Você está na página 1de 19

Para ingressar no Direito do Trabalho, não basta apenas acompanhar audiências

ou peticionar reclamações trabalhistas. O entendimento do Direito do Trabalho


transcende o simplório mito de ser mais célere e rentável, em se tratando de
volume de causas, trazendo um aprofundamento maior e mais rico em
informações.

Neste artigo convido-lhe a extender seus estudos e ampliar sua pesquisa de forma
contínua, haja visto em sua maioria uma arbitragem frágil nos juizados
competentes devido ao excesso de reclamatórias e pouco suporte do Estado.

Aprecie a norma, sem moderação!

Caracterização do Direito Do Trabalho


1) Conceito:

A) Corrente subjetivista: “Sistema jurídico da proteção aos economicamente


fracos” (Cesarino Júnior).

B) Corrente objetivista: “Conjunto de princípios e normas jurídicas que


regem a prestação de trabalho subordinado” (Messias Pereira Donato).

C) Corrente mista:

“Conjunto de princípios e normas que regulam as relações oriundas da


prestação de serviços subordinados e outros aspectos deste último como
consequência da situação econômico- social das pessoas que o exercem”
(Evaristo de Morais Filho).

3) Denominação:

Direito do Trabalho, ver conceito abaixo.

4) Conteúdo: “Relação do emprego”


Relação de trabalho (gênero) =/= relação de emprego (uma das espécies)

Pessoa física prestando serviço a um tomador, teremos uma relação de trabalho,


a forma que essa prestação será prestada é que definirá a espécie da relação, que
poderá ser relação de emprego, relação de trabalho autônomo, relação de
trabalho eventual, relação de trabalho voluntário, etc.

- O trabalhador é considerado empregado quando o mesmo preenche cinco


elementos fáticos- jurídicos constantes no art. 3º c/c 2º, CLT, quais sejam:

 Pessoa física
 Pessoalidade (somente o próprio pode prestar o trabalho)
 Onerosidade (Vontade do prestador em receber uma contraprestação pelo
trabalho realizado)
 Não eventualidade (habitualidade)
 Subordinação (jurídica)
OBS: Trabalhador e empregado não são sinônimos.

5) Função: Dar uma proteção jurídica diferenciada à parte hipossuficiente


(empregado). Com o objetivo de reequilibrar a relação entre trabalhador e
empregador.

6) Autonomia: O direito do trabalho é um ramo autônomo porque tem seus


princípios próprios, normas próprias e institutos específicos, o que lhe confere
autonomia.

7) Características:

 Tendência à ampliação crescente: O objetivo do D. Trabalho é sempre


aumentar a gama de direitos ao trabalhador com o passar do tempo, vide a
regra do contrato de trabalho indeterminado.
 É um direito tuitivo (protecionista) de cunho intervencionista: D.
Protecionista que existe a intervenção estatal.
 Influenciado por normas internacionais:
 É um direito limitativo da autonomia da vontade: Existe um gama de direitos
que não são disponíveis, não transacionáveis, muito menos renunciáveis.

O direito do trabalho, também chamado de direito trabalhista, é um ramo do


direito privado que é responsável por regular a relação jurídica entre
trabalhadores e empregadores, baseado nos princípios e leis trabalhistas.

Navegue por este conteúdo: mostrar

O direito do trabalho é um dos ramos do direito privado mais importantes para a


sociedade. Afinal, não há como entender a política, a economia e as relações
sociais de qualquer lugar sem compreender, também, as relações de trabalho.

Segundo o levantamento “Justiça em Números” de 2019, realizado pelo Conselho


Nacional de Justiça (CNJ), os processos trabalhistas são responsáveis por 12%
de toda a demanda processual do país.

É, portanto, um campo muito fértil para a atuação de advogados. E é um campo


que, com as mudanças apresentadas pela Reforma Trabalhista em 2017 e a
Declaração de Direitos de Liberdade Econômica de 2019, deve ter uma demanda
maior ainda.

Este artigo tem como objetivo apresentar conceitos introdutórios do direito do


trabalho, como o que ele é, o seu histórico, seus princípios norteadores e as
principais mudanças das reformas trabalhistas na área. Continue a leitura abaixo!

O que é direito do trabalho?


O direito do trabalho, também chamado de direito trabalhista, é um ramo do
direito privado que é responsável por regular a relação jurídica entre
trabalhadores e empregadores, baseado nos princípios e leis trabalhistas.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Constituição Federal de 1988


regem as normas e regras que estabelecem os critérios mínimos para que essa
relação seja harmoniosa e lícita, preservando os direitos de ambas as partes e a
dignidade humana do trabalhador.
Como veremos durante este artigo, o direito do trabalho é um dos ramos mais
importantes do direito privado para a sociedade atual, pois a relação do ser
humano com o trabalho vai além da necessidade da renda para viver.

Para que servem as leis do trabalho?


Dentro das relações sociais contemporâneas, a função social de uma pessoa é
geralmente estabelecida a partir do papel que ela desempenha no seu trabalho.

Não é incomum, ao conhecer uma pessoa, que se pergunte o nome dela e “o que
ela faz/no que ela trabalha”. O trabalho, portanto, não tem apenas o papel de
garantir a renda. É por meio dele que conhecemos pessoas, estabelecemos
relacionamentos e nos enquadramos dentro da sociedade.

Mesmo assim, a relação jurídica do trabalho (num contrato realizado entre duas
partes) é importante para garantir o sustento do trabalhador e, principalmente, a
sua proteção e segurança, uma vez que essa relação é desigual, com uma parte
menos favorecida do que a outra.

O trabalhador oferece ao empregador suas habilidades, força de trabalho e


tempo, enquanto o empregador lhe oferece dinheiro. Essa relação contratual para
o trabalho, naturalmente desproporcional, precisa ser protegida por leis
específicas que garantam amparo à parte hipossuficiente (o trabalhador).

Dessa forma, as leis trabalhistas não só servem para manter uma relação jurídica
de trabalho harmoniosa entre trabalhadores e empregadores, mas também
protege a força de trabalho do país, garantindo direitos (alguns deles
potestativos) e proteção, estabelecendo padrões que preservem a dignidade da
pessoa humana.

Origem do direito do trabalho


No mundo inteiro, a discussão sobre o direito do trabalho começou junto com a
Revolução Industrial, no final do século XVIII.
As relações de trabalho no berço do sistema capitalista industrial eram
realizadas diretamente entre empregadores e trabalhadores, sem a intervenção
ou normatização do Estado.

Dessa forma, o trabalho e o pagamento eram definidos pelos empregadores,


oferecendo cargos àqueles que aceitavam as condições.

Essa relação resultou na precarização e na condição desumana do trabalho.


Jornadas de 16 horas diárias, homens, mulheres e crianças trabalhando em
fábricas sem proteção ou supervisão, salários indignos, adoecimento dos
trabalhadores e nenhuma proteção em casos de desemprego ou acidentes de
trabalho.

Essas condições, repetidas mundo afora, fizeram com que os trabalhadores se


organizassem enquanto categoria, criando sindicatos para conseguir se mobilizar
na conquista de direitos que protegessem o trabalhador e a relação de trabalho,
oferecendo condições dignas e seguras para tal.

Essas movimentações autônomas de trabalhadores despertaram a necessidade


de leis e relações jurídicas que protegessem o trabalho e os trabalhadores,
criando sistemas de amparo, além de disponibilizar critérios contratuais mínimos
(como o salário mínimo, o limite de horas de trabalho, entre outras conquistas).

Leia também:

 Reforma trabalhista: principais mudanças e impactos


 Compliance Trabalhista: o que é, vantagens e como aplicar
 Contrato intermitente: guia completo sobre o assunto
 Contrato de trabalho: tipos, características e como gerir
 Lei do PAT: guia completo [atualizado 2023]

Direito do trabalho no Brasil


No Brasil, especificamente, a discussão sobre o direito do trabalho começou no
final do século XIX, por conta da escravidão, que só foi abolida no país em 1888,
e por conta da economia pouco industrializada, pautada principalmente na
agricultura.
Mesmo assim, existia movimentação no país, no final do século XIX e início do
século XX, de estabelecimento de leis e amparos na relação trabalhista, como a
proibição do trabalho infantil (menores de 12 anos), a limitação de horas
trabalhadas e até a disposição de férias obrigatórias.

Entretanto, essas movimentações eram esparsas, sem um conjunto legislativo de


normas de regulamentação e proteção do trabalho e dos trabalhadores.

Isso mudou em 1923, com a criação do Conselho Nacional do Trabalho (CNT), um


órgão que primariamente tinha como objetivo estabelecer as regras criadas pela
Organização Internacional do Trabalho (OIT) após a Primeira Guerra Mundial.

Em 1934, no entanto, surge, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas, a


primeira Constituição brasileira a tratar do direito do trabalho, marcando a
mudança econômica do país, que passou a investir mais na indústria e menos na
agricultura.

A Constituição de 1934 garantia aos trabalhadores direitos fundamentais, como o


salário mínimo, jornadas de trabalho de oito horas, repouso semanal, férias
anuais remuneradas, liberdade sindical e uma série de normas de proteção aos
trabalhadores.

Mesmo com várias conquistas para os trabalhadores brasileiros, a garantia de


direitos trabalhistas e a formação do direito do trabalho no âmbito jurídico, a
verdadeira revolução na área dentro do território nacional ocorreu em 1943, ainda
durante o governo Vargas, com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

1-Conceito do Direito do Trabalho:

O Direito do Trabalho é o ramo do Direito composto por regras e princípios,


sistematicamente ordenados que regulam a relação de trabalho subordinada
entre empregado e empregador, acompanhado de sanções para a hipótese de
descumprimento dos seus comandos (CAIRO Jr., 2015, P. 34).

Direito do Trabalho é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas
jurídicas que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os
seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho, em sua
estrutura e atividade (NASCIMENTO, 2004, p. 176).
O Direito do Trabalho como o ramo da Ciência do Direito composto pelo
conjunto de normas que regulam, no âmbito individual e coletivo, a relação de
trabalho subordinado, que determinam seus sujeitos (empregado e empregador)
e que estruturam as organizações destinadas à proteção do trabalhador, O
fundamento do Direito do Trabalho é a proteção do trabalhador, parte
economicamente mais fraca da relação jurídica (ROMAR, 2018, p. 36).

Objeto:Relação de trabalho subordinado (individual ou coletivo).


Sujeitos:Empregado e empregador.
Fundamento:Proteção do empregado (parte economicamente mais fraca da
relação jurídica).

Há, no entanto, muitas divergências doutrinárias:

-Teoria subjetivista: Têm como enfoque os sujeitos da relação jurídica por ele
regulada, isto é, os trabalhadores e os empregadores. Adota como centro da
definição do Direito do Trabalho o caráter protecionista das normas que o
compõem, têm por fundamento a busca constante de meios para se alcançar a
melhoria da condição econômica e social do trabalhador. O Direito do Trabalho
se caracteriza como o Direito especial de proteção aos trabalhadores, como o
conjunto de normas que têm por finalidade proteger a parte economicamente
mais fraca (hipossuficiente) da relação jurídica, qual seja, o empregado.

-Teoria objetivista: Têm em vista a relação de emprego e seu resultado


(trabalho subordinado), e não as pessoas que participam daquela relação. Em tais
definições, a relação jurídica de emprego é disposta como objeto do Direito do
Trabalho. O enfoque conceitual está, portanto, na relação jurídica de dependência
ou subordinação que se forma entre as pessoas que exercem certa atividade em
proveito de outrem e sob suas ordens.

-Teoria mista: São aquelas que fazem uma combinação dos elementos objetivo
e subjetivo, isto é, consideram tanto o sujeito como o objeto da relação jurídica
regulada pelo Direito do Trabalho, além da finalidade do conjunto de normas que
compõem este ramo da Ciência do Direito. A maioria dos doutrinadores
contemporâneos assumiu uma conceituação de Direito do Trabalho a partir da
teoria mista. Dessa forma, consideram o seu objeto (a relação de emprego), seus
sujeitos (empregado e empregador), e o seu fim (a proteção do trabalhador e a
melhoria de sua condição social).

2-Evolução Histórica:

Trabalho é toda atividade desenvolvida pelo homem para prover o seu sustento e
para produzir riquezas e, ao longo do tempo, diversas foram as suas formas, que
variaram conforme as condições históricas que vigoraram em cada época. A
história do trabalho começa exatamente quando o homem percebe que é possível
utilizar a mão de obra alheia não só para a produção de bens em proveito próprio,
mas também como forma de produzir riquezas. Assim, o trabalho se desenvolve e
torna -se dependente e ligado às relações sociais e econômicas vigentes em cada
período histórico específico. Escravismo, feudalismo e capitalismo podem ser
considerados como marcos históricos definidos na evolução das relações
econômicas e sociais e, consequentemente, na evolução do trabalho humano e de
suas formas de proteção.

O direito do trabalho como conhecemos hoje passou por diversas modificações,


baseado nas primeiras relações de emprego advindas da pré-história, escravidão,
servidão, corporações de ofício, começou a se desenvolver a partir das revoluções
francesa e industrial e se consagrou no constitucionalismo social. Sob influência
de todos esses aspectos, começou a surgir no Brasil a partir da abolição da
escravidão, que possibilitou sua introdução no país, iniciando sua caminhada e
desenvolvimento com a proclamação da república, bem como consequentemente
com as constituições e revoluções sociais como a de 1930.

Assim, a evolução histórica do trabalho humano leva ao surgimento de uma


legislação estabelecendo normas mínimas de proteção ao trabalhador, cuja
importância foi aumentando com a evolução econômica e política dos países. A
partir de então o Direito do Trabalho se fixa como estrutura de proteção do
trabalhador e entra em um processo de evolução contínua e dinâmica, tendo em
vista a própria dinamicidade das relações sociais e econômicas que dele são
inseparáveis.
3-Constitucionalismo social

O constitucionalismo social é o movimento que se caracteriza pela inserção de


direitos trabalhistas e sociais fundamentais nos textos das Constituições dos
países.

A Constituição Mexicana de 1917 foi a primeira a construir uma estrutura


significativa de direitos sociais do trabalhador e inspirou muitas Constituições de
países da América Latina. Na mesma esteira de constitucionalização dos direitos
sociais, a Alemanha, em 1919, adotou a Constituição de Weimar. Fator de grande
importância para o avanço do constitucionalismo social foi, também em 1919,
como parte do Tratado de Versalhes que terminou com a Primeira Guerra
Mundial, a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), refletindo a
convicção de que a justiça social é essencial para alcançar uma paz universal e
permanente. A criação da OIT fundou-se em razões de segurança, humanitárias,
políticas e econômicas. Pode-se afirmar que o Direito do Trabalho no Brasil inicia
-se a partir da Revolução de 1930, quando o Governo Provisório chefiado por
Getúlio Vargas criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e deu início
à elaboração de uma legislação trabalhista ampla e geral. Em 1º de maio de 1943,
a Consolidação das Leis do Trabalho foi aprovada pelo Decreto -lei n. 5.452, que,
no entanto, somente foi publicado no Diário Oficial em 9 de agosto daquele ano,
entrando em vigor três meses depois, em 10 de novembro de 1943.

4-Caraterísticas do Direito do Trabalho: São características do Direito do


Trabalho:

■ é um direito em constante formação e evolução : as relações jurídicas


reguladas pelo Direito do Trabalho são dinâmicas e estão continuamente em
mudança, sofrendo influência direta dos fatos econômicos, sociais e políticos. O
Direito do Trabalho evolui e se modifica a partir das transformações ocorridas na
sociedade, caracterizando -se por esta razão como um dos ramos mais dinâmicos
da Ciência do Direito;

■ é um direito especial: o Direito do Trabalho refere-se a categorias


determinadas de pessoas (preponderantemente aos trabalhadores que exercem
trabalho subordinado e remunerado) e tem um particularismo que derroga o
direito comum no que for com ele incompatível. Isso o torna um direito especial;

■ é intervencionista: o caráter intervencionista do Direito do Trabalho está


ligado à sua própria origem histórica. Diante do desequilíbrio econômico-social
surgido a partir da Revolução Industrial, o Estado deixa de lado a postura de
mero espectador e passa a intervir nas relações entre empregadores e
trabalhadores, equilibrando as forças e diminuindo os efeitos da desigualdade
econômica existente entre as partes;

■ tem cunho nitidamente universal ou cosmopolita: como instrumento


de regulação das relações humanas, o Direito do Trabalho tem cunho
nitidamente universal. O caráter universal do Direito do Trabalho afirmou -se
com o Tratado de Versalhes de 1919, que previu a necessidade de uniformizar e
internacionalizar as legislações de proteção ao trabalho e, nesse sentido, criou a
Organização Internacional do Trabalho (OIT), que, desde então, vem formulando
regras de aplicação universal, que tendem a igualar as condições de trabalho no
mundo todo;

■ seus principais institutos são de ordem coletiva e socializante: o


Direito do Trabalho, tal como é hoje, é fruto da consciência e da atuação coletiva
dos trabalhadores, pela organização de associações ou grupos de proteção de seus
interesses. O reconhecimento de que, além do interesse individual de cada
trabalhador, existem interesses dos grupos de trabalhadores que também
necessitam ser protegidos (interesses coletivos) dá ao Direito do Trabalho um
forte cunho coletivo e social. Aliás, exatamente por seus institutos de índole
coletiva é que o Direito do Trabalho mais se particulariza em relação aos demais
ramos da ciência jurídica;

■ é direito de transição e de transação: é inegável que, em um Estado social


ou democrático de direito, a principal tarefa da ciência do Direito é a obtenção da
paz social, pelo advento de uma sociedade menos injusta socialmente. O Direito
do Trabalho é o ramo do Direito que melhor reflete esse ideal de justiça social.
5-Funções do Direito do Trabalho: Falar em funções significa referir -se ao
sistema de valores que o Direito do Trabalho pretende realizar, aos objetivos ou
propósitos do ordenamento trabalhista, ao papel que este ramo da ciência do
Direito desempenha na sociedade. A doutrina aponta as seguintes funções do
Direito do Trabalho:

■ função social: é a que estabelece que tal ramo jurídico é o meio de realização
de valores sociais, pois visa a preservação da dignidade humana do trabalhador,
considerada como valor absoluto e universal (justiça social);

■ função econômica: segundo tal função, a concessão de vantagens


econômicas ao trabalhador é necessária para que possa ter meios de subsistência
para si e para sua família, mantendo-se o equilíbrio econômico na sociedade. O
Direito do Trabalho tem por função, portanto, estabelecer os meios necessários
para evitar a desestabilização econômica do sistema;

■ função tutelar: o Direito do Trabalho protege o trabalhador contra os abusos


do poder econômico e contra a exploração. Esta função, que fundamenta o
próprio surgimento do Direito do Trabalho, é cumprida por meio da elaboração
de normas jurídicas de tutela do trabalhador e restritivas da autonomia
individual, seja pelo próprio Estado, por meio da elaboração de leis, seja pelo
poder de representação concedido aos sindicatos. Tal função visa diminuir o
desequilíbrio existente entre as partes da relação de trabalho;

■ função integradora ou de coordenação: por essa função, o Direito do


Trabalho deve integrar e coordenar os interesses sociais com os interesses
econômicos, ou seja, sua finalidade protetora deve combinar com a coordenação
dos interesses do capital e do trabalho;

■ função conservadora ou opressora do Estado: o Direito do Trabalho é


expressão da força e da opressão do Estado, que se utiliza das leis para ofuscar e
sufocar os movimentos operários e para restringir a autonomia privada coletiva,
impedindo ou dificultando as reivindicações dos trabalhadores.
6-Natureza jurídica do Direito do Trabalho: Determinar a natureza
jurídica de um ramo do Direito significa classificá-lo entre os demais ramos da
ciência jurídica a partir da dicotomia entre direito público e direito privado,
conforme as suas normas refiram -se à organização do Estado ou aos interesses
dos particulares. Diversas são as teorias desenvolvidas pela doutrina sobre a
natureza do Direito do Trabalho:

DIREITO PÚBLICO: É fruto do intervencionismo estatal, ou seja, o Estado


intervém nas relações privadas de trabalho e substitui a livre manifestação de
vontade de cada um, pela sua própria vontade, manifestada por meio da lei. As
relações jurídicas reguladas pelo Direito do Trabalho são, portanto,
aprioristicamente delineadas pela lei e só por exceção derivadas do exercício da
autonomia da vontade das partes. Os argumentos apontados pelos adeptos desta
teoria são de três ordens: 1) natureza administrativa de algumas das normas
trabalhistas, como Intervencionismo estatal nas relações privadas de trabalho.
Imperatividade das normas trabalhistas. Irrenunciabilidade de direitos pelo
trabalhador.

DIREITO PRIVADO: O Direito do Trabalho nasceu mesclado às normas do


Direito Civil, e o contrato de trabalho deriva da locação de serviços do Código
Civil. No que tange aos sujeitos do contrato de trabalho, estes são dois
particulares agindo no seu próprio interesse. A liberdade sindical e a proibição de
interferência do Estado na organização sindical reforçam a natureza de direito
privado do Direito do Trabalho. Parece-nos que a Reforma Trabalhista trazida
pela Lei n. 13.467/2017, ao ampliar significativamente a autonomia individual do
trabalhador e ao prever que o negociado passa a prevalecer sobre o legislado,
insere definitivamente o Direito do Trabalho no âmbito do Direito Privado. A
irrenunciabilidade foi mitigada pela Reforma Trabalhista. A autonomia
individual do trabalhador é reconhecida (Lei n. 13.467/2017). O negociado
prevalece sobre o legislado (Lei n. 13.467/2017).

DIREITO MISTO: Fundamenta sua posição no fato de que tal ramo do Direito
tem em sua composição tanto normas de direito público como normas de direito
privado, ora predominando umas, ora outras, razão pela qual não pode ser
enquadrado em qualquer um dos âmbitos da dicotomia clássica. Os adeptos de
tal teoria não reconhecem a unidade conceitual do Direito do Trabalho e afirmam
ser necessário examinar parcialmente cada um dos grupos homogêneos de suas
normas, para enquadrá-las dentro do Direito Público ou do Direito Privado.

DIREITO SOCIAL: Normas de proteção às pessoas economicamente mais


fracas, que não podem ser classificadas nem como de direito público, nem como
de direito privado, e que reúne normas de proteção às pessoas economicamente
mais fracas (também chamadas de hipossuficientes). O homem trabalhador é
visto como integrante do social e, por sua hipossuficiência, deve ser protegido.

DIREITO UNITÁRIO: Fusão das normas de direito público com as normas de


direito privado faz surgir uma terceira realidade, diferente das concepções
clássicas derivadas da dicotomia do Direito. Por exemplo: as normas do Direito
do Trabalho pertencem ao direito privado (os referentes ao contrato de trabalho)
e ao direito público (as referentes ao processo trabalhista).

7-Autonomia do Direito do Trabalho: O conceito de autonomia no campo


do Direito resulta de seu intenso e contínuo desenvolvimento ao longo da
história, o que faz com que as necessidades da sociedade obriguem o seu
desmembramento e a sua especialização. A autonomia de um determinado ramo
do Direito decorre da existência de autonomia legislativa, de autonomia didática
e de autonomia científica ou doutrinária. Atualmente, os doutrinadores
sustentam a autonomia do Direito do Trabalho, já que, como ramo do Direito,
além de preencher os requisitos acima, tem ainda autonomia jurisdicional. A
autonomia legislativa do Direito do Trabalho no Brasil teve início na década de
1930, quando foram elaboradas inúmeras leis trabalhistas, firmou -se com o
advento da Consolidação das Leis do Trabalho em 1943 e se confirmou
definitivamente a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, que
contém inúmeros dispositivos relativos ao Direito do Trabalho.
Como começou o Direito do Trabalho no Brasil?

A primeira movimentação sobre direitos trabalhistas ao término do século 19 e início do


século 20.

É desta fase a proibição do trabalho para menores de 12 anos, delimitação de carga


horária e férias. Mas, não havia nada de concreto sobre o cumprimento e fiscalização
dessas regras.

A questão trabalhista avançou um pouco com o decreto nº 16.027 de 30 de abril de


1923 que criou o Conselho Nacional do Trabalho.

O primeiro propósito do órgão era fazer valer as regras estabelecidas pela Organização
Internacional do Trabalho criada em 1919. As regras da OIT versavam sobre direitos
humanos nas relações de trabalho.

Posteriormente, o CNT ganhou a missão de dar um norte ao trabalho e à previdência,


além de criar diretrizes para aprendizes, trabalho de menores e mulheres, ensino
técnico, greve, acidente de trabalho, aposentadoria e pensões dos ferroviários, crédito
popular e agrícola.

O Direito do Trabalho.

Conceito.
A tarefa de conceituar um ramo do direito pode ser muito extensa. Maurício Godinho
Delgado inicia o seu Curso com o seguinte parágrafo:

“O Direito do Trabalho é ramo jurídico especializado, que regula certo tipo de relação
laborativa na sociedade contemporânea. Seu estudo deve iniciar-se pela apresentação de
suas características essenciais, permitindo ao analista uma imediata visualização de seus
contornos próprios mais destacados”.(1)

Anteriormente à Emenda Constitucional nº 45, de 2004, a competência da Justiça do


Trabalho se limitava ao julgamento das causas advindas do trabalho empregatício. O
trabalho cujo contrato se dava por meio da CLT. Atualmente, porém, a Justiça do
Trabalho é competente para julgar todas as causas envolventes de uma relação de
trabalho.

De qualquer forma, o Direito do Trabalho pode ser apresentado como individual ou


coletivo.

O autor assim os define:

“o Direito Individual do Trabalho define-se como: complexo de princípios, regras e


institutos jurídicos que regulam, no tocante às pessoas e matérias envolvidas, a relação
empregatícia de trabalho, além de outras relações laborais normativamente
especificadas”.(2)

“…o Direito Coletivo do Trabalho pode ser definido como o complexo de princípios,
regras e institutos jurídicos que regulam as relações laborais de empregados e
empregadores, além de outros grupos jurídicos normativamente especificdos,
considerada sua ação coletiva, realizada autonomamente ou através das respectivas
associações”.(3)

A reunião do Direito Individual do Trabalho e do Direito Coletivo do Trabalho cria o


conhecido Direito Material do Trabalho. É o que se chama de Direito do Trabalho no
sentido lato:

“…pode, …, ser definido como: complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que
regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações normativamente
especificadas, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos
concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em
especial através de suas associações coletivas”.(4)
Já a denominação Direito do Trabalho é aceita com predominância na doutrina,
jurisprudência e em muitas leis e outros diplomas normativos.

Características.
O autor paraense Noronha Neto explica que o Direito do Trabalho é um ramo jurídico
autônomo. Isto quer dizer que o mesmo detém características próprias que o
distinguem dos demais ramos do direito.(5)

O cearense fundador do Tribunal Regional do Trabalho do Piauí, Francisco Meton


Marques de Lima, indica que caracterizam este ramo jurídico especializado:
“socialidade, imperatividade, protecionismo, coletivismo, justiça social, distribuição de
riqueza”.(6)

Evaristo de Moraes Filho e Antônio Carlos Flores de Moraes, expõem: “a) é um direito
in fieri, um werdendes Recht, que tende cada vez mais a ampliar-se; b) trata-se de uma
reivindicação de classe tuitivo por isso mesmo; c) é intervencionista, contra o dogma
liberal da economia, por isso mesmo cogente, imperativo, irrenunciável; d) é de cunho
nitidamente cosmopolita, internacional ou universal; a) os seus institutos mais típicos
são de ordem coletiva ou socializante; f) é um direito de transição, para uma civilização
em mudança”.(7)

Para Alice Monteiro de Barros, “entre as características do Direito do Trabalho, a


doutrina nacional aponta: a) a tendência (…) à ampliação crescente; b) o fato de ser um
direito (…) de reivindicação de classe; c) de cunho intervencionista; d) o caráter
cosmopolita, isto é, influenciado pelas normas internacionais; e) o fato de os seus
institutos jurídicos mais típicos serem de ordem coletiva ou socializante; f) o fato de ser
um direito em transição”.(8)

O Direito do Trabalho é um direito ainda em formação.

O Direito do Trabalho tende a incluir, em seu campo de aplicação, um número cada vez
maior de categorias de relações laborais até então excluídas de sua regulamentação.
Em relação ao protecionismo do Direito do Trabalho, este ramo do direito visa a
proteger o trabalhador do detentor do poder econômico que com ele se relaciona.

A tutela do Direito do Trabalho é realizada por meio de normas elaboradas pelo Estado
ou por meio dos poderes, que restringem a autonomia individual, conferidos aos
sindicatos.

No tocante ao dirigismo estatal, também chamado de intervencionismo ou


imperatividade, o Direito do Trabalho é formado de alguns princípios e normas que
restringem a autonomia da vontade.

Mediante as normas do Direito do Trabalho, o Estado assume postura positiva diante


do impulso individualista dos detentores dos meios de produção, diminuindo a
liberdade de contratar das classes trabalhadoras, impondo direitos subjetivos
irrenunciáveis aos trabalhadores e deveres jurídicos inegociáveis aos que exploram seu
trabalho.

O Direito do Trabalho não trata os sujeitos da relação laborativa como iguais,


reconhecendo, na verdade, a inferioridade do trabalhador diante do empregador, razão
pela qual cria privilégios ao primeiro, a favor de quem suas normas devem ser
interpretadas, para assim poder diminuir, mediante a desigualdade jurídica criada, a
desigualdade de fato existente.

Francisco Meton Marques de Lima afirma ser o Direito do Trabalho um recurso do


Estado para a promoção da distribuição de riquezas. É que se trataria aqui de uma
aplicação da clássica noção aristotélica de justiça, segundo a qual se devem tratar
desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade.

O Direito do Trabalho, atualmente, tem em vista uma certa coletividade de


trabalhadores, e não o trabalhador individualmente considerado.
É possível se constatar várias características comuns no Direito do Trabalho nos
diferentes países. Fala-se ainda em na existência de um Direito Internacional do
Trabalho em formação como uma conseqüência da tendência de ampliação do seu
conteúdo em extensão territorial.

O Direito do Trabalho procura coordenar os interesses de empresários e trabalhadores


por meio de medidas que visam realizar os fins sociais almejados pela sociedade.

O Direito do Trabalho permite o exercício de tarefas de mediador, de compromisso, de


transição e de transação, entre duas classes sociais em confronto.

A socialidade ou “humanização do Direito” também caracteriza o Direito do Trabalho.


Aqui é proposta a prevalência dos interesses sociais sobre os individuais. É um
abrandamento da concepção individualista do Direito.

Autonomia.
Lembra Delgado que autonomia, no Direito, é uma qualidade a ser atingida por certo
ramo jurídico de possuir enfoques, princípios, regras, teorias e condutas metodológicas
próprias de estruturação e dinâmica.(10)

O Direito do Trabalho, segundo o autor de Minas Gerais, possui óbvia e marcantes


vastidão e especificidade de campo temático.

Também possui o Direito do Trabalho teorias específicas e distintivas. As teorias


trabalhistas das nulidades e das hierarquias das normas jurídicas.

O Direito do Trabalho possui metodologia e métodos próprios.

Finalmente, o Direito do Trabalho possui perspectivas e questionamentos específicos e


próprios.
Desde a plena institucionalização do Direito do Trabalho no século XX, já não se
questiona mais a autonomia justrabalhista.

Natureza.
Segundo Delgado, a definição, ou seja, a busca da essência e a classificação, ou melhor,
a busca do posicionamento comparativo fazem compreender a natureza do assunto
tratado.

Aqui tem-se a velha e infindável discussão a respeito de se saber se o Direito do


Trabalho é parte do Direito Público ou do Direito Privado.

Enfocando a substância central do Direito do Trabalho que seria a relação de emprego,


a conclusão a que se chega o autor é a de o Direito do Trabalho tem natureza de
Direito Privado, haja vista que a relação se daria entre particulares.

Funções
O fundamento e a principal função do Direito do Trabalho seria a de impedir a
exploração do trabalho humano como fonte de riqueza dos detentores do capital.
Luiz Carlos Amorim Robortella, em seu texto “Terceirização: tendências em doutrina e
jurisprudência”, explica que o Direito do Trabalho tem a função de organizar e
disciplinar a economia, podendo ser concebido como verdadeiro instrumento da
política econômica. Este ramo do Direito teria deixado de ser somente um direito da
proteção do mais fraco para ser um direito de organização da produção. Ao invés de
ser apenas direito de proteção do trabalhador e redistribuição da riqueza, converteu-se
em direito da produção, com especial ênfase na regulação do mercado de trabalho.(11)

Você também pode gostar