo eco nômico. Po r ém, o mesmo não se p ode d izer da responsabilidade ativa que, junto co m a passiva, for ma o que chama mos de responsabili dade d ual. Assim, a solidaried ade entre as empresas do grupo não a flora apenas per ante as o brigações trab alhistas contratuais, mas também per ante o s direitos e prerrogativas do contrato. Nesse sentido, favoráveis são os do utrinadores R ussomano, Martins Catharino, Sussekind, Délio M aranhão e a jurisprudência do T ST consubstanciada em sua Súmula nº 1 29. Afiguram-se rele vantes, nesse tema, os d esdobramento s advindos do cancelamento d a Súmula nº 205 do TST, que preco nizava pela negativa à empresa do grupo econô mico de ser sujeito passi vo na execução quando não ti vesse participad o d a relação processual, não i ntegrando o título executivo judicial c o mo d evedor. Assim, entende-se, modernamente, que, se hoje a execução pod e atingir os só cios através da desconsideração da pessoa j urídica, muito mais, mesmo não constando do título judicial e não sendo parte na ação de conhecime nto, poderá a empresa perte ncente ao grupo econômico sofrer a execução, desde que haja nos autos pro va da sua formação e e xistência do grupo de empresas. Não s e olvide que o jurisdicionado não tem direito apenas, e m nosso caso, ao r econhecimento de seu direito trabalhista, mas també m à efetividade do processo, ou sej a, a satisfatoriedade integral de sua pretensão. SUCESSÃO DE EM PREGADORES - Os arts. 10 e 448 da CLT discip linam a sucessão d e empregadores. "Art. 10. Qualquer alter ação na estrutura j urídica da empresa não afetará os dir eito s adquiridos po r seus empregados". "Art. 448. A mudança na p ropr iedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados". Segundo o magistério do professor Sérgio Pinto Ma rtins, a "sucessão ve m a ser a modificação d o sujeito em dada relação j urídica. Assim, há necessidade de que exista a mes ma relação jurídica, porém sujeitos diversos, qu e se sucedem. “ (...) O empregado não p oderá recusar -se a prestar serviços ao sucessor. (...) O sucessor fica respo nsável p elas obrigações do sucedido. Quando oco rre mudança no co rpo societár io da pessoa j urídica ou quando a próp ria pessoa jurídica per passa processo de fusão, incorporação ou cisão, nenhum efeito incidirá, ainda aqui, em detri mento do contrato de traba lho. Diferem as figuras da f usão e incorp oração. Na fusão, duas o u mais empresas se a glutinam, pro piciando nasciment o de uma nova empresa. Na incorporação, a empresa incorp orada deixa de existir, sobrevivendo apenas a i ncorporadora. Fusão e cisão são antônimas, a seu turno. O escopo pr imordial da sucess ão trabalhista é gara ntir ao e mpregado o direito de receber seus créditos e, para isto, as segura -lhe dir igir sua pretensão contra aq uele que entende ser mais seguro e fácil atingir esse objetivo, q ual seja o sucessor. A doutrina e a j urisprudência vem ente ndendo que, para que seja caracterizada a sucessão trab alhista, se fazem necessário s a presença de dois requisitos, quais sejam: a)que ten ha oco rrido a transferência de titularidade da empresa, com o ingress o d e novo titular (sucessor) em lugar do antigo (sucedido) num dos pólos da relação contratual trabalhista; e b)que não tenha havido solução de continuidade na prestação de serviços pelo obreiro. A a usência d e um do s requisitos em tela é suficiente para de sca racterizar o instituto da sucessão trabalh ista. Ressalte-se que a sucessão trabalhista pode ser total o u parcial, isto é, tanto po de abranger a uni versalidade do empree ndimento quanto apenas fração o u frações desse (filiais ou e stabelecimentos isolad os da empresa). Resumindo, a sucessão [ trabalhista] configura -se nitidamente quando a empresa, co mo unidade econô mico -jur ídica, passa de um para outro t itular, sem que haja solução de continuidade na prestação de serviços. Artifícios co mo a despedida, com ulterior contratação e m intervalos curtos, não elid em a aplicaç ão do s arts. 10 e 448 da CLT, incidindo a r egra co gente do art. 9 º da Consolidação, verbis: " serão nulos d e ple no direito os atos praticado s co m o obj etivo d e desvirtuar, impedir ou fraudar ap licação do s preceitos contidos na presente Consolidação". O sucessor respo nde plenamente pelos débitos do empregado de to do o período laborado, mesmo que anterior à sucessão, atento a o disposto no art. 4 48 da CLT. Para a maioria dos autores, a r esponsabili dade do sucessor importa exclusão d o sucedido, salvo hipóteses residuais vinculadas à prática de simulação, causa d e nulidade do negócio jurídico nos termos do Código Civil, art. 167. Então, na prática, se houver mudança na prop riedade, o último a suced er respo nderá plenamente pelo s d ireitos sonegados em todo o perío do de duração do contrato com determinado e mpregado. Derradeira questão reside na possibilidade de o contrato d e aquisição estipular e xclusão de responsabilidad e do adquirente. T al cláusula não produz efeito s trabalhista s e m razão da natureza indisponível das nor mas laborais. Os efe itos civis, l igados à autonomia da vontade e vedaç ão do enriquecimento se m causa, ar t. 182 , pro duzem -se no rmalmente, per mitindo que o valor pago em ação trabalhista eventual mente manejada pelo s empregados da empresa que foi adquirida seja m restituídos na esfera civil, todavia, perante a J ustiça Co mum. Assim, o sucessor, condenado ao p agamento d e débitos tr abalhistas d o antecessor, te m dir eito regress ivo contra este, pela lei civil.