O documento discute a evolução histórica do Direito do Trabalho. Começa com diferentes formas de trabalho ao longo da história, como escravidão e servidão, e como o Direito do Trabalho só surgiu com a Revolução Industrial. Também discute as teorias subjetivista, objetivista e mista para definir o conceito de Direito do Trabalho.
O documento discute a evolução histórica do Direito do Trabalho. Começa com diferentes formas de trabalho ao longo da história, como escravidão e servidão, e como o Direito do Trabalho só surgiu com a Revolução Industrial. Também discute as teorias subjetivista, objetivista e mista para definir o conceito de Direito do Trabalho.
O documento discute a evolução histórica do Direito do Trabalho. Começa com diferentes formas de trabalho ao longo da história, como escravidão e servidão, e como o Direito do Trabalho só surgiu com a Revolução Industrial. Também discute as teorias subjetivista, objetivista e mista para definir o conceito de Direito do Trabalho.
O estudo do conceito de Direito do Trabalho permite identificar o conteúdo e a extensão desse ramo da Ciência do Direito, ou seja, a partir do conceito é possível distinguir a relação jurídica base que compõe o seu objeto, os sujeitos que integram tal relação jurídica e a finalidade das normas jurídicas que o compõem. Em relação ao conteúdo amplo do Direito do Trabalho podemos, a partir de uma síntese simplista, dizer que é representado pelo conceito fundamental de trabalho. Assim, de forma genérica, é possível afirmar que o Direito do Trabalho é o ramo do Direito que disciplina as relações de trabalho. No entanto, conform e visto acima, o conceito não pode se ater apenas ao conteúdo, mas é necessária também a fixação de sua extensão, ou seja, é preciso definir quais os tipos de trabalho abrangidos pelo conteúdo do Direito do Trabalho, quais são os sujeitos que integram a relação jurídica específica e qual o fundamento desta regulamentação. Considerando que trabalho é uma expressão genérica que abrange toda e qualquer forma de prestação de serviço de uma pessoa física a outrem (trabalho autônomo, trabalho eventual, trabalho voluntário etc.), podemos afirmar que nem toda atividade considerada como trabalho é regulada pelo Direito do Trabalho.
Existem diversas formas de trabalho, sendo certo que somente uma
dessas formas compõe o objeto do Direito do Trabalho e é por ele regulada. Trata -se da relação de trabalho subordinado, que tem características específicas que a diferenciam das demais formas de trabalho e que estudaremos mais adiante. Portanto, o objeto do Direito do Trabalho é a relação de trabalho subordinado, também denominada relação de emprego. Os sujeitos dessa relação jurídica são empregado e empregador, que se relacionam não só no âmbito individual, mas também no coletivo, através dos Sindicatos. O fundamento do Direito do Trabalho é a proteção ao trabalhador, partes economicamente mais fraca da relação jurídica, à semelhança do Consumidor. Sem a proteção jurídica ao trabalhador, a relação jurídica se mostra desequilibrada, portanto, injusta, desigual. Assim, de maneira objetiva, podemos conceituar o Direito do Trabalho como o ramo da Ciência do Direito composto pelo conjunto de normas que regulam, no âmbito individual e coletivo, a relação de trabalho subordinado, que determinam seus sujeitos (empregado e empregador) e que estruturam as organizações destinadas à proteção do trabalhador.
A conceituação do Direito do Trabalho pela doutrina não é, no
entanto, tema tratado de forma simples. Embora o conteúdo e a extensão também sejam a base das definições de Direito do Trabalho enunciadas pelos diversos doutrinadores, estes divergem em relação ao enfoque dado, ou seja, há quem considere o Direito do Trabalho como o ramo do Direito de tutela ou de proteção dos trabalhadores, formando a chamada teoria subjetivista. Outros autores entendem que a visão subjetivista, ligada aos sujeitos tutelados, não é suficiente para definir o Direito do Trabalho, devendo ser levado em conta o objeto das relações de trabalho (teoria objetivista). Alguns outros afirmam que tanto o enfoque dos sujeitos como o enfoque do objeto isoladamente são insuficientes para se conceituar o Direito do Trabalho, ou seja, a sua definição, além dos sujeitos e do objeto, deve necessariamente incluir os aspectos que o diferenciam dos demais ramos do Direito (teoria mista). Assim, identificaremos a seguir os elementos encontrados nas definições doutrinárias do Direito do Trabalho, elementos estes que variam conforme a teoria adotada.
1.1.1. Teoria subjetivista
Subjetivistas são as definições de Direito do Trabalho que têm
como enfoque os sujeitos da relação jurídica por ele regulada, isto é, os trabalhadores e os empregadores. A teoria subjetivista adota como centro da definição do Direito do Trabalho o caráter protecionista das normas que o compõem. Os doutrinadores adeptos de tal teoria tem como fundamento a busca constante de meios para se alcançar a melhoria da condição econômica e social do trabalhador. Assim, para os subjetivistas, o Direito do Trabalho se caracteriza como o Direito especial de proteção aos trabalhadores, como o conjunto de normas que têm por finalidade proteger a parte economicamente mais fraca (hipossuficiente) da relação jurídica, qual seja, o empregado.
1.1.2. Teoria Objetivista
Forma a teoria objetivista as teorias que têm em vista a relação de
emprego e seu resultado (trabalho subordinado), e não as pessoas que participam daquela relação. Em tais definições, a relação jurídica de emprego é disposta como objeto do Direito do Trabalho. Enquadra -se como objetivista a definição de Orlando Gomes e Elson Gotts Gottschalk: “Direito do Trabalho é o conjunto de princípios e regras jurídicas aplicáveis às relações individuais e coletivas que nascem entre os empregadores privados — ou equiparados — e os que trabalham sob sua direção e de ambos com o Estado, por ocasião do trabalho ou eventualmente fora dele”. O enfoque conceitual está portanto, na relação jurídica de dependência ou subordinação que se forma entre as pessoas que exercem certa atividade em proveito de outrem e sob suas ordens.
1.1.3. Teoria Mista
As definições mistas são aquelas que fazem combinação entre os
elementos subjetivos e objetivos, isto é, consideram tanto o sujeito como o objeto da relação jurídica regulada pelo Direito do Trabalho, além da finalidade do conjunto de normas que compõem este ramo da Ciência do Direito. A maioria dos doutrinadores contemporâneos assumiu uma conceituação do Direito do Trabalho a partir da teoria mista.
Para Amauri Mascaro Nascimento, o Direito do Trabalho é “o ramo
da ciência do direito que tem por objeto as normas jurídicas que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho, em sua estrutura e atividade”. Para Amauri Mascaro Nascimento, o Direito do Trabalho é “o ramo
Desta forma, as definições que se fundam na teoria mista consideram
a ciência do direito que tem por objeto as normas jurídicas que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho, em sua estrutura e atividade”.
1.2 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO
Trabalho é toda atividade desenvolvida pelo homem para prover o
seu sustento e para produzir riquezas e, ao longo do tempo, diversas foram as suas formas, que variaram conforme as condições históricas que vigoraram em cada época. A história do trabalho começa exatamente quando o homem percebe que é possível utilizar a mão de obra alheia não só para a produção de bens em proveito próprio, mas também como forma de produzir riquezas. Assim, o trabalho se desenvolve e torna –se dependente e ligado às relações sociais e econômicas vigentes em cada período histórico específico. Escravismo, feudalismo e capitalismo podem ser considerados como marcos históricos definidos na evolução das relações econômicas e sociais e, consequentemente, na evolução do trabalho humano e de suas formas de proteção. No período histórico que pode ser caracterizado como de sociedade pré -industrial — que tem início nos primórdios da humanidade e vai até o final do século XVIII, quando se inicia a chamada Revolução Industrial —, várias são as formas de trabalho encontradas, das quais podemos destacar, em momentos distintos, a escravidão, a servidão e as corporações de ofício. No entanto, até pelas características de cada uma dessas formas de trabalho, não há, na sociedade pré -industrial, como se falar em um sistema de normas jurídicas de proteção ao trabalhador e, muito menos, em Direito do Trabalho. Em todas as sociedades que nesse período histórico adotaram a escravidão como modo de produção, o trabalho era executado por quem, em razão de sua própria condição, era destituído de personalidade, sendo equiparado a coisa, incapaz de adquirir direitos e de contrair obrigações. Desta forma, resta evidente que a escravidão era absolutamente incompatível com a ideia de direito. A condição do escravo era da mais absoluta inferioridade jurídica em relação aos demais membros da sociedade, homens livres, para quem o trabalho era visto como impróprio e até desonroso. Durante a Idade Média, a principal forma de prestação de trabalho era a realizada pelos camponeses, na modalidade de servidão, que, apesar de não apresentar grandes diferenças em relação à escravidão, pois os trabalhadores ainda não tinham uma condição livre, caracterizava -se por uma certa proteção política e militar prestada ao servo pelo senhor feudal, dono das terras. Os servos eram obrigados a entregar parte da produção como preço pela fixação na terra e pela defesa recebida, sendo que os senhores feudais detinham um poder absoluto no exercício do controle e organização do grupo social. Não havia, portanto, como se falar em direito dos trabalhadores. Com o declínio da sociedade feudal e o consequente desenvolvimento do comércio, atividades urbanas, como a produção artesanal de bens, foram estimuladas. Com isso, surgiram os artesãos profissionais, sendo que muitos deles eram os antigos servos, que tinham algum ofício e até então o praticavam exclusivamente para seus senhores. Visando assegurar determinadas prerrogativas de ordem comercial e social, os artesãos fundaram associações profissionais, dando início às chamadas corporações de ofício. Em todas as cidades, havia umacorporação para cada tipo de atividade especializada. Nelas agrupavam-se os artesãos ou comerciantes do mesmo ramo, em uma determinada localidade, compostas pelos mestres, pelos companheiros e pelos aprendizes. A disciplina das relações de trabalho existentes nas corporações era prevista em estatuto próprio de cada uma delas. Nas corporações de ofício, a produção era integrada, mas ainda não havia uma ordem jurídica semelhante ao Direito do Trabalho, embora existisse maior liberdade do trabalhador. Com o surgimento dessas corporações, a vida econômica e social sofreu uma profunda transformação, mas ainda assim não se podia falar em inteira liberdade de trabalho, pois a sua estrutura baseava- seno controle, não só profissional, mas também pessoal, que o mestre exercia sobre os trabalhadores a ele subordinados. Além disso, a corporação impunha diretrizes fundamentais que subordinavam os seus integrantes, que tinham seus ofícios por ela limitados e regulados. Portanto, durante este longo período histórico, inexistiu qualquer sistema de proteção jurídica dos trabalhadores e, consequentemente, não se pode falar em Direito do Trabalho.
1.2.2. Sociedade industrial
O declínio da sociedade feudal, o crescimento das cidades e o desenvolvimento e ampliação do comércio levaram a Europa Ocidental, a partir de meados do século XVIII, a um extenso processo de transformação que marcou o estabelecimento do sistema capitalista como modelo econômico dominante. O acúmulo de capitais pela burguesia permitiu investimentos na produção, que propiciaram o aperfeiçoamento das técnicas e a invenção e desenvolvimento de máquinas capazes de fabricar milhares de produtos em pouco tempo. As mudanças na forma de produção levaram a uma grande transformação socioeconômica, que, em seu conjunto, denominou – se Revolução Industrial. Sob o aspecto social, a sociedade tipicamente rural se transformou em uma sociedade urbana. No âmbito econômico, a produção, que até então era artesanal, passou, com o aperfeiçoamento dos métodos produtivos e o avanço tecnológico, a ser uma produção em larga escala. As pequenas oficinas dos artesãos foram sendo substituídas pelas fábricas. As ferramentas foram sendo substituídas pelas máquinas. No lugar das tradicionais fontes de energia, passaram a ser utilizados o carvão e a eletricidade. Como consequência das mudanças sociais e econômicas, as relações de trabalho também se modificaram. A Revolução Industrial fez surgir o trabalho humano livre, por conta alheia e subordinado, e significou uma cisão clara e definitiva entre os detentores dos meios de produção e os trabalhadores. Com o objetivo de ampliação dos mercados consumidores e de obtenção de uma lucratividade cada vez maior, os donos das fábricas queriam mais liberdade econômica e mão de obra barata para trabalhar nas fábricas. Pagava -se o menor salário possível, enquanto se explorava ao máximo a capacidade de trabalho dos operários.
O liberalismo econômico, aliado ao não intervencionismo o
Estado nas relações econômicas e sociais (Estado Liberal) e ao individualismo que marcava o campo jurídico de então (todos frutos da Revolução Francesa de 1789), fez com que a desproporção de forças do trabalhador frente ao empregador se agravasse, o que gerou uma realidade de grave injustiça no modelo das relações de trabalho e levou ao surgimento da chamada Questão Social, ou seja, a luta entre capital e trabalho derivada do estado de extrema exploração em que se encontravam os trabalhadores.
O sistema jurídico derivado da Revolução Francesa, fundado em
conceitos abstratos de liberdade e igualdade, permitiu que, como decorrência da Revolução Industrial, surgisse um cenário de extrema injustiça social, no qual a natural desigualdade econômica entre aspartes da relação de trabalho era acentuada.
A crise social se agravava e mesmo aqueles que defendiam o
liberalismo começaram a perceber que o Estado não poderia permanecer por muito mais tempo sem atender aos anseios da sociedade e sem intervir nas relações individuais a fi m de assegurar uma igualdade jurídica entre trabalhadores e empregadores, sob pena de comprometer a estabilidade e a paz social.
O rico e caloroso debate ideológico que surgiu na época e que se
fundamentou na valorização do trabalho e na necessidade de modificação da condição de exploração em que se encontravam os trabalhadores levou à publicação, em 1848, do Manifesto Comunista, escrito por Marx e Engels, no qual as ideias do socialismo científico são difundidas, e, ainda, à publicação pelo Papa Leão XIII, no final do século XIX (1891), da Encíclica “Rerum Novarum”, caracterizando-se como marco no surgimento da doutrina social da Igreja Católica.
As idéias defendidas em tais documentos tiveram grande relevância
no surgimento do Direito do Trabalho, à medida que contribuíram para que o Estado percebesse que não podia deixar a regulamentação das relações de trabalho à livre negociação das partes interessadas, passando então a intervir na ordem econômica e social e a fixar normas coativas, com condições mínimas de proteção que deveriam ser respeitadas pelos empregadores. Assim, a evolução histórica do trabalho humano leva ao surgimento de uma legislação estabelecendo normas mínimas de proteção ao trabalhador, cuja importância foi aumentando com a evolução econômica e política dos países. O trabalho assalariado e subordinado que caracteriza a relação de emprego passou a ser regulado de forma ampla, estando sujeito a mecanismos de proteção contra eventuais arbítrios do empregador, ou seja, houve limitação da vontade das partes, à medida que não se poderia mais negociar livremente as condições de trabalho. Surge, então, o Direito do Trabalho, substituindo “a igualdade pura pela igualdade jurídica, como regra de direito que impõe o interesse geral sobre o particular sem que, entretanto, se anule o indivíduo”. A partir de então o Direito do Trabalho se fixa como estrutura de proteção do trabalhador e entra em um processo de evolução contínua e dinâmica, tendo em vista a própria dinamicidade das relações sociais e econômicas que dele são inseparáveis.
Os sistemas de proteção do trabalhador resultantes da evolução
ocorrida após a Revolução Industrial deparam-se atualmente com uma nova revolução tecnológica — a da informática e das telecomunicações, que tem imposto significativas modificações nos modos de produção e, consequentemente, nos empregos, à medida que se verifica uma automatização da produção e dos serviços, levando, em muitos casos, à substituição do ser humano por máquinas e robôs. Assim, no contexto de sua evolução, o Direito do Trabalho convive nos dias atuais com os efeitos da globalização econômica e, paralelamente, com elevados índices de desemprego, caracterizando uma nova realidade socioeconômica que terá que ser enfrentada. A flexibilização das leis trabalhistas, que tem se ampliado nos diversos ordenamentos jurídicos, coloca no centro das discussões a função primordial do Direito do Trabalho, que é a proteção do trabalhador, revelando, em certa medida, uma piora das condições de trabalho, inclusive no que tange a salários, e algumas incertezas para o futuro.