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AVALIAÇÃO ÚNICA DE TEORIA GERAL DO TRABALHO

1. Conceitue subordinação.

No âmbito do direito do trabalho dogmático, não raro a conceito de subordinação se limita


a descrever o fato jurídico, isto é, a sua dimensão enquanto requisito do contrato individual de
trabalho. Assim, o conceito clássico de subordinação traz o estado de dependência hierárquica entre
empregado e empregador, em que este detém os poderes diretivos, disciplinares e organizacionais
sobre aquele.

Entretanto, a subordinação não se limita a uma relação de dependência de poder,


envolvendo uma dimensão objetiva e uma dimensão estrutural. A subordinação objetiva se traduz
pela integração do trabalhador nos fins e objetivos do empreendimento do tomador de serviços.
Aqui, não importa a relação subjetiva e pessoal entre o empregado e o empregador, mas o fato do
trabalhador contribuir objetivamente para os fins empresariais perseguidos pelo tomador de
serviços. Por último, a subordinação estrutural, afastando-se da ideia de receber ordens e das noções
de objetivos empresariais, consiste na simples vinculação do trabalhador à dinâmica do tomador de
serviços, econômica ou operacionalmente.

Em suma, o conceito clássico de subordinação privilegia a dimensão diretiva entre


empregado e empregador, o conceito objetivo destaca a dimensão finalística do empreendimento e o
conceito estrutural traz a dimensão da dinâmica estrutural em que o trabalhador está inserido,
vinculando-o a determinado tomador de serviços, independentemente de ordens diretas ou de
sintonia com os fins empresariais. Tal ampliação conceitual, em última análise, se serve a estender a
proteção do direito do trabalho à situações fáticas que os institutos clássicos não alcançam.

2. Quais são as fontes do direito do trabalho? Discorra sobre o tema.

As fontes do direito do trabalho se subdividem em dois grandes grupos: as fontes formais


(originadas do próprio sistema jurídico) e as fontes materiais (fatos sociais, econômicos, políticos,
etc.). Dessa sorte, o direito trabalhista se revela pluralista, já que tanto o Estado quanto a sociedade,
personificada na figura dos acordos e convenções coletivas criam normas jurídicas.

Ademais, as fontes ainda podem se classificar em autônomas, quando decorrem dos


próprios destinatários das normas (sindicatos, por exemplo), hipótese dos acordos, convenções
coletivas e costumes, e heterônomas, quando produzida por terceiros alheios à relação jurídica
trabalhista. Aqui, entram a Constituição Federal, as leis ordinárias trabalhistas, os atos
administrativos, as sentenças trabalhistas, a jurisprudência e a sentença arbitral.
Por último, destaca-se que as fontes formais obedecem regras hierárquicas, prevalecendo-
se a Constituição Federal, e sendo seguida pelas leis trabalhistas, acordos e convenções coletivas,
seguindo as regras e as exceções previstas nos arts. 620 e 611-A da CLT.

3. Fale sobre o princípio da proteção.

A necessária incidência do princípio da proteção no direito do trabalho decorre de uma


situação fática: a hipossuficiência presumida do trabalhador na relação jurídica trabalhista. Isso
porque as desigualdades presentes na realidade social fragilizam o trabalhador na defesa de seus
direitos, situação que deve ser compensada no âmbito da igualdade formal.

O princípio da proteção se traduz na ideia de se atribuir a interpretação mais favorável ao


trabalhador na aplicação da norma jurídica (in dubio pro operario). Ilustra-se: na hipótese de
discussão sobre horas extras, caso o empregador não mantenha um sistema de controle de jornada
de trabalho, estas devem ser reconhecidas. Da mesma forma, as orientações jurisprudenciais no
momento da interpretação e aplicação dos enunciados normativos devem prestigiar tal princípio.
Isto é, na hipótese de conflito aparente entre normas trabalhistas, deve o julgador privilegiar a que
atribua melhor proteção ao trabalhador, seja pela incidência da teoria do conglobamento (regras
que, no todo, favorecem o trabalhador) ou pela incidência da teoria da acumulação (em que o
julgador escolhe a norma mais favorável de cada conjunto normativo), ou ainda pela teoria do
conglobamento por instituto (junção das teorias anteriores).

Em suma, o princípio do in dubio pro operario é corolário do princípio da paridade de


armas no processo do trabalho. Assim, impõe-se a interpretação mais favorável ao trabalhador tanto
dos fatos controversos quanto das normas jurídicas aplicáveis, inclusive retroativamente, pela
aplicação do princípio da condição mais benéfica ao trabalhador.

4. Qual o objeto do direito do trabalho na sociedade contemporânea?

A definição do objeto do direito do trabalho é de fundamental importância para ancorar o


seu núcleo protetivo fundamental. Assim, a passagem de um direito do trabalho que tinha como
objeto central o contrato de trabalho para um direito do trabalho humanizado, que tem como objeto
o trabalho subordinado prestigiou o princípio da dignidade humana.

Melhor explicando, por força da eficácia horizontal das normas constitucionais sobre as
relações privadas, os princípios consagrados na Constituição Federal devem ser observados nas
relações entre particulares. Dessa sorte, sendo o direito do trabalho um ramo do direito privado, o
princípio da dignidade humana, que impõe a prevalência do sujeito de direito sobre as coisas que os
circundam, devem informar o objeto do direito trabalhista.

Em síntese, tal virada de paradigma é fundamental para que o direito do trabalho, enquanto
conjunto de normas e princípios, proteja as mais diversas formas laborais. Afinal, não pode a maior
parte da população economicamente ativa (PEA) ficar as margens da proteção do direito do trabalho
por estarem inseridos no emprego informal, na medida em que suas formas de trabalho não são
reguladas por um contrato individual de trabalho. Portanto, eis que o objeto do direito do trabalho
deve ser o trabalho subordinado e não o contrato de trabalho.

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