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Noções gerais da recuperação

judicial.
 A CRISE DA EMPRESA
 soluções de mercado e estruturas do livre mercado
 empresas: valor econômico, valor de negociação e
valor subjetivo
 disfunções das estruturas de mercado
 Estado-Juiz atua para evitar os prejuízos decorrentes
do encerramento da atividade econômica – mas de
maneira subsidiária

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 SISTEMAS LEGAIS DE INSOLVÊNCIA
 exercem papel central na sinalização dos agentes econômicos
 experiência internacional: até a década de 90 – dois sistemas:
pró-credores (anglo-saxões) e pró-devedores (tradição
romanística)
 Sistema nos EUA – chapter 11 - balanceamento de interesses
do devedor e dos credores – participação dos credores na
recuperação da empresa

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 A superação do Dec. Lei 7.661/1945:
 Alteração ocorrida no panorama econômico desde
1945;
 arranjos societários mais complexos;
 empresas sem ativos físicos e tangíveis;
 relações contratuais mais dinâmicas que o direito
de propriedade;
 modernas formas de garantia.

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 A ineficiência da concordata para proteção dos
credores ou para preservar a atividade
 Limitações da concordata: credores
quirografários; imposição prévia por lei dos
prejuízos aos credores; dilação de prazo e
abatimento parcial de valores).
 Sistema falimentar moroso;
 A liquidação falimentar não preservava a
atividade empresarial

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 A mudança de paradigma da lei 11.101/05
(“LRE”): da visão liquidatória à recuperacional:

 Objetivos de aumento da eficiência econômica;


 Objetivo de dar conteúdo social à legislação;
 Criação de instituto que abrangesse todos os
credores e que permitisse a participação ativa desses
para a recuperação da atividade.

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 Princípios do Banco Mundial e tendência
internacional;
 Inserção no Projeto de Lei de condições para que o
capital financeiro fosse protegido;
 Banco Mundial distribui nos meios acadêmicos o
livro Principles and guidelines for effective insolvency
and creditor rights systems;
 Argumento de que a formação dos juros é decorrente
da avaliação do risco e que a Lei deveria
proporcionar condições privilegiadas de retorno do
capital investido.

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 Inserção do art. 49, §§3 e 4º.

 Não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial


o credor por alienação fiduciária, o credor por
arrendamento mercantil, o credor por contrato com
reserva de domínio;

 Não se submeterá à recuperação o valor devido a


título de adiantamento de contrato de câmbio.

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 PLC nº 71/2003: Senador Ramez Tebet –
Escopo/Objetivo da lei
 Preservação da empresa
 Separação dos conceitos de empresa e empresário
 Recuperação das sociedades e empresários
recuperáveis
 Retirada do mercado de sociedades ou empresários
não recuperáveis
 Proteção aos trabalhadores
 Redução do custo do crédito no Brasil

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 Celeridade e eficiência dos processos judiciais
 Segurança jurídica
 Participação ativa dos credores
 Maximização do valor dos ativos
 Desburocratização da recuperação de
microempresas e empresas de pequeno porte
 Rigor na punição de crimes relacionados à falência e
à recuperação judicial
 Princípios legais:
 Arts. 47, 75, 76 e 126

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 Conceito:
 Trata-se de meio judicial que tem por objetivo viabilizar a
superação da situação de crise econômico-financeira do
devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses
dos credores, promovendo, assim, a preservação da
empresa, sua função social e o estímulo à atividade
econômica (art. 47 LRF)

 Premissa:

 NEGOCIAÇÃO DEVEDOR x CREDORES E CRIAÇÃO


DE AMBIENTE PROPÍCIO PARA QUE SE
ENCONTREM POSSIBILIDADES DE SUPERAÇÃO DA
CRISE.

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 Âmbito de incidência da Lei
 Artigo 1º da Lei n. 11.101/05: A lei aplica-se ao
empresário e à sociedade empresária

 O artigo 966 do Código Civil dispõe: “Considera-se


empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços”.

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Elementos:

 Exercício de uma atividade;


 A natureza econômica da atividade;
 A organização da atividade;
 A profissionalidade do exercício de tal
atividade (elemento teleológico subjetivo);
 A finalidade da produção ou troca de bens ou
serviços (elemento objetivo).

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 Não se submetem à Lei:
 Pessoa que que exerça profissão intelectual, de
natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento da
empresa;
 Empresa pública e sociedade de economia mista;
 Instituição financeira pública ou privada,
cooperativa de crédito, consórcio, entidade de
previdência complementar, sociedade operadora de
plano de assistência à saúde, sociedade seguradora,
sociedade de capitalização.

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 Créditos submetidos à recuperação:
 Todos os créditos existentes na data do pedido podem ser
submetidos à recuperação judicial (art. 49, da LF).
 Créditos excluídos da recuperação:
 As obrigações a título gratuito;
 Despesas que o credor fizer para tomar parte na recuperação
judicial, exceto custas judiciais decorrentes de litígio com o
devedor (art. 5º, da LRF);
 Créditos de natureza tributária (art. 187, do Código Tributário
Nacional);
 “Trava bancária” (art. 49, §3º, da LRF) - prevalecerão os direitos de
propriedade sobre a coisa e as condições contratuais. Não se
permite que, durante o prazo de suspensão de 180 dias, ocorra a
venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de
capital essenciais a sua atividade empresarial;
 Não se confundem os direitos reais de garantia (incluídos -
penhor) com os direitos reais em garantia (excluídos).

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 Petição inicial:
 Instruída com os documentos exigidos pelo art. 51 LRF (demonstrações
contábeis do balanço patrimonial, de demonstração de resultados
acumulados e desde o último exercício social, bem como de relatório
gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção e relatório completo da
situação da empresa do ponto de vista econômico e comercial)
 Função de viabilidade da empresa.

 Verificação (Juízo de Admissibilidade):


 Análise da documentação, com determinação de perícia;
 Procura evitar o deferimento do processamento de empresa inviáveis,
inexistentes, desativadas ou que não reúnam condições de alcançar os
benefícios sociais almejados pela lei.
 O deferimento do processamento gera a suspensão das ações e execuções
por 180 dias.

 Emenda e indeferimento da petição inicial


 Se não estiver em termos a petição inicial, o juiz pode indeferi-la. Não é
obrigado a decretar a falência (o que ocorria na antiga concordata
preventiva);

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 Deferimento da recuperação:
 ART. 52 LRF. (...)
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor,
na forma do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo
onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do
art. 6o desta Lei e as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3o e
4o do art. 49 desta Lei;

Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da


recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e
execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores
particulares do sócio solidário.
§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em
hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e
oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação,
restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de
iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de
pronunciamento judicial.

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 Não se suspendem:
 - ações que demandem quantia ilíquida.
 - reclamações trabalhistas.
 - execuções fiscais (sem parcelamento fiscal).
 - ações e execuções movidas por credores não sujeitos à
recuperação judicial ( ACC, proprietário fiduciário,
arrendador mercantil, vendedor/promitente de
imóvel, bem com reserva de domínio)
 PRAZO DE 180 DIAS.
 É improrrogável (?).
 TJSP – sim.
 STJ – pode ser prorrogado pelo juiz, desde que a demora na
realização da AGC não seja imputável ao devedor.
 Enunciado 42 da 1ª Jornada de Direito Comercial da Justiça
Federal: o prazo de suspensáo previsto no art. 6º, parágrafo 4º,
da Lei 11.101/05 pode excepcionalmente ser prorrogado, se o
retardamento do feito não puder ser imputado ao devedor.

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 Desistência:
 Após deferimento do processamento, o devedor não
poderá desistir do pedido de recuperação judicial. A
menos que obtenha aprovação na AGC (art. 52, §4º,
da LRF).
 Antes do deferimento, não há óbice à desistência
sem aprovação.

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 Plano de recuperação:
 Prazo: 60 dias – prazo improrrogável (art. 53, da LRF);
 Estrutura do plano. Exauriente?
 Limitações:
 Prazo necessariamente inferior a 1 ano para pagamento dos
créditos trabalhistas ou decorrentes de acidentes de trabalho
vencidos até a data do pedido de recuperação judicial;
 Prazo necessariamente inferior a 30 dias para pagamento, até
o limite de 5 salários mínimos por trabalhador, de créditos de
natureza estritamente salarial vencidos nos 3 meses
anteriores ao pedido de recuperação.

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 Apreciação judicial:
 Análise dos aspectos formais.
 Não há análise dos aspectos econômicos a respeito da
viabilidade da recuperação

 Recebido o plano, será publicado edital contendo aviso


aos credores, os quais podem manifestar objeção ao
plano.

 Entendimento jurisprudencial (art. 55): “se quando for


publicada a 2ª lista (art. 7º, § 2º), ainda não houver plano
juntado, o prazo de 30 dias do art. 55 será contado da
publicação que é feita informando a juntada do plano – ou
seja, o prazo é contado a partir do que ocorrer por último
entre estas duas providências
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 Se não houver objeções, a recuperação é
concedida.
 Se houver, será convocada a AGC para
deliberar sobre o plano de recuperação (art. 56).
 Pode o juiz recusar a objeção?
 Precisa ser fundamentada?

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 Assembleia Geral de Credores:
 Quórum ordinário para a aprovação (art. 45);
 Quórum alternativo e a possibilidade do “cram down”
(art. 58, §1º).
 Requisito de que o plano não implique tratamento
diferenciado entre os credores da classe que houver rejeitado
 Voto abusivo.

 Concessão da Recuperação:
 Exigência de apresentação de certidão negativa de débito
tributário? (art. 57)

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 Alienação de ativos previstos no plano;
 Livre de quaisquer ônus e sem sucessão do
arrematante;
 Formas de alienação (art. 142).

 Controle de cumprimento do plano:


 Cumprimento das obrigações previstas no plano até
2 anos depois da concessão da recuperação;
 Cumpridas as obrigações, a recuperação será
declarada encerrada.

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