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ARMANDO TRAVASSOS

Docente
Direito das Sociedades Comercias

RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES

As sociedades comerciais e os agentes económicos de uma forma geral estão vinculadas


a variadas normas e deveres que deverão cumprir.

Estão sujeitos a uma crescente complexidade da normatização e da regulação;

E a uma crescente sofisticação dos conhecimentos necessários ao cumprimento dessas


normas e dessa regulação.

É necessário que as Sociedades comerciais e os agentes económicos cumpram essas


normas.;

Que vão entre a prevenção e a punição.

Entre estas normas encontramos, normas relativas á concorrência; corrupção e


branqueamento de capitais; higiene e segurança no trabalho; normas ambientais, Normas
fiscais, Relativas á não discriminação, entre muitas outras.

Entre tantas normas cabe também aos gestores terem uma noção, ainda que breve de
muitas delas.

Os agentes económicos precisam de cumprir a lei, os regulamentos, normas estatutárias;


contratos, autorregulação, soft-law, normas éticas, exigências reputacionais etc. etc.

À intensificação da regulação legal corresponde o aumento do legal risk para os agentes


económicos, pelo que estamos todos mais perto da necessidade de praticar o compliance
risk, muito especial para os que operam no mercado internacional.

Os incumprimentos da lei, dos regulamentos, das políticas internas das empresas


representam custos para as sociedades ou mesmo o seu desconhecimento representam
custos para as sociedades que os gestores terão de prevenir.

Evitando, coimas, indemnizações, nulidades dos contratos e custos reputacionais.

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Contrariamente à tendência mais usada nos últimos anos, o direito faz parte da vida das
empresas e os gestores devem compreendê-lo.

Como sabemos as práticas de alguns crimes determinam a dissolução das sociedades e a


responsabilidade penal e civil das empresas e dos gestores.

As sociedades de maior dimensão já hoje apostam em estruturas de compliance ou de


corporate compliance , que as protejam destes problemas, que tendem a tornar-se cada
vez mais complexos.

O compliance procura identificar as atuações devidas, o estado de execução das práticas,


avaliar os riscos, e os custos potenciais dos incumprimentos entre outros aspetos
relevantes.

Vem isto a propósito das práticas e da responsabilidade de gerentes e administradores.

Os deveres de cuidado e de lealdade são dos mais relevantes;

O ingresso num cargo de administrador ou de gerente implica necessariamente um melhor


salário, mas desde logo implica a observância de um extenso e não completamente
determinado rol de deveres jurídicos.

Alguns deveres por serem designados na lei, tomam o nome de deveres legais específicos.

Muitos deveres estão consagrados no CSC.

Entre eles o dever de não ultrapassar o objeto social, ou a responsabilidade pela


manutenção do capital social;

O dever de entrada; o dever de não executar deliberações nulas;

O dever de não concorrência;

Entre muitos outros deveres dispersos no sistema jurídico;

Entre eles o dever de requerer a insolvência, ou o dever de não praticar atos que
prejudiquem a sociedade e consequentemente os seus credores.

Os deveres dos administradores não estão encerrados num catálogo, daí se conclui pela
sua grande importância.

A iniciativa económica vive da liberdade de escolha entre alternativas licitas, pelo que o
gestor tem de saber limitar os comportamentos ilícitos.

Será sempre nefasto confinar em prescrições legais as condutas dos agentes económicos,
devem reservar-se para estes uma discricionariedade adequada para os seus
comportamentos

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Do equilíbrio entre a discricionariedade empresarial e o controlo dos administradores -
decisores tem levado muitos países a socorrerem-se dos deveres de cuidado e de lealdade
para garantir um espaço de discricionariedade que é simultaneamente um desfio de
densificação e de concretização da atividade económica.

Entre estes deveres, focando-nos por agora no dever cuidado devemos perceber que el se
concretiza por via dos deveres de controlo ou de vigilância, pelo dever de atuação correta
e do dever de tomar decisões razoáveis.

Por sua vez o dever de lealdade desdobra-se na correção na contratação, no não


aproveitamento em benefício próprio de oportunidades de negócio societário; no não
aproveitamento pessoal de oportunidades societárias, assim como de bens ou informação
da sociedade; não abuso do estatuto.

É o dever de os administradores terem em vista os interesses da sociedade, abstendo-se


de promover os seus próprios interesses.

A Tutela da lealdade está prevista em diferentes normas, entre elas os Artº 397 e 428., mas
também está especialmente relacionada com os Artº(s) 428º .

A responsabilidade civil dos administradores é um dos temas mais analisados e que mais
cuidados deve ter para quem entra na via empresarial com este estatuto que também se
aplica aos gerentes.

A sua exposição ás responsabilidades penais, contraordenacionais, tributarias e


subsidiárias e naturalmente civis, faz deles alvos fáceis, pelo que só o uso adequado do
Direito pode de certa forma mitigar alguns destes muitos aspetos.

Interessa-nos desde já a apreciação do Artº 72º e ss do CSC.

A responsabilidade civil trata de determinar em que casos o lesante deve reparar o dano
sofrido pelo lesado.

Essa reparação é feita pela via da obrigação.de indemnizar.

As decisões dos administradores são juridicamente e civilmente imputáveis às


sociedades, porém relativamente as consequências penais os administradores são
pessoalmente responsabilizáveis.

No âmbito das suas funções de administração e de representação os


administradores/gerentes podem causar culposa e ilicitamente danos à sociedade, aos
credores, sócios e a terceiros.

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