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Com colaboração de Rebeca de Vasconcelos Barbosa, Natália Laís Santos Pinto e Ionara Victoria Ahorn.
SUMÁRIO
Pode-se conceituar Direito do Trabalho como o ramo da ciência jurídica que estuda as relações jurídicas entre
os trabalhadores e os tomadores de seus serviços e, mais precisamente, entre empregados e empregadores.
É exatamente daí que se extrai a principal característica do Direito do Trabalho: a proteção do trabalhador (e,
notadamente, do trabalhador subordinado, que é o empregado, como será estudado adiante).
#RESUMINDO - O direito do trabalho é o conjunto de normas jurídicas envolvidas na relação laboral em sentido amplo,
aqui englobando o conceito genérico de trabalho.
Trabalho Emprego
- É o esforço humano realizada por meio de - É o vínculo estabelecido por quem comanda –
qualquer atividade física ou intelectual, visando gere – atua na gestão e quem executa a atividade
fazer, transformar ou obter algo; transformadora propriamente dita;
- Gratuita ou remunerada; - Sentido mais restrito;
- Sentido mais genérico. - Formalizado por contrato;
- Sempre remunerada.
2 – AUTONOMIA
*Pessoal, para sabermos se um ramo da ciência jurídica possui autonomia, é necessário analisarmos a
existência de determinadas características. São elas:
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo
(setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados
no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página
para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado
nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados.
• TEORIAS PRÓPRIAS: Há, no Direito do Trabalho, diversas teorias próprias, como as teorias
justrabalhistas de nulidades e de hierarquia das normas jurídicas.
• METODOLOGIA PRÓPRIA: O Direito do Trabalho tem métodos próprios de criação jurídica, como os
mecanismos de negociação coletiva que dão azo à criação de convenções e acordos coletivos de
trabalho.
• QUESTIONAMENTOS ESPECÍFICOS E PRÓPRIOS: O Direito do Trabalho é ramo da ciência jurídica
desenvolvido sob a ótica do empregado, tendo como um dos seus princípios basilares a proteção do
trabalhador.
A doutrina destaca que, desde a institucionalização do Direito do Trabalho, que ocorreu no século XX, não há
mais dúvidas sobre a autonomia desse ramo da ciência jurídica.
Desse modo, o Direito do Trabalho é autônomo, uma vez que possui princípios próprios e institutos peculiares,
como por exemplo, a sentença normativa, o dissídio coletivo, o princípio da irrenunciabilidade dos direitos, previsto
no art. 9º da CLT, o princípio da proteção, o princípio da norma mais favorável, dentre outros.
Destaca-se, todavia, que o Direito do Trabalho não é considerado disciplina estanque, ele possui relação de
interdependência com outros ramos do direito, possui princípios que lhe são próprios e institutos que lhe são
peculiares.
Assim, podemos dizer que o Direito do Trabalho não é independente, pois tem relação de interdependência
com outros ramos do direito, mas este fato não lhe retira a autonomia.
O direito do trabalho é autônomo, pois possui princípios e institutos próprios, embora utilize institutos de outros
ramos do direito, como direito constitucional e direito civil.
Para a maioria da doutrina, o Direito do Trabalho é subdividido em Direito Individual do Trabalho e Direito
Coletivo do Trabalho. O Direito Individual trata das relações entre empregado e empregador, consideradas
individualmente, ao passo que o Direito Coletivo trata das relações de um determinado grupo, classe ou categoria
abstratamente considerada, que se reúne basicamente através dos sindicatos.
Embora alguns defendam a autonomia do Direito Coletivo do Trabalho, não é esta a posição dominante.
#RESUMINDO - a discussão sobre a autonomia do direito do trabalho não encontra mais guarida na doutrina, dúvida
que pairou na fase de afirmação do aludido ramo, momento em que era inserido no campo do Direito das Obrigações,
não encontra mais espaço, visto que: a) possui campo temático específico; b) teorias próprias e c) metodologia
específica.
3 – *CONTEÚDO
O conteúdo do Direito do Trabalho é a relação de emprego. Todos os vínculos empregatícios são objeto do
Direito do Trabalho. É, portanto, o direito dos empregados.
#ATENÇÃO: Contudo, há algumas relações de trabalho sob as quais incide o Direito do Trabalho por força de lei,
como os portuário avulsos (art. 7º, XXXIV, CF).
4– *FUNÇÕES
O Ministro Maurício Godinho Delgado destaca diversas funções do Direito do Trabalho. São elas:
• Fim essencial: Melhoria das condições de pactuação da força de trabalho na ordem socioeconômica.
Esse escopo leva em consideração o ser coletivo obreiro, ou seja, a categoria de trabalhadores;
• Caráter modernizante e progressista do ponto de vista econômico e social (distribui renda, fortalece
o mercado interno e a economia, estimula o empregador a investir em capacitação, tecnologias etc);
• Função política conservadora (atribui legitimidade à relação de produção básica);
• Função civilizatória e democrática (proporciona inserção social de pessoas que não possuem riquezas
materiais acumulados e que vivem apenas do seu trabalho)
O Direito do Trabalho surgiu no século XIX, na época da Revolução Industrial e do capitalismo, no momento
em que se iniciou a exploração do trabalho livre e subordinado. Segundo Maurício Godinho Delgado, “a existência do
trabalho livre é pressuposto histórico-material do surgimento do trabalho subordinado”. Por isso, as relações
escravistas e servis, que pressupõem uma sujeição pessoal, são incompatíveis com o Direito do Trabalho.
Nessa toada, o Direito do Trabalho nasceu com o escopo de diminuir a desigualdade existente na relação
jurídico empregatícia, ou seja, entre capital e trabalho.
Maurício Godinho Delgado, ao tratar sobre a história do Direito do Trabalho, faz uma divisão da evolução nos
países capitalistas ocidentais e no Brasil. Vamos analisar cada uma delas!
Essa fase iniciou-se em 1848 e foi até o fim da Primeira Guerra Mundial, com a criação da OIT e a Constituição
de Weimar, em 1919.
Marco inicial: Manifesto Comunista de Marx, em 1848 + Movimento Cartista, na Inglaterra + Revolução de
1848, na França.
Nessa fase, houve o crescente reconhecimento, em distintos países europeus, do direito de livre associação
sindical dos trabalhadores.
- Conferência de Berlim, em 1890, a qual reuniu 14 Estados e que reconheceu formalmente a necessidade de
se regular o mercado de trabalho.
- Encíclica Rerum Novarum, editada pelo Papa Leão XIII, que significou uma manifestação oficial da Igreja
Católica sobre a necessidade de uma maior regulamentação das relações trabalhistas.
➢ BRASIL
Como a existência do trabalho livre é pressuposto para o surgimento do Direito do Trabalho, no Brasil, tal fase
iniciou-se apenas com a extinção da escravatura, em 1888, com a Lei Áurea.
Destaque: Lei Eloi Chaves, em 1923, a qual criou a caixa de aposentadoria e pensões para ferroviários e
estabilidade destes no emprego após 10 anos de serviço.
Obs: Essa fase do Direito do Trabalho sofreu uma pequena mudança entre 1934 e 1935, com a Constituição de
1934, democrática. Houve, inclusive, o pluralismo sindical. Contudo, não durou muito tempo. Logo após o Governo
Federal retomou o controle, com o estado de sítio, em 1935.
Após esse período a forte intervenção estatal voltou a ser aplicada, com intuito de eliminar a resistência do
governo existente em lideranças políticas e operárias. O modelo trabalhista implementado nessa época, como
mencionado, foi repressivo e controlador. Formou-se por meio de diversas ações estatais:
a) Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e instituição do Departamento Nacional do
Trabalho: visava-se a coordenação das ações institucionais;
b) Criação de estrutura sindical oficial, baseada no sindicato único submetido ao reconhecimento do Estado
(esse modelo foi intensificado com a Constituição de 1937 e pelo Decreto nº 1.402/1939, que
inviabilizaram a criação de sindicatos que não o sindicato oficial).
c) Criação de um sistema de solução de conflitos, iniciado pela criação, em 1932, das Comissões Mistas de
Conciliação e Julgamento, em que só poderiam demandar os empregados integrantes do sindicalismo
oficial; A CF/1937 referiu-se à Justiça do Trabalho, que veio a ser regulamentada por um Decreto-lei nº
1.237/1939, sendo instalada e passando a funcionar em 01/05/1941.
d) Legislação profissional e protetiva: Foi na década de 30 que teve início a edição de leis esparsas voltadas à
proteção do trabalhador, com a regulamentação do trabalho da mulher (Decreto nº 21.471/1932),
limitação de jornada de trabalho aos comerciários (Decreto nº 21.186/1932) e o estabelecimento de férias
para os bancários (Decreto nº 23.103/1933).
e) Por fim, surgiram ações voltadas a sufocar manifestações políticas ou operárias autonomistas ou
simplesmente adversas à estratégia oficial concebida.
O modelo de direto trabalhista foi compilado e ampliado, passando a ser disposto na Consolidação das Leis do
Trabalho em 1943.
A fase autoritária do Direito do Trabalho, nesse sentido, persistiu até 1988, com a Constituição Federal, que
promoveu a democratização do antigo modelo corporativista adotado no Brasil. Durante o período republicano de
1945 a 1964 e durante o regime militar implantado a partir de 1964, o modelo trabalhista construído na Era Vargas foi
mantido com poucas alterações, especialmente no âmbito sindical, diante da manutenção do sindicato único e da
intervenção estatal em seu funcionamento.
Com a Constituição da República de 1988, houve uma mudança de paradigma em relação ao Direito do
Trabalho no Brasil, buscando-se uma maior democratização desse ramo da ciência jurídica, embora não tenha ocorrido
ainda de forma plena.
Houve significativa tentativa de superação do modelo corporativista anterior, como a adoção do princípio da
autonomia sindical. Contudo, o texto constitucional ainda manteve algumas contradições antidemocráticas, como a
unicidade sindical (art. 8º, II, da CF/88). Houve, ainda, diversas alterações que aperfeiçoaram o avanço instaurado com
a Constituição Federal de 1988, como a EC nº 24/1999 e a EC nº 45/2004, que eliminou a representação corporativista
classista e reduziu o poder normativo da Justiça do Trabalho.
Segundo Henrique Correia, o Direito do Trabalho no Brasil tem como tendência a flexibilização das normas
trabalhistas, com a valorização do negociado sobre o legislado. Pode-se observar essa tendência nas decisões recentes
do STF em alguns temas, como a possibilidade de supressão das horas in itinere ou a quitação geral e irrestrita na
adesão ao PDV. Além disso, com a Reforma Trabalhista, restou estabelecido a prevalência de acordos e convenções
coletivas de trabalho em detrimento de dispositivos legais.
Por fim, o autor supracitado também ressalta que no dia 20/09/2019, foi promulgada a Lei nº 13.874/2019,
que instituiu a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica e estabeleceu garantias de liberdade de mercado. Essa
legislação modificou a redação de dispositivos da CLT com o intuito de desburocratizar as relações de trabalho,
especialmente no tocante às normas da CTPS e do registro de ponto.
Constituição de 1824:
Proibição das corporações de ofício.
Liberdade de exercício de profissão.
Constituição de 1891:
Reconheceu a liberdade de associação.
Constituição de 1934:
Previu a Justiça do Trabalho e direitos de natureza trabalhista.
Pluralismo sindical.
Primeira a tratar sobre ordem econômica e social.
Reconheceu convenções coletivas de trabalho.
Constituição de 1937:
Prevê que o trabalho é dever social. Influência do corporativismo italiano.
Ampla intervenção estatal nas relações trabalhistas.
Unicidade sindical.
Proibição da greve e do “lockout”.
Substituiu o termo “convenção coletiva de trabalho” por “contrato coletivo de trabalho”.
Constituição de 1946:
Democrática. Valorização do trabalho humano na ordem econômica.
Direito de greve foi reconhecido.
Assegurou a livre associação profissional ou sindical.
Reconhecimento da integração da Justiça do Trabalho aos quadros do Poder Judiciário.
Constituição de 1967:
Manteve direitos trabalhistas e passou a prever o FGTS.
Greve foi proibida nos serviços públicos e atividades essenciais.
EC 1/69: Manteve direitos trabalhistas.
Constituição de 1988:
Redemocratização do Direito do Trabalho.
Constituição social.
Liberdade sindical relativa.
DIPLOMA DISPOSITIVO
CLT Artigo 9º
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
• DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr Editora, 2014;
• DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr Editora, 2015;