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ARTIGO

Empresa e Empresário. Empregado e Empregador

As atividades humanas são diversas e plurais. Existem atividades de cunho um


pouco mais intelectual, como é o caso da docência, da advocacia. Outras de conotação
mais prática, como a atividade de pintura ou de construção civil.
Não importa qual seja a atividade humana, ela sempre será considerada como
uma atividade empresária se for econômica e organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços, exceto se for uma cooperativa.
Veja-se o que é preciso para ser atividade empresária:
- Objetivo lucrativo;
- Organização profissional dos fatores de produção;
- Produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Imagine-se que dois cabeleireiros unem-se para prestar serviços em um salão
de beleza e obter o lucro. Eventualmente eles poderão escolher o ponto, fazer
divulgação, exercer a atividade de forma habitual e organizada. Se assim for, eles serão
considerados como empresários para o Direito.
Notadamente, esses sujeitos podem estabelecer uma sociedade entre si e criar
uma Pessoa Jurídica, com registro perante a junta comercial. Se assim o fizerem, quem
exercerá em seu nome próprio a atividade empresária será a pessoa jurídica. Esta,
portanto, estará sujeita às normas aplicáveis aos empresários.
Existem algumas organizações que não são consideradas empresárias, tais
como as cooperativas, associações, fundações, dentre outras, por não terem objetivo
lucrativo. Contudo, podem ter resultado positivo, reinvestindo esse saldo favorável em
sua atividade, sendo vedada a distribuição desse resultado a título de lucro. Essas
instituições que forem de natureza privada também se submetem às regras que
disciplinam a relação empregatícia com eventuais empregados, tal como disposto na
CLT.
Vejamos um exemplo: João e José são cabeleireiros e decidem estabelecer uma
sociedade. Convém a eles procurar um contador e um advogado para auxiliá-los nessa
etapa inicial. João e José decidem estabelecer entre si uma sociedade, que adotará
uma das formatações jurídicas (Limitada, Sociedade Anônima, etc.). O contrato social
da sociedade, ao ser arquivado na junta comercial, dotará a sociedade de
personalidade jurídica, ou seja, nascerá uma pessoa jurídica. Esta pessoa jurídica será a
empresária, e João e José serão sócios da sociedade. Não é correto dizer que João e
José são empresários. Eles são, tecnicamente, sócios da sociedade. A sociedade é que
deve ser considerada empresária.
Portanto, empresário é aquele que exerce a empresa (seja ela pessoa natural
ou jurídica). Empresa é a atividade econômica e organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços exercida pelo empresário.
A regularidade no exercício da empresa é fundamental. Estar de acordo com a
lei permite ao empresário (pessoa natural ou jurídica) o acesso aos mais diversos
institutos existentes. Por exemplo, um empresário regular, que elaborou e registrou
seu contrato social perante o órgão competente, terá condições de, em seu nome,
abrir e movimentar conta-corrente, obter empréstimos e financiamentos, obter
parcelamentos fiscais, contratar empregados de forma regular, separar o seu
patrimônio do patrimônio dos sócios, dentre outros.
O empresário que não procede à sua formalização fica à margem da lei e pode
sofrer as consequências dessa irregularidade e a limitação de acesso aos institutos ora
mencionados, além de diversos outros. Uma das principais consequências é a
responsabilidade ilimitada que os sócios terão em relação às dívidas da sociedade.
Em regra, o valor que os sócios entregam para a formação do capital social em
troca das quotas ou ações corresponde à única parte do seu patrimônio que responde
pelas dívidas da pessoa jurídica. Ou seja, não há que se confundir o patrimônio dos
sócios com o patrimônio da sociedade (pessoa jurídica).
Contudo, havendo a irregularidade na criação da sociedade, a inexistência da
pessoa jurídica ou, ainda, a opção deliberada dos sócios de exercerem em nome
próprio a empresa, poderá acarretar a responsabilidade pelas dívidas da sociedade de
forma ilimitada, além daqueles valores disponibilizados para a formação do capital
social. Ou seja, os bens pessoais dos sócios responderão por eventuais dívidas da
sociedade.

Fontes do Direito
O Direito nasce de várias fontes. Normalmente, percebe-se o nascimento do
Direito a partir de uma lei criada pelo poder legislativo quando, então, passa o
indivíduo a ser um destinatário desse direito. Por exemplo, imagine-se que foi criada a
guarda compartilhada dos filhos de pais separados. A partir da entrada em vigor da lei,
os pais passam a ter esse direito anteriormente inexistente.
Há, também, outras fontes do direito, dentre elas o costume. Imagine-se que
um trabalhador foi contratado para trabalhar por um salário-mínimo, mas sempre
recebeu, além do salário, uma comissão por vendas. Uma vez criado o costume de tal
pagamento, não pode o empregador suprimir tal direito, pois o costume gerou o
direito ao recebimento de tal comissão.
Para o Direito do Trabalho, sobretudo, essas são as principais fontes do Direito.
Há, também, com forte influência no âmbito trabalhista a fonte jurisprudencial.
Jurisprudência é o reiteramento das decisões dos tribunais. Quando uma questão é
repetidamente decidida de uma determinada forma pela Justiça, passa-se a dizer que a
jurisprudência do tribunal reconhece tal ou qual direito. Por isso a jurisprudência é
uma fonte do Direito.

Princípios do Direito do Trabalho


Princípios são normas gerais já consolidadas e que expressam valores
sedimentados na sociedade. Além dos princípios gerais do Direito com aplicabilidade
sobre o direito do trabalho, têm-se os princípios específicos do Direito do Trabalho.
Pelo princípio da prevalência da condição mais benéfica ao trabalhador,
qualquer condição que seja concedida de forma habitual e tácita ao empregado e for
ela mais benéfica do que outra decorrente de lei ou do contrato passa então a
prevalecer. Isso significa dizer que a condição mais benéfica incorpora ao patrimônio
do empregado e não pode ser suprimida. Imagine-se, por exemplo, que um
trabalhador contratado para trabalhar 44 horas semanais venha a trabalhar de forma
efetiva, habitual e tacitamente aceita pelo empregado apenas 40 horas semanais.
Significa dizer que essa condição mais benéfica passa a ser regra e não pode ser
suprimida.
Informa-nos o princípio da norma mais favorável que, havendo duas normas
aplicáveis ao mesmo trabalhador, deverá prevalecer aquela que for a mais favorável
ao empregado. Significa dizer que, em havendo, por exemplo, norma legal e
convenção coletiva prevalecerá aquela que mais favorável for ao trabalhador.
Por sua vez, o princípio do in dubio pro operário determina que, havendo mais
de uma interpretação possível sobre uma norma, deverá prevalecer aquela que for
mais favorável ao trabalhador, parte fraca da relação de emprego.
Segundo o princípio da primazia da realidade, vale mais a realidade do que
acontece na prática, do que as partes se ajustarem. Isso significa dizer que, mesmo
havendo documentos, deve prevalecer o que realmente aconteceu durante a relação
de emprego. Um dos principais fundamentos consiste no fato de que o trabalhador,
parte vulnerável, poderia ser compelido a assinar qualquer documento, por ser a parte
frágil da relação, o que não poderia ser tido como legítimo.
Pelo princípio da irredutibilidade salarial, tem-se que o salário do trabalhador
é, a rigor, irredutível. Contudo, são admitidas as hipóteses de redução nos casos de
acordo ou convecção coletiva.
Já o princípio da continuidade da relação de emprego, informa-nos que a
relação de emprego tende a ser duradoura e, como regra, o contrato de trabalho
vigora por tempo indeterminado. Isso significa que, não havendo contrato expresso
por prazo determinado, o contrato de trabalho é tido como prazo indeterminado.
O princípio da inalterabilidade contratual prejudicial ao trabalhador determina
que não pode haver alteração no contrato de trabalho que seja lesiva ao trabalhador.
Significa dizer que as condições contratuais devem permanecer quando mais benéficas
ao trabalhador, protegendo-o contra alterações contratuais lesivas aos seus direitos.
Por fim, o princípio da irrenunciabilidade forma-nos que, a rigor, não se pode
renunciar ou negociar direitos trabalhistas, seja antes, durante ou depois da relação
contratual. Esse princípio visa a tutelar o trabalhador. Ademais, as normas trabalhistas
são cogentes, imperativas e, portanto, não podem ser negociadas.

Conceito de empregador
Considera-se empregador a empresa (pessoa jurídica/pessoa física), individual
ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige
a prestação pessoal de serviço do empregado.
Equiparam-se ao empregador para os efeitos exclusivos da relação de emprego,
os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou
outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como
empregados.
Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econômica serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis
a empresa principal e cada uma das subordinadas.
A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os
contratos de trabalho dos respectivos empregados.

Conceito de empregado
Dentre os assuntos estudados, analisamos o conceito de empregador.
Conforme aprendido, Considera-se empregador a empresa (pessoa jurídica ou pessoa
física), individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica,
admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço do empregado.
E o empregado, quem é?
A lei define o conceito de empregado. Considera-se empregado toda pessoa
física que prestar serviços de natureza não eventual ao empregador, sob a
dependência deste e mediante salário.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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