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RESPONSABILIDADE CIVIL
Traduz-se no dever de indemnizar pelo prejuízo causado pela conduta ilícita, ou seja,
em violação de deveres legais ou contratuais.
A regra geral é a de que pelas dívidas/responsabilidades da empresa responde somente o
capital social da empresa e não os seus gerentes, administradores ou diretores.
Para que o administrador seja responsabilizado por determinado ato, este terá que ter
sido praticado no exercício das suas funções com violação dos seus deveres.
O património pessoal do administrador pode ser chamado a responder pelas dívidas da
empresa, ou por quaisquer outro tipo de danos causados pelos seus atos, quando esteja
em causa a violação de normas legais ou estatutárias.
FACE À EMPRESA
Os gerentes ou administradores respondem para com a empresa pelos danos causados a
esta por atos ou omissões praticados com preterição dos seus deveres legais ou
contratuais, salvo se provarem que procederam sem culpa.
Os administradores respondem assim perante a empresa por:
Danos causados por fusão, caso não seja provada a diligência de um gestor criterioso e
ordenado;
Violação da obrigação de não concorrência;
Renúncia sem justa causa;
Violação da proibição de empresa em relação de participação ou domínio de adquirir
novas quotas ou ações da participada;
Aquisição ilícita de ações próprias;
Violação dos deveres de diligência de empresa diretora ou da empresa dominante em
grupos de empresas.
NO CÓDIGO DA INSOLVÊNCIA
Durante o processo de insolvência, pode o tribunal conhecer de indícios da prática de
crimes tipificados no Código Penal, por parte dos administradores ou gerentes da
empresa insolvente.
Neste caso, o juiz deve dar conhecimento da ocorrência desses factos ao Ministério
Público, para que esta entidade proceda às diligências de investigação necessárias ao
exercício da respectiva acção penal.
No entanto, há que frisar que os efeitos da qualificação da insolvência como culposa são
restritos ao próprio processo de insolvência, tendo a culpa e respetiva responsabilidade
pessoal (quer civil, quer penal) de ser determinada nos respetivos processos.
As atuações dos administradores que levem ao insucesso empresarial e subsequente
insolvência da empresa não relevam para efeitos penais.
NO CÓDIGO PENAL
Os crimes previstos no Código Penal em sede de insolvência são aplicáveis a atuações
quer de administradores de direito, quer de administradores de facto.
Insolvência Dolosa
Este crime é punido com pena de prisão até 5 anos, ou com pena de multa até 600 dias.
Insolvência Negligente
A pena estatuída é a de prisão até 1 ano ou pena de multa até 120 dias.
Abuso de Confiança
De valor elevado, o agente é punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de
multa até 600 dias;
De valor consideravelmente elevado, o agente é punido com pena de prisão de 1 a 8
anos.
Se o agente tiver recebido a coisa em depósito imposto por lei em razão de ofício,
emprego ou profissão, ou na qualidade de tutor, curador ou depositário judicial, é
punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
Burla
Este crime é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.
Burla Qualificada
Quem praticar o crime anterior é punido, se o prejuízo patrimonial for de valor elevado,
com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias.
A pena é a de prisão de 2 a 8 anos se:
O prejuízo patrimonial for de valor consideravelmente elevado;
O agente fizer da burla modo de vida;
O agente se aproveitar de situação de especial vulnerabilidade da vítima, em razão de
idade, deficiência ou doença;
A pessoa prejudicada ficar em difícil situação económica.
Infidelidade
Quem, tendo-lhe sido confiado, por lei ou por ato jurídico, o encargo de dispor de
interesses patrimoniais alheios ou de os administrar ou fiscalizar, causar a esses
interesses, intencionalmente e com grave violação dos deveres que lhe incumbem,
prejuízo patrimonial importante é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de
multa.
Frustração de Créditos
É punido com pena de prisão até 3 anos ou pena de multa, o administrador ou gerente
que destruir, danificar, fizer desaparecer, ocultar ou sonegar parte do património da
sociedade, após prolação de sentença condenatória exequível.
Favorecimento de Credores
Este crime é punido com pena de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias.
As penas podem ser agravadas de um terço, nos seus limites mínimo e máximo, quando
em consequência de tais atuações resultarem frustrados créditos de natureza laboral, em
sede de processo executivo ou processo especial de insolvência. De facto, a natureza
laboral das dívidas da empresa justificam uma proteção acrescida.
RESPONSABIIDADE FISCAL
Responsabilidade Civil Tributária
Os administradores, diretores e gerentes e outras pessoas que exerçam, ainda que
somente de facto, funções de administração ou gestão em pessoas coletivas e entes
fiscalmente equiparados são subsidiariamente responsáveis em relação a estas e
solidariamente entre si:
Pelas dívidas tributárias cujo facto constitutivo se tenha verificado no período de
exercício do seu cargo ou cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado
depois deste, quando, em qualquer dos casos, tiver sido por culpa sua que o património
da pessoa coletiva ou ente fiscalmente equiparado se tornou insuficiente para a sua
satisfação;
Pelas dívidas tributárias cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado no
período do exercício do seu cargo, quando não provem que não lhes foi imputável a
falta de pagamento;
Pelas multas ou coimas aplicadas a infrações por factos praticados no período do
exercício do seu cargo ou por factos anteriores quando tiver sido por culpa sua que o
património da empresa ou pessoa coletiva se tornou insuficiente para o seu pagamento;
Pelas multas ou coimas devidas por factos anteriores quando a decisão definitiva que as
aplicar for notificada durante o período do exercício do seu cargo e lhes seja imputável
a falta de pagamento.
Exemplos:
Destruição ou ocultação do património social;
Utilização da empresa e do seu património em proveito pessoal ou de terceiro com
prejuízo para esta;
Celebração de negócios ruinosos, falta de diligência na cobrança de créditos, etc.;
Prossecução, no seu interesse pessoal ou de terceiro, de uma exploração deficitária, não
obstante saber ou dever saber que esta conduziria com grande probabilidade a uma
situação de insolvência.