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19/08/2022

PROCESSO DE CONHECIMENTO TRABALHISTA

NORMAS JURÍDICAS E PRINCÍPIOS DO DIREITO


PROCESSUAL DO TRABALHO.

CONCEITO. PRINCÍPIOS. FONTES. AUTONOMIA,


INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO E EFICÁCIA.

Prof. Pedro Ivo Marques

Conceito:

Podemos conceituar o direito processual do trabalho


como o conjunto de princípios, normas e instituições
que regem a atividade da Justiça do Trabalho, e que tem
por objetivo solucionar o conflito trabalhista, seja
individual, seja coletivo.

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PRINCÍPIOS

PRINCÍPIO: é onde começa algo. É o início, a origem, o começo, a causa.

PRINCÍPIO JURÍDICO: Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro


alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes
normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a sua exata
compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá
sentido harmônico (Celso Antonio Bandeira de Mello).

Os princípios tem como funções: Informar (fazer leis), Normatizar


(aplicação na falta da lei) e Interpretar (interpretar a lei).

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Princípio dos Princípios

“Devido Processo Legal”

• A CF/88 estabelece em seu artigo 5º, inciso LIV que:

“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o


devido processo legal”.

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Devido Processo Legal

Decorre daí, três grandes garantias, a saber:

– 1) garantia de um julgamento imparcial;

– 2) garantia de um procedimento regular;

– 3) garantia da plenitude da ação e de defesa;

1) Princípios que garantem um julgamento imparcial:


1) Princípio do juiz natural, inc. XXXV, XXXVII e LIII do art. 5º da CF/88;
Juiz Natural é aquele previamente constituído, como competente para julgar
determinadas causas abstratamente previstas.
Ao tempo da demanda, a lei já deve atribuir a um órgão do Poder Judiciário, a
jurisdição e a competência para resolver aquele conflito, não sendo admitido
nenhum tribunal de exceção.
2) Princípio da motivação, inc. IX do art. 5º da CF/88;
Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente
a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação.
3) Princípio da imparcialidade do juiz.
Busca-se uma justiça que dê a cada um o que é seu. A imparcialidade do juiz é uma
garantia de justiça entre as partes. Art. 10 da DUDH.

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2) Princípios que garantem um procedimento regular:


1) Princípio da publicidade, inc. LX, art. 5º e inc. IX, art. 93 da CF/88;
Instrumento de fiscalização popular sobre a obra dos magistrados, promotores e
advogados, pela qual os atos processuais são públicos. Cabe exceção.

2) Princípio da efetividade / duração razoável do processo, inc. LXXVIII, art. 5º da


CF/88;
Efetividade processual é aquele que, observado o equilíbrio entre os valores
segurança e celeridade, proporciona às partes o resultado desejado pelo direito
material.

Assegura-se a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade


de sua tramitação. Isso não significa que o processo deve ser célere a qualquer
custo, mas sim que os atos processuais devem ser praticados em tempo condizente
com o estritamente necessário, sem morosidade.

3) Princípio da isonomia/igualdade, art. 5º, caput;


Segundo o clássico conceito de Celso Antônio Bandeira de Mello, os iguais devem
ser tratados de forma igual e os desiguais, desigual, na medida de sua
desigualdade. Busca-se, assim, a igualdade material/substancial, e não apenas a
formal.
Artigo: AS AÇÕES AFIRMATIVAS E OS PROCESSOS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE
EFETIVA. Autores: JOAQUIM BENEDITO BARBOSA GOMES e FERNANDA DUARTE
LOPES LUCAS DA SILVA

4) Princípio da proibição da prova ilícita, inc. LVI, art. 5º da CF/88;


Não são permitidas no processo as provas obtidas por meios ilícitos.

5) Princípio do duplo grau de jurisdição;


Possiblidade de reexame de uma demanda pela instancia superior. Garantia às
partes a devolução da matéria apreciada à instancia superior.

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3) Princípios que garantem a plenitude de ação e de defesa:

1) Acesso à justiça / direito de ação, inc. XXXV, art. 5º da CF/88;


A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
O art. 791 da CLT traz o Jus postulandi (direito de postular/pedir), onde faculta ao
empregado e empregador reclamarem pessoalmente na Justiça do Trabalho os
seus direitos, sem a necessidade de advogado.

2) Contraditório e Ampla defesa, inc. LV, art. 5º da CF/88.


Em todo processo contencioso há pelo menos duas partes: autor e réu.
Ouvindo uma parte não pode deixar de ouvir a outra. Isto para que ambas
exponham as suas razões para influir sobre o convencimento do juiz. (Ada Pellegrini
Grinover)

PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS
1) Princípio da proteção;
Assim como no direito material do trabalho, no processo do trabalho o principio
protecionista é o que deve imperar, no entanto, sob o aspecto do direito
instrumental.

OBS: Não é a justiça do trabalho ou o juiz que tem cunho paternalista ao proteger o
empregado. Protecionista é o sistema adotado pela lei, que visa proteger o
empregado.
Sergio Pinto Martins acredita que no processo do trabalho só exista um princípio
específico, que seria o da proteção.

2) Princípio da busca da verdade real, art. 765 da CLT.


Principio derivado do principio da primazia da realidade.

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3) Princípio da conciliação, art. 764 da CLT;


Todos os dissídios submetidos a justiça trabalhista serão sujeitos à conciliação. Os
artigos 846 e 850 da CLT impõem tentativa de conciliação ates da abertura da
audiência e após as razões finais.
4) Princípio da oralidade;
Os atos processuais devem ser realizados de forma verbal, na própria audiência. É
de se perceber que o princípio tem vasta aplicação na seara trabalhista, como na
leitura da inicial e apresentação de defesa oral (art. 847 da CLT) e de razões finais
orais (art. 850 da CLT).
5) Princípio da concentração dos atos, art. 849 e 852-C da CLT;
Objetivo de prestar a tutela jurisdicional no menor tempo possível, consagrando o
princípio da celeridade processual. Audiência UNA. Em especial no Rito
Sumaríssimo.

6) princípio irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias, art. 893, §1º


da CLT;
Decisão de questões incidentes.

Súmula nº 214 do TST. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE. Na Justiça


do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não
ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional
do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior
do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo
Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado,
consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

7) princípio da lealdade processual, art. 77, II, 79, 80 e 81 do CPC;


Boa-fé nos atos processuais.

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FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Fonte vem do latim fons. Significa nascente, começo,


início.

Quando pensamos nas “fontes do direito”, temos que


estamos buscando a origem das normas jurídicas.

Assim, podemos dizer que fonte do Direito é o meio pelo


qual o Direito Processual do Trabalho se origina e
estabelece suas normas jurídicas.

Principais fontes formais do Direito Processual


do Trabalho:

• Constituição Federal;
• Leis Complementares e Ordinárias;
• Jurisprudência;
• Regimentos Internos dos Tribunais.

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INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL


Métodos:
• Gramatical
• Lógico-sistemático
• Teleologia
• Histórico
Toda interpretação promove um resultado. A combinação dos métodos
interpretativos pode resultar em pelo menos três modelos interpretativos:
• Declarativo
• Extensivo
• Restritivo

EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL NO TEMPO


Sistema da unidade processual

Sistema das fases processuais

Sistema do isolamento dos atos processuais

Regra: A nova lei não retroage e tem vigência imediata aos processos em curso.
Contudo, deve respeitar os atos processuais já praticados (Teoria do isolamento
dos atos processuais).

CPC: Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável


imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a
vigência da norma revogada.

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Bons estudos.

Muito Obrigado!!

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