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ESCOLA SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

3° ano Pós laboral

Cadeira: Direito do Trabalho

4° Grupo

Tema: Objecto do Direito do Trabalho

Docente: Dr Zita Guilande

Discente:

Codjita da Silva Nhancale

Luísa Fernando

Zefanias Filipe Sitoe

Celeste Mario Parruque

Dercio Alcandra

Maputo, Maio de 2022


Índice
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................1
1.1. Objectivo geral:....................................................................................................................2
1.2. Objectivos específicos:..................................................................................................2
1.3. Metodologia...................................................................................................................2
2. FUNDAMENTO TEÓRICO....................................................................................................3
2.1. Conceito de Direito do Trabalho..........................................................................................3
2.2. Breve historial sobre o surgimento do Direito do Trabalho.................................................4
2.3. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DO TRABALHO.....................................................5
2.3.1. Divisão do Direito do Trabalho........................................................................................5
2.3.2. Direito individual do trabalho...........................................................................................5
2.4. OBJECTO E NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO..........................6
2.4.1. Natureza Jurídica...............................................................................................................7
2.4.2. Funções.............................................................................................................................9
2.4.3. Autonomia.......................................................................................................................10
3. CONCLUSÃO........................................................................................................................12
3.1. Bibliografia.........................................................................................................................13
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objectivo o estudo do objecto do Direito do Trabalho. O Direito
do Trabalho confere um tratamento desigual entre os representantes do capital e do trabalho. O
trabalhador é considerado elemento frágil da relação laboral e o empregador o hipersuficiente.
Para compensar essa hipossuficiência no plano fático, a Lei concede ao empregado várias
prerrogativas (plano jurídico), inclusive com limitação da disposição dos seus direitos.

Portanto, além das características comuns aos demais ramos da ciência jurídica, o Direito do
Trabalho possui traços peculiares que o destaca dos demais. Dessa forma, pode-se dizer que o
Direito Laboral caracteriza-se pela proteção excessiva à pessoa do empregado, que é considerado
como hipossuficiente, com vistas a atingir os seus objectivos principais, que é a obtenção de
melhores condições de trabalho e a pacificação social, seja pela via legislativa estatal, seja por
intermédio das negociações colectivas de trabalho.

1
1.1. Objectivo geral:
 Analisar de forma esgotada o objecto do Direito do Trabalho.

1.2. Objectivos específicos:


 Definir em termos gerais o direito do trabalho;
 Identificar as principais Caraterísticas do Direito do Trabalho;
 Destacar exaustivamente os objecto e natureza do Direito do Trabalho.

1.3. Metodologia
Para efetivação deste trabalho, usou-se como metodologia a consulta bibliográfica em varias
obras que serviram como fonte de inspiração na elaboração deste trabalho. Esta consulta fez com
que releva-se mais qualidade de informação no desenvolvimento do trabalho, e de uma forma
minuciosa foram analisados os dados encontrados e apuradas as melhores informações como
produto final que resultou nesse trabalho, e usou se a internet para fazer uma reflexão condigna
das várias informações.

2
2. FUNDAMENTO TEÓRICO
2.1. Conceito de Direito do Trabalho

O Direito do Trabalho é o ramo do Direito composto por regras e princípios, sistematicamente


ordenados, que regulam a relação de trabalho subordinada entre empregado e empregador,
acompanhado de sanções para a hipótese de descumprimento dos seus comandos.

O Direito Laboral, como regra de conduta, observado pelo seu aspecto objectivo, tem como meta
principal a prevenção de conflitos derivados do confronto entre capital e trabalho para com isso
preservar a vida em sociedade e a consequente paz social.

Amauri Mascaro Nascimento, ao apresentar uma definição mista, ou seja, subjectiva e objectiva,
argumenta que:

Direito do Trabalho é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as


normas jurídicas que disciplinam as relações de trabalho subordinado,
determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção
desse trabalho, em sua estrutura e atividade.1

Na verdade, visto sob a teoria clássica, que deu origem ao Direito Laboral, esse ramo da ciência
jurídica preocupa-se, unicamente, com a relação de emprego subordinada. Escapa ao seu âmbito,
portanto, as demais relações de trabalho, como a prestação de serviços autônomos
(desenvolvidas principalmente pelos profissionais liberais, como advogados, médicos, dentistas,
engenheiros, dentre outros), relações derivadas do contrato de empreitada, de parceria
agropecuária etc.

Por isso é de grande importância a delimitação dos conceitos de empregado e empregador, pois o
Direito do Trabalho clássico restringe-se a fixar regras de condutas para esses actores sociais.

Actualmente, cresce o movimento no sentido de ampliar o raio de actuação do Direito do


Trabalho, para abranger as demais relações de trabalho, ou seja, aquelas relações envolvendo
algumas espécies de trabalhadores não subordinados. Isso porque, a cada dia que passa, diminui

1
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho:
relações individuais e coletivas do trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 176.
3
a quantidade de trabalhadores qualificados como empregados, devido ao fenômeno da
globalização e, consequentemente, da flexibilização das normas trabalhistas.

Na Itália, por exemplo, uma significativa parcela da legislação laboral atinge os trabalhadores
definidos como parassubordinados, categoria representada por aquelas pessoas que prestam
serviços em favor de outra, sem o elevado grau de subordinação jurídica que caracteriza a
relação empregatícia tradicional, mas não totalmente independentes.

2.2. Breve historial sobre o surgimento do Direito do Trabalho

O Direito do Trabalho é comummente considerado por alguns autores como um“ramo jurídico
jovem”1, pois, não obstante as “relações de trabalho serem tão antigas como as sociedades
humanas”2, a prestação de trabalho feita por um homem livre sob a orientação de outrem
começou a consolidar-se a partir do final do séc. XVIII com o advento da Revolução Industrial,
“só em finais do séc. XIX é que começou a regularizar-se a produção normativa na área
laboral”. CORDEIRO, António Menezes (1994.)
No Direito Romano da Antiguidade existia o trabalho subordinado, que era feito por um homem
livre sob a direcção de outrem, tal situação tida como “locatio condutio operarum” a troco de
“mercês” segundo a qual “uma pessoa se obrigava a prestar certa actividade a outra, sob
orientação desta”4. Para este autor a “locatio conductio operarum”, enquanto raiz do trabalho
subordinado, em Roma tinha de ser celebrado por homens livres e atinente a “actividades lícitas”
e o ordenado era permanente mesmo que na prática não houvesse trabalho pelo que “já nessa
altura o risco geral do contrato era do empregador ou conductor”. CURADO, Armando
Antunes (2007).
Por outro lado, autores há que asseveram que, no que tange ao Direito romano, “o trabalho era
assegurado essencialmente por escravos, que eram vistos como coisas, objecto do direito do
proprietário do seu dono”e que para estes autores é de questionar a importância do Direito
romano como fonte do moderno Direito do Trabalho. Todavia, “não deixou de coexistir
otrabalho realizado por escravos e aquele que era realizado por homens livres, os quais se
comprometiam por contrato a realização de uma determinada actividade para outrem”. A
prestação do trabalho em virtude de contrato era considerada no Direito Romano como uma
modalidade de locação em “sentido amplo (locatio)”, a qual se considerava poder tanto abranger
a concessão de uso de coisas como de pessoa, a troco de retribuição em dinheiro “(mercês”).
4
2.3. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DO TRABALHO

Além das características comuns aos demais ramos da ciência jurídica, o Direito do Trabalho
possui traços peculiares que o destaca dos demais. Dessa forma, pode-se dizer que o Direito
Laboral caracteriza-se pela proteção excessiva à pessoa do empregado, que é considerado como
hipossuficiente, com vistas a atingir os seus objectivos principais, que é a obtenção de melhores
condições de trabalho e a pacificação social, seja pela via legislativa estatal, seja por intermédio
das negociações colectivas de trabalho.

O Direito do Trabalho confere um tratamento desigual entre os representantes do capital e do


trabalho. O trabalhador é considerado elemento frágil da relação laboral e o empregador o
hipersuficiente. Para compensar essa hipossuficiência no plano fático, a Lei concede ao
empregado várias prerrogativas (plano jurídico), inclusive com limitação da disposição dos seus
direitos.

Conclui-se que a hipossuficiência do empregado na qual se funda a proteção atribuída pelo


ordenamento jurídico laboral é jurídica, uma vez que decorre da celebração de um contrato de
trabalho.

2.3.1. Divisão do Direito do Trabalho

O Direito Material do Trabalho é dividido em dois grandes grupos, a saber: Direito Individual
do Trabalho e Direito Coletivo do Trabalho. Existem autores2 que ainda decompõem o Direito
do Trabalho em: Direito Internacional do Trabalho, Direito Administrativo do Trabalho, Direito
Penal do Trabalho e Direito Previdenciário.

2.3.2. Direito individual do trabalho

De forma geral, o Direito regulamenta relações intersubjetivas. Por uma questão de divisão e
sistematização da ciência do direito, cada um dos seus ramos cuida de determinada espécie de
relação intersubjetiva.

Existe uma relação específica que se estabelece entre o prestador de serviços e outra pessoa que
dirige, assalaria e aproveita do resultado da força de trabalho do obreiro. Essa relação é
2
Nesse sentido: GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Élson. Curso de direito do trabalho. 9. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1984. p. 16.
5
caracterizada pelo estado de subordinação jurídica ao qual o operário fica submetido em razão da
celebração de um contrato de trabalho. O empregado transfere para o empregador o resultado do
seu esforço físico e mental. Essa relação é regulada pelo Direito Individual do Trabalho.

O Direito Individual do Trabalho é, portanto, o ramo do Direito Privado formado pelo conjunto
de regras e princípios que regulam a relação entre empregado e empregador individualmente
considerados, além de conter sanções para a hipótese do descumprimento de suas determinações.

2.3.3. Direito colectivo do trabalho

Ao lado das relações individuais que se processam entre trabalhadores e empregadores, existem
as relações colectivas de trabalho, que recebe essa denominação, porque o ente colectivo
(geralmente o sindicato) representa os interesses de determinado grupo de pessoas, quais sejam,
os empregados e os empregadores, considerados em conjunto e não individualmente.

O Direito Coletivo do Trabalho é, dessa forma, o ramo integrante do Direito privado que institui
regras e princípios destinados a regulamentar a atividade dos entes coletivos representativos dos
empregados (sindicato da categoria profissional) e dos empregadores (sindicato da categoria
econômica), com o objectivo de evitar o surgimento de conflitos e de traçar diretrizes para a
fixação de normas profissionais pelos próprios interessados.

De acordo com as palavras de Cesarino Júnior, Direito Coletivo do Trabalho é aquele composto
por “leis sociais que consideram os empregados e empregadores colectivamente reunidos,
principalmente na forma de entidades sindicais”.3

2.4. OBJECTO E NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO

O objeto do Direito do trabalho é o trabalho subordinado que se constitui como uma actividade
humana, livre (exclui-se o trabalho forçado como por exemplo, trabalho comunitário que
substitui a pena de prião), produtiva, exercida por conta de outrem e de e forma retribuída
(prestação onerosa).

SÜSSEKIND, Arnaldo, (2000). define trabalho subordinado como o correspondente à prestação


de uma actividade, a qual é retribuída e em proveito de outra pessoa, que a organiza e se constitui

3
CESARINO JÚNIOR, Antônio Ferreira. Direito social. São Paulo: LTr, 1980. p. 52.
6
como autoridade da mesma. Portanto, decorre a liberdade subjacente ao objeto do contrato de
trabalho visto que este diz respeito à liberdade de escolha de profissão.

Principio da liberdade contratual ou autonomia privada: as partes podem fixar livremente o


conteúdo dos contratos desde que o façam dentro dos limites que a lei impõe. O trabalho
gratuito é excluído do objeto do Direito do Trabalho devido ao facto de a retribuição ser um
elemento essencial/fundamental do contrato de trabalho.

No entanto nem todo o trabalho subordinado é objeto do DT, quando uma das partes é o Estado o
qual se reveste de ius imperii, estamos assim a lidar com função pública (Lei Geral do Trabalho
em Funções Púbicas).

Em suma o Direito do Trabalho regula apenas relações jurídicas de natureza privada de trabalho,
as quais se prestam de forma livre e retribuída, em proveito de outrem e sob sua autoridade e
direção ao que chamamos de subordinação jurídica.

2.4.1. Natureza Jurídica

A questão da natureza jurídica do Direito do Trabalho provoca, até hoje, calorosos debates.
Observe-se que a própria dicotomia do Direito, em público e privado, já é fonte de discussões
calorosas após a definição apresentada por Ulpiano, segundo a qual publicum ius est quod ad
statum rei romanae spectato, privatum quod ad singulorum itilitatem.

Por natureza jurídica do Direito do Trabalho entende-se a sua inserção em um dos grupos acima
mencionados. É importante salientar, contudo, que a natureza jurídica de determinado ramo do
Direito varia de acordo com a época e com a organização do poder político adotado por cada
Estado.

Em que pese o Direito do Trabalho ser formado, em sua maioria, por normas de interesse
público, tal característica não implica reconhecer o caráter público do referido ramo do Direito.4

A tese de reconhecer o caráter público no Direito do Trabalho não resiste a uma análise mais
profunda. O Direito de Família, por exemplo, apesar de ser norteado por diversas regras de
ordem pública, jamais perdeu o seu caráter de Direito privado.
4
Miguel Reale classifica como público, o Direito do Trabalho (REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 22
ed. Saraiva: São Paulo, 1995. p. 345/346).
7
Amauri Mascaro atribui à divisão do Direito em público e privado a um critério meramente
ideológico e assevera que o Direito do Trabalho pertence a este último:

Se admitirmos a validade metodológica da distinção entre direito público e


privado, o direito do trabalho seria ramo do direito privado, porque não vincula
cidadão ao Estado; regula interesses imediatos dos particulares; é pluricêntrico,
emanando de fontes internacionais, estatais e não estatais; tanto a convenção
colectiva do trabalho como o contrato individual do trabalho não se
desvincularam do âmbito do direito privado.5

Na verdade, a divisão do Direito em público e privado varia de acordo com o ponto de vista do
jurista. Para uns, Direito público é aquele que cuida da relação entre particulares e o Estado
investido do ius imperii. Para outros, Direito público é aquele formado por normas de ordem
pública. Ao aderir à primeira teoria, é forçoso concluir que o Direito do Trabalho é ramo do
Direito privado, pois cuida da relação entre particulares, qual seja, relação entre o empregado e o
empregador.

Essa é a corrente doutrinária dominante, defendida por Maurício Godinho Delgado, Gustavo
Filipe Barbosa Garcia, Vólia Bomfim, Sérgio Pinto, Luciano Martinez, Amauri Mascaro, dentre
outros:

Apesar de sua natureza privada, é um direito regulamentado por lei, isto é, com
cláusulas legais mínimas, porém isto não o descaracteriza como de natureza
privada. Ora, alguns outros ramos do Direito também têm cláusulas mínimas
estipuladas por lei, demonstrando um dirigismo estatal, uma intervenção do
Estado nas relações particulares e privadas: direito do consumidor, direito de
família, planos médicos, seguros etc.6

Saliente-se que ainda existem outras correntes que afastam a classificação tradicional do Direito,
incluindo o Direito do Trabalho em uma terceira categoria: direito social, direito misto ou direito
unitário.

5
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho:
relações individuais e coletivas do trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 227.
6
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 2 ed. Niterói: Impetus, 2008. p. 11.
8
2.4.2. Funções

Em qualquer grupo social existem regras de conduta. Ao conjunto dessas regras atribui-se a
denominação de Direito, também formado por princípios que, juntamente com as primeiras, são
sistematicamente organizados.

Se o Direito constitui pressuposto para a vida em sociedade, infere-se que sua função primordial
é prevenir e solucionar os conflitos entre os membros de um grupo social:

Existe o Direito porque o homem procura ordenar a sua coexistência com


outros homens pautando-a por meio de determinadas normas por ele
dispostas no sentido de evitar um conflito de interesses e realizar um ideal
de justiça. O Direito é um instrumento de realização da paz e da ordem

9
social, mas também se destina a cumprir outras finalidades, entre as quais
o bem individual e o progresso da humanidade.7

No âmbito do Direito Laboral, por suas características que lhe são peculiares, observa-se que sua
função primeira é evitar o eterno conflito entre os detentores do capital e os trabalhadores.
Pretende-se chegar a esse objetivo por meio do estabelecimento de melhores condições de
trabalho para os empregados, com a eliminação ou redução da exploração do homem pelo
homem, notadamente para os empregados hipossuficientes.

Denomina-se de hipossuficiente, porque o trabalhador encontra-se em uma posição de


inferioridade, no plano fático, em face do empregador, que detém o poder de comando e direção
da sua atividade.

O Direito do Trabalho também se aplica em relação ao trabalhador hipersuficiente, mas com


menos intensidade, pois se admite, em certos casos, a prevalência da sua autonomia da vontade
em relação a alguns direitos trabalhistas.

Não menos importante, entretanto, são as demais funções do Direito Laboral, que estão previstas,
inclusive, no preâmbulo da Constituição da Organização Internacional do Trabalho, quais sejam
as de promover: a paz social permanente; as condições de liberdade e dignidade do trabalhador; a
igualdade de condições.

2.4.3. Autonomia

O Direito do Trabalho adquiriu status de autonomia após o reconhecimento e consolidação da


existência de regras, princípios e institutos próprios que o diferenciava dos demais ramos do
Direito, o que ocorreu com a edição, em vários países, de códigos e consolidações do trabalho e
outros diplomas legais similares.

Originou-se do Direito Civil, mais precisamente da parte que regulava as locações de serviços.
Após o advento da questão social, o Direito do Trabalho destacou-se do Direito Comum, em face
da sua incompatibilidade com alguns os princípios deste último.

7
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho:
relações individuais e coletivas do trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 221.
10
O Direito Civil refletia, basicamente, os princípios derivados do liberalismo, como a autonomia
da vontade privada. Já as normas que regulamentavam a relação de trabalho sofriam sérias
restrições no que diz respeito ao mencionado instituto.

Por conta disso, surgiu, progressivamente, um corpo de leis mais ou menos homogêneas que
propiciou a solidificação do Direito Laboral, formado por regras, princípios e institutos
peculiares. Em alguns países, esse conglomerado de normas jurídicas ensejou a codificação e, em
outros, uma consolidação de leis.

O resumo histórico relatado revela a existência de uma autonomia legal do Direito do Trabalho.
Contudo, para o reconhecimento da autonomia de um ramo do Direito é necessário a conjugação
de outros fatores, como a autonomia científica, didática e judicial. Uma Consolidação de leis
constitui o estágio intermediário entre uma compilação de leis e a codificação. A autonomia
científica também se encontra presente nesse ramo específico do Direito. Com efeito, vários
doutrinadores preocupam-se com o estudo do Direito do Trabalho e produzem obras científicas
com esse conteúdo e formam, atualmente, um acervo considerável.

A autonomia didática é constatada por meio da presença de uma cadeira específica nos cursos de
Graduação em Direito, para qual são dedicados dois ou três semestres para o estudo do Direito
do Trabalho e, em alguns casos, para o Direito Coletivo do Trabalho.

Por fim, a autonomia judiciária serve para confirmar a total independência do Direito do
Trabalho, com a existência de uma Justiça Especializada na solução dos conflitos trabalhistas,
pelo menos em alguns países.

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3. CONCLUSÃO

Em suma, constatou-se que além das características comuns aos demais ramos da ciência
jurídica, o Direito do Trabalho possui traços peculiares que o destaca dos demais. Dessa forma,
pode-se dizer que o Direito Laboral caracteriza-se pela proteção excessiva à pessoa do
empregado, que é considerado como hipossuficiente, com vistas a atingir os seus objectivos
principais, que é a obtenção de melhores condições de trabalho e a pacificação social, seja pela
via legislativa estatal, seja por intermédio das negociações colectivas de trabalho.

O Direito do Trabalho confere um tratamento desigual entre os representantes do capital e do


trabalho. O trabalhador é considerado elemento frágil da relação laboral e o empregador o
hipersuficiente. Para compensar essa hipossuficiência no plano fático, a Lei concede ao
empregado várias prerrogativas (plano jurídico), inclusive com limitação da disposição dos seus
direitos. Conclui-se que a hipossuficiência do empregado na qual se funda a proteção atribuída
pelo ordenamento jurídico laboral é jurídica, uma vez que decorre da celebração de um contrato
de trabalho.

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3.1. Bibliografia

ARANHA, Maria Lúcia Arruda;e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à
filosofia. São Paulo: Moderna, 1992. p. 4.

CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 2 ed. Niterói: Impetus, 2008. p. 11.

CESARINO JÚNIOR, Antônio Ferreira. Direito social. São Paulo: LTr, 1980. p. 52.

CORDEIRO, António Menezes (1994.) Manual de direito do trabalho. Coimbra:Almedina.

GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Élson. Curso de direito do trabalho. 9. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1984. p. 16.

Miguel Reale classifica como público, o Direito do Trabalho (REALE, Miguel. Lições
preliminares de direito. 22 ed. Saraiva: São Paulo, 1995. p. 345/346).

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p.
176.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p.
227.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p.
221.

SÜSSEKIND, Arnaldo, et all. Instituições de direito do trabalho. 19. ed. atual. São Paulo: LTr,
2000. p. 112-113.

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