O documento discute a revista de empregados como mecanismo de controle pelo empregador e seus limites. Apresenta três principais teorias sobre o poder diretivo do empregador e analisa a colisão entre o direito à intimidade do empregado versus o direito de propriedade do empregador. Também examina quando a revista é justificada, seus requisitos e limites com base na legislação e jurisprudência brasileira e do direito comparado.
O documento discute a revista de empregados como mecanismo de controle pelo empregador e seus limites. Apresenta três principais teorias sobre o poder diretivo do empregador e analisa a colisão entre o direito à intimidade do empregado versus o direito de propriedade do empregador. Também examina quando a revista é justificada, seus requisitos e limites com base na legislação e jurisprudência brasileira e do direito comparado.
O documento discute a revista de empregados como mecanismo de controle pelo empregador e seus limites. Apresenta três principais teorias sobre o poder diretivo do empregador e analisa a colisão entre o direito à intimidade do empregado versus o direito de propriedade do empregador. Também examina quando a revista é justificada, seus requisitos e limites com base na legislação e jurisprudência brasileira e do direito comparado.
EMPREGADOS COMO MECANISMO DE CONTROLE E SEUS LIMITES
Prof. Renata Nóbrega Figueiredo
Prof. Renata Nóbrega Figueiredo Conceito e fundamentos do poder diretivo do empregador Faculdade que assiste ao chefe de ditar normas de caráter prevalentemente técnico ou técnico-administrativas.
Principais correntes: teoria da propriedade
privada, teoria institucional e a teoria contratual. Prof. Renata Nóbrega Figueiredo Teoria da propriedade privada: direito constitucional do empregador (art. 170, II, CRFB/88), de ser titular, dono, a empresa é objeto de seu direito de propriedade.
Teoria institucional: concepção institucional
ou comunitária da empresa, acepção político-social.
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Teoria Contratual: é a mais consistente, pois fundamenta-se na existência dos poderes do empregador decorrentes do contrato de trabalho celebrado entre as partes.
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Titular do Poder Diretivo. Natureza Jurídica e Limites. Empregador e seus Prepostos
Natureza jurídica
Direito potestativo e Direito-função (CC,
art.421 do CC e art. 8º da CLT)
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A função social do contrato mitiga o princípio da autonomia contratual privada. O poder diretivo, como emana do contrato, deve ser exercido com restrições.
Limites externos: constitucionais (art. 5º, 7º
e 170 CRFB/88)
Limites internos: licitude do ato, boa-fé.
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Colisão de direitos fundamentais Direito à intimidade e vida privada do empregado (CRFB/88, art. 5º, X)
versus
Direito de propriedade (CRFB/88, art. 5º,
XXIII e 170, II). Prof. Renata Nóbrega Figueiredo Dado caráter de princípios e idêntica posição hierárquica que ambos ocupam, não é possível estabelecer e justificar uma relação de precedência absoluta ou incondicionada.
Princípios constitucionais traduzem
mandamentos de otimização e não regras do tipo “tudo-ou-nada”.
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Robert Alexy Teoria da Ponderação de interesses e Princípio da Proporcionalidade em sentido estrito
“Quanto maior é o grau da não-satisfação
ou de afetação de um princípio, tanto maior tem que ser a importância da satisfação do outro.” Prof. Renata Nóbrega Figueiredo Funções diretivas do empregador:
1) Decisões executivas: atos meramente
constitutivos, dizem respeito à organização do trabalho; 2) Instrução: se exterioriza por meio de ordens ou recomendações, cuja eficácia depende de uma observância do trabalhador; 3) Controle: consiste na faculdade do empregador de fiscalizar as atividades profissionais de seus empregados. Compreende as revistas. Prof. Renata Nóbrega Figueiredo A revista como mecanismo de controle
A revista em face da lei, da jurisprudência e da
doutrina: Sem dispositivo legal até início da década de 1990. Jurisprudência: inclina-se pela possibilidade, há mais de meio século. Fundamento: direito do empregador na salvaguarda do seu patrimônio.
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Meados de 1990: Lei Municipal de Belo Horizonte (MG), proibindo revista íntima (Lei n. 7.451/98)
Lei Municipal de Vitória (ES) – L. 4.603/98,
idem.
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CLT: art. 373-A, VII, inserido no capítulo do trabalho da mulher, veda a revista íntima da trabalhadora.
CRFB/88: Art. 5, I - iguala homens e
mulheres em direitos e deveres, portanto, os homens poderão invocar, por analogia, o citado dispositivo para se protegerem contra revistas íntimas.
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Situações que justificam a revista:
Deve constituir último recurso para salvaguarda e
proteção do patrimônio (circunstâncias concretas que justifiquem a revista).
Ex. Colocação de etiquetas magnéticas em livros e roupas
torna desnecessária a inspeção de bolsas e sacolas nos estabelecimentos comerciais.
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Requisitos: 1) Caráter geral e impessoal, para evitar suspeitas, por meio de um critério objetivo (sorteio, numeração, todos os integrantes de um turno ou setor); 2) Ajuste prévio com a entidade sindical ou com o próprio empregado, na falta daquela, respeitando-se ao máximo, os direitos da personalidade.
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Âmbito de realização da revista. Limites
Âmbito da empresa: local de trabalho, entrada e
saída deste. Em geral, deve ser realizada na saída.
Exceção: em casos excepcionais, em face do
fenômeno terrorista no mundo, e também em determinadas atividades (minas, eletricidade, por ex.), para evitar a introdução de objetos explosivos, colocando em risco a segurança das pessoas ou o patrimônio empresarial.
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Revista que pressupõe inspeção direta sobre o corpo do empregado. Violação ao direito à intimidade.
Traduz atentado contra o pudor natural da
pessoa, violando o direito à intimidade (art. 5º, X, da CF/88).
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Jurisprudência: HORAS IN ITINERE. TEMPO DE SERVIÇO. O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, em condução fornecida pelo empregador, quando não servido por transporte público regular, é computável na jornada de trabalho (Súmula n. 90, I, do colendo TST). ACUSAÇAO DE FURTO. REVISTA ÍNTIMA POR EMPREGADO DE OUTRO SEXO. DANO MORAL CONFIGURADO. Demonstrado que a empregada sofreu constrangimento moral ao ser indevidamente acusada da prática de furto de um aparelho celular e, em razão disso, submetida à revista íntima pelo chefe da segurança patrimonial da empresa, é devida a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais, pois presentes todos os elementos necessários para a composição da tríade que permite concluir pela configuração da responsabilidade civil, a saber: a ocorrência de dano, ação ou omissão voluntária e nexo de causalidade entre o dano e a conduta. (TRT-14 - RO: 391 RO 0000391, Relator: DESEMBARGADORA SOCORRO MIRANDA, Data de Julgamento: 02/09/2011, SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DETRT14 n.165, de 05/09/2011)
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Jurisprudência: O TST tem se posicionado no sentido de condenar empresas que fazem revista de modo a constranger os empregados a se despirem em salas espelhadas, sem que pudessem ver quem os observava (3ª Turma – RR 688.679/2000.1, Rel.ª Min. Maria Cristina Peduzzi, DJ 27.05.2005).
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Revistas em objetos do empregado, veículo ou em espaços reservados
Bolsas, carteiras, papéis, fichários do
empregado ou espaços a ele reservados, como armários, mesas, escrivaninhas, escaninhos e outros que se tornam privados por destinação.
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Observações finais Critério objetivo (sorteio, numeração);
Saída do trabalho;
Mediante certas garantias (presença de um
representante dos empregados ou outro colega de trabalho);
Colegas do mesmo sexo.
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Jurisprudência: RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. REVISTA NOS PERTENCES DOS EMPREGADOS. Na esteira da jurisprudência desta Corte Superior, a revista nos pertences dos empregados, sem contato físico, não importa em constrangimentos, tampouco agressões morais à intimidade, à imagem profissional do trabalhador ou a quaisquer dos bens protegidos pelo artigo 5º, X, da Carta da Republica. Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR: 10852220115090014 1085-22.2011.5.09.0014, Relator: Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 14/05/2013, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 24/05/2013) Prof. Renata Nóbrega Figueiredo Direito Comparado Itália: Art. 6º, Lei 300/1970 (Estatuto dos empregados da Itália), veda as revistas pessoais de controle sobre o empregado, salvo nos casos em que sejam indispensáveis aos fins da tutela do patrimônio empresarial (qualidade dos instrumentos de trabalho, matéria-prima ou produtos).
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Espanha: art. 10.1 da Constituição Espanhola consagra o respeito à dignidade da pessoa, e o art. 18 do Estatuto dos Empregados na Espanha, dispõe que “as revistas sobre a pessoa do empregado, seus pertences e efeitos particulares, quando necessários à proteção do patrimônio do empregador e dos demais empregados da empresa, devem ser feitas dentro do estabelecimento e no horário de trabalho”.
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França: a jurisprudência francesa condena a submissão do empregado a revistas vexatórias, ou realizadas por pessoas de outro sexo, mas admite o controle nos vestiários onde o empregado guarda os seus objetos pessoais, por motivo de segurança e higiene, e desde que realizado na presença do empregado. (Cons. Èt. 12 juin 1987, Droit social, 1987, 654).
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China: a legislação trabalhista chinesa, de 3 de abril de 1992, sobre a proteção dos direitos e interesses da mulher, após considerar sua liberdade pessoal inviolável, proíbe seja ela submetida a revistas físicas ilícitas.
Prof. Renata Nóbrega Figueiredo
Canadá: as leis são omissas. As revistas sobre a pessoa do empregado e os locais de trabalho são permitidas quando se destinam a prevenir ou reprimir furtos, conforme previsto em convenções coletivas ou no costume.
Prof. Renata Nóbrega Figueiredo
Argentina: A Lei do Contrato de Trabalho (L. n. 20.744, de 1976), dispõe de forma semelhante à legislação italiana. O art. 70 prevê que os sistemas de controle pessoais do empregado deverão ser usados discretamente.