Você está na página 1de 5

AULA N.º 10.

23-11-2023.

Considerandos da Directiva que deu origem ao PER (na sua redacção actual).

DRI – Directiva de recuperação e insolvência.

Interesses supra individuais.

DIRETIVA (UE) 2019/1023 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO


de 20 de junho de 2019
sobre os regimes de reestruturação preventiva, o perdão de dívidas e as inibições, e sobre as
medidas destinadas a aumentar a eficiência dos processos relativos à reestruturação, à
insolvência e
ao perdão de dívidas, e que altera a Diretiva (UE) 2017/1132 (Diretiva sobre reestruturação e
insolvência)

Restruturação de dívida contra os interesses pessoais do devedor.


Efeitos distributivos. São adjudicados a pagamentos de dívida de graduação inferior.
Restruturação forçada da dívida!
Regra da prioridade relativa.

Enquanto não se esgotar a compressão de direitos dos credores mais baixos não se passa para
a próxima.

Viabilidade financeira. Desnecessidade de insolvência de uma empresa que pode ser insolvente,
mas viável ao mesmo tempo.

“A empresa é viável desde que se façam ajustes”. Perspectiva realista de viabilidade.

Considerandos da directiva:
“Caso um devedor com dificuldades financeiras não seja economicamente viável ou caso
a sua viabilidade económica não possa ser rapidamente restabelecida, os esforços de
reestruturação poderão conduzir à aceleração e acumulação de perdas em prejuízo dos
credores, trabalhadores e outras partes interessadas, bem como da economia no seu
conjunto.”
(…)
“De igual modo, as normas nacionais que dão uma segunda oportunidade aos
empresários, concedendo-lhes designadamente o perdão das dívidas contraídas no
exercício da sua atividade, variam consoante os Estados-Membros no tocante à duração
do prazo para o perdão e às condições de concessão do perdão. (5) Em muitos Estados-
Membros, são necessários mais de três anos para que os empresários que são
insolventes mas honestos consigam obter o perdão da dívida e recomeçar a sua
atividade. A ineficiência dos regimes de perdão de dívidas e de inibição faz com que os
empresários tenham de se deslocalizar para outras jurisdições para poderem ter um novo
começo após um período razoável, com um custo adicional considerável tanto para os
credores como para os próprios empresários.”
LIBERDADE DE ESTABELECIMENTO! – LIBERDADE DE CIRCULAÇÃO.

PER – Processo Especial de Revitalização = Processo de restruturação!


Arts. 17.º-A a 17.º-J.
Art.º 17.º-A – critérios cumulativos.

É o devedor que deve manter o controlo da sua actividade, e não o Administrador de


Insolvência - Debtor in possession.

Art.º 17.º-F
Suspensão de medidas de execução.

Durante 4 meses: condições asseguradas ao administrador da empresa, para gerir a


empresa e não estar a acudir a processos executivos.

Apenas pode ser protagonizado contra empresas que não estejam insolventes
(declarada).

Sem respeito pela regra da prioridade absoluta.

Princípio Geral: Na reestruturação da dívida há um princípio colegial de acordo dos


credores. Acordo maioritário e não unanime.
Subcategorias de garantias se houver homogeneidade de interesses.

Um plano de revitalização considera-se aprovado em cada categoria se houver 2/3 dos


votos da Assembleia. Aqui já há compressão de alguns direitos.

Efeitos redistributivos.
Preserva-se os interesses relevantes aos credores subordinados e sócios.
A restruturação faz-se à conta dos credores das categorias superiores, para manter o
interesse
“Skin in the game”. – Teoria da agência.

A restruturação está mais próxima da solvência do que da insolvência.

Ponto de partida – 817.º do CCiv. Acção de cumprimento e execução.

Meios coercivos – Há também medidas inibitórias, cautelares, e sancionatórias (sansão


pecuniária compulsória).

Justiça por restituição no equivalente em dinheiro – o dinheiro é a medida de liquidação


equiparável.

A perda de valor no sistema executivo é um dado do sistema. 816.º/2 do CPC. 85% do


valor base.

Alteração das circunstâncias – Força maior. Mas a dação em cumprimento depende da


aceitação do credor.

Fontes de obrigações não signalamáticas (mas que também podem ser executáveis):
Gestão de negócios.
Enriquecimento sem causa.
Responsabilidade civil para indemnizar.

Compensação da autotutela. Meios coercivos. Meio judicial. Quando estamos a recorrer


à tutela jurisdicional estamos a servir interesses supra-individuais.
Limitações ao art.º 398.º do CCiv. Bons costumes, usura. Mas não a racionalidade
económica.

O legislador, salvo raras excepções, não determinou, nem forneceu critérios, para
determinar se o contrato é válido para a sociedade ou para o individuo.

Num cenário de solvência, não se protege o interesse de todos os credores, nem mesmo
os interesses sociais – v.g. despedimento colectivo por venda executiva de uma máquina
de uma fábrica -, mas sim os interesses do credor individual.

Num cenário de insolvência, protege-se o interesse de todos os credores. COMPRESSÃO


DA POSSÍBILIDADE DE EXECUTAR. Maximizar o produto da massa. Evitar
comportamentos oportunistas, e evitar desfechos injustos. Predominância dos interesses
dos credores.
Respeito pela regra da prioridade absoluta!

O PER É UM MEIO INTERMÉDIO QUE COMPRIME OS DIREITOS DOS CREDORES, MAS


NÃO DECLARA A INSOLVÊNCIA DA PESSOA COLECTIVA.

No cenário de restruturação é imperativo que assim fosse?


A própria Directiva reconheceu que os Estados-membros poderiam manter a regra da
prioridade absoluta ou relativa.

“Credits bargain theory” – regras ex ante que poderiam convencer


Custos de transacção
Regra da maioria. Regra ex ante. É a única regra de evitar comportamentos oportunistas.
Regra da prioridade relativa é difícil que fosse aceite pelo credor.

Potenciar a manutenção e envolvimento dos sócios no esforço de restruturação.

O abandono da regra da prioridade absoluta em função da regra da prioridade relativa,


não é unanime, mesmo à luz da teoria económica, porque os sócios também vão
beneficiar, e, se calhar, não deveriam.

Deveria haver o princípio da unanimidade.


É duvidoso que a maioria traduza uma certa razoabilidade.

Opção do legislador Português, numa situação de solvência, decidiu dar relevância aos
interesses supra individuais, mesmo quando
Preferindo por razões de protecção de interesses supra individuais, face aos dos credores,
fê-lo à custa dos credores individuais. Eles é que suportam as dívidas.

REGRAS DE MAIORIA – 17.º-5 N.ºs 5 e 7

Você também pode gostar