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Legislação e Normas Técnicas

JULIANE GUARNIERI DE OLIVEIRA


Especialista em Direito do Trabalho
Especialista em Direito Processual Civil
Advogada
Contexto histórico
Liberdade de trabalho

O trabalho humano é o alicerce da civilização.


Possuir um trabalho é fator de dignidade para o ser
humano.

“O trabalho dignifica o homem”.

Porém, nem sempre foi assim …

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Fases históricas do Direito do Trabalho no
Mundo

4 FASES PRINCIPAIS
na evolução do Direito do Trabalho:

- Formação (1802 a 1848)


- Intensificação (1848 a 1890)
- Consolidação (1890 a 1919)
- Autonomia (1919 até o final do século XX)

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 Liberalismo: manifestações incipientes ou esparsas (1802-
1848) ou período de formação

- Peel´s Act (1802), diploma legal inglês voltado a fixar certas


restrições à utilização do trabalho de menores
- Leis de caráter humanitário, de construção assistemática

As Leis editadas durante este período visavam basicamente


reduzir a violência brutal da superexploração empresarial
sobre mulheres e menores, concedendo um maior caráter
humanitário as relações de trabalho.

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 Sistematização e consolidação (1848-
1919)

- Manifesto Comunista (1848),


- Movimento de massas denominado cartista, na
Inglaterra
- Revolução de 1848, na França (primeiro movimento
coletivo típico, feito pelos seguimentos dominados).
- Criação do Ministério do Trabalho.
- Conferência de Berlim (1890) - tenta estabelecer regras
mínimas para o trabalho.

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 Autonomia - Institucionalização do Direito do
Trabalho (de 1919 até o fim do século XX.)

- Término da Primeira Guerra Mundial -Constitucionalismo


Social - inclusão de dispositivos pertinentes à defesa de
interesses sociais, inclusive garantindo direitos trabalhistas,
nas Constituições.

- Marco inicial - criação da OIT 1919 –Tratado


de Versalles - Constituições do México e
da Constituição de Weimar - Alemanha em 1919, trazendo
em seu bojo os direitos trabalhistas.
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 Crise e transição do Direito do Trabalho
(1979/1980 em diante)

- Crise do petróleo (1973/1974), com a crescente


inflação, desemprego e acentuada concorrência
interempresarial
- Agravamento de déficit fiscal do estado, colocando
em questão seu papel de provedor de políticas sociais
- Revolução tecnológica, um processo de profunda
renovação tecnológica, captaneada pela
microeletrônica, robotização e microinformática

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Fases históricas do Direito do
Trabalho no Brasil

 Apenas a contar da extinção da escravatura (1888)


é que se pode iniciar uma pesquisa consistente
sobre a formação e consolidação histórica do
Direito do trabalho no Brasil.

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 Manifestações incipientes ou esparsas (1888-
1930)

Surgem alguns diplomas trabalhistas, ainda de


forma dispersa:

- derroga-se a tipificação da greve como ilícito penal


- cria-se o “banco de operários”
- concessão de férias de 15 dias aos ferroviários
- em 1923 a Lei Eloy Chaves, instituindo as caixas de
aposentadorias e pensões aos ferroviários, etc.

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 Institucionalização do Direito do trabalho
(1930-1945-1988)

- Intensa atividade administrativa e legislativa do Estado


- Estado largamente intervencionista
- Criou-se o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (1930)
e o Departamento Nacional do Trabalho (1931), a Justiça do
Trabalho (1939).
- Política oficial tendente a implantar um modelo trabalhista
corporativista e autocrático
- CLT (Decreto 5.452 de 01/05/1943)
- Modelo fechado, centralizado e compacto, caracterizado ainda
por incomparável capacidade de resistência e duração ao longo do
tempo.
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 Crise e transição do Direito do Trabalho
(1988 em diante)

- Constituinte de 1987/1988 e na resultante


Constituição de 1988.
- Constituição de 1988 representa verdadeira transição
democrática do Direito do Trabalho.

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Tendências atuais do Direito do
Trabalho
 Flexibilização

Interna: atinge a ordenação do trabalho na empresa, compreende a mobilidade


funcional e geográfica, a modificação substancial das condições de trabalho, do tempo
de trabalho, da suspensão do contrato e da remuneração – Ex: regime de tempo
parcial (art. 58-A, CLT), suspensão do contrato (art. 476-A, CLT). Por fim, a Lei
13467/2017.

Externa: diz respeito ao ingresso do trabalhador na empresa, às modalidades de


contratação, de duração do contrato, de dissolução do contrato, como também a
descentralização com recurso à formas de gestão de mão-de-obra, subcontratos,
empresa de trabalho temporário, etc. – Ex: contratos determinados (Lei 9.601/98),
terceirização (Lei 13.429/17, antiga súmula 331, TST), trabalho temporário (Lei
6.019/74), FGTS, etc.
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Ordenamento Jurídico

“Ordenamento jurídico é o complexo de princípios, regras e


institutos regulatórios da vida social em determinado Estado ou
entidade supranacional. É a ordem jurídica imperante em
determinado território e vida social”
(Mauricio Godinho Delgado)

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Fontes do Direito

“Por „fonte do direito‟ designamos os processos ou meios em virtude dos


quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é,
com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa. O direito
resulta de um complexo de fatores que a Filosofia e a Sociologia estudam,
mas se manifesta, como ordenação vigente e eficaz, através de certas
formas, diríamos mesmo de certas fôrmas, ou estruturas normativas, que são o
processo legislativo, os usos e costumes jurídicos, a atividade jurisdicional e o ato
negocial”.
(Miguel Reale)

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Segundo Miguel Reale, quatro são as
fontes do direito, pois são quatro as
fontes de poder:

• O processo legislativo, por ser expressão do Poder

Legislativo

• A jurisdição, que corresponde ao Poder Judiciário

• Os usos e costumes jurídicos, que exprimem o poder

social, ou seja, o poder decisório e autônomo do povo

• A fonte negocial, expressão do poder negocial ou da

16 autonomia da vontade.
Autonomia e Heteronomia

• Fontes Autônomas: São as regras cuja produção


caracteriza-se pela imediata participação dos principais
destinatários das regras produzidas.

• Fontes Heterônomas: São as regras cuja produção não se


caracteriza pela imediata participação dos destinatários, são
de origem estatal.

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Fontes Heterônomas
 Constituição
 Lei Complementar
 Lei Ordinária
 Medida Provisória
 Decreto
 Resolução
 Portaria
 Tratados e Convenções Internacionais
 Sentença Normativa

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Fontes Autônomas

 Convenção Coletiva de Trabalho


 Acordo Coletivo de Trabalho
 Usos e Costumes

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Figuras Especiais

 Laudo arbitral
 Regulamento empresarial
 Jurisprudência
 Princípios jurídicos
 Doutrina

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Hierarquia

 A hierarquia própria às fontes normativas componentes do


Direito Comum é rígida e inflexível: nada agride a
Constituição e, abaixo dessa, nada agride a lei.
 A pirâmide de hierarquia normativa apresenta-se com a
seguinte disposição:

“Pirâmide de Kelsen”

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 Constituição, no vértice da pirâmide, acompanhada de
emendas à Constituição

 Leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas


provisórias.

 Decretos (regulamento normativo)

 Sucessivamente, diplomas dotados de menor extensão, de


eficácia mais tênue e de menor intensidade normativa.

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Direito do trabalho: conceito

 Direito Individual do Trabalho: Complexo de princípios,


regras e institutos jurídicos que regulam, no tocante às
pessoas e matérias envolvidas, a relação empregatícia de
trabalho, além de outras relações laborais normativamente
especificadas.

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 Direito Coletivo do Trabalho: Complexo de princípios,
regras e institutos jurídicos que regulam as relações laborais
de empregados e empregadores, além de outros grupos
jurídicos normativamente especificados, considerada sua ação
coletiva, realizada autonomamente ou através das respectivas
associações.

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Direito do Trabalho em sentido lato:

Complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam


a relação empregatícia de trabalho e outras relações
normativamente especificadas, englobando também os institutos,
regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas
entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através
de suas associações coletivas.

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Características do Direito do Trabalho

 Tem objetivos fortemente sociais;


 É limitativo da autonomia da vontade individual no contrato;
 É composto de normas essencialmente imperativas, cogentes, de
ordem pública;
 É composto por uma dimensão individual e outra coletiva;
 É regulado por normas heterônomas nacionais e internacionais e
autônomas;

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Funções do Direito do Trabalho

 Melhoria das condições de pactuação da força de trabalho na


ordem socioeconômica;
 Caráter modernizante e progressista, do ponto de vista
econômico e social;
 Função política conservadora;
 Função civilizatória e democrática;
 Função coordenadora.

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Princípios constitucionais aplicáveis
às relações de trabalho

 Dignidade da pessoa humana


 Valores sociais do trabalho
 Livre iniciativa
 Inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança
e à propriedade
 Igualdade entre homens e mulheres
 Inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e
imagem das pessoas
 Proporcionalidade, etc.

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Dignidade da Pessoa Humana
 A Constituição de 1988 transformou a dignidade da pessoa
humana num valor supremo da ordem jurídica quando a
considerou fundamento da República, da Federação, do País, da
Democracia e do Direito.

 A dignidade da pessoa humana não é apenas um princípio da


ordem jurídica, mas também da ordem política, social, econômica
e cultural, servindo como base de toda vida nacional.

 A dignidade da pessoa humana e os Direitos Fundamentais passam


para o centro do sistema jurídico.

“Significa a humanização de todo o sistema


constitucional”

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Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem


justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz
de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim;

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V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou
acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no
valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção
dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da
empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de
baixa renda nos termos da lei;
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XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em
cinqüenta por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a
mais do que o salário normal;

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XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a
duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos
específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo
de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres
ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento
até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;

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XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador,
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer
em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho,
com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;

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XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou
entre os profissionais respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso.

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os


direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem
como a sua integração à previdência social.

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