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P R O C E S S O
DIREITO E
DO T R A B A L H O
na medida certa
ARA CONCURSOS
P
2023
Capítulo 1
1. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 19ª ed. São Paulo: LTr, 2020, p. 49.
2. Ib. ibidem.
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DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO NA MEDIDA CERTA PARA CONCURSOS • Simone Soares Bernardes
1.2. Características
O Direito do Trabalho tem como principal característica a proteção ao empregado, que
se revela no regramento mínimo legal de proteção ao trabalhador. Sob a perspectiva do
Direito Coletivo do Trabalho, a maior característica desse ramo é a organização das entida-
des sindicais e a regulamentação das formas de solução de conflitos coletivos de trabalho.3
Conforme leciona GODINHO (2020) as características do Direito do Trabalho podem ser
classificadas em conformidade com os seguintes traços em comum: a) sua origem e evolução
histórica, tratando-se de ramo especializado e autônomo do Direito, oriundo do segmento
obrigacional civil; b) suas funções e atuação na comunidade circundante, tratando-se de
ramo jurídico que cumpre objetivos fortemente sociais, embora tenha também importantes
impactos econômicos, culturais e políticos; c) sua estrutura jurídica própria, tratando-se
de ramo composto essencialmente por normas imperativas (e não dispositivas), sendo de
sua essência a presença decisiva de princípios jurídicos.4
3. CASSAR, Vólia Bomfim. Resumo de Direito do Trabalho. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2018, p. 3.
4. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 19ª ed. São Paulo: LTr, 2020, p. 70-71.
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Capítulo 1 • TEORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO
aspectos: a) autonomia de jurisdição: se antes o órgão que tratava dos direitos trabalhistas
estava vinculado ao Poder Executivo, hoje temos uma organização judiciária especializada
e distinta da de outros ramos do direito; b) autonomia doutrinária/científica: possui prin-
cípios, fontes e particularidades exclusivas que não são comuns a outros ramos; c) auto-
nomia legislativa: embora ainda não se tenha um código, existe um compilado de normas
específicas e exclusivas; d) autonomia didática: possui cadeira própria nos cursos de Direito.
O Direito do Trabalho se divide em individual e coletivo. O Direito Individual do Tra-
balho tem como objeto o estudo das relações individuais de trabalho subordinado, man-
tidas por seus sujeitos (empregado e empregador), analisando os direitos e as obrigações
decorrentes do contrato de trabalho (ex. vínculo empregatício, jornada, etc). Já o Direito
Coletivo do Trabalho tem por base as relações coletivas de trabalho (grupos de empregados
e grupos de empregadores), os conflitos delas advindos e os órgãos que representam os
grupos respectivos (greve, sindicatos, conflitos coletivos). Além disso, o Direito Coletivo
do Trabalho abrange as normas jurídicas derivadas da solução dos conflitos coletivos e que
são fonte do próprio Direito do Trabalho (normas coletivas, negociação coletiva).
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DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO NA MEDIDA CERTA PARA CONCURSOS • Simone Soares Bernardes
(que produzirá mais fortes reflexos no Brasil em torno da década de 1990, recrudescendo
a partir de 2016/2017).5
No Brasil, o Direito do Trabalho foi influenciado por fatores externos (transformações
que ocorriam na Europa; crescente elaboração legislativa de proteção ao trabalhador em
muitos países; compromisso internacional assumido pelo Brasil ao ingressar na OIT, em
razão do Tratado de Versalhes (1919) e internos (movimento operário, surto industrial, po-
lítica trabalhista de Getúlio Vargas).
A primeira Constituição brasileira a trazer normas específicas de Direito do Trabalho
foi a Constituição de 1934, como influência do constitucionalismo social (inspirado nas
pioneiras constituições do México, de 1917, e de Weimar, de 1919).
A Constituição Federal de 1934, por exemplo, estabeleceu o salário mínimo, a isono-
mia salarial, a jornada de oito horas, a proteção do trabalho das mulheres e dos menores,
as férias remuneradas, a liberdade sindical, dentre outros direitos.
A partir da Constituição Federal de 1934, todas as demais constituições passaram a
ter normas trabalhistas.
Durante a fase intervencionista do Estado Novo e a égide da Constituição Federal de
1937 (corporativista, criando o sindicato único e proibindo o direito de greve), foi editado
o Decreto-Lei nº 5.452, em 1º de maio de 1943 (com vigência a partir de 10 de novem-
bro de 1943).
O Decreto-Lei nº 5.452/1943 aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que
corresponde a uma reunião sistemática de todas as leis trabalhistas esparsas existentes à
época. Não se trata de um Código Trabalhista porque não implementou direito novo.
Até a presente data, a CLT continua sendo a principal norma jurídica regente das rela-
ções de emprego, tendo sofrido severas alterações trazidas pela Lei da Reforma Trabalhista
(Lei nº 13.467/2017), que veio acompanhada de aplausos por parte de alguns e de críticas
fervorosas por outra parte da comunidade jurídica.
A Constituição de 1988 foi promulgada no período de redemocratização do país após
o fim da ditadura militar e sua primeira grande modificação consistiu na introdução dos
direitos sociais no título dos direitos e garantias fundamentais, especificadamente no ca-
pítulo dos direitos sociais. Assim, a CF/88 trouxe um modelo mais democrático de admi-
nistração dos conflitos sociais no país, valorizando o direito coletivo e introduzindo regras
que favorecem o caminho da normatização autônoma (regulamentação dos direitos pelos
próprios empregados e empregadores através da negociação coletiva).
5. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 19ª ed. São Paulo: LTr, 2020, p. 107.
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Capítulo 1 • TEORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO
6. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 19ª ed. São Paulo: LTr, 2020, p. 55-61.
7. CASSAR, Vólia Bomfim. Resumo de Direito do Trabalho. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2018, p. 3.
8. DELGADO, Mauricio Godinho. Capitalismo, Trabalho e Emprego: entre o paradigma da destruição e os
caminhos da reconstrução. 3. ed., rev. e ampl. São Paulo: LTr, 2017. p. 39.
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Também a partir dos anos de 1970, a nova corrente econômica, política e ideológica,
que acabou por se tornar hegemônica no mundo ocidental, conhecida pelo epíteto de ultra-
liberalismo (ou neoliberalismo), passou a propagar o primado do mercado privado na estru-
turação e funcionamento da economia e da sociedade, bem como a prevalência do capital
financeiro-especulativo, com a sujeição estatal e das políticas públicas a essa prevalência.
No final do século XX, despontou uma nova fase e processo de internacionalização das
economias nacionais vivenciado pelo sistema capitalista, conhecido como globalização,
globalismo, mundialização ou mundialismo. O que se vê, a partir desse instante, é um
processo de aprofundamento da internacionalização capitalista, mediante o qual as econo-
mias nacionais se integram de forma progressiva ao comércio mundial. Essa nova dinâmica
impõe competitividade entre todas as economias nacionais, diminuindo, assim, o peso da
soberania estatal no processo, de forma que os Estados se vêm pressionados a reduzir a
proteção social e a desmantelar as normas protetoras do trabalho como fatores que lhes
permitam competividade no mercado global, através da flexibilização e desregulamenta-
ção das normas trabalhistas. A globalização da economia e a ausência (ou diminuição)
de regulamentação social dos mercados, em suas diversas facetas; tudo têm produzido um
crescimento exponencial das desigualdades, da concentração da riqueza e, por sua vez, da
expansão da pobreza, da fome e da exploração.
Na virada do século XX para o século XXI, passa-se a vivenciar a era da chamada quarta
revolução tecnológica do capitalismo (ou Revolução 4.0), caracterizada como uma revolução
digital evidenciada em internet mais ubíqua e móvel, sensores menores e mais poderosos,
inteligência artificial e aprendizagem automática (aprendizagem de máquina ou machine
learning). Nesta nova revolução, desponta uma fusão de tecnologias em vários campos e a
interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos, cuja difusão é muito mais rápida
e ampla, fazendo com que essa revolução tenha impactos maiores e mais rápidos do que
os percebidos nas revoluções industriais anteriores.9
Dentro desse contexto é importante destacar dois importantes institutos: a flexibiliza-
ção e a desregulamentação trabalhista.
A flexibilização trabalhista corresponde à possibilidade jurídica, prevista em lei ou
norma coletiva, de diminuição da força imperativa das normas trabalhistas ou da ampli-
tude de seus efeitos.
A flexibilização trabalhista pode ser heterônoma, decorrente de permissivo constitu-
cional ou legal; ou, pode ser autônoma, prevista em instrumento normativo. No primeiro
caso, a flexibilização trabalhista tem como limite o disposto na Constituição da República,
uma vez que não é possível à norma legal afrontar normas constitucionais prevalecentes.
Já na flexibilização autônoma trabalhista, o limite é não só a Constituição, como também
o disposto na legislação heterônoma estatal e em normas de tratados e convenções inter-
nacionais ratificados.10
9. SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2016. p. 16-17.
10. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 19ª ed. São Paulo: LTr, 2020, p. 72.
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Capítulo 9
DIREITOS COLETIVOS
1. GENERALIDADES
Para a maioria, o direito coletivo do trabalho caracteriza uma subdivisão do Direito do
Trabalho, e não ramo autônomo da ciência do direito.
O Direito Coletivo do Trabalho regula a relação entre seres coletivos na seara traba-
lhista, considerada a sua atuação coletiva, realizada autonomamente ou através das res-
pectivas entidades sindicais.
2. PRINCÍPIOS
Apesar de o Direito Coletivo do Trabalho não se caracterizar como ramo autônomo, ele
possui princípios próprios, a seguir expostos.
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Capítulo 9 • DIREITOS COLETIVOS
A doutrina tem rebatido tal norma de forma veemente, sustentando sua inconstitucio-
nalidade por permitir a redução de direitos fundamentais do trabalhador, o que tem sede
constitucional.
Nesse sentido estão os Enunciados nº 27 e 28 da 2ª Jornada de Direito Material e Pro-
cessual do Trabalho, realizada pela Anamatra:
Ementa: ADEQUAÇÃO SETORIAL NEGOCIADA. I – Negociação coletiva. Limi-
tes. Adequação setorial negociada. As regras autônomas coletivas podem
prevalecer sobre o padrão geral heterônomo trabalhista, desde que imple-
mentem padrão setorial de direitos superior ao padrão geral heterônomo,
ou quando transacionam setorialmente parcelas e direitos trabalhistas de
indisponibilidade apenas relativa, respeitadas as normas de indisponibilida-
de absoluta. II – A “adequação setorial negociada” não autoriza a supres-
são ou redução de direitos “tout court”, cabendo às partes, nos termos do
artigo 611-A da CLT, com a redação dada pela lei 13.467/2017, justificar
a excepcionalidade da adequação e sua transitoriedade, bem como definir
as contrapartidas, com razoabilidade e de boa-fé, sendo inconstitucional o
disposto no parágrafo 2º do art. 611-a da CLT.
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DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO NA MEDIDA CERTA PARA CONCURSOS • Simone Soares Bernardes
de modo que a norma legal não pode se sobrepor a um direito fundamental estabelecido
constitucionalmente.
Segundo essa corrente doutrinária, o princípio em tela franqueia ao poder econômico
ampla margem de “negociação” para reduzir ou suprimir direitos dos trabalhadores, sem o
risco de ver-se submetido ao crivo do Poder Judiciário.
Sob outro prisma, é necessário destacar que, como um dos requisitos do negócio jurí-
dico é o objeto lícito, ressalta óbvio que os instrumentos coletivos negociados trabalhis-
tas, inclusive quanto ao conteúdo, precisam observar normas constitucionais e legais de
ordem pública.
Logo, o princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva não im-
pede, a rigor, a possibilidade de invalidação do acordo ou convenção coletiva pela Justi-
ça do Trabalho, quando desrespeitados os seus requisitos formais e materiais de validade.
O artigo 611-A, § 2º, da CLT, também introduzido pela Reforma Trabalhista, dispõe que
a inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção coletiva
ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do
negócio jurídico.
Existem entendimentos doutrinários no sentido de que uma redução de direito trabalhista
deve necessariamente ser acompanhado de uma contrapartida. Assim, hipoteticamente, o
aumento da jornada de 6h para 8h em regime de turno ininterrupto de revezamento deve-
ria ser acompanhada de algum benefício, como por exemplo, fornecimento de cesta básica.
Assim, o artigo 611-A, § 2º, da CLT teve a intenção clara de rechaçar esse entendimen-
to ao dispor que a inexistência de contrapartida específica e expressa no bojo da norma
coletiva não configura vício do negócio jurídico.
Isso significa dizer, com base no exemplo acima citado, que em hipótese alguma o juiz
poderia concluir pela nulidade da cláusula normativa que aumentou a jornada de 6h para
8h simplesmente pela ausência de contrapartida (no caso, fornecimento da cesta básica).
Em que pese não existir obrigatoriedade da contrapartida em norma coletiva, o artigo
611-A, § 4º da CLT determina que se houver cláusula compensatória para redução de direito
trabalhista em norma coletiva, esta deverá ser anulada em conjunto com a cláusula benéfica.
Assim, na hipótese de procedência de pedido formulado em ação anulatória de cláu-
sula de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, quando houver a cláusula
compensatória, esta deverá ser igualmente anulada, sem repetição do indébito.
Por fim, importante destacar o contido no artigo 611-A, § 5º da CLT que criou uma es-
pécie anômala de litisconsórcio necessário, obrigando o sindicato a figurar no polo passivo
da demanda judicial em que se postula a nulidade da cláusula normativa.
Dessa forma, os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo
de trabalho deverão participar, como litisconsortes necessários, em ação individual ou co-
letiva, que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos.
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Capítulo 9 • DIREITOS COLETIVOS
3.1. Sindicato
O sindicato atua na base da pirâmide, diretamente em contato com os trabalhadores.
É a entidade que detém a prioridade na negociação coletiva, e pode se auto-organizar,
independentemente de qualquer interferência estatal, observada apenas a regra da unicidade
(é permitido apenas um sindicato por categoria) e a limitação territorial mínima (município).
3.2. Federações
As Federações são consideradas entidades sindicais de segundo grau.
A base territorial equivale ao do estado federado.
É a associação de cinco ou mais sindicatos que tem como atividade maior coordenar
as atividades dos sindicatos a ela filiados.
As Federações além de coordenar as atividades os sindicatos associados têm como
atribuição celebrar acordos e negociações coletivas quando inexistir sindicato em deter-
minada base territorial.
3.3. Confederações
Também são consideradas entidades sindicais de segundo grau.
São associações de âmbito nacional composta de no mínimo três federações tendo
como objetivo organizá-las. Têm sede em Brasília.
Outro importante papel destas entidades é opinar sobre o registro de sindicatos e
federações.
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Capítulo 1
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3. FONTES
As fontes do direito do trabalho são os meios pelo qual nascem as normas jurídicas,
a origem das normas jurídicas.
Não há consenso doutrinário a respeito da classificação das fontes e, portanto, usarei
a mais didática, a meu ver.
Assim, as fontes podem ser classificadas da seguinte maneira:
I. materiais: Fatos relevantes (sociais, econômicos, políticos, etc.) que influenciam
o legislador na elaboração da norma;
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Capítulo 1 • TEORIA GERAL DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
cial e legislativo que culminou com a edição do ato; teleológico, em que se perquire o
objetivo de determinado dispositivo; lógico, busca a compreensão do significado da norma
com base em regras de raciocínio, objetivando evitar contradições e chegando-se a um re-
sultado coerente e, sistemático, insere o enunciado na totalidade do ordenamento jurídico,
evitando incongruência e permitindo a sistematicidade das normas jurídicas.
Esses métodos clássicos de interpretação têm sido questionados quando a norma a ser
interpretada é a Constituição Federal.
A doutrina mais atualizada defende que os direitos fundamentais possuem métodos
próprios, os quais não se destinam a interpretação das normas para fixar-lhe um sentido,
mas sim à sua concretização com intuito de tornar realidade a ideologia constitucional.
1. O pleno do TST fixou tese jurídica pela inaplicabilidade da referida multa no processo do trabalho:
“A multa coercitiva do artigo 523, parágrafo 1º do CPC (antigo artigo 475-J do CPC de 1973) não é
compatível com as normas vigentes da CLT por que se rege o processo do trabalho, ao qual não se
aplica” (Processo: IRR-1786-24.2015.5.04.0000).
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Capítulo 1 • TEORIA GERAL DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
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DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO NA MEDIDA CERTA PARA CONCURSOS • Simone Soares Bernardes
O teto das custas processuais (quatro vezes o limite máximo dos bene-
Art. 4º: Teto das custas pro-
fícios do RGPS) aplica-se apenas às decisões que fixem custas proferidas
cessuais (art. 789, caput)
a partir de 11/11/2017.
Art. 5º: Novas regras so- As novas regras concernentes aos honorários periciais, inclusive quanto
bre honorários periciais ao seu pagamento pelo beneficiário da justiça gratuita, aplicam-se so-
(art. 790-B) mente aos processos iniciados a partir de 11/11/2017.
Art. 6º: Honorários advo- As novas regras concernentes aos honorários advocatícios sucumbenciais,
catícios sucumbenciais inclusive quanto ao seu pagamento pelo beneficiário da justiça gratuita,
(art. 791-A) aplicam-se somente aos processos iniciados a partir de 11/11/2017.
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Capítulo 1 • TEORIA GERAL DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Art. 8º: Condenação por li- As sanções decorrentes da litigância de má-fé (multa, indenização por
tigância de má-fé prejuízos e despesas e honorários advocatícios) somente são aplicáveis
(art. 793-C, caput) às reclamações ajuizadas a partir de 11/11/2017.
Art. 12 (1): Indicação do va- A exigência dos novos requisitos da petição inicial somente é cabível em
lor dos pedidos (art. 840) relação aos processos iniciados a partir de 11/11/2017.
Art. 12 (3): Ausência da re- Recebimento da contestação e dos documentos quando presente apenas
clamada na audiência inau- o Advogado em audiência, estando ausente o preposto, aplica-se apenas
gural (art. 844, §5º) aos processos iniciados a partir de 11/11/2017.
Art. 14: Prazo comum para A previsão de obrigatoriamente o Juiz conceder prazo comum de oito dias
impugnação da liquida- para impugnação fundamentada da conta de liquidação aplica-se apenas
ção (art. 879, §2º) às liquidações de julgado iniciadas a partir de 11/11/2017.
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Capítulo 6
AÇÕES ESPECIAIS
1.1. Conceito
O inquérito para apuração de falta grave é uma ação específica de conhecimento, de
rito especial, de iniciativa exclusiva do empregador, destinada a promover o rompimento
do contrato de trabalho de determinados empregados portadores de estabilidade ou ga-
rantia de emprego.
1.2. Cabimento
O inquérito para apuração de falta grave é exigido para a rescisão contratual do:
a) empregado portador da estabilidade decenal (art. 494 da CLT);
b) dirigente sindical (art. 543, § 3º, da CLT, Súmula nº 197/STF e Súmula nº 379/
TST);
c) representante dos trabalhadores no Conselho Nacional da Previdência Social, titu-
lares e suplentes (art. 3º, § 7º, da Lei nº 8.213/91);
d) Diretor eleito de cooperativa de trabalho (art. 55 da Lei nº 5.764/71 - não inclui
membro suplente: OJ nº 253 da SDI-1/TST).
Há ainda posicionamento no sentido de aplicação para membros do conselho curador
do FGTS (TST; RR 258100-37.1995.5.02.0008).
É importante destacar que não há consenso doutrinário sobre as hipóteses de cabimento
do inquérito para apuração de falta grave, existindo corrente que defende sua aplicabilidade
apenas nas duas primeiras hipóteses anteriormente citadas.
A falta grave a ser apurada é aquela descrita no art. 493 da CLT, que dispõe que cons-
titui falta grave a prática de qualquer dos fatos a que se refere o art. 482 (hipóteses de
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DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO NA MEDIDA CERTA PARA CONCURSOS • Simone Soares Bernardes
justa causa), quando por sua repetição ou natureza representem séria violação dos deveres
e obrigações do empregado.
1.5. Procedimento
A petição inicial é por escrito e o processo é ajuizado perante a Vara do Trabalho.
O procedimento segue o rito ordinário, com a especificidade que a parte pode arrolar
até seis testemunhas (art. 821 da CLT).
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Capítulo 6 • AÇÕES ESPECIAIS
2.1. Conceito
O dissídio coletivo é ação ajuizada perante o Tribunal do Trabalho, cuja finalidade é
a resolução de conflitos no âmbito de categorias, seja profissional ou econômica, após a
frustração da tentativa de negociação (CLT, art. 616, parágrafo 2º. e art. 114, parágrafo
2º. CF/88).
2.2. Classificação
Os dissídios coletivos classificam-se em:
a) Natureza econômica: visam instituir normas e condições de trabalho;
b) Natureza jurídica: destinam-se à interpretação de cláusulas de normas coletivas
em geral;
c) Originários: quando inexistente sentença normativa anterior;
d) De revisão: quando destinado a reavaliar normas e condições de trabalho
preexistentes;
e) De declaração: sobre a paralisação do trabalhado decorrente de greve;
f) Mista: além de declarar a abusividade do movimento grevista, também criam no-
vas cláusulas que vigorarão entre as categorias.
2.3. Competência
A competência funcional para julgamento do dissídio é sempre do Tribunal Regional do
Trabalho (nunca da Vara do Trabalho), em cuja jurisdição tenha ocorrido o conflito (arts.
677 e 678 da CLT e art. 6º da Lei nº 7.701/88), salvo se a base territorial do sindicato
ultrapassar aquela que corresponde a de um Estado Federado.
Nesse caso, a competência originária será do Tribunal Superior do Trabalho (art. 702, I,
“b”, da CLT), por intermédio da SDC, conforme determina o art. 2º, I, “a”, da Lei nº 7.701.
2.4. Legitimidade
A legitimação originária ativa para propositura do dissídio coletivo é dos sindicatos
devidamente constituídos e registrados no Ministério do Trabalho.
Na ausência de sindicatos, a legitimidade ordinária é transferida para federação e, na
sua ausência, para confederação respectiva (legitimidade residual).
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