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Isto significa que o empregador determina o que fazer, em que termos, de que e sob a sua
vigilância relativamente à atividade desenvolvida pelo trabalhador em sede de execução
contratual. São dadas ordens lícitas dentro dos limites do âmbito laboral.
nº2 - a lei procura democratizar o exercício desse poder, reconhecendo aos representantes
dos trabalhadores um direito de audição aquando da elaboração do regulamento interno
(Audição de estrutura(s) de representação coletiva dos trabalhadores).
nº3
alínea a) - adequada publicitação do regulamento interno, de modo a possibilitar o seu
pleno conhecimento pelos trabalhadores
alínea b) - “só produz efeitos após a publicitação…” - apenas produzirá efeitos após o
respetivo envio ao serviço com competência inspetiva do ministério responsável pela área
laboral
Poder disciplinar
«O empregador tem poder disciplinar sobre o trabalhador ao seu serviço enquanto vigorar o
contrato de trabalho».
Possui o poder de julgar e punir. A respetiva admissão não pode fazer esquecer a
circunstância de ele representar um importante desvio a dois princípios do Direito:
- princípio da justiça pública (sanções disciplinares que se traduzir se em penas
privadas aplicadas pelo empregador)
- princípio da igualdade das partes (o CT é um negócio jurídico de direito privado)
Estamos perante um poder punitivo privado, regulado nos artigos 328º e ss CT e com regras
especiais para os casos de aplicação da sanção disciplinar mais grave: 351.º e ss CT.
Da mais leve à mais pesada: devendo a sanção ser proporcional à gravidade da infração e à
culpabilidade do infrator (330.º/1). Pode haver um possível agravamento pela divulgação no
âmbito da empresa.
Algumas sanções disciplinares têm suscitado fortes reservas doutrinais como é o caso da
perda de dias de férias (poderá o empregador reduzir a duração das férias do trabalhador,
limitando um direito fundamental deste?), ou no caso da multa/sanção pecuniária (poderá o
empregador impor ao trabalhador, uma obrigação, como castigo de pagar ao Estado uma
determinada quantia, afetando a função alimentar do salário?).
Nota: o crescente recurso à Inteligência Artificial por parte das empresas leva a que o
algoritmo, que apesar de não ter coração, sensibilidade, possa reproduzir os preconceitos,
conscientes ou não, de quem programa o algoritmo. A este propósito mostra-se
indispensável criar regras consagrando deveres de informação nesta matéria, regras que
garantam a transparência no que toca à utilização e ao modus operandi do algoritmo, regras
que assegurem que a palavra final caberá a um ser humano, não a um qualquer algoritmo.
Os direitos de personalidade (art. 14º a 22º) são os direitos que incidem sobre vários modos
de ser físicos ou morais da personalidade de cada pessoa, aos direitos da pessoa enquanto
pessoa, aos direitos da pessoa sobre si mesma, pois representam o conteúdo mínimo e
imprescindível da esfera jurídica de cada pessoa.
Pode ou não ter caráter discriminatório, ou seja, pode ou não envolver um tratamento
diferenciado para um dado trabalhador.
Possui um caráter duradouro, reiterado, persistente, originando um conflito entre sujeitos.
Pode ou não ser intencional. Nos termos do art. 29º CT, assédio consiste num qualquer
comportamento indesejado, nomeadamente o baseado em fator de discriminação, com o
objetivo ou efeito de perturbar ou constranger a pessoa, afetar a sua dignidade, etc.
O atual CT proíbe o assédio (art. 29º/1) e sendo este definido no nº2 e nº3 do art. 29º.
art. 29º/6 - por vezes a prova pode ser difícil, por isso a lei procura proteger o denunciante e
as testemunhas por si indicadas de represálias disciplinares pelo empregador
2. A prática de assédio constitui contraordenação muito grave (art. 551º), sem prejuízo da
eventual responsabilidade penal prevista nos termos da lei (art. 29º/5 CT)
Art. 115º/2 CT: a determinação pode ser feita por remissão para categoria de IRCT ou de
regulamento interno da empresa.
Art. 118º/1 CT: Dentro da atividade contratada, o empregador tem o poder determinativo
da função. Devem ser atribuídas ao trabalhador as funções mais adequadas às suas aptidões
e qualificação profissional.
Há aqui uma redefinição ou reconfiguração legal do objeto do CT, pois agora será formado
pelas tarefas compreendidas na categoria e pelas “funções que lhe sejam afins ou
funcionalmente ligadas”, ou seja, que não podem ser desconectadas com as atividades para
que foi contratado.
Exemplo:
O motorista do autocarro cobra o bilhete, ele é contratado para conduzir o autocarro, mas
faz sentido que cobre os bilhetes, pois é a pessoa mais adequada para este efeito. Não há
desvalorização, há apenas uma polivalência.
O exercício daquelas funções ligadas a sua função, enquanto as exercer mesmo que
acessoriamente, durante este tempo deve receber uma retribuição mais elevada, caso
contrário a EE estaria a poupar dinheiro. Para evitar esse abuso relativamente à retribuição,
estabelecemos esta regra.
Requisitos:
1. Por exigência do interesse da empresa
2. Não implicar uma modificação substancial da posição do trabalhador (sendo que o
trabalhador não adquire a categoria correspondente às funções temporariamente
exercidas (art. 120º/5 CT)
3. Ser transitória: máximo 2 anos; em princípio, o trabalhador não tem direito à
requalificação profissional (art. 120º/3 CT)
4. Não implicar diminuição de retribuição, tendo o trabalhador direito às condições
mais favoráveis inerentes às funções exercidas (art. 120º/4 CT)
Art. 120º/2 CT: a lei autoriza que as partes, através de simples estipulação contratual,
alarguem aquele “direito de variação”. Trata-se de uma mobilidade contratualizada e esta
norma ocupa-se de “cláusulas de mobilidade funcional”. - Contrato de trabalho
IRCT: Art. 120º/6 + art. 3º/5. Pode ser afastado pelo IRCT, todo o regime da mobilidade
funcional pode ser regulado de forma diferente através do IRCT, sem dizer se é mais ou
menos favorável ao trabalhador. Poderá ser menos favorável, mas tem sempre de respeitar
os termos constitucionais, principalmente a licitude do objeto. Caso contrário, o princípio da
segurança no emprego era ferido. Para além disso, o nº2 estabelece a licitude das cláusulas
da mobilidade funcional, que são por mero acordo no próprio CT, sendo que as partes
podem alargar ou restringir a faculdade do número anterior. Quando o interesse da empresa
o exija pode ser alargado ou restringido, temos sempre de respeitar os princípios básicos da
CRP. Alargar não é anular qualquer requisito, restringir não é eliminar.
Sendo embora um conceito relativo ou elástico, ainda assim não poderá verificar-se uma
total indeterminação do local de trabalho. O trabalhador não poderá obrigar-se a prestar
toda e qualquer atividade em todo e qualquer lugar, sob a autoridade e direção do
empregador.
Art. 280º CC: diz que o trabalhador comprometer-se-á a prestar ao empregador uma
atividade funcional, temporal e espacialmente delimitada ou balizada.
Prejuízo sério: o legislador não define, a jurisprudência diz que tem de ser avaliado
casuisticamente o impacto que tem para o trabalhador no todo da sua vida e não apenas em
termos profissionais.
Para que a trabalhadora goze do referido direito de transferência, torna-se necessário que se
verifiquem 2 pressupostos:
1. tratar-se de uma empresa plurilocalizada, isto é, uma empresa que possua diversos
estabelecimentos geograficamente dispersos, assim permitindo que o trabalhador
seja transferido de um para outro
2. ter sido apresentada queixa-crime por violência doméstica
Será então possível para a vítima sair de casa, manter o seu emprego, reorganizar a sua vida
familiar e subtrair-se à presença do seu agressor.
Art. 195º/3 e art. 296º/2/b): nos casos em que o empregador se baseie no art. 195º/2 em
ordem a adiar a transferência requerida pela trabalhadora, esta tenha direito a suspender o
contrato de imediato, até que a transferência ocorra.
Art. 296º/2/a): concede à vítima a faculdade de suspender o contrato, mesmo quando não
exista outro estabelecimento da empresa para o qual possa pedir transferência.
Nota: se não há forma de mudar de local de trabalho suspende-se o CT, a vítima deixa de
trabalhar até que exista um local de trabalho e quando há suspensão não há lugar ao
pagamento de retribuição. A vítima fica desprotegida, sem rendimentos de trabalho, o que
pode constituir uma grande dificuldade sobretudo se existirem menores.
Os limites à jornada de trabalho não é uma questão que vem de agora, pois relativamente à
questão social percebemos que antes os trabalhadores prestavam horas infinitas de trabalho
e estavam numa situação de sujeição à relação assimétrica. Isto levou a insistência da
limitação do tempo de trabalho, sendo uma das razões da criação de um CT.
Art. 198º CT: Período normal de trabalho (PNT) - o tempo de trabalho que o trabalhador se
obriga a prestar, medido em número de horas por dia e por semana (o quantum da
prestação, a determinação do volume de trabalho)
Art. 200º CT: Horário de Trabalho - determinação das horas de início e termo do período
normal de trabalho diário e do intervalo de descanso, bem como do descanso semanal (o
quando da prestação, a distribuição das horas que compõem o PNT ao longo do dia).
Banco de Horas
Noção: consiste num mecanismo flexibilizador da organização do tempo de trabalho,
conferindo ao empregador o poder de alargar o PNT diário e semanal até certo limite, de
acordo com as conveniências da empresa. Pode ser feita através da redução equivalente do
tempo de trabalho, seja mediante pagamento em dinheiro, ou através do aumento do
período de férias do trabalhador.
Art. 213º CT: intervalo de descanso para interromper o período de trabalho diário.
Art. 214º CT: descanso diário entre 2 períodos diários de trabalho
Art. 213º/1 CT: o período de trabalho diário deverá ser interrompido por um intervalo de
descanso, de duração não inferior a 1 hora nem superior a 2 horas, de modo que o
trabalhador não preste mais de 5 horas de trabalho consecutivo, tendo o trabalhador direito
a um período de descanso de, pelo menos, 11 horas seguidas entre 2 períodos diários de
trabalho consecutivos (art. 214º/1).
Art. 232º/1 CT: direito a descanso semanal obrigatório, que normalmente coincide com o
domingo, mas pode deixar de ser gozado ao domingo (nº2). Por IRCT ou por CT, pode ser
instituído um período de descanso semanal complementar (nº3), geralmente ao sábado.
As 40 horas semanais de PNT podem, então, ser repartidas por apenas 5 dias (5x8), dando
azo ao surgimento do “fim-de-semana” como período privilegiado de autodisponibilidade
pessoal, de evasão e de rutura com o quotidiano laboral.
Nota: O verdadeiro desafio consiste em evoluir para 1 semana de trabalho de 4 dias (em
regra se segunda a quinta) e aumentando o período de lazer. A discussão está lançada, não
faltando razões de índole económica, ligadas à produtividade do trabalho, ao estímulo da
inovação, à partilha do trabalho, à redução do desemprego tecnológico, etc.
nº3: em qualquer das suas modalidades, a isenção não prejudica o direito a dia de descanso
semanal, obrigatório ou complementar, a feriado ou a descanso interjornadas diário.
O trabalhador isento de HT perde autodisponibilidade sendo que é o HT que baliza a
heterodisponibilidade do trabalhador. São essas balizas protetoras que vêm a ser removidas
aquando da isenção de HT, daí que só a lei admita a isenção num círculo relativamente
limitado de situações, prevendo o direito a uma retribuição específica para o trabalhador
isento de horário (sendo mais uma ferramenta de flexibilidade temporal).
A isenção do HT é uma situação reversível, mas a sua cessação não está na inteira
disponibilidade do empregador. Quando o acordo de isenção for sujeito a um termo
resolutivo, não será possível a cessação antecipada do mesmo por decisão unilateral de
qualquer dos sujeitos; não existindo termo, apenas por novo acordo de ambas as partes se
poderá fazer cessar o regime de isenção.
Art. 221º/1 CT: sempre que o período de funcionamento ultrapasse os limites máximos do
PNT deverão ser organizados turnos de pessoal diferente.
Art. 222º CT: a lei revela preocupação com a salvaguarda da segurança e saúde destes
trabalhadores, mas não reconhece o direito a qualquer retribuição especial nestes casos
(não impede que tal seja previsto através de IRCT).
Art. 224º e 225º CT: a lei não se preocupa com proteção do trabalhador noturno
Art. 266º: prevê o pagamento de uma retribuição acrescida para quem preste esse tipo de
trabalho
Proteções discriminatórias:
Até há poucos anos, proibiam o trabalho noturno das mulheres nas indústrias, o que
reproduzia determinados estereótipos sociais. Tratava-se de uma medida tutelar suscetível
de produzir consideráveis efeitos perversos, pois dificultava o acesso ao emprego por parte
das mulheres, impedia-as de usufruir da remuneração acrescida conferida pelo trabalho
noturno. Foi a aplicação do direito comunitário, com o seu entendimento exigente do
princípio da igualdade e não discriminatório em função do sexo, que pôs cobro a este tipo
de normas discriminatoriamente tutelares.
Dentro do que é considerado TS, pode ser requerido pela EE dentro do âmbito do seu poder
de direção, independentemente do acordo com o trabalhador, a ordem de TS. O trabalhador
deve obedecer, no entanto, como isto desorganiza a vida do trabalhador, são limitadas as
circunstâncias em que EE pode dar ordem ao trabalhador, estando sujeita a limites diários e
anuais.
Art. 227º/1/2: Caráter excecional - por motos de distinta natureza a lei consagra o caráter de
certa forma excecional deste tipo de trabalho, sendo que o mesmo pode ser prestado em 2
tipos de situações:
1. quando a empresa tenha de fazer face a acréscimo eventual e transitório de trabalho
que não se justifique para tal a admissão de trabalhador (nº1 - critério de
necessidade)
2. em caso de força maior ou quando seja indispensável para prevenir ou reparar
prejuízo grave para a empresa ou para a sua viabilidade (nº2 - critério de
indispensabilidade)
Estas são as situações em que a lei admite o recurso ao TS, quer o mesmo seja
unilateralmente decidido pela EE, quer haja acordo do trabalhador no sentido de o prestar.
O simples acordo do trabalhador não basta para legitimar o recurso a este tipo de trabalho.
Art. 228º: limites máximos de duração do TS, diferenciando consoante o TS seja prestado ao
abrigo do nº1 ou do nº2 do art. 227º
Art. 231º: alvo de registo; existindo consequências remuneratórias na falta dele (nº5)
O TS prestado contra legem não isenta a EE dos efeitos correspondentes face ao trabalhador,
seja em matéria de descanso compensatório, seja em matéria de majoração remuneratória.
Art. 59º, 75º e 88º CT: é dispensada ou mesmo proibida a prestação de TS caso sejam
trabalhadoras grávidas, trabalhadores com filhos com idade inferior a 12 meses, menores ou
trabalhadores com deficiência ou doença crónica.
Efeitos:
Produz 2 tipos de efeitos jurídicos, dependentes do nº de horas de trabalho prestado por dia
e da circunstância de esse trabalho ser executado em dia normal de trabalho ou em dia de
descanso ou feriado:
1. Art. 229º e 230º: descanso compensatório remunerado (pode não ocorrer) - antes
existia sempre; agora quando o trabalhador presta TS no dia de descanso semanal
obrigatório, domingo deixa de ser o dia de descanso semanal.
2. Art. 268º/2: só será exigível o pagamento de TS “cuja prestação tenha sido prévia e
expressamente determinada, ou realizada de modo a não ser previsível a oposição
do empregador”
O trabalhador não goza de qualquer “direito a prestar trabalho suplementar”, mesmo contra
a vontade do empregador, em ordem a majorar a sua retribuição no final do mês…
16.5. Feriados
Feriados são dias que se comemoram determinados acontecimentos com projeção nacional.
Em regra, paralisação da prestação laboral, na sequência do encerramento/suspensão da
laboração da empresa.
Art. 236º/1: “nos dias considerados como feriado obrigatório, têm de encerrar ou suspender
a laboração todas as atividades que não sejam permitidas aos domingos”; daí que os
trabalhadores fiquem exonerados do dever de prestar trabalho.
Art. 269º/1: “ o trabalhador tem direito à retribuição correspondente a feriado, sem que o
empregador a possa compensar com trabalho suplementar”
Nota: o trabalhador que preste trabalho em dia feriado, em empresa não obrigada a
suspender o funcionamento nesse dia, terá direito, ou a gozar descanso compensatório com
duração de metade do nº de horas prestadas, ou a acréscimo de 50% da retribuição
correspondente. Mas a opção caberá ao empregador nos termos do art. 269º/2 CT. Trata-se
de uma obrigação alternativa (art. 543º CC).
Regime:
- feriados obrigatórios: 236º/1 (com as possibilidades do 234º/2 e 3) e Retribuição
(269º)
- feriados facultativos: 235º/1/2 e retribuição (269º)
- Os termos do problema
Nem todos os trabalhadores podem ser isentos de HT, mas aqueles que exercem certo tipo
de funções; e o recurso ao TS apenas é lícito quando se verificarem os requisitos de
necessidade ou indispensabilidade na esfera da empresa, sendo que o trabalhador poderá
desobrigar-se da respetiva prestação se invocar e provar motivos atendíveis para a sua
dispensa.
O homem é um ser pluridimensional e multifacetado, que não deve reduzir-se, nem pode
ser reduzido, à sua condição de trabalhador, ao mero plano profissional. Nos últimos anos,
com o advento e com o incremento das NTIC (Novas Tecnologias de Informação e
Comunicação) surgiu um novo desafio para o DT. As NTIC possibilitam que o trabalho
acompanhe o trabalhador fora do espaço/tempo profissional, invadindo o seu tempo de
autodisponilidade. Um dos principais efeitos destes fenómenos consiste na diluição das
tradicionais fronteiras entre vida profissional e vida pessoal.
Agora em muitos casos o trabalho pode facilmente acompanhar o trabalhador, seja quando
for e onde quer que este se encontre. Surge um “novo direito”, o chamado “direito à
desconexão profissional”. A desconexão surge como o efeito natural da limitação da jornada
de trabalho, isto é, do balizamento do tempo de trabalho através da definição do HT de cada
trabalhador. O tempo de trabalho é assim limitado (PNT) e delimitado (HT) pelas normas
jurídico-laborais.
O trabalhador deve ser deixado em paz pelo empregador. O empregador tem a obrigação de
não perturbar e de não incomodar. Sobre a empresa recai o “dever de não conexão
profissional” fora da jornada de trabalho.
Art. 29º CT: uma situação de “bombardeamento” permanente do trabalhador, com e-mails,
perguntas constantes, mensagens diversas sempre urgentes, pedidos de elaboração de
relatórios sempre inadiáveis, etc., não deixa de poder redundar numa prática de assédio,
prevista e proibida.
“O ser humano não existe apenas para o trabalho, mas sim o trabalho para o ser humano.”
- A resposta do legislador
“O empregador tem o dever de se abster de contactar o trabalhador no período de
descanso, ressalvadas as situações de força maior”.
Destacamos os seguintes pontos:
1. o dever patronal de se abster de contactar o trabalhador, no período de descanso
deste
2. o dever de abstenção recairá sobre o empregador, mas também sobre os superiores
hierárquicos do trabalhador (art. 128º/2)
3. a lei não estabelece qualquer dever de abstenção de contacto por parte dos demais
companheiros de trabalho do trabalhador
4. a violação do dever de abstenção de contacto por parte do empregador implicará
responsabilidade no plano contraordenacional (nº3), o que convoca a Autoridade
para as Condições de Trabalho a atuar nesta matéria
5. tal violação deve ser tida como assédio, com as inerentes consequências jurídicas
(art. 29º CT)
6. há uma hipótese do empregador violar o dever de abstenção de contacto e de o
trabalhador ignorar o contacto efetuado pelo empregador “fora de horas” e de vir a
ser alvo de um tratamento menos favorável (art. 199º-A, nº2), estaremos perante
uma prática discriminatória
7. o legislador qualifica como discriminatória a conduta do empregador que
desfavoreça o trabalhador que tenha resistido à violação de tal dever de abstenção
de contacto
8. situações de força maior, situações previstas no art. 227º/2, em matéria de trabalho
suplementar
9. o dever de abstenção é reafirmado pelo legislador em sede de teletrabalho (art.
169º-B)
10. permite o recurso à isenção de HT em relação a toda e qualquer espécie de
teletrabalhador (art. 218º/1/c) CT) - se bem que o acordo escrito para a prestação de
teletrabalho deva conter e definir o HT (art. 166º/4/d) CT); a modalidade supletiva de
isenção de HT é a que dispensa o respeito dos limites máximos do PNT (art. 219º CT)
11. nada impede o empregador de contactar o trabalhador no seu período descanso, se
tal se traduzir numa ordem de prestação de TS
12. a norma proíbe o contacto patronal, não carecendo aquele dever, para ser
desrespeitado, de que o contacto efetuado exija ou solicite uma qualquer reação ou
resposta imediata por parte do trabalhador
13. o Direito pode e deve contrariar práticas que ameaçam os valores fundamentais da
sociedade, o direito pode afinal estimular uma contracultura em matéria de
desconexão
Art. 237º/4 CT: sua finalidade exala nas regras do seu regime: periodicidade,
irrenunciabilidade, duração, marcação, violação (246.º CT), proibição do exercício de outra
atividade (247.º CT)... As férias analisam-se num tempo de recuperação de energias e por
outro num tempo da autodisponibilidade do trabalhador-pessoa-cidadão.
Art. 237º CT: nº1 - o trabalhador tem direito a um período de férias retribuídas que em regra
se vence em 1 de janeiro; nº2 - o direito a férias reporta-se ao trabalho prestado no ano civil
anterior, mas não está condicionado à assiduidade ou efetividade de serviço.
Art. 3º/3/h e 3º/4 CT: pode ser aumentado por IRCT ou CT, estabelecendo majorações a esse
período legal
O subsídio de férias será então composto pela retribuição base e outras prestações
retributivas que sejam contrapartida do modo específico da execução do trabalho,
correspondentes à duração mínima das férias.
Outras prestações retributivas serão por exemplo os subsídios por trabalho noturno ou em
regime de turnos, subsídios de risco, de isolamento, de toxicidade,...
nº4: Prevê-se um regime especial para empresas ligadas ao turismo, cujos empregadores só
estarão obrigados a marcar 25% do período de férias dos trabalhadores entre 1 de maio e 31
de outubro. Os restantes 75% poderão ser marcados para qualquer outra época do ano, por
decisão unilateral do empregador.
nº6: Os períodos de férias mais pretendidos devem ser rateados, sempre que possível,
beneficiando alternadamente os trabalhadores em função dos períodos gozados nos 2 anos
anteriores…
nº7: … tendo os cônjuges e as pessoas que vivam em união de facto ou economia comum,
que laborem na mesma empresa, direito a gozar férias simultaneamente, salvo se houver
prejuízo grave para a empresa.
nº8: Só pode ser interpolado se houver acordo entre trabalhador e empregador e desde que
sejam gozados, no mínimo, 10 dias úteis consecutivos. (princípio da continuidade das férias)
nº9: O mapa de férias deve ser elaborado até 15/04 e afixado entre 15/04 até 31/10.
Se o trabalhador está doente, ele não está capaz de usufruir do período de férias, logo tem
direito a que as suas férias sejam reagendadas. Pode ser que não seja possível reagendá-las
até ao final do ano civil, por exemplo, por causa de uma doença prolongada e não regressa
até ao final do ano. Se não for viável remarcar as férias até ao final do ano civil seguinte,
poderá receber uma retribuição correspondente ao subsídio. Há quem entenda que este
regime não está de acordo com o direito comunitário, pois muitos dizem que o impedimento
por doença não devia causar constrangimentos.
nº2 - no caso do ano civil terminar antes de decorrido o prazo referido no número anterior,
as férias são gozadas até 30 de junho do ano subsequente
Exemplo: trabalhador admitido no dia 1 de agosto - ele tem direito a 10 dias úteis de férias
(5x2=10), mas como o respetivo gozo só pode ter lugar após 6 meses de execução do
contrato, as mesmas transitam para o ano seguinte. Pelo que o trabalhador poderia
desfrutar de um período de 10 + 22 = 32, o que não é possível.
nº3 - não pode resultar o gozo no mesmo ano civil de mais de 30 dias úteis de férias.
nº6 - este regime e estas regras são aplicáveis no ano em que termina o impedimento
prolongado do trabalhador iniciado em ano anterior.
Art. 244º/3 CT: Este impedimento prolongado só tem de ser reprovado se passar de um ano
para outro, ou seja, se um trabalhador tiver impedimento prolongado (mais de um mês),
mas se não afetar o ano civil seguinte, as férias serão apenas remarcadas. Só há uma
alteração do regime das férias quando o impedimento prolongado passar de um ano para
outro. Se aquele impedimento tiver determinado a impossibilidade do gozo das férias já
vencidas, o trabalhador poderá ter direito à retribuição correspondente ao período de férias
não gozado ou ao gozo do mesmo até 30/04 do ano seguinte e, em qualquer caso, ao
respetivo subsídio.
Férias vencidas e não gozadas - Art. 245º/1/a): Retribuição de férias e subsídio de férias
Proporcional das férias em formação - Art. 245º/1/b): Retribuição de férias proporcional ao
tempo de serviço prestado no ano da cessação e Subsídio de férias proporcional ao tempo
de serviço prestado no ano da cessação.
Exceções:
Art. 245º/4 CT: se o contrato cessar após impedimento prolongado do trabalhador, ele terá
direito à retribuição e ao subsídio de férias correspondentes ao tempo de serviço prestado
no ano de início da suspensão. Exemplo: após o impedimento prolongado de 1/1 até 30/4
ele entra de baixa, fica dois anos de baixa e não chega a regressar ao serviço, porque se
reforma, então o período de trabalho que ele prestou naqueles 4 meses vai ser
recompensado.
Art. 245º/3 CT: Antes não havia nenhuma regra especial para os contratos que duravam
pouco tempo. Início no dia 01/10/2023 até 30/03/2024. Tinha direito a 30 dias úteis (12 -
por cada 1 mês de trabalho 2 dias úteis +22), e ainda tinha de pagar 1/12 avos, ou seja, era
injusto para a EE. Atualmente, se o contrato não chegar a durar 1 ano, ou se cessar no ano
seguinte em que teve início, tem direito à proporção. No fundo, manda atender a um critério
de proporcionalidade.
Art. 239º/4 CT: contratos de duração inferior a 6 meses, caso em que o trabalhador terá
direito a 2 dias úteis de férias por cada mês completo de duração do contrato a gozar antes
da cessação do mesmo (nº5).
Art. 247º/1: “o trabalhador não pode exercer durante as férias qualquer outra atividade
remunerada, salvo quando já a exerça cumulativamente ou o empregador o autorize”; As
férias surgem, na perspetiva da lei, não só como um direito do trabalhador perante o
empregador, mas também como um dever do trabalhador perante o empregador.
O trabalhador é uma pessoa que tem vida para além do trabalho, logo circunscreve um
conjunto de circunstâncias em que se considera lícita a ausência de assiduidade, ou seja, em
que não pode ser alvo de uma infração disciplinar, então aqui surge o regime de faltas.
Art. 248º/1 CT: Noção de faltas - “considera-se falta a ausência de trabalhador do local em
que devia desempenhar a atividade durante o PNT diário”. Isto pressupõe a conjugação de 2
elementos:
● elemento material - ausência física do local de trabalho
● elemento normativo - durante o período de trabalho devido
➔ Injustificadas
Art. 249º/3 - as restantes
O regime jurídico das faltas mostra-se mais duro na forma do que na substância. O
trabalhador tem de apresentar um motivo válido e a EE tem de o validar, sendo que é
importante que o trabalhador comunique a sua ausência. O trabalhador poderá faltar
devido a alguma daquelas situações, mas deve comunicar à EE que vai faltar com a devida
antecedência para que a EE possa reorganizar a sua atividade. Há situações em que é
impossível cumprir a antecedência, por exemplo, por doença. Quando não for possível uma
antecedência considerável deve comunicar-se assim que saiba da sua ausência. A EE pode
exigir prova do motivo que o trabalhador alega. Se ele não comunicar a sua ausência, a sua
falta é injustificada, por muito válido que seja o motivo.
Procedimento:
→ comunicação - art. 253º CT
→ prova - art. 254º CT
Art. 250º CT: as disposições legais relativas aos motivos justificativos de faltas e à sua
duração possuem um caráter absolutamente imperativo, não podendo ser afastadas por
IRCT.
As partes não podem conceder ao trabalhador a faculdade de tirar 1 dia por trimestre, para
tratar de assuntos pessoais ou direito a faltar no dia do seu aniversário. Tal cláusula será
nula. Mas não impede que o empregador autorize ou aprove essas faltas, o que as tornará
justificadas (art. 249º/2/k)).
Art. 256º/2 CT: numa tentativa de combate ao abstencionismo laboral assevera que a “falta
injustificada a um ou meio PNT diário, imediatamente anterior ou posterior a dia ou meio
dia de descanso ou a feriado, constitui infração grave.
Art. 256º/3 CT: aquela falta injustificada implicará a perda da retribuição correspondente aos
dias de descanso ou feriados imediatamente posteriores ao dia da falta.
Art. 258º/2 CT: em dinheiro ou em espécie, com as condições e limitações do art. 259º CT.
Art. 259º/1: 1ª parte - exige-se que as prestações não pecuniárias se destinem à satisfação
de necessidades pessoais do trabalhador ou da respetiva família; 2ª parte - não lhes
podendo ser atribuído valor superior ao corrente na região.
Art. 259º/2: não pode exceder a parte paga em dinheiro, salvo se outra coisa for
estabelecida em IRCT.
19.2. Qualificação
Art. 258º/3: estabelece a presunção (“presume-se constituir retribuição qualquer prestação
do empregador ao trabalhador”)
Esta política patronal é ditada pelas mais variadas razões, desde motivos de ordem fiscal até
ao intento de possibilitar ao empregador a supressão desta ou daquela atribuição
patrimonial, caso as circunstâncias assim o recomendem. Provando-se a existência de uma
dada prestação patrimonial efetuada pelo empregador ao trabalhador recairá, portanto,
sobre o empregador o ónus de demonstrar que não se verificam os elementos próprios e
caracterizadores da retribuição.
19.3. Modalidades
Art. 261º/1: pode ser certa, variável ou mista.
Retribuição mista - constituída por uma parte certa (calculada em função do tempo) e por
uma parte variável (calculada em função do rendimento).
● compromisso aceitável entre a necessidade de contribuir para a elevação dos níveis
de produtividade e a tutela de uma certa segurança para o trabalhador
Na hipótese de retribuição variável, o trabalhador não deixa de cumprir o contrato caso não
atinja os resultados pretendidos, mas o certo é que o seu inêxito acaba por se repercutir
negativamente em sede remuneratória.
19.4. Prestações complementares ou acessórias: a base de cálculo
Art. 262º/1: a base de cálculo de prestação complementar ou acessória é constituída pela
retribuição base e diuturnidades.
Composição:
❖ retribuição base (art. 262º/2/a)
❖ prestações complementares ou acessórias (ligadas a contingências especiais de
prestação laboral - a penosidade, o isolamento; aspetos particulares relativos ao
próprio trabalhador - a sua produtividade, antiguidade)
➢ Diuturnidades, subsídio de risco, retribuição de trabalho suplementar,
subsídio de férias, subsídio de Natal, etc
➢ Base de cálculo regra: 262.º/1 CT
Art. 274º CT: procura esclarecer sobre as prestações patrimoniais incluídas e as prestações
patrimoniais excluídas do conceito de retribuição, para efeitos do salário mínimo nacional.
O princípio não visa alcançar um igualitarismo extremo, mas sim a discriminação salarial, ou
seja, a diferenciação injustificada. O que aqui se proíbe são as práticas discriminatórias
(vertente negativa). Comporta também uma vertente positiva, reclamando a igualdade
substantiva de tratamento dos trabalhadores que prestam o mesmo tipo de trabalho
(trabalho igual ou de valor igual - art. 23º/1/c) e d) CT), aferido pelos critérios de
quantidade, natureza e qualidade, critérios objetivos. Proibição do arbítrio, proibição de
discriminação e obrigação de diferenciação.
Valor da retribuição horária (art. 271º CT): calculado multiplicando a retribuição mensal do
trabalhador por 12 (12 meses do ano) e dividindo o resultado pelo produto da multiplicação
do seu PNT semanal (40 horas por exemplo) por 52 (52 semanas no ano). Serve para calcular
determinadas prestações complementares ou para proceder ao correspondente desconto na
retribuição dos períodos de faltas injustificadas dadas pelo trabalhador.
A prescrição é uma forma de extinção de direito de crédito, na área dos direitos das
obrigações, direitos que deixam de ser judicialmente exigíveis, passando a obrigação civil a
obrigação natural.
Art. 303º CC: o tribunal não pode suprir a prescrição carecendo esta de ser invocada por
aquele a quem aproveita
Art. 304º CC: invocada a prescrição, o vínculo não se extingue, mas a sua juridicidade resulta
algo reduzida, pois a respetiva garantia limita-se ao obrigado não poder repetir o que haja
prestado, valendo a prestação como pagamento. O verdadeiro alcance do instituto
prescricional reside em tornar o cumprimento da obrigação inexigível ou incoercível.
Fundamentos:
A doutrina dominante aponta como fundamento a negligência do titular do direito em
exercê-lo durante o período de tempo indicado. Em todo o caso, o instituto da prescrição
filia-se sobretudo em razões de conveniência ou oportunidade, não sendo uma derivação da
ideia de justiça.
Curso da prescrição:
Art. 306º/1 CC: dá-se início quando o direito puder ser exercido, ou seja, é necessário que a
dívida seja exigível, que a obrigação vença.
Art. 318º a 322º CC: causas para a suspensão da prescrição; o início pode ser impedido por
diversos motivos.
Dá-se então uma suspensão do curso da prescrição enquanto vigorar o CT. A lei entendeu
não ser exigível ao trabalhador-credor que promova a efetivação do seu direito na vigência
do contrato, demandando judicialmente o empregador.
A cláusula contratual será tida como nula, por violar uma norma imperativa e será
substituída pela norma invalidante, nos moldes previstos no art. 121º/2 CT.
Então, renunciando o trabalhador ao direito conferido por uma norma inderrogável, o efeito
que se obtém traduz-se na desaplicação dessa mesma norma imperativa. Por exemplo, que
sentido tem a lei estabelecer um salário mínimo nacional (760 euros), sendo nula a
estipulação de um montante inferior (660 euros), se, entretanto, a lei permitir que aquele
trabalhador, a quem foi pago 660 euros por mês ao longo do contrato, puder abdicar
validamente de receber o montante em falta correspondente a 100 euros por mês?
Por regra, o empregador dispõe-se a pagar essas verbas, correspondentes, por exemplo, a
proporcionais de férias e de Natal, ao salário do último mês, a compensações devidas pela
própria extinção do contrato, mas sempre e só na condição do trabalhador emitir esse
remissão abdicativa. Se o trabalhador se recusar a assinar essa declaração não está
autorizado a processar o pagamento das verbas em causa, deixando o trabalhador numa
situação de extrema vulnerabilidade.
Visa contrariar uma prática empresarial que se foi implantando, que consiste em, aquando
da cessação do contrato, o trabalhador subscrever um qualquer documento através do qual
declara “renunciar a qualquer outro direito que tenha sobre a entidade empregadora”;
“nada mais ter a exigir da EE”, “estar pago de tudo quanto lhe era devido e abdicar de
qualquer outra importância”.
Esta nova norma torna nulas as declarações emitidas ou subscritas pelo trabalhador, através
das quais este renuncia a um crédito seu que sabe existir, que acredita existir ou mesmo cuja
existência duvida. Mas esta norma proibitiva possui limites, no que diz respeito ao seu
âmbito de aplicação. A lei ressalva a possibilidade de ocorrer uma remissão através de
transação judicial. Se o trabalhador resolver intentar uma ação judicial para reclamar
direitos de que ainda se considere titular, o que depois suceder, em tribunal, já está fora das
preocupações e do alcance da norma. (Art. 1248º/1 CC - noção de transação)
Com este novo nº3, não há dúvida que os créditos do trabalhador passam a constituir direito
irrenunciáveis. Ter atenção à presunção presente no art. 349º/5 CT, que em conjunto com o
nº3 representa um incentivo suplementar no sentido das entidades empregadoras
recorrerem à revogação do CT e não outras formas de cessação (despedimento). Em sede de
revogação, os seus interesses, no que diz respeito à extinção dos demais créditos do
trabalhador, são consideravelmente acautelados pela presunção vertida na lei.
Remissão ou quitação
A remissão da dívida consiste num negócio jurídico bilateral (art. 863º CC) pelo que:
1. pressupõe que o credor conhece o seu direito, tem consciência da sua existência,
sabe que ele ainda se encontra insatisfeito
2. pressupõe que o credor quer extinguir esse crédito, tem vontade de o abandonar, de
dele se demitir
A remissão postula uma verdadeira e própria declaração de vontade. Ao declarar nada mais
ter a exigir à EE, ele não pretender extinguir o seu crédito, ele julga que o seu crédito já se
encontra extinto. Não há a mínima intenção de renunciar o que quer que seja, logo não há
uma declaração de vontade.
Nota: no que toca às obrigações vencidas até à data de transmissão, a lei prevê que o
transmitente responderá solidariamente pelas mesmas, mas apenas durante os 2 anos
subsequentes à transmissão (285º/6).
Sem prejuízo das regras sobre a cessação do contrato (art. 334º CT) há certos casos em que
será impossível, para o transmitente, continuar a receber a prestação de trabalho, logo o
contrato caduca.
nº3 - o trabalhador que exerça o direito de oposição deve informar o empregador, por
escrito e dentro de determinado prazo
Art. 286º nº6 - prazo de 5 dias úteis após o termo do prazo para a designação da comissão
representativa prevista neste nº
Art. 285º nº7 - a transmissão da empresa só poder ter lugar decorridos 7 dias úteis após o
termo de qualquer daqueles prazos
O legislador emite sinais contraditórios: por um lado, obriga o trabalhador a fundamentar a
sua oposição, a dizer por que motivo se opõe à transmissão do seu contrato para o
adquirente; por outro, o legislador mostra-se generoso quanto aos motivos invocáveis.
O trabalhador poderá invocar essa transmissão para fazer cessar imediatamente o CT,
resolvendo-o com justa causa (394º/3/d) CT).
O CT consagra uma regra que proíbe ao empregador “ceder trabalhador para utilização de
terceiro”, mas a lei ressalva os casos no Código ou em IRCT (art. 129º/1/g) CT). A cedência
ocasional de trabalhador constitui mesmo uma vicissitude contratual prevista no arts. 288º a
293º CT.
Art. 289º/1 alíneas a) a d): Condições de admissibilidade limitada, são requisitos cumulativos
para que tal cedência seja admitida. Exige uma concordância por parte do trabalhador.
Art. 289º/2: embora a lei admita que os IRCT regulem as condições da cedência ocasional de
trabalhador, a lei não transige no tocante à necessidade do acordo do trabalhador (art.
289º/2)
Na cedência dá-se um negócio trilateral, em que existe 1 único contrato, celebrado entre os
3 sujeitos envolvidos, o cedente, o cedido e o cessionário.
Noção
A suspensão do CT consiste, segundo Jorge Leite, “na coexistência temporária da
subsistência do vínculo contratual com a paralisação de algum ou alguns dos principais
direitos e deveres dele emergentes”.
É também uma figura que pretende proteger o devedor (por vezes, o próprio empregador)
de situações em que ele, transitoriamente, também se encontra incapaz de cumprir o
contrato/de realizar a prestação laboral.
A figura da suspensão é laboralizada, sendo a sua função específica em cédula laboral, faz
com que a figura da suspensão que temos no contrato de trabalho, embora tenha raízes
civilistas, possua especificidades.
Efeitos
Art. 295º CT
● nº1 - Manutenção dos direitos, deveres e garantias das partes que não
pressuponham a efetiva prestação e trabalho
Os deveres de assiduidade, obediência ou diligência ficam paralisados durante a suspensão,
mas o dever de lealdade mantém-se. O poder de direção patronal fica suspenso, mas o
poder disciplinar mantém-se ao dispor do empregador. A retribuição vai depender do tipo
de suspensão contratual em causa.
O trabalhador só responde pelo não cumprimento se, podendo fazê-lo, não quis realizar a
prestação ou se, encontrando-se impedido, quis um tal resultado e a ele aderiu, tem de
haver um mínimo de intencionalidade.
- Prisão do trabalhador
A prisão do trabalhador determinará a suspensão do seu CT? Tratando-se de prisão
preventiva, o contrato não poderá deixar de se considerar suspenso. No entanto, há quem
entenda, que havendo uma sentença transitada em julgado o contrato não se suspenderá (é
imputável ao trabalhador). Por outro lado, há quem defenda que depende do tipo de crime
cometido, a duração da pena, etc. O cumprimento de pena de prisão traduz-se num
impedimento involuntário de prestar trabalho, logo a prisão, desde que cumpridos os
requisitos do art. 296º/1, determinará a suspensão do vínculo jurídico-laboral. (também
pode ser despedimento com justa causa)
Art. 296º/5 CT
Visa proteger outros direitos fundamentais. Se o contrato não ficasse suspenso tais DF só
muito dificilmente poderiam ser exercidos pelo trabalhador.
- exercício de cargos públicos ou o desempenho de funções em associações sindicais
(art. 468º/8 CT)
- licença parental ou as previstas na lei em sede de proteção da parentalidade (art. 33º
e ss. CT)
- direito à greve (art. 536º CT); não será suspenso se for greve ilícita, em que a
ausência do trabalhador será tida como falta injustificada (art 541º)
Art. 323º/3 CT /Art. 294º/3 CT: A falta de pagamento pontual da retribuição confere ao
trabalhador a faculdade de suspender o contrato.
Esta suspensão da prestação de trabalho por iniciativa do trabalhador, com base na falta de
pagamento da retribuição (art. 325º/2 CT), consiste numa modalidade atípica de suspensão
contratual. Esta é uma adaptação da figura da exceção do não cumprimento do contrato
(art. 428º/1 CC) ao âmbito jurídico-laboral.
Neste caso, há presunção de pagamento de subsídio de desemprego pela SS (se estiverem
cumpridos os requisitos), daí a opção de suspender o contrato de trabalho, de modo a ter
alguma fonte de vencimento.
Este regime especial de exceção de não cumprimento do contrato adotado no caso de falta
de pagamento da retribuição, justifica-se pela interdependência entre as respetivas
obrigações, o que significa que não sendo uma delas cumprida, a outra também não será
(meio defensivo e provisório).
Art. 395º/1/2 CT: O atual CT vem dificultar ao trabalhador a utilização dos 2 meios (primeiro
suspender e depois matar o vínculo laboral), pois o prazo para resolução do contrato
esgotar-se-á rapidamente (após 90 dias da dívida patronal).
Art. 298º/1 CT: motivos para suspensão neste caso - o empregador poderá suspender os CT
por motivos de mercado, estruturais ou tecnológicos, catástrofes, entre outros, desde que a
suspensão seja indispensável para assegurar a viabilidade da empresa e a manutenção dos
postos de trabalho.
Procedimento
1. Comunicação (art. 299º) - o empregador deverá comunicar a sua intenção de
suspender a prestação do trabalho à estrutura representativa dos trabalhadores ou a
cada trabalhador a abranger, disponibilizando, para consulta, os documentos em que
suporta a alegação de situação de crise empresarial, de natureza contabilística e
financeira
2. Fase de informações e negociações entre as partes (com vista à obtenção de um
acordo) - Art. 300º
Duração
Previamente definida, não superior a 6 meses (o prazo pode ser de 1 ano, em caso de
catástrofe ou outra ocorrência que tenha afetado gravemente a atividade normal da
empresa), prazo que poderá ser prorrogado por mais 6 meses, mediante decisão escrita e
fundamentada do empregador (art. 301º)
Direitos do trabalhador
Art. 305º/1/a) CT: direito “a auferir mensalmente um montante mínimo igual a 2/3 da sua
retribuição normal ilíquida, ou o valor da retribuição mínima mensal garantida
correspondente ao seu PNT, consoante o que for mais elevado”; assim garantindo ao
trabalhador um rendimento equivalente à retribuição mínima garantida ou a 2/3 da
remuneração que ele auferia normalmente
Art. 305º/3 CT: o limite máximo será o triplo da retribuição mínima mensal garantida
Obrigações do empregador
Art. 303º/1:
● efetuar pontualmente o pagamento da compensação retributiva e das contribuições
da SS
● não distribuir lucros nem aumentar as remunerações dos titulares dos corpos sociais
● não admitir novos trabalhadores nem renovar contratos a termo para postos de
trabalho suscetíveis de ser ocupados por trabalhadores afetados pela suspensão
● não pode fazer cessar os contratos dos trabalhadores abrangidos pela medida, salvo
no caso de comissão de serviço, de caducidade de contrato a termo ou de
despedimento com justa causa (Art. 303º/2)
A decisão de suspender os contratos, com a inerente redução dos custos salariais, emanada
pelo empregador, não depende de qualquer autorização administrativa. Para o empregador
os custos reduzem-se por dupla via:
- a compensação retributiva a pagar ao trabalhador será de montante inferior à sua
retribuição normal
- a segurança social comparticipa nessa compensação retributiva suportando 70% da
mesma, cabendo os restantes 30% ao empregador (Art. 305º/4)
Não basta que ocorra uma crise grave na empresa é necessário que o lay-off seja
instrumento adequado para assegurar a recuperação da mesma, caso contrário o ministério
pode pôr termo à suspensão dos contratos caso se registe alguma das hipóteses previstas
nas alíneas do art. 307º/2. O art. 307º/1 estabelece ainda que o empregador deverá
informar trimestralmente os trabalhadores da evolução das razões que justificam o recurso à
suspensão da prestação de trabalho.
Art. 298º/2: o empregador pode optar por uma medida menos gravosa como a redução dos
períodos normais de trabalho.
nº2: do valor da retribuição no caso de suspensão retiramos o que ele receba por uma
atividade paralela que ele exerce devido à sua primeira atividade estar encerrada; isto acaba
por desincentivar fortemente o trabalhador suspenso de se dedicar a uma outra atividade
produtiva.
Art. 298º a 308º CT: regime aplicado no crise empresarial grave, que ameaça a viabilidade da
empresa e a manutenção dos postos de trabalho
Art. 311º a 314º CT: encerramento temporário por facto imputável ao empregador
Art. 315º: no caso de encerramento definitivo
Art. 57º/4 CRP: não é lícito ao empregador promover unilateralmente o encerramento
temporário da empresa, pois tal seria lock-out
- Acordo de pré-reforma
O contrato é suspenso quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a 55 anos e
passando este a receber do empregador uma prestação pecuniária mensal (art. 318º CT). A
situação de pré-reforma pode não determinar a suspensão do contrato, mas antes a sua
modificação, através da redução do tempo de trabalho a prestar.
Art. 321º/1: um trabalhador em situação de pré-reforma poderá exercer outra atividade
profissional remunerada
Art. 320º/3 - a prestação de pré-reforma goza das garantias dos créditos do trabalhador,
emergentes do CT.
O despedimento consiste numa das formas de cessação do CT, numa rutura do vínculo
jurídico-laboral por iniciativa unilateral da EE e também num ato de violência do poder
privado.
Existindo ainda outras modalidades legalmente previstas tais como o despedimento coletivo,
despedimento por facto imputável ao trabalhador, despedimento por extinção do posto de
trabalho, despedimento por inadaptação,... (art. 114º CT). É certo que as formas de extinção
do CT são apenas as previstas na lei (imperatividade absoluta).
Art. 339º/1 CT: este regime não pode ser afastado por IRCT ou por CT individual
Art. 339º/2/3 CT: matérias dos critérios de definição de indemnizações ou a dos prazos de
procedimento e de aviso prévio, as quais poderão ser reguladas por IRCT.
A cessação do CT determina:
- o início do prazo de prescrição dos créditos emergentes do contrato, da sua violação
ou cessação (art. 337º CT)
- a extinção do poder disciplinar da EE (art. 98º CT)
- o dever de passagem do certificado de trabalho e de outros documentos destinados
a fins oficiais (art. 341º CT)
- o vencimento dos créditos em formação, seja relativos à retribuição mensal
correspondente aos dias de trabalho do mês em curso, seja relativo a férias e
subsídio na parte proporcional ao tempo de serviço no ano da cessação (art.
245º/1/b) CT), seja relativos a subsídio de Natal, proporcionalmente a tempo de
serviço no ano da cessação (art. 263º/2/b) CT)
Art. 346º/5 - Em qualquer destes casos, o CT caduca em virtude de um facto não imputável
ao trabalhador e este terá direito à compensação devida em caso de despedimento coletivo.
Art. 346º/4 - no caso das microempresas, as exigências procedimentais são dispensadas pela
nossa lei, requerendo-se que o trabalhador seja informado do respetivo encerramento com
uma determinada antecedência.
Art. 347.º---» Caducidade com o encerramento total e definitivo ou, antes, nos termos do
347.º/2 CT (com requisitos procedimentais e direito a compensação) - efeitos da declaração
judicial de insolvência do empregador, sendo que o destino dos CT depende das opçõe em
sede do processo de insolvência; possíveis opções:
i) recuperação/manutenção na pessoa do devedor - poderá implicar a cessação dos
CT de alguns dos trabalhadores da empresa, considerados dispensáveis, por decisão do
administrador da insolvência (347º/2)
ii) liquidação/encerramento definitivo - determinará a caducidade dos CT, devendo
seguir-se o procedimento do despedimento coletivo (art. 347º/3 CT)
iii) recuperação/transmissão para terceiro - a posição jurídica de empregador
transita para o adquirente da empresa insolvente (art. 285º CT)
Art. 348º/2 CT: este CT vai ficar sujeito ao regime do contrato a termo resolutivo, mas com
as “necessárias adaptações e as seguintes especificidades:
- é dispensada a redução do contrato a escrito
- o contrato vigora pelo prazo de 6 meses, renovando-se por períodos iguais e
sucessivos, sem sujeição a limites máximos
- a caducidade do contrato fica sujeita a aviso prévio de 60 ou 15 dias, consoante a
iniciativa pertença ao empregador ou ao trabalhador
- a caducidade não determina o pagamento de qualquer compensação ao trabalhador
Ao atingir 70 anos de idade, o CT não caduca apenas se transforma num contrato a prazo. É
uma forma de o legislador permitir que um trabalhador continua a desempenhar a sua
atividade laboral, concedendo ao empregador os mecanismos necessários para pôr fim
àquela ligação contratual.
21.4. Extinção por mútuo acordo (Revogação)
21.4.1. A cessação por acordo
Art. 349º/1 CT: a qualquer momento, em qualquer modalidade de CT, por qualquer razão,
sem necessidade de apresentação de qualquer motivo para a rutura, o empregador e o
trabalhador podem proceder à revogação bilateral do vínculo jurídico-laboral (distrate). Não
faria sentido manter um CT em vigor contra a vontade de ambos os contraentes.
O empregador não pode despedir o trabalhador quando entender pelas razões que
entender, existem significativas limitações, de índole substantiva e adjetiva, à rutura
contratual desencadeada pelo empregador, sendo que a violação destes requisitos poderão
ordenar à reintegração do trabalhador ilicitamente despedido.
Este despedimento negociado mostra que a revogação do contrato tende a funcionar como
verdadeira válvula de escape ao serviço do empregador.
A lei exige um documento escrito, ou seja, o acordo extintivo do contrato requer uma
solenidade superior àquela que é exigida pela própria celebração do CT (princípio do
consensualismo - art. 110º CT).
Os efeitos extintivos podem ser imediatos (coincidem com a data de celebração do distrate),
mas também poderão ser diferidos para um momento posterior (termo suspensivo).
Art. 349º/3: Com menção à data da celebração do acordo e à da produção dos seus efeitos e
ao prazo legal para o exercício do direito ao arrependimento.
Art. 349º/4: os efeitos previstos pelas partes não podem contrariar o disposto na lei
x- valor da compensação
y- salários em atraso
z- montante relativo a créditos de formação sucessiva, como férias ou subsídio de Natal
O trabalhador pensa que receberá x + y + z. No entanto, só vai receber, segundo o que a lei
presume x, pois este valor já engloba y e z.
É certo que:
i) a presunção legal só opera se as partes estabelecerem uma compensação
pecuniária de natureza global, pelo que nada as impede das esclarecer que a compensação
será de x, sem prejuízo dos crédito y
ii) a própria natureza global da compensação não se presume, pelo que, se as partes
especificarem o título ao abrigo do qual o montante acordado será pago, já à referida
compensação não poderá ser atribuída uma natureza global
iii) o trabalhador apanhado de surpresa pela presunção legal pode lançar mão do
direito potestativo presente no art. 350º CT
Art. 350º CT: concede ao trabalhador o direito potestativo de fazer cessar os efeitos do
acordo revogatório
Razões:
1. tenta garantir que o trabalhador não se precipite, que ele pondere devidamente
sobre as consequências do acordo revogatório, gozando de um prazo razoável dentro
do qual se poderá arrepender e desfazer o acordo de cessação do CT
2. trata-se de uma resposta legislativa ao fenómeno do chamado “despedimento
dissimulado”, procura-se evitar a prática da dissimulação do despedimento sob a
aparência de um distrate extorquido ao trabalhador através da obrigatoriedade de
assinatura por este de um documento sem data, com conteúdo de um acordo
revogatório
Combate à fraude do empregador e garantia de ponderação para o trabalhador (350º/1)
Prazo: “até ao sétimo dia seguinte à data da respetiva celebração”, mediante comunicação
escrita dirigida à EE; no caso de não ser possível assegurar a receção desta comunicação
dentro do prazo, o trabalhador deverá remetê-la ao empregador, por carta registada com
aviso de receção no dia útil subsequente ao fim desse prazo (350º/1/2). Tem 7 dias
consecutivos + 1 dia útil, para exercer o direito ao arrependimento.
Art. 349º/3: no próprio doc. escrito deve constar a indicação do prazo dentro do qual o
trabalhador poder exercer esse direito. Assim, o prazo para o trabalhador exercer o seu
direito ao arrependimento é contado a partir do dia seguinte à data de produção de efeitos.
Art. 350º/3: A cessação dos efeitos do acordo revogatório implica a reposição em vigor do
CT, pelo que o trabalhador deve restituir ao empregador aquilo que este lhe tenha pago em
virtude da extinção do CT.
Art. 350º/4: O trabalhador não gozará do direito de fazer cessar os efeitos do acordo
revogatório caso este seja devidamente datado e as respetivas assinaturas sejam objeto de
reconhecimento notarial presencial.
Art. 138º CT: é considerado nulo qualquer acordo estabelecido entre empregadores que
proíba a admissão do trabalhador que a eles preste ou tenha prestado trabalho.
Art. 400º/1 CT: A lei prevê a comunicação com alguma antecedência, estabelecendo um
prazo de 30 ou 60 dias de aviso prévio, conforme tenha, respetivamente, até 2 ou mais de 2
anos de antiguidade.
Art. 47º CRP: princípio da demissão ad nutum: num ordenamento jurídico em que a
liberdade de trabalho e profissão é constitucionalmente reconhecida.
A morte do vínculo carece de pré-aviso. A lei obriga o trabalhador a anunciar essa morte
com uma certa antecedência, isto é, a lei procura garantir algum tempo de sobrevivência.
O aviso prévio funciona como um termo suspensivo aposto à denúncia do contrato, pelo que
enquanto decorrer o respetivo prazo a relação laboral mantém-se em vigor.
Arts. 241º/5 e 243º/3 CT: o empregador pode determinar que o gozo das férias do
trabalhador tenha lugar imediatamente antes da cessação do contrato.
Art. 137º
nº1: pacto de permanência, o trabalhador se obriga a não denunciar o CT por um período
não superior a 3 anos, como compensação ao empregador por despesas avultadas feitas
com a sua formação profissional
nº2: o trabalhador desobriga-se ao cumprimento do acordo mediante o pagamento do
montante correspondente às despesas nele referidas
SE:
-
a denúncia do contrato pelo trabalhador carece de obedecer a um determinado
aviso prévio (de 30 ou 60 dias)
- o trabalhador apenas poderá revogar a denúncia “até ao sétimo dia seguinte à data
em que a mesma chegar ao poder do empregador”
ENTÃO:
- isso significa que o empregador continua a ficar com o caminho livre para, aquando
da admissão do trabalhador, lhe extorquir uma declaração demissória sem data.
Ausência do trabalhador durante, pelo menos, 10 dias úteis seguidos, sem comunicação do
motivo/ausência → Presunção de abandono do trabalho (403.º/2)--»ilidível (n.º 4)
Nos casos de ausência prolongada sem notícias estabelece-se uma presunção juris tantum
de abandono de trabalho. Esta presunção verifica-se quando a ausência se prolongue com
10 dias úteis seguidos, “sem que o empregador saiba do motivo da ausência”:
i. a ilação de abandono extrai-se de uma ausência mínima de 10 dia úteis
consecutivos, pelo que os dias de descanso semanal intercorrentes, os dias de férias ou os
feriados não revelam para este efeito
ii. mais do que do motivo da ausência, basta, para evitar a presunção, que o
trabalhador comunique a ausência
Art. 403º/4: percebemos que a presunção é ilidida pelo trabalhador se este provar que a
comunicação da ausência só não foi expedida, ou só não foi conhecida ou cognoscível ao
empregador porque um qualquer acontecimento natural e ou uma qualquer ação alheia o
impediram. Será necessário que o trabalhador prove que, no caso concreto, agiu com
diligência própria de uma pessoa normal e que só por razões que lhe não foram imputáveis
se viu impedido de cumprir o seu dever de comunicar a ausência.
Art. 394º/2/3 CT: distinção entre duas espécies de justa causa de cessação do contrato por
iniciativa do trabalhador - a justa causa subjetiva (2) e objetiva (3).
Justa causa objetiva - Não está em causa a violação culposa dos direitos/garantias do
trabalhador, mas sim outras circunstâncias relevantes. Poderá consistir na prática de um ato
lícito pelo empregador, na prática de um ato ilícito mas não culposo deste ou mesmo em
circunstâncias alheias ao empregador e relacionadas com o próprio trabalhador.
Art. 394º/5: falta de pagamento pontual da retribuição, seja por justa causa objetiva ou
subjetiva de demissão consoante exista ou não culpa do empregador no incumprimento.
Art. 399º CT: não se provando tal justa causa, a resolução contratual será considerada ilícita,
conferindo ao empregador o direito a uma indemnização pelos prejuízos causados.
Resolução ilícita → Impugnação por ação judicial (398.º CT) → Em caso de inexistência de
justa causa---» indemnização 399.º---» 401.º CT
Se o trabalhador resolver o contrato, invocando justa causa, mas esta não se provar, ou se o
trabalhador denunciar o contrato, mas sem pré-avisar o empregador estamos perante uma
rutura contratual ilícita/irregular, parecendo que a indemnização a pagar ao empregador
deverá ser calculada nos mesmos moldes. O empregador terá direito a uma indemnização
“não inferior ao montante calculado nos termos do art. 401º CT”.
Despedimento
Modalidades de despedimento
Art. 351º/1 CT: noção de justa causa; «Constitui justa causa de despedimento o
comportamento culposo do trabalhador que, pela sua gravidade e consequências, torne
imediata e praticamente impossível a subsistência da relação de trabalho.
(ponderação--»351.º, n.º 3)
Elenco do art.º 351.º, n.º 2, CT: meramente exemplificativo; são exemplos que representam
«proposições jurídicas incompletas»
2. Despedimento coletivo
Art. 359º: Noção - envolve a cessação do contrato de trabalho de uma pluralidade de
trabalhadores (o número mínimo depende da dimensão da empresa), tendo por base o
encerramento de secção(ões) da empresa ou redução do n.º de trabalhadores determinada
por motivos de mercado, estruturais ou tecnológicos.
- Ação judicial
Art.º 387.º e 388.º
Ilicitude do despedimento
Causas gerais de ilicitude do despedimento (art. 381º):
- fundado em motivos discriminatórios
- fundado em motivo declarado improcedente
- inexistência de procedimento
- não solicitação do parecer da CITE (art. 63º/1) nos casos em que o mesmo é
obrigatório
- Reintegração do trabalhador
- Em certos casos, poderá ser substituída por uma indemnização
Reintegração:
- Art.º 391.º: Pode ser substituída, por opção do trabalhador, por uma «indemnização
de antiguidade»
- 15-45 dias de RB e diuturnidades/ano completo ou fração de antiguidade,
com o mínimo de 3 meses de RB e diuturnidades
- Art.º 392.º: Possibilidade de, em determinados casos, o empregador requerer ao
Tribunal que exclua a reintegração, substituindo-a pela «indemnização de
antiguidade»
- 30-60 dias de RB e diuturnidades/ano completo ou fração de antiguidade,
com o mínimo de 6 meses de RB e diuturnidade