Você está na página 1de 3

Introdução

No presente projecto, falar-se-á da responsabilidade Civil e Penal de um Administrativo


empresarial. Partindo do pressuposto de que a administração de empresas é uma
atividade de íntima relação com riscos de toda sorte. Internamente, o administrador
dirige as atividades e exerce poder hierárquico; externamente, representa a empresa
perante terceiros. Para cada decisão tomada no exercício dessas atividades, deve sopesar
o potencial de resultado versus as exposições que a estratégia requererá. Por sua vez, o
Direito Empresarial reconhece essa realidade, por isso, define a atividade do gestor
como obrigação de meio, na qual se exige dele uma forma de atuar circunstancial, e não
a produção de um resultado certo ou determinado em favor da empresa. Na hipótese de
prejuízo, a empresa tem sempre a opção de destituí-lo, mas só poderá responsabilizá-lo
civilmente em circunstâncias muito específicas. No âmbito penal, não pode decorrer do
fato do exercício da administração da empresa. É claro que se o acusa não é de fato,
embora o seja de direito, diretor da empresa, não terá ele responsabilidade penal como
resultado simplesmente de sua condição jurídica. Não basta, porém, que o acusado seja
de fato diretor.

Jus a este pensar, o Direito define que o dever básico do administrador é empregar o
cuidado e a diligência que toda pessoa ativa e proba costuma empregar na administração
dos próprios negócios. Desse dever de diligência decorrem vários outros: dever de
assiduidade, de lealdade, de se informar, de ser vigilante, de intervir ativamente etc. E
com base nesses que o administrador deve agir ou não, especificamente, do resultado
que deve produzir. Regra geral, o tribunal entende que a gestão empresarial não requer
inspeção diária e aprofundada de todas as atividades; isso seria humanamente
impossível, o que se requer do dirigente é que mantenha um monitoramento geral e
ativo das atividades da empresa.

Assim, o administrador somente responde civilmente quando for negligente com os


cuidados ordinários da empresa, e quando esta sua negligência for a causa próxima dos
danos, ou quando age em frontal violação à lei ou ao estatuto social. Puni-lo pelo
prejuízo da empresa fora dessas condições seria ceifar qualquer incentivo à atividade
dos gestores, inviabilizando-a. A administração empresarial é, como a política, um
exercício da arte do possível, repleta de decisões imperfeitas, das quais é impossível, de
antemão, conhecer os efeitos e desdobramentos.
Longe da pretensão de esgotar o tema, a ideia é trazer, através deste texto, informação
objetiva e relevante sobre o regime civil e penal da responsabilidade do administrador a
gestores e empresários, sabendo-se que, para além deste, há também a responsabilidade
tributária, trabalhista, criminal, etc.

1.2. Justificativa

A presente temática, sendo de extrema relevância visto que nos últimos dias os riscos
empresariais têm ganho extrema relevância, surge a necessidade de aprofundá-lo para
melhor conhecer e servir de suporte a outros estudos que possam surgir numa dimensão
semelhante.

No que diz respeito a incidência direta ao administrador, parte-se do ponto de vista de


que todo ato do administrador praticado dentro de suas atribuições legais/estatutárias,
com observância aos deveres de diligência, é considerado acto regular de gestão. Tal
constatação isenta o administrador de certas responsabilidades. Por outro lado,
verificada a culpa do gestor, ou violação à lei ou ao estatuto, aí sim se está diante de
hipótese de responsabilidade civil. Por se tratar, tecnicamente, de responsabilidade,
requer-se não só a demonstração do dano e do nexo causal, mas também da culpa,
incluídos, neste leque de razões, o dolo, a imperícia, imprudência e a negligência. O
ônus de prova da culpa do gestor cai sobre a sociedade que o acusa; se, por outro lado, a
sociedade alegar violação à lei ou ao estatuto, aí incumbe ao acusado comprovar a
licitude e regularidade do seu ato, ou, por exemplo, a inexistência do dano alegado.

1.3. Problematização

As organizações corporativas complexas da atualidade se caracterizam pela


descentralização e distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo inerentes, a
esta realidade, as dificuldades para imputar o fato ilícito a uma pessoa concreta. A
responsabilidade do administrador dependerá do tipo de empresa. Em termos práticos,
aqueles que detêm algum poder de direção/administração dentro da empresa, ou seja,
são as pessoas que com a sua tomada de decisões são capazes de influir no destino de
uma empresa e, portanto, respondem pelos seus atos. Nesse contexto existem pessoas
jurídicas que pela natureza e/ou relevância dos seus negócios exigem um dever especial
de cautela, onde o mínimo comum denominador seria a movimentação de grandes
riquezas (moeda estrangeira, imóveis, transferências bancárias, objetos de luxo,
mercado de ações, etc).

Uma nova ideologia de combate aos crimes em nosso país, o Estatal vem atuando no
sentido de buscar a responsabilização das partes em diversas áreas, utilizando-se de
métodos que visam esvaziar condutas criminosas, seja impondo severas penas de caráter
pecuniário (sequestro, confisco, indisponibilidade de bens), seja através de mecanismos
preventivos à pratica criminosa.

Se o Estado Moçambicano pretende se amoldar aos novos métodos de combate ao crime


(em especial a corrupção corporativa) também o deverá fazer a respeito da dupla

punição (Administrativa e Penal) que este sistema legitima. Empresas podem figurar no
polo passivo de uma demanda penal e até ser eventualmente condenada.

O problema reside no fato de que por trás de uma pessoa jurídica há trabalhadores de
bem que dependem dela pra seu sustento. Atacar a criminalidade não pode dar carta
aberta para que se destruam empresas inteiras e consequentemente também a vida das
pessoas inocentes que precisam trabalhar para sobreviver.

Em função do pressuposto acima descrito, coloca-se a seguinte questão problemática:

Será que os administradores empresariais exercem suas responsabilidades Civis e


Penais?

Ou

Quais as responsabilidades sejam elas penais ou civis aplicadas ao administrador.

1.4. Hipóteses

Você também pode gostar