Você está na página 1de 4

DIREITO DO TRABALHO I - Profª DEISY ALVES

EMPREGADOR No art. 2º da CLT, o legislador conceitua o empregador nos seguintes


termos: "Consider a -se empregador a empresa, individual ou coletiva, que assumindo os
riscos de atividade econômica, admite, assalaria e dir ige a prestação pessoal de serviço" .
Nenhuma dificuldade existe em identificar a figura do empregador. Confor me an tes nos
r eportamos, para que se configure o cont rato de tr abalho urge m co mo req uisitos pes
soalidade, onerosidade, não-e ventualidade e subordinação. Fixado que o empregado é
pessoa física e é quem presta o serviço, acaso presente u m ajuste de von tades co m
os requisitos previstos no artigo 3º da CLT, o outro contratante, independente de qua
lquer atributo especial, será empregador. Empregador é a pessoa (física ou jurídica) que,
assum i ndo os r iscos da at ividade econômica, contrata empregados. Em verdade, os
requisitos que deter minam o reco nhecimento da r elação de emprego há que se
fazerem presentes, tantas vezes e pro positadamente repetidos: pessoalidade, não-
eventualidade, onerosidad e e subordinação, sendo o contratante do tr abalho, em tal
hipótese, o empregador, o q ue facilita sua identificação. Digno de nota estabelecer que
uma ca racterística, ou, para alguns, requisito do contrato de trab alho, reside
justamente na as sunção pelo empregador do risco da atividade econômica, jamais pelo
empregado, isso porque o contrato possui o q ue se co nvencionou denominar alteridad
e. Alteridade pode ser entendida como abran gente de duas idéias. Primeira, de que o
empregado presta serviços que revertem em proveito de o utrem que o remunera.
Segunda, que este al guém, empregador, assu me o risco da atividade econômica. Afora os
ele mentos conce ituais acima indicad os e analisados, p rossegue o le gislador no art. 2º
da CLT afirmando q ue: " Conside ra-se empregador a empresa indi vidual ou coletiva,
que assumindo os riscos da atividade econômica, ad mite, assalaria e dirige a prestação
pessoal de serviço" .

DIREITO DO TRABALHO I - Profª DEISY ALVES – Poder


de controle - O empregado r tem o direito de fiscalizar e controlar as atividad e de
seus e mpregados. Isto porque, dentro do horário de trabalho o empregado está à
disposiç ão do empregador, devendo pro duzir aquilo que o empregador lhe pede,
podendo, por tanto, ser fiscalizado. Tratam-se de um conjunto de prerr ogativas dirigidas
a p ropiciar o acompanhamento co ntínuo da prestação de trabalho e a própria vigilância
efetivada a o lo ngo do espaço empresarial interno. Assim, medid as c omo o controle
de portar ia, revista, cir cuito interno de televisão, co ntrole de hor ário e freqüência e outras
pro vidências correlatas seria m manifestações do p oder de controle. OBS.: Limites ao p oder
de controle Revista do e mpregado Controle de computador – Poder discipl inar - É o co
njunto de prerro gativas concentradas n o e mpregador dir igidas a p ropiciar a i mposição de
san ções aos e mpregados em face do descumprimento por esses de suas obrigações
contratuais. T rata -se, e m última a nálise, d e um cor olário o u extensão d o p oder de d
ireção, ou seja, do poder de o empregador det erminar o rdens na empresa, que, se
não c umpridas, enseja m penalidades ao e mpregado, que deve ater -se à discipli na e
respeito a seu patrão . O empregado pod erá ser advertido (verbalmente e por escrit o) e
suspenso. Não poder á ser multado, salvo o atleta pro fissional de futebol. Não po derá ser
suspenso por mais de 30 dias, o que importará a r escisão injusta d o contrato de trabalho
( art. 474 , CLT) . O empregador só e stará obrigado a pr imeiro advertir e dep ois
suspender, se hou ver norma coletiva o u previsão no regulamento interno da empr esa.
O p oder d e punição d eve ser e xercido co m observância da bo a -fé, tendo e m vista
o se u ca ráter pedagógico. Não existe a exigência legal de que haja gradação nas
punições. Contudo, o Poder Judiciário, poder á rever as pena lidades aplicadas sempre
que forem desproporcio nais às faltas cometidas ou quando não fore m aplicadas dentro
de um lapso temporal razoável existente e ntre a punição e a falta co metida. O poder j
udiciário poderá controlar a p ena ap licada pelo e mpregador apenas no toca nte à
existência ou não da falta, todavia, não poderá ingressar na questão da graduação da
penalidade, q ue está adstrita ao e mpregador. Jus Variandi => É o po der do e mpregador
alterar u nilateralmente o co ntrato de trabal ho, fazendo peque nas modificações q ue venha
m a alterar a forma da prestação de serviço, respeitand o sua essência e se m prejudicar o
empregado. Exemplo: alteração da função, de horário, de lo cal de trabalho – Ver ificar o
parágrafo único d o artigo 468 e o artigo 450 da CLT. Jus Re sistentiae => O empre gado
poder á opo r-se a certas modificações que lhe ca usem prejuízos, contrariem o contra to
d e trabalho ou sejam ilegais, inclusi ve pleiteando a rescisão indireta de seu contrato de
trabalho (ar tigo 483 CLT). GRUPO ECONÔM ICO OU GRUPO D E EM PRESAS - P resente no
§ 2 º do art. 2º o co nceito de grupo econômico c om o escopo de proteger o créd ito
trabalhista em face da crescente a glutinação econômica. Em res umo, reco nhecido o
grupo econô mico, as e mpresas, ou mais p ropria mente as pess oas j urídicas, ainda q
ue sej am distintas, são solidariamente resp onsáveis. É d isso que trata o legislador no ar t.
2º, § 2, da CLT. Assim, se deter minada empresa controla a vontade das demais, todas as
empresas resp ondem solidariamente pelos débitos existen te s para com os seus empre
gados. O q ue significa o vínculo solidário? Disp õe o art. 264 do Cód igo Civil que: " há
solidariedade, quando na mesma obr igação conc orre mais de um credor, ou mais de um
devedor, cad a um com direito, o u obrigação, à dívida toda". Qual o eleme nto primacial ao r
econhecimento do grupo econômico? A pala vra chave é con trole. Não há grupo, ao menos
urbano, se m o controle de uma empresa so bre a vontade das demais. O grupo p ode ser
formalmente constituído co mo tal, nesse sentido a p revisão d a L ei de S/A, art. 265.
Será, to davia, necessário que o grupo tenha existência de direito? A r esposta é
negativa. O só fato d o controle de u ma empresa sobre outras configura o gr upo
econômico para o s efeitos do art. 2º, § 2º, da CLT. Diga-se que i mpende reconhece r ao
lad o da so lidariedade passiva a solidariedade ativa, ou seja, no grupo econômico, o
verdad eiro empregador é não cada uma das e mpresas individualmente consideradas,
mas o grupo como um todo. Disso resultam conseqüências relevantes, v. g., o fato de
q ue se o mesmo empregado, na mesma jornada, pr esta ser viços a várias empresa s
do gr upo, presume -se a existência de um único co ntrato de trab alho, salvo prova em
contrário .

DIREITO DO TRABALHO I - Profª DEISY ALVES Não há


divergê ncia quanto à solidariedade passiva existente no grupo eco nômico. Po r ém, o
mesmo não se p ode d izer da responsabilidade ativa que, junto co m a passiva, for ma
o que chama mos de responsabili dade d ual. Assim, a solidaried ade entre as empresas
do grupo não a flora apenas per ante as o brigações trab alhistas contratuais, mas também
per ante o s direitos e prerrogativas do contrato. Nesse sentido, favoráveis são os do
utrinadores R ussomano, Martins Catharino, Sussekind, Délio M aranhão e a
jurisprudência do T ST consubstanciada em sua Súmula nº 1 29. Afiguram-se rele vantes,
nesse tema, os d esdobramento s advindos do cancelamento d a Súmula nº 205 do TST,
que preco nizava pela negativa à empresa do grupo econô mico de ser sujeito passi vo
na execução quando não ti vesse participad o d a relação processual, não i ntegrando o
título executivo judicial c o mo d evedor. Assim, entende-se, modernamente, que, se hoje
a execução pod e atingir os só cios através da desconsideração da pessoa j urídica,
muito mais, mesmo não constando do título judicial e não sendo parte na ação de
conhecime nto, poderá a empresa perte ncente ao grupo econômico sofrer a execução,
desde que haja nos autos pro va da sua formação e e xistência do grupo de empresas. Não s
e olvide que o jurisdicionado não tem direito apenas, e m nosso caso, ao r
econhecimento de seu direito trabalhista, mas també m à efetividade do processo, ou sej
a, a satisfatoriedade integral de sua pretensão. SUCESSÃO DE EM PREGADORES - Os arts. 10
e 448 da CLT discip linam a sucessão d e empregadores. "Art. 10. Qualquer alter ação na
estrutura j urídica da empresa não afetará os dir eito s adquiridos po r seus empregados".
"Art. 448. A mudança na p ropr iedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará
os contratos de trabalho dos respectivos empregados". Segundo o magistério do professor
Sérgio Pinto Ma rtins, a "sucessão ve m a ser a modificação d o sujeito em dada relação j
urídica. Assim, há necessidade de que exista a mes ma relação jurídica, porém sujeitos
diversos, qu e se sucedem. “ (...) O empregado não p oderá recusar -se a prestar serviços ao
sucessor. (...) O sucessor fica respo nsável p elas obrigações do sucedido. Quando oco rre
mudança no co rpo societár io da pessoa j urídica ou quando a próp ria pessoa jurídica
per passa processo de fusão, incorporação ou cisão, nenhum efeito incidirá, ainda aqui, em
detri mento do contrato de traba lho. Diferem as figuras da f usão e incorp oração. Na
fusão, duas o u mais empresas se a glutinam, pro piciando nasciment o de uma nova
empresa. Na incorporação, a empresa incorp orada deixa de existir, sobrevivendo apenas
a i ncorporadora. Fusão e cisão são antônimas, a seu turno. O escopo pr imordial da sucess
ão trabalhista é gara ntir ao e mpregado o direito de receber seus créditos e, para isto, as
segura -lhe dir igir sua pretensão contra aq uele que entende ser mais seguro e fácil atingir
esse objetivo, q ual seja o sucessor. A doutrina e a j urisprudência vem ente ndendo que,
para que seja caracterizada a sucessão trab alhista, se fazem necessário s a presença de
dois requisitos, quais sejam: a)que ten ha oco rrido a transferência de titularidade da
empresa, com o ingress o d e novo titular (sucessor) em lugar do antigo (sucedido)
num dos pólos da relação contratual trabalhista; e b)que não tenha havido solução de
continuidade na prestação de serviços pelo obreiro. A a usência d e um do s requisitos
em tela é suficiente para de sca racterizar o instituto da sucessão trabalh ista. Ressalte-se
que a sucessão trabalhista pode ser total o u parcial, isto é, tanto po de abranger a uni
versalidade do empree ndimento quanto apenas fração o u frações desse (filiais ou e
stabelecimentos isolad os da empresa). Resumindo, a sucessão [ trabalhista] configura -se
nitidamente quando a empresa, co mo unidade econô mico -jur ídica, passa de um para
outro t itular, sem que haja solução de continuidade na prestação de serviços. Artifícios co
mo a despedida, com ulterior contratação e m intervalos curtos, não elid em a aplicaç
ão do s arts. 10 e 448 da CLT, incidindo a r egra co gente do art. 9 º da Consolidação,
verbis: " serão nulos d e ple no direito os atos praticado s co m o obj etivo d e
desvirtuar, impedir ou fraudar ap licação do s preceitos contidos na presente Consolidação".
O sucessor respo nde plenamente pelos débitos do empregado de to do o período
laborado, mesmo que anterior à sucessão, atento a o disposto no art. 4 48 da CLT. Para a
maioria dos autores, a r esponsabili dade do sucessor importa exclusão d o sucedido, salvo
hipóteses residuais vinculadas à prática de simulação, causa d e nulidade do negócio
jurídico nos termos do Código Civil, art. 167. Então, na prática, se houver mudança na
prop riedade, o último a suced er respo nderá plenamente pelo s d ireitos sonegados em
todo o perío do de duração do contrato com determinado e mpregado. Derradeira questão
reside na possibilidade de o contrato d e aquisição estipular e xclusão de responsabilidad
e do adquirente. T al cláusula não produz efeito s trabalhista s e m razão da natureza
indisponível das nor mas laborais. Os efe itos civis, l igados à autonomia da vontade e
vedaç ão do enriquecimento se m causa, ar t. 182 , pro duzem -se no rmalmente, per
mitindo que o valor pago em ação trabalhista eventual mente manejada pelo s
empregados da empresa que foi adquirida seja m restituídos na esfera civil, todavia,
perante a J ustiça Co mum. Assim, o sucessor, condenado ao p agamento d e débitos tr
abalhistas d o antecessor, te m dir eito regress ivo contra este, pela lei civil.

Você também pode gostar