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ESTUDO SOBRE A “DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE

JURIDICA DO EMPRESÁRIO”.

Principais diferenças entre EI e Eireli.

Muitos confundem o EI (Empresário Individual) com o MEI (Microempreendedor


Individual), mas eles não são a mesma coisa, diferenciando-se principalmente
com relação à restrição de atividades, ao faturamento anual e ao número de
obrigações acessórias.
O EI (Empreendedor Individual) assume sozinho a titularidade e os
riscos do negócio, utilizando seu próprio nome na empresa, uma vez que este
tipo de modelo não pode ter denominação social.
Apesar de ter CNPJ, o EI (Empresário Individual) não é considerado
pessoa jurídica de fato, pois de acordo com a legislação, ele é uma pessoa
física que realiza atividades comerciais por conta própria.
Como a pessoa física é o titular da empresa, significa que o seu
patrimônio pessoal (casa, carro, joias, etc.) do empresário será
comprometido em caso de endividamento.

O faturamento anual máximo do EI (Empreendedor Individual) pode


chegar até a R$ 360 mil, sendo considerado ME (Microempresa), ou até 4,8
milhões, sendo EPP (Empresa de Pequeno Porte).
Quando de sua constituição, o empresário individual poderá optar pelo
regime de tributação mais vantajoso para a sua empresa: Simples Nacional,
Lucro Real ou Lucro Presumido.

Quem não pode ser EI (Empreendedor Individual)?


Quem pretende exercer uma profissão regulamentada não pode utilizar o CNPJ
de empresário individual para isso. 
Já o Eireili (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), tipo
societário de microempresa, foi criado com o objetivo de legalizar um negócio
como sociedade limitada, eliminando a figura do sócio fictício, pois exige-se
apenas um sócio, o proprietário, o qual detém 100% do capital social que não
pode ser inferior a cem vezes o valor do salário-mínimo vigente.
Na Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), é possível
escolher outro nome, que não o do proprietário da empresa para denominação
social.
Ao optar pelo Simples Nacional, o Eireli (Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada) segue a regra das micro e pequenas empresas
em relação ao faturamento.
A Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada) estabelece
que apenas o patrimônio social da empresa esteja comprometido em casos de
dívidas do negócio, protegendo assim os bens pessoais.
Quem não pode ser Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade
Limitada)?
Neste tipo de pessoa jurídica, só não é possível abrir uma empresa
individual quem já tem outra, ou, quem tem algum impedimento legal.

É possível a desconsideração da personalidade jurídica do EI (Empresário

Individual)?

Em se tratando de EI (Empresário Individual), não é possível a aplicação da


desconsideração da personalidade jurídica prevista no artigo 50 do Código
Civil, uma vez que este instituto prevê a existência de pessoa jurídica.

AFASTAMENTO DA AUTONOMIA E DA TITULARIDADE OBRIGACIONAL DA


PESSOA JURIDICA.

Tal instituto permite ao juiz não mais considerar os efeitos da


personificação da sociedade para atingir e vincular responsabilidades dos
sócios, com intuito de impedir a consumação de fraudes e abusos por eles
cometidos, desde que causem prejuízos e danos a terceiros, principalmente a
credores da empresa. Dessa forma, os bens particulares dos sócios podem
responder pelos danos causados a terceiros. Em suma, o véu ou escudo, no
caso da pessoa jurídica, é retirado para atingir quem está atrás dele, o sócio ou
administrador. Bens da empresa também poderão responder por dívidas dos
sócios, por meio do que se denomina como desconsideração inversa ou
invertida. O Código Civil Brasileiro acolheu tal possibilidade em seu art. 50.
Vejamos a sua redação atual, com as alterações que foram feitas pela Lei da
Liberdade Econômica (Lei 13.874/2019), com a inclusão de um texto final no
caput e de cinco novos parágrafos

Anote-se que a desconsideração da personalidade jurídica foi adotada


pelo legislador da codificação de 2002 e, desde então, não é recomendável
mais utilizar a expressão teoria, que constitui trabalho doutrinário, amparado
pela jurisprudência.
Os dois critérios alternativos previstos no caput do art. 50 do CC/2002 –
precursores da chamada teoria maior da desconsideração − são o desvio de
finalidade e a confusão patrimonial.
Sobre as recentes mudanças do texto do Código Civil pela Lei
13.874/2019, a norma passou a viabilizar a desconsideração da personalidade
jurídica − com a ampliação de responsabilidades − tão somente quanto ao
sócio ou administrador que, direta ou indiretamente, for beneficiado pelo abuso.
Para que o instituto da desconsideração não seja utilizado de forma
desproporcional, abusiva e desmedida, atingindo pessoa natural que não tenha
praticado o ato tido como abusivo ou ilícito. A título de exemplo, um sócio que
não tenha tido qualquer benefício com a fraude praticada por outros membros
da pessoa jurídica, seja de forma imediata ou mediata, não poderá ser
responsabilizado por dívidas da empresa. Assim, nesse primeiro aspecto, o
texto emergente avança, e muito.
Os dois critérios alternativos previstos no caput do art. 50 do CC/2002 –
precursores da chamada teoria maior da desconsideração − são o desvio de
finalidade e a confusão patrimonial.
A respeito do desvio de finalidade, a norma passaria a estabelecer como
requisito fundamental o elemento doloso ou intencional na prática da lesão ao
direito de outrem ou de atos ilícitos, para que o instituto fosse aplicado. “Para
fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa
jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de
qualquer natureza”.

O que é desconsideração da personalidade jurídica?


A legislação reconhece a pessoa jurídica como um significativo instrumento
para o exercício da atividade empresarial, não a transformando, porém, em
uma doutrina intangível. 

A personalidade jurídica das sociedades deve ser usada para propósitos


legítimos e não deve ser pervertida. 

Entretanto, caso tais propósitos sejam desvirtuados, não se pode fazer


prevalecer a doutrina da separação patrimonial entre a pessoa jurídica e os
seus membros.

A desconsideração é então, a forma de adequar a pessoa jurídica aos


fins para os quais a mesma foi criada, vale ressaltar, é a forma de limitar e
coibir o uso indevido deste privilégio que é a pessoa jurídica, sendo uma forma
de reconhecer a relatividade da personalidade jurídica das sociedades.

Em outras palavras, a desconsideração da personalidade jurídica ou


(“desconsideração da autonomia patrimonial da pessoa jurídica”) é medida
extrema e cirúrgica.

Essa medida coibe a fraude ou o abuso de direito e, de uma forma mais


simples e objetiva, pois incluídos nos dois institutos citados, a confusão
patrimonial, permitindo que no caso em concreto, respeitado o devido processo
legal, o credor alcance os bens particulares dos sócios e administradores. 

Ela reforça a autonomia patrimonial da pessoa jurídica e a preservação


da empresa, não devendo ser utilizada tão somente porque a pessoa jurídica
não tenha mais bens para satisfazer aos seus credores.
Qual é a finalidade da desconsideração da personalidade jurídica?
Como vimos anteriormente, o instrumento da desconsideração da
personalidade jurídica é utilizado para coibir fraudes a terceiros. 

De acordo com Fábio Ulhoa Coelho: 

“O objetivo da teoria da desconsideração da personalidade jurídica é


exatamente possibilitar a coibição de fraude, sem comprometer o próprio
instituto da pessoa jurídica, isto é, sem questionar a regra da separação de sua
personalidade e patrimônio em relação a seus membros. Em outros termos, a
teoria tem o intuito de preservar a pessoa jurídica e sua autonomia [….], sem
deixar ao desabrigo terceiros vítimas de fraude”.

Isto é, a desconsideração da personalidade jurídica não pode ser vista


em oposição ao princípio da autonomia da separação patrimonial da pessoa
jurídica, ao contrário disso, ela deve ser vista como um instrumento jurídico que
serve para fortalecer o princípio da autonomia, mesmo porque o seu objetivo é
evitar o abuso do direito e coibir fraude a terceiros de boa-fé.

Como funciona a desconsideração da personalidade jurídica?


A desconsideração da personalidade jurídica acontece quando uma
sociedade possui insuficiência de patrimônio dos seus sócios. No
entanto, ainda assim, a personalidade jurídica da sociedade é
desconsiderada para que o patrimônio dos sócios sirva para quitar as
obrigações da sociedade. (RESPOSTA A SEGUNDA QUESTÃO DO
EXERCICIO DE FIXAÇÃO)

A pessoa jurídica é extinta após a desconsideração da personalidade jurídica?


Segundo o relator Paulo Pastore Filho, extinta a empresa, ainda que de
forma irregular, não há que se falar em desconsideração da personalidade
jurídica. Isso porque a extinção da personalidade jurídica equivale a morte da
pessoa natural, revelando-se perfeitamente aplicável o instituto da sucessão
processual.

Em quais situações a desconsideração da personalidade jurídica pode


ocorrer?
É a análise do caso concreto que permitirá ao juiz decretar a
desconsideração da personalidade jurídica, tendo em vista que os atos
praticados revestem-se, normalmente e aparentemente, de licitude. 

Provando-se que houve fraude ou abuso de direito (formulação


subjetiva) ou confusão patrimonial (formulação objetiva) é que se deve levantar
o véu da pessoa jurídica para encontrar a satisfação dos credores nos bens
pessoais dos sócios e administradores.
Confusão patrimonial
A confusão patrimonial entre controlador e sociedade controlada é, portanto, o
critério fundamental para a desconsideração da personalidade jurídica externa
corporis. 

E compreende-se, facilmente, que assim seja, pois, em matéria


empresarial, a pessoa jurídica nada mais é do que uma técnica de separação
patrimonial. 

Se o controlador, que é o maior interessado na manutenção desse


princípio, descumpre-o na prática, não se vê bem porque os juízes haveriam de
respeitá-lo, transformando-o, destarte, numa regra puramente unilateral. 

O que se pretende em suma, tanto na companhia isolada como


no grupo econômico, é simplesmente adequar o direito à realidade
econômica, considerando a personalidade jurídica em sua verdadeira
dimensão, isto é, como técnica, meramente relativa, de separação de
patrimônios, e não como entidade metafísica de valor absoluto.

Desvio de finalidade
O desvio de finalidade, por sua vez, ocorre quando os sócios ou
administradores utilizam a sociedade para fins diversos daqueles almejados
pelo legislador, isto é, fora do objeto societário. 

Em outras palavras, o desvio de finalidade ocorre quando se praticam atos


distintos de seu objeto social para prejudicar alguém. 

Fraude
A fraude é observada nos casos em que a pessoa jurídica é utilizada
para a prática de algum negócio jurídico que será feito de forma ilícita, burlando
a lei ou prejudicando terceiros.

Independente da espécie de pessoa jurídica, o juiz pode desconsiderar o


princípio da autonomia patrimonial, vinculando o patrimônio do sócio ao da
sociedade, se for caracterizado o abuso de direito ou a fraude contra credores.

É importante observar que além das hipóteses de fraude, abuso por


confusão patrimonial ou por desvio de finalidade, a partir da corrente
jurisprudencial, pode ocorrer a desconsideração da personalidade jurídica a
partir da dissolução irregular da sociedade.

Prejuízos causados ao consumidor


No art. 28, assim dispõe:

“Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da


sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito,
excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos
ou contrato social. 
A desconsideração também será efetivada quando houver falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.

DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS NO PEDIDO DE DESCONSIDERAÇÃO.

§5°. “Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que


sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.”

Nota-se logo de início que referido dispositivo traz no seu artigo o


conceito cujo objetivo primordial é justamente proteger toda a ordem social do
uso nocivo da personalidade jurídica.

Teorias da desconsideração da personalidade jurídica

– Teoria maior
A desconsideração da personalidade jurídica prevista no Código Civil, em seu
artigo 50, é conhecida pelos doutrinadores e pela jurisprudência como a
chamada “Teoria Maior”.

Essa teoria alega a tese de que para que ocorra o afastamento da


personalidade jurídica e afetação direta do patrimônio dos sócios, ou o inverso
dependendo do caso, é necessário que esteja devidamente comprovado a
ocorrência de atos fraudulentos que foram cometidos comprovadamente com o
intuito de prejudicar credores.

Tanto é necessária a apuração e comprovação de tais atos, que o


Código de Processo Civil previu a necessidade de instauração de incidente
próprio, através do artigo 133 e seguintes, que tramitará em apartado da
demanda principal, para que então se analise os argumentos daquele que
requer a desconsideração, bem como permita à parte contrária o pleno
exercício do seu direito de defesa e ao contraditório.

Ao final, após toda fase instrutória que o magistrado entender cabível


para a apuração da verdade dos fatos, chegando-se à conclusão de que se
houve, ou não, abuso da personalidade jurídica, é que então se decide pelo
afastamento, ou não, da separação patrimonial da empresa envolvida.

Não é à toa que é chamada de Teoria Maior, por justamente ser a teoria
que é majoritariamente adotada pelos Tribunais de todo País, pelo simples fato
dos julgadores compreenderem os danos e prejuízos que tal desconsideração
traz tanto à pessoa jurídica, quanto à seus sócios, sendo a última via possível,
desde que devidamente constatados os atos fraudulentos.
Certamente, seu maior índice de aplicabilidade se dá justamente por ser
aplicável a todos os procedimentos de cobrança previstos em nosso
ordenamento jurídico civil brasileiro, desde que demonstrados os seus
requisitos ensejadores.

– Teoria menor
Em sequência, a desconsideração da personalidade jurídica trazida pelo
Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 28, nos traz o que os
doutrinadores chamam de “Teoria Menor” da desconsideração, que aborda um
procedimento inúmeras vezes mais agressivo à empresa inadimplente do que a
Teoria Maior do Código Civil.

Isso se dá pelo fato de que tal Teoria Menor, visando a proteção dos
consumidores hipossuficientes, adotou um procedimento de que o mero
inadimplemento, obstrução ou dificuldade no adimplemento e abuso de
direito em face do consumidor, cometido pelo fornecedor, já é motivação
suficiente para que a personalidade jurídica seja devidamente afastada e
os sócios respondam solidariamente pelo débito em questão.
(RESPOSTA AO EXERCICIO DE FIXAÇÃO 1ª QUESTÃO)

Ou seja, não é necessário que o consumidor que não recebe seu crédito
de maneira espontânea seja obrigado a instaurar incidente próprio para se
apurar eventuais atos fraudulentos cometidos pela sociedade empresária.

Como ocorre o procedimentos para a desconsideração da personalidade


jurídica?
Até o advento do novo CPC, não havia regulamentação do procedimento
para declaração da desconsideração da personalidade jurídica. Antes de 2015,
bastava uma decisão fundamentada nos autos de um processo para que
ocorresse a despersonalização de pessoa jurídica.

Atualmente, o novo Código criou um incidente para a desconsideração


de personalidade jurídica. E foi além para fixar processualmente a
desconsideração inversa. 

Ou seja, a pessoa jurídica responde por obrigações que não lhe são
originárias, mas sim de seus sócios ou administradores. Seu patrimônio servirá
para cumprir a obrigação do sócio devedor.

A primeira ideia do CPC foi evitar decisões de desconsideração da


personalidade jurídica sem que o sócio fosse ouvido. Esse dispositivo já existe,
de forma geral, no CPC. É a determinação do artigo 9º, que determina que
“não se proferirá decisão contra uma das partes sem que esta seja
previamente ouvida”.

Em outras palavras, é a efetivação dos princípios do contraditório e da


ampla defesa. Assim dispõe o artigo 135: “instaurado o incidente, o sócio ou a
pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no
prazo de 15 (quinze) dias”.
Outro ponto importante são as partes legítimas para requerer o
incidente. São elas: partes envolvidas no processo e o Ministério Público,
quando lhe couber intervir no processo. O incidente de despersonalização de
pessoa jurídica não pode ser instaurado de ofício pelo juiz, salvo em processo
trabalhista.

Por fim, o pedido deve observar os pressupostos previstos em lei


durante todo o processo.

Quais as consequências da desconsideração da personalidade jurídica?


A consequência principal da despersonalização de pessoa jurídica é
atingir o patrimônio dos sócios. Ainda que a dívida seja da empresa, eles serão
responsáveis por satisfazê-la com seus recursos particulares.

No CPC, há ainda uma outra consequência. Se o juiz acolher o pedido


de desconsideração da personalidade jurídica, a alienação ou a oneração de
bens, havendo fraude de execução, será ineficaz com relação ao requerente.

A despersonalização de pessoa jurídica é um instituto que dá segurança


ao mercado. De um lado, o empresário deve se preocupar com
o compliance para permanecer sempre dentro da lei. 

De outro, o credor realiza negócios com mais tranquilidade. E não só o


credor. A desconsideração da personalidade jurídica se aplica às relações
trabalhistas, como frisou a reforma.

Conclusão
Diante dos direitos e obrigações que possui a pessoa jurídica e da
possibilidade de resguardar o patrimônio pessoal dos seus membros, a
legislação processual vigente deve possuir a eficácia de resguardar os
credores da sociedade da possibilidade dos sócios ou administradores se
beneficiarem de tal fato para beneficiamento próprio.

Vê-se que a desconsideração da personalidade jurídica revelou-se um


instrumento importante de combate à fraude e inobservância da lei.

E, justamente nesse sentido, o Novo CPC buscou regular a matéria,


concedendo que os sócios e administradores prossigam protegendo o
patrimônio próprio, concedendo a estes que manifestem no processo antes do
deferimento do juiz quanto ao instituto, sem que se perca a celeridade e a
economia processual.

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