Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Faculdade de Direito.
Departamento de Direito do Trabalho e Introdução ao Estudo do Direito.
Professor Milton Vasques Thibau de Almeida.
1 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 799.
2 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 1043/1045.
especial (ou do poder especial). Esta teoria do direito especial, como direito
autônomo, se subdivide em outras teorias: teoria contratualista; teoria
institucionalista; teoria da propriedade e teoria da delegação do poder público.
4 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:Método. 2017. p. 1046/1047.
empregados. Desta forma, o regulamento de empresa aplica o princípio
isonômico, afastando, em princípio, a possibilidade de tratamento
discriminatório.
O empregador pode, portanto, implantar regulamentos de empresa de
forma unilateral, para regulamentar sobre o comportamento dos empregados
(v.g., um regulamento disciplinar), sobre a utilização de equipamentos (v.g., um
regulamento sobre o uso de ferramentas e demais equipamentos), sobre a boa
apresentação do empregado (v.g., um regulamento que disponha sobre a
utilização de uniforme), sobre o atendimento aos clientes (v.g., um regulamento
que exija, além de boa apresentação do empregado, fino trato deste nas relações
com o cliente), sobre a concessão de benefícios ou vantagens de natureza
pecuniária (v.g., um regulamento de estímulos à produtividade, ou à
permanência na empresa, a concessão de prêmios, etc.).
5 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 841.
6 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:Método. 2017. p. 740.
Em princípio, o salário encontra contraposição à prestação de serviços, de
sorte que se não houver prestação de serviços pelo empregado, os salários não
serão devidos pelo empregador. Contudo, VÓLIA BOMFIM CASSAR7
esclarece que o salário também é devido quando o empregado está à disposição,
aguardando o cumprimento de ordens (art. 4º da CLT) ou quando a lei assim o
determinar (a exemplo de férias, da interrupção do contrato de trabalho, etc.).
7 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:Método. 2017. p. 740.
8 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:Método. 2017. p. 740.
trabalho é realizado individualmente, ou, no máximo, por uma equipe de
trabalhadores, dentro da qual todos os seus membros executem o mesmo tipo de
atividade, sendo merecedores do recebimento do mesmo quinhão de salário.
Por ser uma forma justa de assalariamento, dificilmente ocorrem
controvérsias entre o empregado e o empregador a respeito da justiça do
pagamento. Em consequência, o legislador praticamente não estabeleceu normas
de lei para regulamentar essa forma de estipulação de salário. A CLT contém
apenas três artigos que fazem menção às gorjetas, às comissões e às
percentagens: artigos 457, 459 e 466.
O salário por unidade de produção se subdivide em tipos: as comissões, as
gorjetas, as peças e as tarefas.
As comissões e as gorjetas são formas típicas de assalariamento por
produção no âmbito da atividade comercial, ao passo que as peças e as tarefas
são formas típicas de assalariamento por produção na área de indústria.
2.4.1 As comissões.
Praticamente a CLT não contém disposições legais que tratem das
comissões, por isso, normalmente, são invocadas as disposições relativas às
comissões contidas na Lei nº 3.207, de 18/07/1957, que regem o trabalho dos
empregados vendedores externos, viajantes ou pracistas.
Para os empregados vendedores internos, também conhecidos como
“balconistas”, não há grandes necessidades de se estabelecer regras legais para
regulamentar a estipulação e o pagamento das comissões, que incidem sobre
vendas realizadas.
Mas o trabalho dos vendedores externos é cercado de nuanças próprias,
que carecem da Lei em comento para solucionar conflitos entre os próprios
empregados vendedores, e entre estes e o empregador.
2.4.1.1 A zona de trabalho.
O vendedor externo se desloca por um grande território, que é
genericamente conhecido como “mercado”, que normalmente é dividido em
“zona de trabalho”. O artigo 2º da Lei nº 3.207, de 1957, estatui que o
empregado vendedor tem direito às comissões sobre as vendas que realizar,
assim como às vendas que forem realizadas diretamente pela empresa ou por um
preposto desta dentro da sua zona de trabalho (caput).
A zona de trabalho poderá ser ampliada ou restringida de acordo com a
necessidade da empresa (no exercício regular do seu poder diretivo), mas deverá
ser respeitada a irredutibilidade da remuneração, conforme determina o § 1º da
Lei nº 3.207, de 1957.
Se o empregado for transferido de uma zona de trabalho para outra com
redução de vantagens, a empresa terá que lhe assegurar o pagamento de um
“mínimo de remuneração” de 1 (um) salário correspondente à média dos últimos
12 (doze) meses anteriores à transferência, conforme assegura o § 2º da Lei nº
3.207, de 1957.
2.4.1.2 A aceitação ou recusa da venda pelo empregador.
Referências bibliográficas.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método. 2017.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São
Paulo: LTR. 2019.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS.
Faculdade de Direito.
Departamento de Direito do Trabalho e Introdução ao Estudo do Direito.
Professor Milton Vasques Thibau de Almeida.
Disciplina: Direito do Trabalho II – Turmas “C” e “D”.
2.4.2 Gorjetas.
1 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 741/742.
Em português, gorjeta deriva do termo arcaico 'gorja', que significa garganta, local
por onde a bebida escorre. Por isso, quando se entrega a gorjeta a alguém também se
utiliza expressão 'é para molhar a garganta', 'é para a cervejinha'. Relaciona-se ao ato
de beber”.
2 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 742.
3 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 744.
Em 2017 foi promulgada a Lei nº 13.419, que passou a dispor, para as
gorjetas cobradas na nota, que o empregador está autorizado a descontar o
percentual determinado no § 6º do artigo 457 da CLT, desde que essa previsão
conste em norma coletiva. Na essência, essa lei apenas impôs ao empregador a
escrituração contábil das gorjetas e lhe determinou a retenção dos percentuais de
20% ou de 33% (dependendo do regime tributário aplicável à empresa) sobre as
gorjetas compulsórias, o que em nada beneficia o empregado e nem o
empregador, favorece apenas à avidez tributária da União.
VÓLIA BOMFIM CASSAR4 esclarece que a norma coletiva pode
flexibilizar as regras da gorjeta para qualquer tipo de empregado e de
estabelecimento, seus percentuais, forma de retenção e até excluir sua integração
(soma) ao salário, como expressamente autorizado pelo art. 611-A, IX, da CLT.
Desta forma, o disposto na norma coletiva prevalecerá sobre a lei.
4 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 744.
5 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 745.
“Inexistindo previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, os critérios de
rateio e distribuição da gorjeta e os percentuais de retenção previstos nos §§ 6º e 7º
deste artigo serão definidos em assembléia geral dos trabalhadores, na forma do art.
612 desta Consolidação”.
2.4.3 Peças.
As peças constituem uma forma de estipulação de salário por unidade de
produção típica da atividade de indústria, mais propriamente da atividade de
manufatura (ou artesanato).
Cada quantidade de peças produzidas tem o custo do trabalho destacado
do custo final da unidade produzida (portanto, despida do custo de aquisição da
matéria-prima e da incidência do lucro), sendo atribuído diretamente ao
empregado artesão.
Por essa modalidade de assalariamento, nos é possível medir o trabalho
através da quantificação do número de peças produzidas:
• uma peça (v.g., uma mesa);
• um par (v.g., um par de sapatos);
• uma dezena (v.g., dez balaios);
• uma dúzia (v.g., doze cadeiras);
• uma centena (v.g., cem livros);
• um milheiro (v.g., 1.000 tijolos);
• (…).
6 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 745.
MAURÍCIO GODINHO DELGADO7 esclarece que o salário por unidade
de obra (aquele que adota como parâmetro a produção alcançada pelo
empregado) tende a ser adotado em situações contratuais em que o empregador
não tenha controle efetivo sobre o desenvolvimento da duração do trabalho do
empregado, situações sem controle real sobre a jornada de trabalho, tal como
ocorre no trabalho a domicílio e no trabalho à distância (em regime de
teletrabalho).
MAURÍCIO GODINHO DELGADO8 destaca que a ordem jurídica busca
reduzir o caráter de incerteza (ou “alea”) desse critério de fixação de salário,
porque o empregado pode eventualmente ficar um mês, ou vários meses, sem
receber salário. Por ocasião da promulgação da CLT, em 1943, o legislador
estatuiu que a redução da quantidade de peças ou tarefas pelo empregador, de
forma a afetar sensivelmente a importância dos salários, configurava falta grave
do empregador, sendo causa para a rescisão indireta do contrato de trabalho
(artigo 483, alínea “g”). Posteriormente, a Constituição brasileira de 1988
(artigo 7º, inciso VII) estabeleceu a “garantia de salário, nunca inferior ao
mínimo, para os que percebem remuneração variável”.
2.4.4 Tarefas.
O que não pode ser quantificado por unidades produzidas, pode ser
medido pelo sistema métrico – o metro quadrado (m²) –, de sorte que o
empregado receberá o seu salário de conformidade com a extensão de uma área
na qual executou os seus trabalhos, bastando medir a extensão da obra realizada
e multiplicar pelo valor do metro quadrado praticado na localidade.
É uma forma usual de assalariamento na indústria da construção civil,
pela qual o empregado receberá o pagamento em função da quantidade de
metros quadrados de piso cerâmico assentado no chão, de metros quadrados de
azulejo assentado na parede, de metros quadrados de parede pintada, etc.
MAURÍCIO GODINHO DELGADO9 afirma que o “salário-tarefa”é
aquele que se afere através de fórmula combinatória do critério da unidade de
obra com o critério da unidade de tempo, acoplando-se um certo parâmetro
temporal (hora, dia, semana ou mês), para fixar um certo montante mínimo de
produção a ser alcançado pelo trabalhador. Apresenta a vantagem de o
empregado poder entregar a produção antes do tempo combinado, e, com isso
receber nova encomenda de trabalho, de modo a estimular a produtividade.
Apresenta de desvantagem as mesmas já apontadas para o salário por peças.
7 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 685.
8 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 686.
9 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 687.
Referências bibliográficas.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método. 2017.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São
Paulo: LTR. 2019.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS.
Faculdade de Direito.
Departamento de Direito do Trabalho e Introdução ao Estudo do Direito.
Professor Milton Vasques Thibau de Almeida.
Disciplina: Direito do Trabalho II – Turmas “C” e “D”.
Referências bibliográficas.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método. 2017.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São
Paulo: LTR. 2019.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS.
Faculdade de Direito.
Departamento de Direito do Trabalho e Introdução ao Estudo do Direito.
Professor Milton Vasques Thibau de Almeida.
Disciplina: Direito do Trabalho II – Turmas “C” e “D”.
1 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método. 2017. p. 754.
2 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método. 2017. p. 754.
3 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 888.
“Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos
legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a
empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao
empregado”
“Quadro de Carreira.
Quadro de pessoal organizado em carreira, aprovado pelo órgão
competente, excluída a hipótese de equiparação salarial, não obsta
reclamação fundada em preterição, enquadramento ou
reclassificação”.
Referências bibliográficas.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro:
Forense: São Paulo: Método. 2017.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São
Paulo: LTR. 2019.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS.
Faculdade de Direito.
Departamento de Direito do Trabalho e Introdução ao Estudo do Direito.
Professor Milton Vasques Thibau de Almeida.
Disciplina: Direito do Trabalho II – Turmas “C” e “D”.
Para que o desconto salarial seja lícito em caso de dano causado por culpa
do empregado é necessário que haja cláusula contratual no contrato individual
de trabalho, ou adendo contratual, prevendo essa possibilidade. Desta forma o
empregado estará previamente esclarecido sobre a sua responsabilidade jurídica
nesta hipótese de culpa. Mas não basta a mera previsão contratual, para que o
desconto seja lícito é indispensável que o empregador apure efetivamente a
culpa do empregado, e seja capaz de prová-la na Justiça do Trabalho, caso o
empregado demande judicialmente o reembolso do desconto.
Para que o desconto salarial seja lícito em caso de dano causado por dolo
do empregado, não há necessidade de previsão contratual, pois a ordem jurídica
brasileira não respalda qualquer ato praticado intencionalmente por alguém com
intuito de causar dano a outrem. O dolo significa justamente esse querer
intencional do agente em causar prejuízo a outrem. O princípio jurídico da “boa
fé” exige sempre dos contratantes que atuem no sentido de não causar prejuízo
ao cocontratante.
Para que uma obrigação seja exigível, ela terá que ser líquida e certa,
assim como terá que mencionar o dia, a hora e o local do pagamento.
Os artigos 459, e 463 a 467 da CLT dispõe sobre esses pressupostos e
requisitos quanto ao pagamento das obrigações trabalhistas e à obtenção da
eficácia liberatória (“quitação”) no âmbito do direito do trabalho.
Não basta o pagamento dos salários ser efetuado em dinheiro, pois esse
dinheiro tem que ser a moeda nacional, salvo raras exceções previstas na
legislação brasileira.
A regra geral é de que só é válido o pagamento dos salários se for feito em
dinheiro brasileiro (“moeda nacional”), conforme determinação legal expressa
do caput do artigo 463 da CLT:
“A prestação, em espécie, do salário será paga em moeda corrente do
País”.
A transgressão desse preceito legal atrai a aplicação da sanção legal
contida no parágrafo único do mesmo artigo 463 da CLT:
O artigo 465 da CLT (com redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/1997)
dispõe que:
RECIBO SALARIAL
CRÉDITOS DÉBITOS
_________________________
José da Silva Silvestre Horta
A mesma Súmula nº 330 do TST dispõe, igualmente, no seu item II, sobre
a extensão da eficácia liberatória, que retroage para cobrir o período
discriminado para o pagamento de alguma parcela de direito que esteja sendo
paga fora da época em que era devida, isto é, com atraso (em “mora solvendi”):
O parágrafo único do artigo 467 da CLT ressalva que essa sanção não se
aplica à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas
autarquias e fundações (naturalmente quando o regime jurídico da contratação
pública dos seus servidores públicos for o regime celetista (atualmente regime
de emprego público). A União, porém, já optou pelo regime jurídico estatutário
para os seus servidores públicos efetivos, por ocasião da promulgação da Lei nº
8.112, de 1990 (Estatuto Jurídico Único), mas as suas estatais ainda contratam
servidores no regime do emprego público.
Referências bibliográficas.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro:
Forense: São Paulo: Método. 2017.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São
Paulo: LTR. 2019.
BRASIL. Lei nº 3.071, de 01 de janeiro de 1916 – Código Civil dos Estados
Unidos do Brasil. DOU de 05 jan. 1916.
2.6 Remuneração.
A legislação trabalhista brasileira não é tão precisa ao definir o que seja a
remuneração.
A definição legislativa de remuneração está diluída nos artigos 457, 458
da CLT, que, efetivamente, não são nenhum primor de redação legislativa, pois
incorre no erro de tentar definir as realidades jurídicas não pela seu gênero, mas
pelas suas espécies.
Em síntese, os artigos 457 e 458 da CLT dispõem que a remuneração
constitui o somatório das rendas salariais auferidas pelo empregado: a) as
provenientes da estipulação do salário por unidade de produção; b) as
provenientes da estipulação do salário por unidade de tempo; c) as provenientes
do salário utilidade; d) outras parcelas de natureza eminentemente
remuneratória, que constituem as gratificações e os adicionais.
Onde o caput do artigo 457 da CLT se refere às “gorjetas” e o § 1º do
mesmo artigo se refere às “comissões” e “percentagens”, o legislador quis se
referir ao salário estipulado por unidade de produção.
Onde o caput do artigo 457 da CLT se refere ao “salário devido e pago
diretamente pelo empregador” e o § 1º do mesmo artigo alude à “importância
fixa estipulada”, o legislador quis se referir ao salário estipulado por unidade de
tempo (ou “ordenado”, como eram mais comuns as referências legislativas,
doutrinárias e jurisprudenciais mais antigas).
A seu turno o artigo 458 da CLT vai direto ao que interessa: o salário
utilidade.
A Reforma Trabalhista trouxe algumas alterações nos referidos preceitos
da CLT, notadamente na redação dos parágrafos 1º e 2º do artigo 457 da CLT,
pois excluiu da remuneração as diárias para viagem, os abonos, a ajuda de custo,
o auxílio-alimentação e os prêmios.
Na antiga redação do § 2º do artigo 457 da CLT, não eram incluídos na
remuneração as ajudas de custo e as diárias para viagem cujo valor não
excedesse de metade (50%) do salário percebido pelo empregado. Com a nova
redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017, o § 2º do artigo 457 da CLT dispõe de
forma intencionalmente redundante que as diárias para viagem e outras parcelas
não integram a remuneração:
“§ 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de
custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro,
diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do
empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não
constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e
previdenciário”.
1 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 826.
2.7.1 Gratificações.
2.7.2 Adicionais.
2 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 909/910.
3 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 774.
4 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 906.
5 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 798/799.
verdade, o empregador paga um plus em virtude do desconforto e da nocividade
do trabalho. São devidos enquanto perdurar a situação; cessada a causa, cessa a
obrigação legal do empregador pagar o adicional. Mas enquanto paga essa
parcela, integrará a remuneração.
O artigo 7º, inciso XXIII, da Constituição da República, de 1988, prevê o
“adicional de remuneração para atividades penosas, insalubres ou perigosas, na
forma da lei”.
Desta forma, temos:
• o adicional noturno;
• o adicional de hora extra;
• o adicional de insalubridade;
• o adicional de periculosidade;
• o adicional de penosidade;
• o adicional de transferência.
Referências bibliográficas.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro:
Forense: São Paulo: Método. 2017.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São
Paulo: LTR. 2019.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS.
Faculdade de Direito.
Departamento de Direito do Trabalho e Introdução ao Estudo do Direito.
Professor Milton Vasques Thibau de Almeida.
Disciplina: Direito do Trabalho II – Turmas “C” e “D”.
1 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 1202/1203.
conhecimento do proponente. Finalmente, perderá seu caráter
vinculante a proposta cuja retratação chegue ao conhecimento do
oblato anteriormente ou simultaneamente à própria policitação (art.
1.081, CCB/1916; art. 428, CCB/2002).
(…)
De maneira geral, é inquestionável que descabe falar-se em
indenização pela ocorrência de uma fase de entendimentos pré-
contratuais, que veio a se mostrar, em seguida, frustrada em seus
aparentes objetivos iniciais. Não se formulando e apresentando,
efetivamente, a policitação, não há que se inferir o surgimento de
obrigações entre as partes.
É que as negociações prévias são inerentes a qualquer contrato,
não traduzindo, necessariamente, proposta efetiva, com o que, regra
geral, não ensejam obrigação de indenizar. Como aponta Caio Mário
da Silva Pereira, as 'negociações preliminares… são conversas
prévias, sondagens, debates em que despontam os interesses de cada
um, tendo em vista o contrato futuro. Mesmo quando surge um
projeto ou minuta, ainda assim não há vinculação das pessoas. Não
raro, nos negócios que envolvem interesses complexos, entabula uma
pessoa conversações com diversas outras, e somente se encaminha a
contratação com aquela que melhores condições oferece. Enquanto se
mantiverem tais, as conversações preliminares não obrigam'.
(...)”.
O artigo 473 da CLT estatui no seu inciso II, que o empregado poderá
deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário por até 3 (três) dias
consecutivos, em virtude de casamento.
Essa causa interruptiva do contrato de trabalho também conhecida como
“gala”.
O artigo 473 da CLT estatui no seu inciso III, que o empregado poderá
deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário por 1 (um) dia, em caso
de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana.
Esse prazo foi ampliado pela Constituição Federal de 1988 sob o rótulo de
“licença paternidade”.
A Constituição Federal de 1988 instituiu no artigo 7º, inciso XIX, o
direito à licença-paternidade, “nos termos fixados por lei”, mas essa lei ainda
não foi promulgada, de sorte que prevalece o preceito do artigo 10, § 1º, do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que determina que:
“§ 1º. Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX, da
Constituição, o prazo de licença-paternidade a que se refere o inciso é
de cinco dias”.
O artigo 473 da CLT estatui no seu inciso IV, que o empregado poderá
deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário por 1 (um) dia, em cada
12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue
devidamente comprovada.
Por ocasião da promulgação da CLT não havia a proibição de
comercialização de sangue, por isso o empregado não doava sangue, mas o
vendia, apurando um pequeno valor em dinheiro. Daí a necessidade de se limitar
a doação de sangue no inciso IV do artigo 473 da CLT em apenas uma vez por
ano.
Com o advento da Constituição Federal de 1988, o § 4º do artigo 199
proibiu todo tipo de comercialização de órgãos, tecidos e substâncias humanas,
incluindo o sangue e seus hemoderivados. Em consequência, caíram os estoques
de sangue nos Bancos de Sangue.
2.1.1.5 Alistamento eleitoral.
O artigo 473 da CLT estatui no seu inciso VI, que o empregado poderá
deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário no período de tempo
em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra “c”
do artigo 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar).
Trata-se do Serviço Militar Obrigatório, estando, pois, excluído da
possibilidade da interrupção do contrato de trabalho a prestação de serviço
militar por opção voluntária do empregado.
Nesta hipótese a lei não fixa um ou mais prazos determinados, pois a
duração do Serviço Militar é variável. Todos os jovens do sexo masculino são
obrigados ao Alistamento Militar, devendo se apresentar na Junta do
Alistamento Militar, na qual normalmente é necessário um dia para que se
proceda ao alistamento militar, mas pode lhe ser determinado que volte num
outro dia. Estando alistado, o jovem deverá se apresentar a uma unidade das
Forças Armadas, onde será procedido o processo de seleção, que, também,
normalmente, envolve um dia de exames médicos, de exames físicos e/ou de
testes de avaliação psicotécnica ou de conhecimentos gerais. Se o jovem for
convocado para o serviço ativo, então deverá se apresentar noutra oportunidade
para ter início à prestação do serviço militar. Todos os dias que o jovem
dispender nessas atividades de alistamento e seleção terão as suas ausências ao
trabalho justificadas pela Junta do Serviço Militar.
Após a baixa na prestação do Serviço Militar, o soldado deverá se
apresentar uma vez a cada ano, durante os cinco primeiros anos, para fins de
atualização dos seus dados, especialmente o que diz respeito à atualização do
seu domicílio. A ausência ao trabalho para o cumprimento dessas apresentações
anuais também estão acobertadas pelo inciso VI do artigo 473 da CLT.
Referências bibliográficas.
1 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 1423.
Os requisitos objetivos são a tipicidade e a gravidade da conduta do
trabalhador, como afirma MAURÍCIO GODINHO DELGADO2. No aspecto da
prévia tipificação legal, a sua plasticidade tem permitido a adequação dos tipos
tradicionais às condutas modernas, a exemplo do assédio sexual, que pode ser
definido como incontinência de conduta. O exercício do poder disciplinar
restringe-se a condutas obreiras vinculadas a sua obrigações contratuais
trabalhistas, não podendo ser estendido para condutas estritamente pessoais,
familiares, sociais e políticas do trabalhador. A gravidade da falta não tem valor
absoluto, mas atua na dosagem da pena a ser imposta.
5 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 1429/1430.
6 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 1430.
7 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 1431.
imoderada, desregrada, destemperada ou, até mesmo, inadequada, desde que
afete o contrato de trabalho ou o ambiente laborativo.
O mau procedimento é a vala comum onde as faltas praticadas pelo
empregado pode ser acomodada caso não seja possível enquadrá-las num tipo
específico de justa causa. Por ser uma definição muito ampla, comporta
subjetividades, mas está ligada ao comportamento ético, moral, exigível de
qualquer cidadão. Eventualmente a empresa poderá ter um Código de Conduta,
ou um Regulamento Disciplinar, no qual defina especificamente aspectos
particulares da conduta dos seus empregados, desde que seja pertinente com
aspectos particulares nos quais deverá ocorrer a prestação dos serviços (trajar-se
de forma discreta, apresentar-se com “boa aparência”, utilizar uniforme, tratar os
clientes com urbanidade e atenção, etc.).
O artigo 482 da CLT tipifica na sua alínea “c” a “negociação habitual por
conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato
de concorrência à empresa para a qual trabalho o empregado, ou for
prejudicial ao serviço”.
A negociação habitual é falta leve, exigindo, portanto, o esgotamento dos
meios prévios de punição pedagógica do empregado.
Trata-se de uma forma de concorrência desleal do empregado em relação
ao seu empregador.
Nesse tipo legal, o empregado utiliza os meios de produção colocados à
sua disposição pelo empregador (ferramentas ou equipamentos, o ponto
comercial, etc.), para exercer atividade empresarial paralela em seu próprio
proveito, ou em proveito alheio, em detrimento dos objetivos do
empreendimento econômico do empregador, agindo em concorrência com o
empregador, impingindo-lhe um prejuízo financeiro.
Se o empregador souber desse fato e com ele consentir, de forma expressa
ou tácita, não será configurada a justa causa.
Também não se caracterizará essa justa causa se, a despeito da
concorrência à empresa, não houver prejuízo para o empregador.
“Abandono de emprego.
Presume-se o abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao
serviço no prazo de 30 (trinta) dias após a cessação do benefício
previdenciário nem justificar o motivo de não o fazer”.
O artigo 482 da CLT tipifica na sua alínea “j” o “ato lesivo da honra ou
da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas,
nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de
outrem”.
Não se admite esse tipo de comportamento do emprego nem mesmo na
rua, longe do local de trabalho e fora do expediente de trabalho, menos ainda no
ambiente interno de trabalho da empresa.
Embora normalmente a conduta pessoal do empregado não possa ser
sindicada pelo empregador, fatos desse tipo que ocorram fora de empresa e fora
do horário de trabalho também podem configurar justa causa, se repercutirem na
disciplina interna da empresa, a exemplo das vias de fatos na briga entre dois
empregados da empresa, de ofensas postadas nas mídias sociais, etc..
O ambiente de trabalho deve ser um ambiente de respeito mútuo entre os
empregados da empresa, assim como também de respeito aos clientes do
empregador, aos fornecedores, às autoridades públicas, etc..
A exceção à regra, contida no próprio tipo legislativo, é a legítima defesa
própria do empregado, ou a defesa de terceiro. Não pratica essa falta grave o
empregado quem não tenha dado início às ofensas morais e físicas, e que apenas
tenha reagido para se proteger.
8 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 1439.
9 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 1440.
habilitação para o exercício da profissão de Motorista, havendo que se averiguar
se a inabilitação é apenas temporária ou se é definitiva.
VÓGLIA BOMFIM CASSAR10 lembra que o exercício de uma profissão
sem a respectiva habilitação é contravenção penal capitulada no artigo 47 do
Decreto nº 3.688, de 1941, e, por isso, esse fato já impede o trabalhador ao
exercício da profissão. Caso ele ignorasse essa vedação legal incorreria na falta
grave de improbidade (artigo 482, alínea “a”, da CLT).
Ocorre que, mesmo no Direito Penal embora algumas condutas delitivas
possam ser enquadradas genericamente em determinados tipos legais, havendo
um tipo legal específico para a conduta delitiva haverá maior segurança jurídica
para o ordenamento jurídico e garantias para o acusado, pois “não há crime sem
lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (artigo 5º,
inciso XXXIX, da Constituição Federal de 1988).
A tipificação legal das justas causas está fundamentada nas mesmas
garantias de liberdade dos cidadãos e das coletividades contidas no artigo 5º da
Constituição Federal de 1988 em face ao poder punitivo do Estado, de sorte que
também se aplica no Direito do Trabalho o princípio jurídico da anterioridade da
definição legal do tipo punitivo (“nullum crimen, nulla poenna sine legem”).
Desta forma, embora o enquadramento legal da justa causa possa ser feito com
uma certa plasticidade, o enquadramento legal específico afasta as interpretações
canhestras e subjetivas, e asseguram que o acusado não será punido sem causa,
ou mediante uma causa forjada e inconsistente.
Nos parece evidente que o tipo legal da justa causa da alínea “m” do
artigo 482 da CLT teria surgido em decorrência da perda da habilitação de
motorista, devido ao sistema repressor do Código de Trânsito Brasileiro, mas o
legislador generalizou essa hipótese para abarcar toda e qualquer forma de
habilitação exigida por lei para o exercício de profissão.
A hipótese da alínea “m” do artigo 482 da CLT só se aplica às profissões
regulamentadas, quais sejam aquelas situações de trabalho que sejam
reconhecidas como profissão e para cujo exercício a lei exija habilitação
profissional (artigo 5º, inciso XIII, da Constituição Federal). Todo trabalho é
lícito, em princípio, somente sendo vedado o seu exercício aquelas atividades
que sejam definidas por lei como crime ou como contravenção penal, como é o
caso das atividades ligadas ao jogo do bicho (a esse respeito vide a O.J. nº 199
da SDI-1 do TST). Por outro lado, embora não haja proibição legal, também não
há exigência legal para o exercício da mais antiga profissão do mundo (a
prostituição), cuja atividade pode ser exercida de forma autônoma, porque a
doutrina trabalhista também não reconhece a licitude do contrato de trabalho
quando o seu objeto violar a moral e os bons costumes.
Profissões que não exijam qualificação de mão de obra dispensam
habilitação profissional. Por outro lado existem profissões para cujo exercício o
trabalhador se habilita informalmente, com conhecimentos adquiridos na prática,
sem diploma de habilitação profissional, mas são contratados pelos
empregadores, sabendo que estão contratando mão de obra em situação de
irregularidade perante a lei, e que, por isso, não podem invocar a justa causa
10 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 1086.
capitalada na alínea “m” do artigo 482 da CLT, uma vez que a ninguém é dado
se locupletar da própria torpeza (“nemo datur allegatur suam propriam
turpitudinem”), como é o caso das hipóteses tratadas pelas Súmulas nº 301 e nº
386 do TST:
• a hipótese da Súmula nº 301 do TST é de exercício da profissão de
auxiliar de laboratório sem o devido diploma de habilitação profissional
(exigido pela Lei nº 3.999, de 15 de dezembro de 1961), mas diante do
pressuposto de uma habilitação informal, adquirida por um aprendizado
prático e informal (fora de uma instituição de ensino cumpra as exigências
formais da lei). O empregador conhece a capacidade prática do
empregado para exercer a profissão, embora ele não seja habilitado na
forma da lei que regulamenta a profissão de auxiliar de laboratório.
Perante a jurisprudência trabalhista, o Prático de Auxiliar de Laboratório
possui a mesma proteção jurídica que emerge da lei que regulamenta a
profissão de Auxiliar de Laboratório, pois quem o habilita para o
exercício da profissão é o reconhecimento tácito ou expresso do
empregador quanto à capacidade técnica para o exercício da profissão;
• o pressuposto da Súmula nº 386 do TST é de exercício da profissão de
vigilante por quem não é vigilante mas possui uma habilitação
profissional superior à exigência da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983
(que regulamenta a profissão de vigilante e de transportador de valores),
pois a formação profissional do policial militar (e do policial civil
também) abarca e supera as exigências legais para o exercício da
profissão de vigilante. Portanto, não há ausência de habilitação
profissional do policial para a atividade de vigilante na esfera privada (por
isso que os supermercados e outras atividades comerciais os contratam),
há apenas uma infração de natureza administrativa disciplinar, caso o
Estatuto do Policial Militar exija dedicação exclusiva desse servidor
público militar no cargo público que ocupa nos quadros da corporação
militar.
11 Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2017. p. 1454.
3.3.2.1 Da necessária judicialização da rescisão indireta do contrato de
trabalho.
O artigo 483, alínea “b” da CLT define como causa de rescisão indireta do
contrato de trabalho o tratamento do empregado pelo empregador, ou por seus
superiores hierárquicos, com rigor excessivo.
O rigor do empregador no comando do seu empreendimento econômico,
na fiscalização e na disciplina interna da empresa não é causa para rescisão
indireta do contrato de trabalho. Só o será quando esse rigor extrapolar os
limites da normalidade e se tornar excessivo, repugnante, intolerável.
MAURÍCIO GODINHO DELGADO12 aponta como rigor excessivo
• a intolerância contínua;
• o exagero minudente de ordens, especialmente quando configurar
tratamento discriminatório;
• as despropositadas manifestações de poder em desarmonia com os fins
regulares do contrato e da atividade empresarial, e
• o assédio moral.
12 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 1461.
O artigo 483, alínea “c” da CLT tipifica como causa de rescisão indireta
do contrato de trabalho a submissão do empregado ao perigo manifesto de mal
considerável.
Perigo manifesto é o perigo evidente, notório para qualquer pessoa de
capacidade intelectual mediana (ou até menos), tais como, por exemplo,
determinar ao empregado da construção civil manusear vergalhões de aço nas
proximidades de fios de alta tensão (pois pode morrer eletrocutado), ou
determinar ao empregado que adentre um recinto guarnecido por cães ferozes
(que podem feri-lo ou até matá-lo).
Mal considerável é o potencial que existe no perigo manifesto para causar
ao empregado algum tipo de dano físico ou trauma psíquico. Embora haja um
perigo manifesto para o empregado que adentrar um recinto guarnecido por um
cão feroz, não haverá o potencial de dano se o animal estiver preso ou se estiver
doente, incapacitado de atacá-lo.
O artigo 483, alínea “d”, da CLT define como causa de rescisão indireta
do contrato de trabalho o descumprimento das obrigações do contrato pelo
empregador.
No que diz respeito à mora salarial reiterada, o artigo 7º, inciso X, da
Constituição Federal de 1988, passou a considerar como crime a retenção dolosa
do salário. Embora se trate de norma constitucional programática ainda não
regulamentada, seu enunciado é suficiente para configurar o descumprimento
desse tipo de obrigação contratual pelo empregador.
O artigo 483, alínea “e” da CLT estatui ser causa de rescisão indireta do
contrato de trabalho “praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou
pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama”.
Não só a pessoa do empregado está sob proteção legal, mas os membros
da sua família também. Na época em que a CLT foi promulgada (1943) era
comum o empregado morar com a sua família nas “vilas operárias” criadas pelo
empregador dentro do estabelecimento da empresa, ou nas suas imediações,
porque os meios de transporte eram precários, e se o empregado morasse longe e
tivesse que se deslocar a pé, já chegaria cansado ao trabalho. Por isso era
frequente a presença da esposa e dos filhos do empregado no local de trabalho,
aonde iam levar-lhe a marmita do almoço ou levar-lhe algum recado.
Dentre os atos lesivos da honra e da boa fama da empregada arrola-se o
assédio sexual, que passou a ser criminalizado pela Lei nº 10.224, de 15 de maio
de 2001, que acrescentou o artigo 216-A no Código Penal de 1940, nos
seguintes termos:
“Art. 216-A Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de
superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função.
Pena – detenção, de 1(um) a 2(dois) anos”.
Por derradeiro, o artigo 483, alínea “g”, da CLT tipificou como causa para
a rescisão indireta do contrato de trabalho a redução do trabalho, quando for ele
realizado por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos
salários.
Esse tipo legal só se aplica aos empregados cujos salários tenham sido
estipulados por produção, em atividade de indústria, na qual ocorrem essas
modalidades de pagamento por “peça” ou por “tarefa”, e desde que
• a redução do trabalho tenha sido determinada pelo empregador, e
• haja uma perda significativa de parte dos salários.
13 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 1463/1464.
Portanto, essa Lei nº 3.207, de 1957, que dispõe sobre comissões – forma
de estipulação de salário por produção na área de comércio – pode ser aplicada
por analogia legis na solução da redução salarial no âmbito das atividades de
indústria, em caso de ampliação ou redução do mercado ou transferência para
outro estabelecimento.
14 Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São Paulo: LTR. 2019. p. 1340.
A Lei nº 13.467, de 2017, acrescentou o artigo 484-A na CLT para dispor
que:
Referências bibliográficas.
O artigo 10, inciso II, alínea “a”, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, da Constituição Federal de 1988, limitou essa estabilidade
provisória ao empregado eleito para cargo de direção da CIPA, ao mesmo tempo
em que esclareceu que esse direito abrange o que vai do registro da candidatura
até um ano após o final do mandato:
“Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere
o artigo 7º, I, da Constituição:
(…)
II – fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de
prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um
ano após o final de seu mandato;
(…)”.
“Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere
o artigo 7º, I, da Constituição:
(…)
II – fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
(…);
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco
meses após o parto.”
Referências bibliográficas.
“Art. 484-A O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado
e empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas:
(…)
§ 1º A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a movimentação
da conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na
forma do inciso I-A do art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada
até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos”.
O empregado pede demissão ou que é demitido por justa causa não perde
o direito aos depósitos da conta vinculada do FGTS, porém não pode
movimentá-la até que advenha uma causa autorizativa prevista em lei. Uma
dessas causas de autorização é a inatividade da conta vinculada pelo período de
3 (três) anos ininterruptos, conforme dispõe o artigo 20, inciso VIII, da Lei nº
8.036, de 1990:
3.20 Quando o saldo for inferior a R$ 80,00 e estiver inativa por ao menos 1
(um) ano.
Referências bibliográficas.
BRASIL: Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966 – Cria o Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço, e dá outras providências. Brasília, D.O.U. de 14 set.1966.
BRASIL: Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990 – Dispõe sobre o Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço e dá outras providências. Brasília, D.O.U. de 11
de maio de 1990.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS.
Faculdade de Direito.
Departamento de Direito do Trabalho e Introdução ao Estudo do Direito.
Professor Milton Vasques Thibau de Almeida.
Disciplina: Direito do Trabalho II – Turmas “C” e “D”.
2 Iniciação ao Direito do Trabalho. 19a. ed. São Paulo: LTR. 1993. p. 241/242.
• o período de suspensão do contrato para o exercício do cargo eletivo de
Diretor da Empresa (Súmula 269 do TST);
• o período em que o empregado, por escolha própria, buscar proteção
pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições
climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da
empresa para exercer atividades particulares, nomeadamente: I – práticas
religiosas; II – descanso; III – lazer; IV – estudo; V – alimentação; VI –
atividades de relacionamento social; VII – higiene pessoal; VIII – troca
de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a
troca na empresa (art. 4º, § 2º, acrescido pela Lei nº 13.467, de 2017);
• os intervalos intrajornada (art. 71, § 2º, da CLT);
• a duração da escala de prontidão do ferroviário (art. 244, § 4º, da CLT);
• o período de deslocamento entre a portaria da empresa e o local de
trabalho, desde que não exceda dez minutos (Súmula 429 do TST).
“Sobreaviso. Eletricitários.
Por aplicação analógica do art. 244, § 2º, da CLT. As horas
de sobreaviso dos eletricitários são remuneradas à base de
1/3 sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial”.
“Compensação de jornada.
I – A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por
acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva;
II – O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se
houver norma coletiva em sentido contrário;
III – O mero não atendimento das exigências legais para a
compensação de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo
tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à
jornada normal diária, se não dilatada a jornada máxima semanal,
sendo devido apenas o respectivo adicional;
IV – A prestação habitual de horas extras descaracteriza o acordo de
compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a
jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias
e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais
apenas o adicional por trabalho extraordinário;
V – As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime
compensatório na modalidade “banco de horas, que somente pode ser
instituído por negociação coletiva”.
Referências bibliográficas.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro:
Forense: São Paulo: Método. 2017.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São
Paulo: LTR. 2019.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 19a. ed.
São Paulo: LTR. 1993.
Até o final do século XIX o trabalho era realizado de dia, de sol a sol.
Com a invenção da lâmpada elétrica, por Thomas Alva Edson, a duração do dia
foi estendida, possibilitando a realização de trabalho durante a noite sob
iluminação artificial.
O trabalho noturno não é meramente o trabalho realizado à noite, pois só é
juridicamente definido como trabalho noturno aquele que é realizado em horário
legalmente considerado noturno.
Existem duas espécies de trabalho noturno: o trabalho noturno urbano e o
trabalho noturno rural.
Ambas espécies de adicional noturno foram recepcionadas pela
Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, mas
apesar do preceito geral do caput do artigo 7º da mesma Constituição declarar a
igualdade de direitos trabalhistas entre o trabalhador rural e o trabalhador
urbano, ambas continuam a ser regidas pelas leis promulgadas antes da
Constituição, e com soluções legislativas distintas.
Em ambas espécies, o legislador parte da premissa de que o trabalho
noturno é realizado em condições penosas, e que, por isso o salário deve ser
superior à do trabalho realizado durante o dia (conforme determina o inciso IX,
do artigo 7º, da Constituição da República, de 1988), sob a forma de um
adicional (inc. XXIII, do mesmo artigo da Constituição): o adicional noturno.
Hora extra noturna = Valor da hora normal + adicional de hora + adicional noturno
(100%) extra (mínimo de 50% (mínimo de 20% do
do valor da hora valor da hora normal)
normal)
Desta forma, a hora extra noturna equivale a 170% (cento e setenta por
cento), no mínimo, o valor da hora normal. O seu valor poderá ser maior, caso o
acordo coletivo de trabalho ou a convenção coletiva de trabalho da categoria
profissional estabeleça percentuais mais elevados para esses adicionais.
Se porventura a jornada de trabalho do empregado corresponda à jornada
noturna, e seja ela prorrogada, adentrando o horário legalmente considerado
diurno, aplicam-se-lhe as mesmas disposições do trabalho noturno, como
determina o § 5º do artigo 73 da CLT (com a redação que lhe foi dada pelo
Decreto-Lei nº 9.666, de1946), devidamente interpretado pelo TST e
incorporado no item II da Súmula nº 60:
“Art. 71.
(…)
§ 4º A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada
mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais,
implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período
suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor
da remuneração da hora normal de trabalho”.
Desta forma,
• a realização de trabalho em horário destinado ao intervalo para refeição e
descanso não mais implica o pagamento integral da hora de intervalo
suprimida (60 minutos) mas o pagamento proporcional do “periodo
suprimido” desse intervalo (art. 71, § 4º, da CLT, com redação da Lei nº
13.467, de 2017), o que derroga o entendimento jurisprudencial do item
I da Súmula nº 437 do TST;
• a natureza jurídica desse pagamento do “período suprimido” do
intervalo, não é mais considerada salarial, mas indenizatória (art. 71, §
4º, da CLT, com redação da Lei nº 13.467, de 2017), o que derroga o
entendimento jurisprudencial do item III da Súmula nº 437 do TST;
• não é mais invariavelmente inválida a cláusula do acordo coletivo de
trabalho ou da convenção coletiva de trabalho que reduza a duração do
intervalo para refeição e descanso, pois as partes convencionantes podem
reduzir essa duração até o limite mínimo de 30 (trinta) minutos (artigo
611-A, inciso III, da CLT, com redação da Lei nº 13.467, de 2017), o
que derroga parcialmente o entendimento jurisprudencial do item II da
Súmula nº 437 do TST, de sorte que somente a supressão total do
intervalo ou o desrespeito à duração mínima (se a jornada for de oito
horas) implicará em nulidade da cláusula da negociação coletiva.
Pela tradição religiosa medieval europeia que nos foi legada pela
colonização portuguesa, as Corporações-de-Ofício, que são ancestrais dos
Sindicatos modernos, também adotavam os seus Santos Padroeiros. Desta
forma, algumas entidades sindicais mantêm essa prática cultural, a exemplo do
Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Belo Horizonte, que
instituiu o Dia de São José – o Carpinteiro – pai de Jesus Cristo, como Santo
Padroeiro da categoria profissional por ele representada.
Desta forma, o dia 19 de Março – Dia de São José – é dia feriado
normativo para a categoria profissional da construção civil de Belo Horizonte,
por estipulação de cláusula nos acordos coletivos ou convenções coletivas de
trabalho da referida categoria profissional.
Se houver trabalho nesse dia de feriado normativo, sem folga
compensatória na mesma semana, o dia trabalhado deverá ser pago em relação à
dobra determinada pela Lei nº 605, de 1949.
Referências bibliográficas.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14a. ed. Rio de Janeiro:
Forense: São Paulo: Método. 2017.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18a. ed. São
Paulo: LTR. 2019.
3.9 Férias.
Entretanto, o gozo das férias tem que ocorrer, integralmente, dentro desse
período concessivo, da mesma forma que o período de comunicação das férias
que deve anteceder em, pelo menos, 30 (trinta) dias o início do gozo das férias,
de sorte que a concessão do gozo das férias deve ocorrer, no máximo, até o final
do 10º (décimo) mês desse período concessivo.
Existem dois regimes legais de concessão do gozo de férias:
• o regime da concessão individual do gozo das férias, e
• o regime da concessão coletiva do gozo das férias.
Como vimos, a regra geral contida no caput do artigo 136 da CLT é que
“a época da concessão das férias será a que melhor consulte os interesses do
empregador”, porém existe uma exceção a essa regra geral, conforme dispõe o §
1º desse mesmo artigo de lei: