Você está na página 1de 7

DIREITO DO TRABALHO I

PROFESSORA: RAQUEL CRISTINA PEREIRA DUARTE


ACADÊMICA: NATÁLIA BOSSLE DEMORI

PROVA PARCIAL

Conceito de TRABALHO: Pode ser definido como toda ação humana, realizada com
dispêndio de energia (física ou mental), acompanhada ou não de auxílio
instrumental, dirigida a um fim determinado, que produz efeitos no próprio agente
que realiza, a par de contribuir para transformar o mundo em que se vive.

Conceito de DIREITO DO TRABALHO: É o complexo de princípios, regras e


institutos jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações
normativamente especificadas, englobando, também, os institutos, regras e
princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e
tomadores de serviços, em especial de suas associações coletivas.

→ O grande objetivo do direito do trabalho é proteger o trabalhador, considerando que as


partes não estão em igualdade (sentimento protecionista).

NATUREZA JURÍDICA:

TEORIA DE DIREITO PÚBLICO: Os defensores da teoria do Direito Público


argumentam que, a livre manifestação da vontade das partes é substituída pela do
Estado que intervém na relação jurídica entre empregador e empregado, por meio
de leis cogentes e irrenunciáveis.
Direito do Trabalho é ramo de Direito Público, em face da indisponibilidade da maior
parte de suas normas, passíveis apenas de flexibilização através de negociação
coletiva com o sindicato, uma vez que o trabalhador individual é a parte mais fraca
no contrato, e o ordenamento jurídico trabalhista protege não apenas o trabalhador,
mas o próprio bem-estar social como um todo.

TEORIA DE DIREITO PRIVADO: Afirma que a origem do Direito de Trabalho


encontra-se no Direito Civil, nas locações de serviços. Esta teoria baseia-se no fato
de que os contratantes (empregador e empregado) são particulares.

TEORIA DE DIREITO MISTO: Os defensores desta teoria entendem, que na


verdade, o Direito do Trabalho é um complexo de normas públicas e privadas. As
normas de direito do trabalho são normas de jus congens, não podendo por isso as
partes, no contrato de trabalho, dispor de forma diferente do que nelas estiver
disposto. Norteado pelo interesse social, apesar de se destinar a reger as relações
entre patrões e empregados oriundas de contrato de trabalho, o direito do trabalho
não é ramo de direito privado, mas de direito misto.
TEORIA DE DIREITO SOCIAL: Defende a ideia de que o direito do trabalho tem por
finalidade proteger o hipossuficiente da relação jurídica típica, e assim, proteger a
maioria da população, preservando assim a sociedade.

CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO:

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO: Regula as relações individuais de trabalho,


por exemplo, o contrato de trabalho do empregado, o seguro desemprego, o
depósito do FGTS, entre outros.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO: Regula as relações coletivas de trabalho.


por exemplo, a organização sindical, as convenções e acordos coletivos.

→ NEGOCIAÇÕES COLETIVAS:
● Convenção coletiva: sindicato dos empregados e sindicato patronal; e
● Acordo coletivo: sindicato dos empregados e empresa.

FONTES DO DIREITO DO TRABALHO:

FONTES MATERIAIS: É o conjunto dos fenômenos políticos, econômicos, culturais


e sociais que contribuem para a formação da substância, da matéria do direito. No
Direito do Trabalho, por exemplo, um dos motivadores de seu surgimento foi a luta
de trabalhadores pela redução da jornada do trabalho. Temos como os principais
exemplos de fontes materiais, a greve de trabalhadores e as opressões populares
buscando melhorias de condições de serviços. Fatores que ocasionam o surgimento
das normas.
→ Toda fonte formal já foi uma fonte material, mas nem toda fonte material será um
dia formal.

FONTES FORMAIS: Formas de exteriorização do direito (positivo).


● HETERÔNOMAS: São as Impostas por agente externo, estabelecem
uma regra geral, abstrata e impessoal. São aquelas em que o Estado
participa ou interfere. Ex: CLT, tratados da OIT, sentenças judiciais,
etc.
● AUTÔNOMAS: São as pactuadas pelas partes, sem interferência de
um terceiro. Não há a necessidade de intervenção estatal para a
celebração das regras. Ex: Contrato, acordos e convenções coletivas.

Art. 8º da CLT - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de


disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência,
por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito,
principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes,
o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou
particular prevaleça sobre o interesse público.
Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho,
naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste.

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO:

Funções:
● Informativa: orientando o legislador na criação de uma lei nova;
● Interpretativa: orienta o juiz na aplicação de determinada norma nos casos
concretos; e
● Integrativa/normativa: orienta na resolução dos conflitos em ordem judicial.

PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO: Também denominado princípio da tutela, do


favorecimento ou do corretor das desigualdades.

Regras/subprincípios:
● IN DUBIO PRO OPERÁRIO: Na dúvida, favorece-se o empregado. Tendo
uma norma vários sentidos possíveis, o intérprete deverá sempre optar pelo
sentido mais favorável ao trabalhador. Ainda, inexistindo provas cabais no
processo, deve o juiz julgar em prol do empregado.
● APLICAÇÃO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL: havendo mais de uma norma
que rege sobre o mesmo assunto, o intérprete deve aplicar a mais favorável
ao trabalhador, salvo se houver norma hierárquica superior em contrário.
● PRESERVAÇÃO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA: havendo sucessão de
normas, o intérprete deve preservar a condição mais benéfica ao trabalhador,
ou seja, os direitos já adquiridos.

Alterações da Reforma Trabalhista:

Art. 8º § 3º - No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a


Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos
essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da
intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva.

Art. 611-A - A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência


sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre [...]

Art. 620 - As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre


prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho.

PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE: Os fatos preponderam sobre os


documentos, isto é, o intérprete sempre deve buscar a realidade dos fatos.
PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE: A natureza jurídica das demandas e
verbas trabalhistas é de ordem pública, visa a subsistência do empregado e da sua
família, sendo, portanto, irrenunciável. RENÚNCIA ≠ TRANSAÇÃO.

Alterações:

Art. 611-A

Art. 611-B - Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de


trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos [...]

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO: Em regra, a


relação de emprego gera uma expectativa mútua. De modo geral, o contrato é
contínuo, só havendo seu término mediante manifestação de vontade de uma das
partes. Exceções: contrato de experiência, temporário e por prazo determinado.

PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE SALARIAL: O salário não poderá ser


reduzido, salvo por convenção ou acordo coletivo.

Alteração:

Art. 444, Parágrafo único - A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo
aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma
eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de
empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal
igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.

RELAÇÃO DE TRABALHO X RELAÇÃO DE EMPREGO: Todo empregado é


trabalhador, mas nem todo trabalhador é empregado.

Relação de trabalho diz respeito a toda e qualquer atividade humana em que haja
prestação de trabalho, podendo a lei ficar a competência da Justiça do Trabalho
para dirimir os conflitos dela emergentes (Art. 114 CF/88), bem como estender
alguns direitos trabalhistas próprios dos empregados aos sujeitos figurantes desse
tipo de relação jurídica. Já a relação de emprego ocupa-se de um tipo específico
da atividade humana: o trabalho subordinado. Aqui o que importa é a relação
jurídica entre o empregado e o empregador, é o vínculo obrigacional que une,
reciprocamente, o trabalhador e o empresário, subordinando o primeiro às ordens
legítimas do segundo, através do contrato individual do trabalho.

EMPREGADO X EMPREGADOR
EMPREGADO: Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário.

REQUISITOS CUMULATIVOS:
S - Subordinação: Dever de obediência, sujeição às regras e regulamentos
determinados pelo empregador, desde que não sejam cláusulas abusivas.
H - Habitualidade: Necessidade permanente de prestação de serviço, o qual pode
se dar de forma contínua ou intermitente.
O - Onerosidade: Todo contrato de trabalho corresponde a uma contraprestação
creditada ao empregado em pecúnia ou in natura.
P - Pessoalidade: O contrato de emprego é pessoal em relação ao empregado, o
qual é contratado com fundamento em suas qualificações técnicas/intelectuais.
P - Pessoa física: Não existe empregado pessoa jurídica. Existe, no entanto, relação
contratual entre pessoas jurídicas, o qual é regulamentado pelo direito civil.

Empregado doméstico: Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que


presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade
não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2
(dois) dias por semana.

Requisitos:
- prestação de serviço não eventual (+2x por semana);
- finalidade não lucrativa do empregador;
- empregador somente pode ser pessoa física;
- no âmbito residencial.

Empregado rural/rurícola: Empregado rural é toda pessoa física que, em


propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a
empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.
Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou
jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter
permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de
empregados.

EMPREGADOR: Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,


assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação
pessoal de serviço.
REQUISITOS:
1) Pessoa Jurídica* (na realidade, pessoas físicas, grupos econômicos e entes
públicos também podem ser empregadores).
2) Assumir o risco da atividade econômica - ALTERIDADE: É vedado ao
empregador repassar eventual prejuízo a seus empregados, exceto se comprovado
que o empregado, dolosamente, deu causa ao dano.
3) Admite - Poder de escolha com base nas competências técnicas/intelectuais,
vedando-se a discriminação.
4) Assalaria - Empregador tem o dever de remunerar o serviço prestado.
5) Dirige a prestação pessoal de serviço - Trata-se do poder de direção do
empregador (subordinação inerente ao empregado).

PODER DE DIREÇÃO DO EMPREGADOR: É a faculdade atribuída ao empregador


de determinar o modo como a atividade do empregado, e decorrência do contrato
de trabalho, deve ser exercida. Resulta do interesse do empregador em organizar,
controlar e disciplinar o trabalho que remunera, destinado aos fins propostos pelo
seu empreendimento.

PODER DE ORGANIZAÇÃO: Cabe ao empregador organizar, regulamentar as


atividades a serem desenvolvidas em seu estabelecimento. Ex: carga horária.
PODER DE CONTROLE: Possibilidade de fiscalização das atividades organizadas
pelo empregador. Ex: controle de ponto, utilização de uniformes, etc.
PODER DISCIPLINAR: Possibilidade de aplicar sanções disciplinares aos
empregados que cometerem atos faltosos. Ex: advertência, suspensão e demissão.

GRUPO ECONÔMICO: É um instituto trabalhista que prevê a solidariedade das


empresas integrantes de um conglomerado empresarial aos créditos trabalhistas de
qualquer uma das empresas integrantes do grupo.

§ 2o Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração
de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem
grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes
da relação de emprego.
§ 3o Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo
necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado,
a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele
integrantes.

● Solidariedade ativa: Possibilidade de todas as empresas integrantes do grupo


econômico utilizarem a mão de obra do empregado em constituir um novo
contrato de trabalho.
● Solidariedade passiva: Responsabilidade de todas as empresas integrantes
do grupo arcarem com os débitos trabalhistas do empregado.

TRABALHADOR: Em sentido amplo, é toda pessoa física que utiliza sua energia de
pessoal em proveito próprio ou alheio, visando um resultado determinado,
econômico ou não.

TRABALHADOR AUTÔNOMO: Desenvolve sua atividade com organização própria,


iniciativa e discricionariedade, além da escolha do lugar, modo, do tempo e forma de
execução. Ele mesmo assume o risco da atividade. NÃO PODE TER
SUBORDINAÇÃO.
Sua principal característica é ausência de subordinação jurídica entre o trabalhador
e o tomador de seus serviços. Ex: profissionais liberais - médicos, engenheiros,
advogados (PROFISSIONAIS LIBERAIS: aqueles que têm certificação de nível
superior e um conselho que regulamenta/fiscaliza).

TRABALHADOR EVENTUAL: É aquele em que a pessoa física presta serviços


ocasionalmente, em caráter transitório, sem relação de emprego, a uma pessoa
física ou jurídica, com subordinação de curta duração. AUSÊNCIA DE
HABITUALIDADE. Ex: diaristas.

TRABALHADOR AVULSO: É o trabalhador subordinado atípico que, de forma


descontínua presta serviço essencial e complementar à atividade da empresa,
mas sem inserir-se na sua organização. É o trabalhador eventual que oferece sua
energia de trabalho, por curtos períodos de tempo, a distintos tomadores, sem se
fixar especificamente a nenhum deles. O que distingue o trabalhador avulso do
eventual é a necessária interferência do sindicato profissional ou do órgão
gestor da mão de obra (OGMO). DOUTRINA MAJORITÁRIA: Somente
trabalhadores da orla marítima.

Você também pode gostar