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Falência e Recuperação de

empresas
PROFESSOR: BRUNO ROCIO
Índice Sistematizado da Lei.
Incidência Relativa e Absoluta.
Hipóteses (artigo 2º da Lei 11.101/2005).
3 EXCEÇÕES!
RICARDO NEGRÃO ainda apresenta 3 (três) casos especiais de incidência, com restrições
temporais ou de legitimidade, relacionadas ao pedido de falência com base em impontualidade
(art. 94, inciso I, Lei 11.101/05).

1) Empresário que cessou suas atividades há mais de 02 anos (Art. 96, inc. VIII).

2) Espólio (Art. 96, § 1º) - “Prevê a lei, de forma especial, a decretação da falência de espólio
de pessoa física e, portanto, do empresário individual ou de sócio ilimitadamente responsável, até
um ano após a ocorrência de sua morte (art. 96, § 1º), sendo esse prazo decadencial.

3) Sociedade anônima liquidada que teve seu ativo partilhado (Art. 96, § 1º) – O credor
não pode requerer a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado seu ativo.
O empresário de fato pode ter sua falência decretada?

Resposta: ?
DA RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS
FASES DA RESCUPERAÇÃO.
PRINCÍPIOS GERAIS DA LEI 11.101/2005 E SEU OBJETIVO

O artigo 47 da Lei 11.101/2005 dispõe que:

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de
crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo,
assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.

A regra, portanto, é buscar salvar a atividade da empresa (e não o empresário,


estabelecimento ou uma sociedade), desde que economicamente viável, sendo a
falência a solução apenas quando for inviável preservar a atividade.
REQUISITOS PARA A
RECUPERAÇÃO
Preservação da atividade (art. 47 da Lei 11.101/2005).

Esse princípio decorre da imensa gama de interesses que transcendem os dos


donos do negócio, tais como:

-dos empregados em seus postos de trabalho;


-- dos credores, em relação ao recebimento de seus créditos.
- dos consumidores em relação aos bens ou serviços que necessitam;
- do Fisco voltado à arrecadação.
a) Valores insignificantes e requerimento de falência como substitutivo de
ação de cobrança (art. 94 da Lei 11.101/2005).

Os débitos considerados insignificantes não têm o condão de acarretar a


falência.
- Débitos insignificantes = 40 (quarenta) salários mínimos - inc. I do art. 94 da Lei
11.101/2005.
Também não é admitido o requerimento de falência como substitutivo da ação de cobrança. Veja o
que prevê o inc. II do art. 94:
b) Análise da viabilidade econômica do Plano de Recuperação.
.
O Juiz deve conceder a recuperação judicial do devedor cujo plano tenha sido aprovado em
assembleia.

A análise de viabilidade econômica da empresa e da viabilidade do plano de recuperação é de


exclusiva apreciação da assembleia.

Manter empresas absolutamente inviáveis operando, ainda que sob a titularidade de novos
sujeitos, significa transferir o risco do negócio aos credores, o que é inadmissível.
O Juiz deve conceder a recuperação judicial do devedor cujo plano tenha sido aprovado em
assembleia.

A análise de viabilidade econômica da empresa e da viabilidade do plano de recuperação é de


exclusiva apreciação da assembleia.

Manter empresas absolutamente inviáveis operando, ainda que sob a titularidade de novos
sujeitos, significa transferir o risco do negócio aos credores, o que é inadmissível.
Finalmente, é importante observar que a própria LFRE possui vários “filtros de viabilidade”,
materializados nos requisitos subjetivos e objetivos previstos nos arts. 48 e 51 da LFRE e
também nas hipóteses de convolação da recuperação judicial em falência, entre as quais se
destacam:
a) a não apresentação do plano no prazo legalmente estipulado (art. 73, II),
b) a rejeição do plano (art. 73, III) e o
c) descumprimento do plano durante a sua execução (art. 73, IV).
Com efeito, entende a lei que, se o devedor não apresenta o plano, se o mesmo não é aprovado
ou não é passível de cumprimento, não existe viabilidade, devendo a empresa quebrar.
Separação do conceito de empresa e empresário.

- Empresário – é quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a


produção ou a circulação de bens ou de serviços (art. 966 do Código Civil).

- Empresa – é o conjunto organizado de capital e trabalho para a produção ou a circulação de


bens ou de serviços.

Empresa não se confunde com o local aonde a atividade é desenvolvida. O local se chama
estabelecimento empresarial.
Não é correto falar “fulano e beltrano abriram uma empresa”, mas “eles contrataram uma
sociedade”.
As características de empresa são:
a) geração de lucro para quem a explora;
b) organizada, isto é, possuí os 04 fatores de produção: capital, mão de obra, insumos e
tecnologia.
Dica 1: O comerciante de perfumes Jequiti que leva ele mesmo até o
local de trabalho ou residência dos consumidores não é empresário
porque não contrata empregado e não organiza mão de obra. Assim,
se faltar qualquer das características acima, não será empresário.
Dica 2: Os profissionais intelectuais (advogado, médico, dentista,
arquiteto, músico, atores, etc.) não são empresários e não estão
sujeitos à falência (art. 966 do CC).
Dica 3: Cooperativas (sociedade simples – Súmula 49 do TJSP), empresas
públicas, sociedade de economia mista, instituição financeira pública ou privada,
cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar,
sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora,
exercente de atividade rural sem registro público de empresas mercantis,
empresário individual (não explora atividade economicamente importante),
sócios de sociedade empresária (não exerce a sociedade em nome próprio),
sociedade de capitalização não estão sujeitos à falência e nem a recuperação
judicial.
Dica 4: Não é a natureza da atividade que define o
empresário, mas a forma pela qual é explorada.
Supermercado x feirante.
* A inscrição do empresário na Junta Comercial não é
requisito para sua caracterização, admitindo-se o exercício
da empresa sem tal providência (Enunciado 198 do CEJ).
Recuperação das sociedades viáveis e liquidação das não
recuperáveis.

A proposta do legislador é proporcionar condições para a recuperação


da empresa, ou senão promover sua retirada do mercado para evitar o
agravamento da situação.
Caso se verifique a inviabilidade da manutenção da atividade produtiva e
dos interesses correlatos (trabalhistas, fiscais, creditícios etc), ou caso a
empresa não cumpra as obrigações constantes no plano de recuperação
aprovado na assembleia pelos credores a própria Lei impõe a promoção
de imediata da liquidação (falência), sem que isso implique violação ao
princípio da preservação da empresa inserto no art. 47.
Proteção aos trabalhadores.

O art. 54 prevê um prazo máximo de um ano dentro do plano de


recuperação para o pagamento dos créditos trabalhistas já vencidos
(caput) e um prazo de 30 dias para o pagamento dos créditos de
natureza estritamente salarial, vencidos até três meses antes do
pedido de recuperação, no limite de até cinco salários-mínimos por
trabalhador (parágrafo único). Em outras palavras, a natureza
alimentar do crédito trabalhista faz dele um crédito superprivilegiado,
no sentido de que o seu pagamento deva ser quase imediato.
É o princípio da proteção do trabalhador, consubstanciado em vários
dispositivos da LFRE, entre eles na própria classificação do crédito
trabalhista no quadro dos credores concursais: em primeiro lugar
entre os créditos concursais (art. 83, I – além do previsto no art. 151,
que prevê o pagamento imediato de determinadas verbas salariais),
principalmente em razão da sua natureza eminentemente alimentar
e da conhecida hipossuficiência do trabalhador, que não consegue
negociar garantias em seu contrato de trabalho.
Por outro lado, a LFRE, com a intenção de tutelar os seus interesses,
exclui os credores trabalhistas do regime da recuperação
extrajudicial (art. 161, § 1º), crendo que uma negociação
extrajudicial teria o condão de causar graves prejuízos à classe,
possivelmente em razão da dificuldade de coordenação de tais
credores, da extrema necessidade que pode gerar o inadimplemento
do crédito destinado ao sustento do empregado e de sua família e de
outras peculiaridades envolvendo esse tipo de crédito.
a) Limitação de valor do crédito trabalhista.

Os trabalhadores têm direito de preferência ao recebimento de seus créditos na falência.


Os créditos decorrentes de acidente de trabalho são os mais privilegiados.
Os créditos derivados da legislação do trabalho também tem preferência, mas sofrem
limitação da quantia a ser paga como preferência, limitando-se a 150 salários mínimos. O que
ultrapassar esse valor, será considerado crédito comum (quirografário).
Essa limitação do crédito de 150 salários foi considerada constitucional pelo STF (ADIn 3.934-
2, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJ de 06.11.2009).
Atenção à jurisprudência do STJ QUANTO AO
JUIZO COMPETENTE de créditos trabalhistas
Não se confundir a existência do crédito a que alude o art. 49 da Lei 11.101/2005 ("Estão sujeitos à recuperação
judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos") com a certeza e liquidez
(executividade) que somente a sentença pode conferir a determinados créditos.[...] Não fosse assim,
praticamente nenhum crédito cuja certeza e liquidez dependam de sentença estaria submetido ao processo de
recuperação judicial, como é o caso do crédito trabalhista que, apesar do princípio da proteção ao trabalhador,
não raras vezes somente é certificado após longos anos de tramitação do processo trabalhista[...] Não por
outra razão, a uníssona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça apregoa ser da competência do Juízo
trabalhista a apreciação e julgamento das ações versando sobre apuração dos créditos promovidos contra
empresas falidas ou em recuperação judicial, sob a égide do Decreto-Lei n. 7.661/45 ou da Lei n. 11.101/05.
Ultrapassada, contudo, a fase de apuração e liquidação dos créditos, os valores apurados deverão ser
habilitados nos autos da falência ou da recuperação judicial para posterior pagamento. 1. Nos termos do art.
49 da Lei 11.101/2005, estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido,
ainda que não vencidos. 2. Se o crédito é ilíquido, a ação deve prosseguir no Juízo trabalhista até a apuração
do respectivo valor (art. 6º, § 2º, da Lei 11.101/2005). Porém, se o crédito já foi apurado, pode ser habilitado na
recuperação judicial. (STJ - CC: 151755 SC 2017/0078373-0, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Publicação:
DJ 20/04/2017)
b) Vedação a cessões de crédito fraudulentas.
Não é possível a transmissão dos direitos que decorrem de condição
personalíssima do cedente, qual seja, a de empregado da massa
falida.
Assim, uma empresa credora da massa falida que paga a dívida
trabalhista (1º lugar) para usar o crédito do empregado, como
cessionário, não gozará do privilégio de crédito e será rebaixado (6º
lugar).
c) Natureza alimentar do crédito decorrente de honorários de
advogado.

Os honorários advocatícios possuem natureza de crédito alimentar =


crédito dos empregados (art. 24 da Lei n. 8.906/1994 c/c § 4º, inc. IV
do art. 85 do CPC).
STJ E EQUIPARAÇÃO DE
HONORÁRIOS A CRÉDITO
TRABALHISTA
RECURSO ESPECIAL Nº 457.288 - SP (2013/0421485-7) RELATOR : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO
RECORRENTE : CEGLIA NETO ADVOGADOS ADVOGADO : SALVADOR CEGLIA NETO E OUTRO (S) RECORRIDO : J P
ENGENHARIA LTDA - MASSA FALIDA ADVOGADO : FÁBIO ABOIM GUEDES E OUTRO (S) RECURSO ESPECIAL.
PROCESSUAL CIVIL. CRÉDITO RELATIVO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HABILITAÇÃO EM FALÊNCIA. CLASSIFICAÇÃO
COMO CRÉDITO TRABALHISTA. NATUREZA ALIMENTAR. 1. Entendimento pacificado pela Corte Especial deste Superior
Tribunal de Justiça no sentido de que os honorários advocatícios, por terem natureza alimentar, devem ser
classificados como crédito trabalhista para fins de habilitação em falência [...] Cinge-se a controvérsia entabulada nos
autos na classificação do crédito decorrente de honorários advocatícios, quando da habilitação no quadro geral de
credores, se de privilégio geral ou especial. O Tribunal de origem, ao se pronunciar sobre o tema, concluiu que "os
honorários advocatícios não se relacionam com qualquer bem em particular, assim o privilégio do art. 24 do Estatuto
da Advocacia é o geral" (fl. 146). Merece provimento o presente recurso especial. Com efeito, a Corte Especial deste
Superior Tribunal, ao julgar o REsp n. 1.152.218/RS, firmou o entendimento de que o crédito decorrente de
honorários advocatícios é equiparado a crédito trabalhista na habilitação em falência. Destarte, os honorários
advocatícios, por terem natureza alimentar, devem ser classificados como crédito trabalhista para fins de habilitação
em falência. Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial para determinar a classificação do crédito como
trabalhista. Intimem-se. Brasília (DF), 11 de março de 2015. (STJ - REsp: 457288 SP 2013/0421485-7, Relator: Ministro
PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Publicação: DJ 16/03/2015)
Redução do custo e do crédito.

Mais um objetivo declarado da lei é a redução do custo de crédito no Brasil. É


possível verificar em vários dispositivos da LFRE regras que criam direitos
especiais para as instituições financeiras, reduzindo os riscos que elas
normalmente enfrentariam em suas operações de crédito, razão pela qual
poderiam elas cobrar juros proporcionalmente mais baixos do empresariado,
segundo a lógica: quanto menor o risco, menores os juros
(exemplificativamente, vale mencionar a previsão dos arts. 49, §§ 3º e 4º, 86, II,
e 161, § 1º, e 199, §§ 1º, 2º e 3º, que põem a salvo as relações negociais
fundadas em contratos tipicamente bancários, como a alienação fiduciária em
garantia, o arrendamento mercantil, o adiantamento a contrato de câmbio, o
leasing de aeronave e suas partes, entre outros).
A intenção do legislador é reduzir o custo e o crédito.
A ideia é de “concurso universal”, de modo que o esforço se reverta
em prol da massa de credores.
Isto é, na falência, o objetivo é a melhor solução possível para todos
os credores, evitando privilégios para credores da mesma classe.
Na composição das classes que formam a assembleia-geral de credores, o art. 41, II (c/c art. 45)
da LFRE inseriu os titulares de garantias reais (cujos principais destinatários são os credores
bancários) em uma classe própria, e mais, com poderes para deliberar sobre o plano de
recuperação judicial proposto pelo devedor, tendo a relevante prerrogativa de vetar a proposta
apresentada pelo devedor.
Além disso, a própria posição do crédito bancário na classificação dos créditos em caso de
falência, prevista no art. 83, II, denuncia a postura “pró-banco” da LFRE: o crédito com garantia
real, a modalidade típica de garantia exigida pelos bancos em suas operações de financiamento
ocupa o segundo grau na ordem de pagamento dos créditos concursais, logo abaixo dos
trabalhistas e acima do Fisco, sem dúvida um feito muito contundente do chamado “lobby
bancário.
Celeridade e eficiência no processo.
As normas que regem a recuperação e a falência devem buscar a efetividade, para acompanhar
a velocidade das transações mercantis e a dinâmica da atividade econômica.
Inúmeras modificações foram criadas, com prazos rígidos, para não eternizar o processo de
reorganização ou falimentar.
Há a possibilidade de venda antecipada do ativo (se o bem é perecível, deteriorável, sujeito a
considerável desvalorização ou não se pode conservar), com autorização do juízo.
Nesse sentido, o art. 75, parágrafo único, textualmente afirma que o “processo de falência
atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual” (sendo que no mesmo
caminho está a previsão contida na Constituição Federal, art. 5º, LXXVIII: “a todos, no âmbito
judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação”).
A LFRE buscou, em diversas oportunidades, concretizar tais princípios. O art. 79, por exemplo,
dispõe que os processos de falência e os seus incidentes preferem a todos os outros na ordem
dos feitos, em qualquer instância.
Igualmente, o art. 40 impede o deferimento de qualquer medida judicial para a suspensão ou
adiamento da assembleia-geral de credores em razão de pendência de discussão acerca da
existência, quantificação ou da classificação de créditos.
Cumpre a todos os envolvidos no processo (de falência, recuperação judicial e recuperação
extrajudicial), e especialmente ao Magistrado, concretizarem tais princípios, adotando-se uma
perspectiva instrumentalista da jurisdição, afastando-se do formalismo exagerado em prol da
efetividade.
Segurança jurídica.
As partes envolvidas (credores e devedores), além de terceiros interessados devem contar com normas claras
e precisas, que confiram segurança jurídica ao processo.

E a nova norma estabeleceu a “teoria dos precedentes” (art. 926), estabelecendo o seguinte:

- dever de uniformidade: superação das divergências;


- estabilidade: previsibilidade, segurança jurídica e isonomia;
- integridade: análise da correção sistêmica dos fundamentos e conclusões de acordo com o conjunto de
normas;
- coerência: correlação dos processos atuais com as decisões passadas.
Participação ativa dos credores.

A Lei tenta despertar nos credores maior interesse quanto a situação do devedor (falência ou concordata).
Isto porque a participação dos credores é fundamental para se chegar a um resultado mais eficaz e evitar a
fraude na execução do plano.

Essa maior participação dos credores torna o processo mais democrático, facilitando a tomada de decisões
que influenciarão no destino da empresa.

Um exemplo da efetiva participação dos credores é a aprovação do plano de recuperação judicial em


Assembleia Geral de Credores, que, uma vez aprovado pelo quórum qualificado da Lei, será judicialmente
homologado e se tornará imutável.
Maximização do valor dos ativos do
falido
.

A Lei no art. 113 busca evitar a deterioração dos bens do falido. Vejamos:

Art. 113. Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável desvalorização


ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa, poderão ser vendidos
antecipadamente, após a arrecadação e a avaliação, mediante autorização
judicial, ouvidos o Comitê e o falido no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
E para viabilizar isto, o legislador deu poderes ao administrador judicial requerer a venda
antecipada de bens perecíveis ou sujeitos a desvalorização ou de conservação arriscada:

Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além
de outros deveres que esta Lei lhe impõe:
III – na falência:
j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a
considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do
art. 113 desta Lei;
Nesse sentido, vislumbramos o objetivo de preservar e maximizar os ativos do
falido:
(i) na regra que permite ao administrador judicial fazer ele mesmo a avaliação
dos bens do falido arrecadados, se tiver conhecimento técnico para tanto,
possibilitando, ainda,
(ii) a avaliação dos bens em bloco se isso for possível (art. 108);
(iii) na permissão, em razão dos custos e no interesse da massa falida, de
aquisição ou adjudicação, de imediato, pelos credores, dos bens arrecadados,
pelo valor da avaliação, atendida a regra de classificação e preferência entre
eles, desde que autorizado pelo juiz e ouvido o Comitê, se houver (art. 111);
(iv) na hipótese de venda antecipada dos bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à
considerável desvalorização ou que sejam de conservação arriscada ou
dispendiosa (art. 113); e
(v) na permissão de celebrar contratos para gerar renda a partir dos bens da
massa (art. 114).
(vi) preferência legal pela venda do mais abrangente conjunto de bens possível
(art. 140), iniciando pela venda da empresa em bloco, com todos os seus
estabelecimentos (art. 140, I);
(vii) a alienação da empresa por estabelecimento (art. 140, II);
(viii) a alienação de bens em bloco (art. 140, III);
Desburocratização da recuperação quanto ao micro e
pequeno empresário.

O legislador estabeleceu regras mais simples e menos onerosas para a recuperação das MICRO e
PEQUENAS EMPRESAS.
Essa proteção decorre dos arts. 170, IX e 179, da CF/88, que prevê o tratamento diferenciado às micro
e pequenas empresas.
Nesse sentido, foi projetado o plano especial de recuperação judicial previsto nos arts. 70 ao 72, que
buscou realizar o princípio da simplificação da recuperação das empresas de menor porte.

Poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que afirmem sua intenção de fazê-lo
na petição inicial.
Esse tratamento visa incentivar a formalização pela simplificação,
redução de obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e
creditícias.
Lei 9.317/96.
microempresa: receita anual bruta de até R$ 240.000,00.
EPP: receita anual bruta acima de R$ 240mil até R$ 2.400.000,00.
Condições:
Art. 71
I - abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, excetuados os
decorrentes de repasse de recursos oficiais, os fiscais e os previstos nos §§ 3 o e 4o do art. 49;
II - preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e sucessivas, acrescidas de juros
equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, podendo conter ainda a proposta
de abatimento do valor das dívidas;
III – preverá o pagamento da 1a (primeira) parcela no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado
da distribuição do pedido de recuperação judicial;
IV – estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o administrador judicial e o Comitê de
Credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados.
Rigor na punição dos crimes.

A Lei atual trouxe inovações que trouxeram mais rigor nas falências
fraudulentas.
Ex.: dispensou a motivação no despacho de recebimento da denúncia (antes de
2005, tem necessidade. Vide Súmula 564 do STF) e excluiu o Inquérito Judicial
(somente aplicável após a Lei 11.101/05).
NATUREZA JURÍDICA DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL (CONTRATUAL).

Natureza Jurídica: polêmica.


Sustentada na concordância de determinado percentual de credores (artigos 56 e 58) deixa de
ser um favor legal, concedido pelo magistrado, independentemente da vontade destes. Artigos
56, §§ 3º e 4º; 58 § 1º da Lei Federal nº 11.101 de 09-02- 2005.

Conquanto contenha elementos próprios, a recuperação judicial não perde a sua feição
contratual, envolvendo com os credores compromissos de pagamentos a serem satisfeitos na
forma estabelecida no Plano de Recuperação Judicial.
Há três grupos: a teoria contratual, a teoria processual e a teoria da obrigação legal.

Teorias contratualistas. Alguns juristas, imbuídos dos princípios dos direitos das obrigações,
vislumbram na recuperação um contrato, puro e simples, formado entre o devedor e os
credores.

Teorias processualistas. O fato de ser a recuperação judicial sujeita à direção e


homologação da autoridade judicial sugeriu a vários juristas a ideia de considerá-la um
instituto eminentemente processual, constituindo para uns uma decisão judiciária e para
outros um contrato processual.
Teoria pura da obrigação legal. Conforme tal teoria, a recuperação judicial não
é um contrato, mas um benefício outorgado pelo Estado, através da lei.
Aplicando a lei, satisfeitos os requisitos para o gozo desse benefício nela
estabelecido, o juiz apenas a concede.
E, é essa teoria, a da obrigação legal, a mais aceita na atualidade pelo Direito
Brasileiro, desde a época em que vigia o instituto da concordata e ipso facto,
atualmente na vigência da Lei nº 11.101/05, com a recuperação judicial.
INSOLVÊNCIA CIVIL X
INSOLVÊNCIA EMPRESARIAL.
Nesta seara é importante que se entenda a diferença entre a insolvência civil prevista nos artigos
748 a 786-A do CPC e insolvência empresarial prevista nas hipóteses do art. 94 e 105 da Lei
11.101/05.

A insolvência civil é caracterizada pela desproporção negativa patrimonial, ou seja, ocorre a


insolência civil do devedor quando este, não empresário, ostenta um passivo superior ao seu ativo.

A diferença entre o inadimplemento — ato — e a insolvência — estado — é relevante porque o


inadimplemento é tutelado pelas execuções individuais, enquanto que a insolvência é tutelada
pela execução coletiva.
A insolvência civil é caracterizada pela desproporção negativa patrimonial, ou
seja, ocorre a insolência civil do devedor quando este, não empresário, ostenta
um passivo superior ao seu ativo.
A insolvência empresarial não tem correlação com o ativo e o passivo do
devedor empresário, mas sim com a presunção de insolvência. Na forma da Lei
11.101/05, a insolvência empresarial poderá ser presumida nos casos de
impontualidade na satisfação de suas dívidas (art. 94, I) ou ser confessada —
autofalência (art. 105) e pela prática de atos de falência (art. 94, II e III).
No Direito brasileiro, a falência não pressupõe nem a insolvabilidade nem a
simples inadimplência, mas tão somente a impontualidade ou a prática de atos
de falência — atos e situações fáticas previstas na própria Lei (art. 94, II e III da
Lei 11.101/05) 2 , caracterizando a denominada presunção de insolvência.

A impontualidade, conforme definição do revogado art. 1º do Decreto Lei nº


7.661/45, ocorre quando o devedor comerciante, não paga, no vencimento,
obrigação líquida constante de título que legitime a ação executiva.
ORGANOGRAMA DA LEI DE
FALÊNCIA.
DISPOSIÇÕES COMUNS À
RECUPERAÇÃO JUDICIAL E À
FALÊNCIA
A) DEVEDOR SUJEITO A LEI DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO (art. 1ᵒ)

Art. 1ᵒ - esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência


do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.
Quem exerce atividade empresarial:
Empresário individual: responde com os seus bens pessoais, não havendo um limite para
exploração do seu patrimônio decorrente da atividade empresarial.
Sociedade empresária: são 5 - sociedade em coletivo, sociedade em comandita simples,
sociedade em comandita por ações, sociedade anônima (S/A) e sociedade limitada; sendo as
mais vistas atualmente, a sociedade anônima e a limitada, não estando excluídas as demais do
Código Civil e do novo projeto de Código Comercial.
EIRELI: empresa individual de responsabilidade limitada. É uma nova figura jurídica, muito
parecida com a sociedade limitada, mas não se confunde com a mesma. É espécie de sociedade
empresária, de pessoa jurídica privada, que surgiu no país em razão ao acréscimo do art. 980-
A no Código Civil. Peculiaridade da Eirele: para poder constituí-la, o valor é 100 vezes 10 salários
mínimos.
B) EMPRESÁRIOS EXCLUÍDOS DA LEI DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO (art. 2ᵒ e art. 198, LFR)
Art. 2ᵒ - esta lei não se aplica a:
I – empresa pública e sociedade de economia mista;
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência
complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
Quem não exerce atividade empresarial:
Profissionais liberais, sociedade simples, associações, fundações, ONGs e demais entidades sem fins econômicos. A
'sociedade simples' não se qualifica como empresário e, por esta razão, não se sujeita à Lei 11.101/2005, não
possuindo os benefícios da recuperação judicial e extrajudicial. Dentre os empresários, a lei ainda exclui de sua
aplicação alguns casos. Nos dois primeiros casos o afastamento da lei é absoluto, e nos demais há procedimento
especial.
1 - Empresa pública: criada por lei para desenvolver uma atividade empresarial. Como exemplo, temos a caixa
econômica federal, correios e telégrafos. É um caso de exclusão absoluta da lei falimentar.

2 – Sociedade de economia mista: o que a caracteriza é que o capital é formado por uma parte de recursos do
poder público, que tem a maior parte das ações, e outra de particulares. Não se sujeita à Lei 11.101/2005 e não
pode em nenhuma hipótese ter a falência decretada.

3 – Instituições financeiras: há um procedimento especial feito pelo banco central. No caso de uma crise, o banco
central pode nomear o interventor ou o liquidante, para tentar segurar a sobrevivência da instituição. Se o
liquidante nomeado pelo banco central, verificar que a instituição financeira não consegue pagar nem metade dos
credores quirografários, ele mesmo pode pedir a falência.
4 – Sociedade de capitalização: intervenção e liquidação também pelo banco central.

5 – Entidade de previdência complementar: também segue os procedimentos das instituições


financeiras.

6 – Cooperativa de crédito: mesmo caso das instituições financeiras.


7 – Consórcios: também regulamentado pelo banco central, segue os procedimentos das
instituições financeiras.

8 – Seguradoras: seguem os procedimentos das instituições financeiras, mas quem intervém é a


SUSEP (superintendência de seguros privados).

9 – Sociedades operadores de plano de assistência à saúde: quem administra os planos de saúde


também não está sujeito à Lei 11.101/2005, neste caso, quem intervém é a ANS (agência nacional
de saúde suplementar).

10 – Demais entidades relacionadas às anteriores: fundos mútuos, empresas de leasing etc.


C) OBRIGAÇÕES EXCLUÍDAS DA FALÊNCIA E DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL (art. 5ᵒ, LFR) – CREDORES NÃO
ADMITIDOS.

1) OS TITULARES DE CRÉDITO DERIVADO DE OBRIGAÇÃO GRATUITA (art. 5º, inc. I) – Visa preservar os
poucos recursos.

2) CREDORES DE DESPESAS PARA TOMAR PARTE NOS FEITOS FALIMENTARES (art. 5º, inc. II) – Exceção à
regra geral da sucumbência (custas e honorários do credor para se habilitar e defender seu crédito).

* Salvo as custas judiciais decorrentes do litígio com o devedor.


D) GARANTIAS CONDEDIDAS DENTRO DO GRUPO.

Estão excluídos da falência e da recuperação judicial do garante, os créditos objeto de garantia.


Isto porque as garantias que uma pessoa presta em favor de outra são consideradas contratos
gratuitos.

* Exceção: TJSP. Contrato de garantia em favor de uma holding, que controlada a recuperanda
quase que completamente.
E) SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO.

A prescrição das obrigações do falido suspende-se com a declaração da quebra e as obrigações


do devedor em recuperação com o deferimento do processamento da recuperação. Voltam a
fluir apenas com o trânsito em julgado do encerramento da falência ou da recuperação judicial.

Suspensão (paralisar e retoma) x Interrupção (zera e reinicia).

Não se suspendem a prescrição das obrigações que o devedor era credor.


F) SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS NA FALÊNCIA E NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

Um dos principais efeitos da falência é a SUSPENSÃO das execuções individuais em curso.

Essa suspensão, na maioria das vezes, é definitiva. A execução só volta a tramitar se houver
reforma da sentença de falência.

* Exceções:
a) A principal exceção à regra é a execução fiscal (art. 187 do CTN: O crédito tributário
não participa de concurso de credores).

b) Execução individual com hasta designada. Pode o juiz determinar que não se
suspenda, como medida de economia processual. O produto da hasta é entregue à massa.
O credor deve se habilitar. Se negativa a hasta, suspende-se a execução.
c) Execução individual com hasta já realizada. Nesse caso, se considera satisfeita a
obrigação e o credor levanta o valor do seu crédito. Se há saldo, deve se habilitar. Se
houver saldo, será entregue à massa.
Na recuperação judicial há a suspensão das execuções individuais por 180 (cento e oitenta) dias,
contados do despacho de processamento da recuperação judicial. O fundamento é que se não
houvesse a suspensão, poderia haver a frustração dos objetivos da recuperação judicial.

Nesses 180 dias há a análise do plano de recuperação judicial. Se é aprovada, os credores se


submetem ao plano, se não, a execução individual prossegue.

* Exceção: execução fiscal.


D) HABILITAÇÃO RETARDATÁRIA (art. 10, LFR).

O credor é considerado retardatário quando perde o prazo de 15 dias da publicação do edital. Todas as
habilitações após este período são tidas como retardatárias.
Se ainda não existe no processo o quadro geral de credores, a habilitação retardatária é tida como
impugnação de credores, mas se já existir o quadro geral de credores a habilitação retardatária deve ser
habilitada com uma ação de retificação do quadro geral de credores.
A habilitação retardatária tem consequências. “A principal consequência, com exceção dos credores
trabalhistas, os credores retardatários perdem definitivamente o direito de voto na Assembleia Geral dos
Credores (AGC) da recuperação judicial. Na falência, o credor retardatário só perde o direito de voto na AGC
enquanto o seu crédito não integrar o Quadro Geral de Credores (QGC)”.
E) POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO QUADRO GERAL DE CREDORES ATÉ O ENCERRAMENTO DO PROCESSO (art. 19, LFR)

Além da hipótese do art. 19, o QGC também pode ser alterado no caso de habilitação retardatária e também no
caso de julgamento de agravo de instrumento interpostos.

O art. 19 prevê que o administrador judicial, o comitê de credores, e o representante do Ministério Público
poderão a qualquer tempo pedir a retificação do QGC até o final do processo, em razão de fraude, simulação,
descoberta de novos documentos, erro, falsificação, qualquer problema que fez com que o QCG não seja
apresentado com realidade.

O quadro geral de credores não é absoluto, podendo ser alterado a qualquer momento do processo.

Não cabe mais apelação, mas agravo de instrumento pelo prazo de 10 dias.
M) DA INXIGÊNCIA DE PLURALIDADE DE CREDORES.

Não se exige que haja mais de um credor para o pedido de falência (Súmula 44 do TJSP).
N) LITISCONSÓRCIO ATIVO NA RECUPERAÇÃO.

A lei não aborda a questão do litisconsórcio ativo na recuperação, mas a doutrina e a


jurisprudência dizem que é possível. A regra da competência deve ser observada pelo juiz, para
que haja o litisconsórcio ativo na recuperação.
O) HIPÓTESES DE EXCLUSÃO DO REGIME FALIMENTAR (art. 96, LFR)

Hipóteses em que a falência não pode mais ser decretada:

Após 2 anos do encerramento da atividade

S/A liquidada que já teve o patrimônio partilhado entre os acionistas

Espólio de empresário individual e de sócio de responsabilidade ilimitada após 1 ano do falecimento


IV – ÓRGÃOS DA
FALÊNCIA E DA
RECUPERAÇÃO

ADMINISTRADOR
1–

JUDICIAL:
É o responsável pela condução
do processo de falência ou de
recuperação judicial, que não
poderá́ ser substituído sem
autorização do juiz.
1.2 – NOMEAÇÃO (art. 21)
Quem escolhe e nomeia o administrador judicial é o juiz, existindo um processo de
habilitação, em que são apresentadas certidões civis e criminais, currículo, dentre
outras coisas. É nomeado no despacho a que se refere o processamento da
decisão judicial. Mesmo que haja habilitação, o administrador judicial não é
obrigado a aceitar. Indicação para a função: deve ser profissional idôneo, etc.
Os credores ou o Ministério Público não podem interferir na escolha do
administrador judicial.
1.3 – IMPEDIMENTOS PARA EXERCER A FUNÇÃO (art. 30)
1.4 – FUNÇÕES (art. 22)
O art. 22 está dividido em 3 partes. Na primeira parte fala das funções na recuperação judicial e na falência:

1 – avisar os credores enviando correspondência decretando a falência;


2 – exigir informações, dar informações, apresentar extratos.

Na falência, as responsabilidades do administrador judicial são maiores. Na falência, assume-se a massa


falida.

No prazo de 40 dias deve-se apresentar as causas da falência, a possibilidade ou não de crime falimentar.
Tanto no processo de falência quanto recuperação:

a) enviar correspondência aos credores constantes na relação, comunicando a data do pedido, a


natureza, o valor e a classificação do credito;

b) fornecer com presteza as informações pedidas pelos credores;

c) dar extratos dos livros do devedor;


d) exigir informações (§2º);

e) elaborar relação de credores (art. 7º, §2º);

f) consolidar quadro geral de credores (art. 18);


1.5 – PRESTAÇÃO DE CONTAS (art. 23)

O administrador judicial administra patrimônio alheio. Portanto, deve prestar contas na recuperação judicial no
prazo de 30 dias do encerramento, enquanto na falência tem o prazo de 30 dias da realização do ativo e
pagamento de credores.

1.6 – SUBSTITUIÇÃO E DESTITUIÇÃO

O administrador judicial é substituído no caso de impedimento, renuncia injustificada, no caso de incapacidade


superveniente ou falecimento. Substituição não é sanção, não perdendo o direito à remuneração proporcional.
Por outro lado, poderá ser substituído se for omisso, negligente, ou apresente interesse conflitante com a
massa, perdendo direito à remuneração, já que destituição é sanção.
1.7– REMUNERAÇÃO (arts. 24 e 25)

Cabe ao devedor na recuperação e à massa falida. Tem natureza de crédito extraconcursal.


Recebe com preferência aos demais credores (art. 84). Nessa remuneração, o juiz analisa os
critérios subjetivos e objetivos.
Comitê de Credores (facultativo)

O Comitê de Credores tem a finalidade supervisionar o Administrador


Judicial, sendo um órgão facultativo e na sua ausência, a sua função
será desempenhada pelo Juiz e pelos credores. Ele é regulamentado
pelos artigos 26 a 29 da Lei n. 11.101/2005.

Na ausência do comitê, caberá ao administrador judicial ou, na


incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições.
ATRIBUIÇÕES DE COMITÊ
Art. 27. O Comitê de Credores terá as seguintes atribuições, além de outras previstas nesta Lei:
I – na recuperação judicial e na falência:
a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;
b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei;
c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores;
d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados;
e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores;
f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei;
II – na recuperação judicial:
a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias, relatório de sua situação;
b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial;
c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens do
ativo permanente, a constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessários à continuação da
atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do plano de recuperação judicial.
MINISTÉRIO PÚBLICO.
O JUIZ.
Assembleia Geral de Credores
Assembleias Gerais Ordinárias:
Assembleias Gerais Extraordinárias:
DIREITO AO VOTO!
OBRIGAÇÕES NÃO EXIGÍVEIS.
Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:

I – as obrigações a título gratuito;

II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação


judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o
devedor.
EFEITOS:
A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial implica (Art.
6º ):
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei;
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores
particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à
falência. Obs.: Exceto: Execuções fiscais, leilão e arrematação.
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão
e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais
ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência.
IV - Na recuperação judicial, as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste
artigo perdurarão pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado do deferimento do processamento da
recuperação, prorrogável por igual período, uma única vez, em caráter excepcional,
DAS ESPECIFICIDADES PROCEDIMENTAIS E
MATERIAIS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A Lei 11.101/05 inova no aspecto de introduzir o instituto da recuperação de empresas em
substituição à concordata, com as seguintes principais mudanças:

• Restringe os créditos sem garantias — quirografários.


• Cria o instituto da recuperação judicial.
• Cria o instituto da recuperação extrajudicial.
• Altera a ordem dos credores, a saber:
Da Classificação dos Créditos
i. Créditos trabalhistas, até 150 salários-mínimos (por credor);
ii. Créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;
iii. Créditos tributários, exceto as multas tributárias;
iv. Créditos com privilégio especial:

• Os previstos no art. 964 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002;


• Os assim definidos em outras Leis Civil e Comercial; e
• Aqueles a cujos titulares a Lei confira o direito de retenção a coisa dada em garantia.
v. Créditos com privilégio geral (Debêntures):

• Os previstos no artigo 965 da Lei n. 10.406/02 (funeral, custas judiciais, luto, doença do falecido, manutenção do falecido e sua família, impostos da
fazenda pública do ano anterior e do corrente, salário de emprega doméstico, outros).
• Os previstos no parágrafo único do art. 67 da Lei 11.101/05 (obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial - extraconcursais);
• Os assim definidos em outras Leis Civil e Comercial:

vi. Créditos quirografários; e

vii. Créditos subordinados ou subquirografário (a) pertencente aos sócios ou administradores, ou seja, o pro labore (retirada) ou à parte dos lucros que
lhes cabe nos resultados da em presa falida ou b) crédito por debêntures subordinadas emitidas pela sociedade anônima falida (LSA, art. 58, parágrafo 4º).

O instituto jurídico da recuperação de empresas substituiu a concordata no direito falimentar brasileiro sendo reconhecida como um gênero que se divide
nas seguintes espécies:
RECUPERAÇÃO JUDICIAL E
EXTRAJUDICIAL
(i) Recuperação Judicial, que consiste em ação judicial, de iniciativa do devedor, com a intenção
de amenizar a crise econômico/financeira pela qual o devedor vem atravessando; e

(ii) Recuperação Extrajudicial, que possui as seguintes subespécies:

(a) homologável: acordo celebrado entre credores e devedor com a mesma finalidade descrita
no item (i) acima e homologado pelo Poder Judiciário; e
(b) não homologável: acordos privados entre o devedor e seus credores, sem a necessidade de
homologação pelo Poder Judiciário.
1 – FINALIDADE DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL (art. 47, LFR).

A manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores
para prevenção da empresa, função social e estímulo à atividade econômica.

O principal objetivo da recuperação é o saneamento da crise econômico-financeira e patrimonial


do devedor, a preservação da atividade econômica, a manutenção da fonte produtora do
emprego e seus trabalhadores e o atendimento aos interesses dos credores, visando, portanto
que a função social da empresa seja cumprida. A recuperação judicial não pode ser postulada
no curso de uma falência decretada.
O conceito e a finalidade da recuperação encontram-se dispostos no art. 47 da Lei 11.101/05:

“A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-
financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa,
sua função social e o estímulo à atividade econômica”.
2 – LEGITIMIDADE ATIVA

Iniciativa própria do devedor explorar atividade de natureza empresarial.


3 – REQUISITOS SUBJETIVOS (art. 48, LFR)

I) Exercer regularmente atividade econômica, isto é, cumprir todas as obrigações previstas em lei mais 2 anos e
preencher demais condições na Junta, Escrituração Regular e Demonstração periódica contábeis (artigos. 967 e
1159 do CC);
OBS: APONTA FÁBIO ULHOA COELHO QUE A COMPROVAÇÃO PODE SER EFETIVDA POR MEIO DE EXIBIÇÃO DE DIPJ-
Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica, declaração de origem tributária que tem o
objetivo de informar os rendimentos da empresa à Receita Federal, TEMPESTIVAMENTE ENTREGUE COMO DITA O
PRÁGRAFO §2º ACRESCIDO PELA LEI Nº 12.873/2013
II) Não ser falido e se o foi ter obrigações declaradas extintas por sentença transitada em julgado (art. 158, LFR);
III) Não ter obtida a Recuperação Judicial a menos de 5 anos;

IV) Ter decorrido 5 anos da Recuperação Judicial Especial para ME ou EPP;

V) Não ter sido condenado ou não ter sócio administrativo ou controlador por crime
falimentar (facilmente manipulado; crítica: pena passa da pessoa para a sociedade).
Requisitos para requerimento da recuperação judicial (Art. 48 L11105/05)

1 - No momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos;

2 - Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as
responsabilidades daí decorrentes;

3 - Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;

4 - Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial
de que trata a Seção V deste Capítulo;

5 - Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por
qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Cônjuges sobreviventes, herdeiros,
inventariantes e sócios

OBS: COMO APONTA FÁBIO ULHOA COELHO COMENTANDO A LEI ORA EM ESTUDO pode,
ainda, postular a recuperação judicial o cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor,
inventariante ou sócio remanescente.
Requisitos = forma cumulativa e não alternadamente.

Isso significa que, não observado um desses requisitos, NÃO HÁ A RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
3.1. Requisitos Objetivos:

§2º do Art. 161  Impossibilidade de pagamento antecipado da dívida e tratamento paritário


(O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamento
desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos).

Art. 163, §1º “in fine”  Somente os créditos até a data da homologação (uma vez homologado,
obriga a todos os credores das espécies por ele abrangidas, exclusivamente em relação aos
créditos constituídos até a data do pedido de homologação).
Art. 163, §4º  Venda de bens somente com a concordância do credor com garantia real (Na
alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente
serão admitidas mediante a aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia).

Art. 163, §5º  Câmbio estrangeiro  Mudança (os créditos em moeda estrangeira, a variação
cambial só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente
previsão diversa no plano de recuperação extrajudicial).
4 – CRÉDITOS SUJEITOS À RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

4.1 – REGRA =“TODOS” OS CRÉDITOS EXISTENTES NA DATA DO PEDIDO (art. 49, caput).

Conforme art. 49, caput, estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do
pedido, ainda que não vencidos.
Exceções ao art. 49 :

- Créditos de Natureza Bancária;


- Alienação Fiduciária;
- Arrendamento Mercantil (leasing);
- Compra e Venda com Reserva de Domínio;
- Compra e Venda de Imóvel com Cláusula de Irrevogabilidade ou Irretratabilidade e incorporações imobiliárias;
- Adiantamento de Contrato de Câmbio para exportação (art. 49, §§ 3º e 4º, LFR).
- Operações de credito rural.
- Dívida contraída para aquisição de propriedade rural com garantia (nos 3 últimos anos anteriores a recuperação).
Os créditos tributários não estão sujeitos a Recuperação Judicial, porque devem seguir lei
específica tributária para aqueles que estão na Recuperação Judicial, mas ainda não há lei.

Conforme art. 57, LFR há uma positivação política, mas os Tribunais não tem exigido certidão
negativa dos créditos tributários até lei específica de parcelamento da dívida para quem esteja
em Recuperação Judicial.
5 – MEIOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (art. 50, LFR)

Elenco exemplificativo:

I – Concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas e


vincendas;

II – Cisão (dívida em outra), Incorporação (se unem), Fusão (2 ou mais se unem, formam uma
nova e respondem pelas dívidas anteriores), Transformação de Sociedade Limitada em Anônima,
de Empresário individual em Eirele, Constituição de subsidiária integral;
Alteração do controle societário;
· Atribuição aos credores direito de participar da eleição de administradores;
· Aumento de capital social pela contribuição do próprio sócio ou de terceiro;
· Trespasse: contrato de compra e venda do estabelecimento, de filiais (se previsto no plano
judicial, a venda é limpa, sem encargos);
· Sacrifício imposto aos empregados (redução salário e redução de jornada);
· Dação em pagamento (entrega bem para pagamento da dívida), Novação (nova dívida para
pagar);
· Sociedade com os credores para explorar atividade do devedor;
· Venda parcial dos bens (antes do plano, é preciso autorização do juiz, se aprovado no plano, não é
preciso);
· Equalização de encargos financeiros (equilibrar juros, correção monetária, afastar multa, pagar só
principal);
· Usufruto;
· Administração compartilhada;
· Emissão de valores mobiliários (lança novas ações com preço baixo, porque está em recuperação);
· Constituição social com propósito específico (nada mais é que uma dação através da sociedade).
. Conversão de dívida em capital social (ingresso dos credores como sócios na empresa).
- venda integral da devedora.
Restrições ao plano (art. 50, LFR)

§1º - Venda antecipada de bem com garantia real ou substituição da garantia: somente com a
concordância expressa do credor titular (Súmula 61 do TJSP).
§2º - Bens de moeda estrangeira para afastar a correção com base estrangeira (mudança da
variação cambial): concordância expressa do credor.
PROCESSO DE RECUPERAÇÃO
JUDICIAL
6.1 – FASES DO PROCESSO

POSTULATÓRIA: dá início a esta fase a distribuição do pedido de recuperação


judicial. O juiz recebe o pedido e analisa se estão presentes os requisitos para o
mesmo. Não cabe manifestação do Ministério Público nesta fase. O juiz ao
deferir o processamento da recuperação judicial, não defere a recuperação
propriamente dita. Vai da distribuição do pedido inicial até o deferimento pelo
juiz do processamento da recuperação judicial.
DELIBERATIVA: inicia-se com o despacho que defere o processamento da
recuperação judicial e vai até o despacho que defere a recuperação judicial
propriamente dita. A partir do deferimento do processamento da recuperação
judicial, ocorre a nomeação do administrador judicial, o início do prazo (de 60
dias) para recuperação judicial. Havendo objeção, é convocada a Assembleia
Geral de Credores (AGC) para analisar o plano de recuperação judicial. Aprovado
o plano, o juiz defere a recuperação.
EXECUTÓRIA: esta fase vai do deferimento da recuperação judicial, do momento
em que o plano é aprovado ou não, até a sentença de encerramento da
recuperação judicial. O plano de recuperação fica em observação durante
2 anos. O plano aprovado constitui título executivo judicial.
6.2 – PETIÇÃO INICIAL DO PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (art. 51, LFR)
Para o juiz poder deferir o processamento da recuperação judicial, a petição
deve estar composta pelos requisitos presentes no artigo 51 da Lei de Falência e
Recuperação.
A petição inicial de recuperação judicial será instruída e deverá conter:
I – a disposição das causas concretas (é demonstrada na inicial como está a
situação patrimonial do devedor) (...);
II – a apresentação pelo devedor dos 3 últimos exercícios sociais (...);
a, b, c (...) Fluxo de caixa é a previsão do que vai entrar. Desse modo, é possível
estabelecer a previsão do pagamento dos credores, que pode ser também
mediante a venda de bens.
III – a relação nominal completa dos credores (inclusive aqueles não incluídos na
recuperação, para se saber qual a dimensão da dívida) (...);
IV – saber se o quadro de empregados foi mantido ou reduzido, se existem
dívidas em relação aos empregados (...);
V – certidão de regularidade do devedor, o ato constitutivo atualizado (...);
VI – o legislador exige que os sócios controladores e administradores (...) em
confronto com art. 15, inciso X da CF;
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais
aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento
ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras;
VIII – certidões do cartório de registro (...); a lei não exige certidão negativa, isto
quer dizer que poder haver titulo protestado que não interferirá no deferimento da
recuperação judicial.
IX – todas as ações em que o devedor configurar como parte, seja com autor ou réu,
devem ser relacionadas em item específico. (...)
Todos estes documentos devem instruir o pedido, buscando atribuir transparência ao devedor para que o
mesmo possa se beneficiar da recuperação judicial.

É importantíssima a apresentação dos livros contáveis pelo devedor, porque é através deles que o perito
contador analisará a identificação de créditos, até mesmo de credores que não foram relacionados pelo
devedor.

O juiz pode determinar que o devedor apresente os livros contábeis em juízo para que sejam analisados no
procedimento de verificação de crédito.

Os documentos tem por objetivo dar ao juízo, ao Administrador e ao MP, um panorama da situação. Da
análise conjunta dos documentos e dos fundamentos da ação é que o juízo formará a sua convicção. Súmula
56 do TJSP (documentos faltantes).
6.3 – DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL E EFEITOS (art. 52, LRF)

Estando em termos a documentação exigida no art. 51, o juiz defere o processamento da recuperação judicial e,
no mesmo ato:
I – nomeia o administrador judicial;
II – determina a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades,
exceto para contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios;
III – ordena a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor;
IV – determina ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a
recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores;
V – ordena a intimação do MP e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados
e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento.
A decisão que deferiu a recuperação será publicada via edital, para que atinja o maior número de pessoas possíveis
que devem participar do processo de recuperação. No edital terá o resumo do pedido e íntegra da decisão, bem
como o prazo de 15 dias para habilitação ou impugnação do plano.

Deferido o processamento, também surge a possibilidade dos credores solicitarem a instauração do comitê de
credores (art. 27)

OBS: O caput do art. 6º ,§ 4º da lei estabelece o deferimento do processamento suspende o curso da prescrição e
de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário,
sendo certo que tal suspensão não excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias.

OBS: O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o deferimento de seu processamento,
salvo se obtiver aprovação da desistência na assembléia-geral de credores (§ 4º do art. 52 e art. 35, inc. I, alínea d).
PLANO E DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL .

7 – PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL


É o plano que definirá o rumo da recuperação judicial.
Nele deve constar:
a) meios a serem empregados;
b) demonstração de viabilidade econômico-financeira;
c) laudo de avaliação econômico-financeiro e avaliação dos bens.

7.1 – PRAZO PARA APRESENTAÇÃO (art. 53, LFR)


O prazo é de 60 dias contados da publicação da decisão que defere o processamento da recuperação judicial. Este prazo não admite
prorrogação. Isto quer dizer que se passar os 60 dias, é caso de convolação da recuperação em falência (art. 73).
7.2 – CONTEÚDO DO PLANO (art. 53, LFR)
A lei estabelece um conteúdo mínimo para o plano de recuperação judicial. O plano é estritamente econômico.
· Descrição detalhada dos meios de RJ utilizados: na forma do art. 50, o plano de recuperação judicial deve conter
discriminação pormenorizada dos meios de recuperação.
· Demonstração da sua viabilidade econômica: este requisito se mostra teórico, diante da dificuldade em
demonstrar como o devedor poderá honrar o compromisso com os credores.
· Laudo econômico-financeiro e de avaliação de bens e ativos do devedor subscrito por profissional
legal/habilitado ou por empresa especializada: este laudo é justamente para demonstrar, no momento da
apresentação do plano, qual a situação patrimonial e econômico-financeira do devedor.

Qualquer meio que o devedor escolha, ele deve vir esmiuçado de forma criteriosa, indicando como o plano reconduzirá
a empresa à estabilidade financeira.
7.3 – AVISO AOS CREDORES SOBRE A APRESENTAÇÃO DO PLANO (art. 53, parágrafo único,
LFR)

Prevê o artigo que uma vez apresentado plano, o juiz deve publicar um edital, avisando os
credores sobre a apresentação deste plano. A publicação do edital tem uma finalidade de abrir
prazo para a apresentação das impugnações (objeções ao plano).

A contagem do prazo para objeção do plano (30 dias) inicia da publicação desse edital ou da
publicação da relação de credores elaborada pelo administrador judicial, devendo ser
considerada a última das duas publicações para fins de contagem do prazo.
7.4 – OBJEÇÕES AO PLANO (art. 55 e 56, LFR)

Devem trazer fundamentos jurídicos ou aspecto econômico-financeiro, referente a dados apresentados pela devedora. As objeções
devem ser FUNDAMENTADAS!

a) Legitimidade: qualquer credor pode apresentar impugnações/ objeções ao plano. Podem apresentar objeções, desse modo, TODOS
os credores do devedor.

b) Prazo: é de 30 dias o prazo para apresentar objeções ao plano, contados da publicação do edital contendo a relação de credores do
administrador judicial (art. 7º, §2º).

A lei também prevê que o prazo pode ser de 30 dias da publicação do edital de aviso aos credores sobre o recebimento do plano, pelo
juiz.
c) Processamento: a lei prevê que a apresentação das objeções ao plano gera efeitos. Quem irá analisar as
objeções são os próprios credores. Desse modo, há a convocação da Assembleia Geral de Credores (art.
56). Se não houver objeções ao plano, significa que concordaram com o mesmo e o juiz já poderá deferi-lo.
Segundo Adalberto Simão Filho, se as objeções forem manifestamente inconsistentes não teriam o efeito
de convocar a AGC.
Outro ponto levantado por ele, é que se as objeções são facilmente solucionadas, não há necessidade de
convocar a AGC, o que demanda gastos. Hoje, o entendimento que prevalece é que a apresentação de
objeção, ainda que inconsistente, gera a necessidade de convocar a AGC (art. 56).
O prazo da AGC é de 150 dias contados do deferimento da recuperação (não há punição na prática).
d) Efeito: convocação da Assembleia Geral de Credores, pelo prazo de 150 dias, mesmo que haja uma única
impugnação.
7.5 – PLANOS ALTERNATIVOS
Verificando-se que o plano apresentado é inconsistente, qualquer credor, o Comitê de
Credores e o Administrador judicial, tem legitimidade para a apresentação de planos
alternativos. Contudo, para que o plano alternativo vincule ao devedor, é preciso que o mesmo
o aprove. O próprio devedor também pode apresentar outro plano.
· Qualquer credor
· Comitê de credores
· Administrador Judicial
Hipóteses de aprovação do plano, mesmo com a
rejeição em assembléia (§ 1º do art. 58).
I – voto favorável de credores que represente mais da metade de todos os créditos.
II – aprovação de 2 classes de credores;
III – na classe que houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 dos credores.

Condição: Não haver tratamento diferenciado entre os credores da mesma classe (§ 2º).
Princípio pars condictio creditorium.
7.6 – RESTRIÇÕES LEGAIS AO PLANO
Art. 54 – a primeira restrição legal refere-se aos créditos trabalhistas e decorrentes de acidente
de trabalho, em que, de acordo com o art. 54, o pagamento destes créditos não podem superar
o prazo de 1 ano.

Art. 50, §§1º e 2º - O crédito que tem garantia real. Os créditos em moeda estrangeira, de
acordo com o art. 38, são convertidos em moeda nacional.
7.7 – AFASTAMENTO DA SUCESSÃO EMPRESARIAL (art. 60, LFR)

Há afastamento da sucessão empresarial, quando a venda do estabelecimento.

Não haverá qualquer ônus ao arrematante, inclusive de natureza tributária, trabalhista ou acidente
de trabalho.

8 – DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL


Os credores são divididos em classes. Na classe 1, deve haver a aprovação da maioria quantitativa,
na 2 deve haver aprovação pela maioria tanto quantitativa quanto qualitativa.
8.1 – PRESSUPOSTOS
a) Aprovação do plano na AGC (art. 45, LFR): todos os classes de credores deverão aprovar a proposta.
A assembleia-geral é composta pelas seguintes classes de credores: a) titulares de créditos trabalhistas ou decorrentes
de acidente de trabalho; b) titulares de crédito com garantia real; c) titulares de créditos quirografários, com privilégio
especial, geral ou subordinados.

b) “Cram down” (art. 58, §1º, LFR): a tradução é “enfiar guela abaixo”. Há o “cram down”, quando os credores que
aprovaram possuem mais da metade dos créditos favoráveis. Das 3 classes, 2 devem ter aprovado, de acordo com
o art. 45. Na classe que houver rejeitado o plano, deve haver o voto favorável por parte dos credores que possuem mais
de 1/3 dos créditos.

c) Aprovação tácita do plano (art. 57 e 58, LFR): a aprovação tácita do plano quer dizer que, não havendo objeções ao
plano, haverá o deferimento do mesmo pelo juiz. O art. 57 hoje não vem sendo aplicado.
8.2 – EFEITOS
a) Vinculação do devedor e de todos os credores sujeitos ao plano (art. 59, LFR): a partir do
momento em que o plano é aprovado há a vinculação do devedor e de todos os credores sujeitos ao
plano. Se houve aprovação do plano, este vincula todos os credores sujeitos a ele.

b) Decisão: Título executivo judicial (art. 59, §1º LFR): esta decisão que homologa a aprovação do
plano tem natureza de título de execução judicial.

c) Período de observação judicial por 2 anos (art. 61, LFR): a partir do momento em que é deferida a
recuperação judicial, durante 2 anos o devedor fica sob observação do cumprimento do plano.
9 – DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PREVISTA NO PLANO APÓS O ENCERRAMENTO DA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL (art. 62, LFR)
A lei não prevê que o prazo de observação do cumprimento do plano (de 2 anos) seja estendido.
O art. 62 prevê 2 hipóteses possíveis, que o devedor teve uma obrigação descumprida: execução e
falência, após o ato de falência (art. 54, III, “g”).

10 – ENCERRAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL


10.1 – APÓS O PERÍODO DE OBSERVAÇÃO JUDICIAL
O juiz encerra o processo de recuperação judicial após o período de observação judicial de 2 anos.
10.2 – CONTEÚDO DA SENTENÇA (art. 63, LFR)
O conteúdo da sentença está previsto no art. 63.
a) Pagamento do Administrador Judicial
b) Aprovação do saldo das custas judiciais
c) Apresentação pelo Administrador Judicial do relatório sobre cumprimento do plano
d) Dissolução do Comitê de Credores e exoneração do Administrador Judicial
e) Comunicação do Registro Público de Empresas

11 – RECLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS SURGIDOS DURANTE A RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM CASO DE FALÊNCIA DO DEVEDOR
(art. 67, LFR)
Existe na lei esta previsão para incentivar os credores a trabalhar para o devedor que está em crise. Em caso de falência do
devedor, os créditos dos credores quirografários terá natureza de crédito extraconcursal, portanto, irão receber com
preferencia aos credores do art. 83.
12 – PLANO ESPECIAL PARA MICROEMPRESA - ME E EMPRESA DE PEQUENO PORTE – EPP (arts. 70 a 72, LFR)
12.1 – OPÇÃO PELO PLANO ESPECIAL (art. 70, LFR)
A lei, buscando beneficiar os credores, criou a possibilidade de quem se enquadrar como ME ou EPP, optar pelo
plano especial.
12.2 – ESPECIFICADOS DO PLANO ESPECIAL (art. 71, LFR)
a) Somente credores quirografários: excluídos, ainda, aqueles previstos no art. 49, §§3º e 4º.
b) Parcelamento no máximo em 36 parcelas mensais, iguais e sucessivas, corrigidas monetariamente e juros
de 12% ao ano (ou 1% ao mês)
c) Pagamento 1ª parcela em 180 dias da distribuição do pedido
d) Autorização judicial para devedor aumentar despesas ou controlar empregados
12.3 – NÃO HÁ SUSPENSÃO DAS AÇÕES (art. 71, parágrafo único, LFR)
As ações continuam correndo normalmente.

12.4 – OBJEÇÕES AO PLANO E EFEITO (art. 72, LFR)


Se credores representantes de mais da metade de créditos sujeitos ao plano apresentarem
objeção ao plano, o juiz decretará a falência.
V – CONVOLAÇÃO (TRANSFORMAÇÃO) DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA

1 – HIPÓTESES LEGAIS (art. 73, LFR)


A pedido dos credores na Assembleia Geral de Credores, antes do deferimento da Recuperação Judicial
Não apresentação do plano de Recuperação Judicial no prazo legal: 60 dias da publicação do
deferimento do processamento
Rejeição do plano pelos credores na AGC não possibilitando Cram down
Descumprimento de obrigação prevista no plano durante período de observação judicial
2 – POSSIBILIDADE DE CREDOR NÃO SUJEITO À RECUPERAÇÃO JUDICIAL REQUERER A
FALÊNCIA (art. 73, parágrafo único, LFR)
Art. 73, parágrafo único:
O disposto neste artigo não impede a decretação da falência por inadimplemento de obrigação
não sujeita à recuperação judicial, nos termos dos incisos I ou II do caput do art. 94 desta Lei (I –
sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em
título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta)
salários-mínimos na data do pedido de falência; II – executado por qualquer quantia líquida, não
paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal), ou por
prática de ato previsto no inciso III do caput do art. 94 desta Lei (Ex.: procede à liquidação
precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar
pagamentos).
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL DE EMPRESA (“CONCORDATA BRANCA”).

1 – DISCIPLINA LEGAL (art. 161 a 167, LFR).

É um acordo realizado extrajudicialmente que não abrange todos os credores e deve respeitar
certas formalidades.

Sem chancela do judicial: grande liberdade e há homologação judicial para atender certas
formalidades.
2 – REQUISITOS LEGAIS PARA REQUERER A HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL DO PLANO (art. 161,
caput e §3º, LFR)

Mesmo para requisitos para Recuperação Judicial.


No art. 48, diz-se que não pode estar pendente pedido de recuperação judicial, no prazo de 2
anos não pode pedir se já tiver pedido antes.
Neste artigo, fala-se em 5 anos.
Deve atender 2 anos do §3º porque é mais benéfico ao devedor.
3 – CRÉDITOS EXCLUÍDOS DE RECURSO EXTRAORIDNÁRIO (art. 161, §1º)

Trabalhistas decorrentes de acidentes de trabalho


Tributários
Previstos no art. 49, §§3º e 4º

Podem: garantia real – privilegiado geral, especial, quirografários e subordinados.


4 – RESTRIÇÕES LEGAIS AO PLANO DE RECURSO EXTRAORINDÁRIO.

pagamento antecipado de dívidas (não pode prever, pois prejudicaria demais os credores,
pagamento de forma dilatada);
tratamento diferenciado para credores não abrangidos pelo plano
abrange somente créditos constituídos até a distribuição do pedido
créditos com garantia real (art. 50, §2º - alienação, supressão, substituição só com autorização
expressa do credor)
créditos em moeda estrangeira (concordância expressa do credor)
5 – HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL.

5.1 – HOMOLOGAÇÃO FACULTATIVA (art. 162, LFR)

Homologação total de cada crédito, assim, a homologação é facultativa, pois já vincula demais credores.
Quando todos os credores abrangidos pelo plano aderem a ele. Justificativa: atribui formalidade ao ato,
para chamar atenção dos credores para obrigação assumida.
Permite a venda judicial de filial ou unidade produtiva do devedor
Decisão constitui título executivo judicial.
5.2 – HOMOLAÇÃO OBRIGATÓRIA (art. 163, LFR)

Anuência dos credores MAIS de 3/5 do total de cada espécie de


crédito por ele abrangido.
6 – INSTRUÇÃO DA PETIÇÃO INICIAL
6.1 – HOMOLOGAÇÃO FACULTATIVA (art. 162)
Procuração;
Certidão de atividades J.C.
Justificativa do pedido
Plano assinado por todos os credores
Termo
Acordo
6.2 – HOMOLOGAÇÃO OBRIGATÓRIA (art. 163, §6º, LFR)

Para vincular todos os credores. Balanço patrimonial: mínimo 30 dias antes do pedido que tem que ser o
balanço.

7 – PROCESSAMENTO DO PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL DO PLANO (artigos 164 a 167, LFR)

7.1 – PUBLICAÇÃO DO EDITAL PARA IMPUGNAÇÃO DO PLANO


Em 30 dias a contar da publicação do edital para impugnação do plano, o devedor deve enviar carta aos
credores abrangidos pelo plano.
7.2 – ENVIO DE CARTA PELO DEVEDOR AOS CREDORES ABRANGIDOS PELO PLANO
Em 30 dias a contar da publicação do edital para impugnação do plano, o devedor deve enviar
carta aos credores abrangidos pelo plano.

7.3 – PRAZO PARA AS IMPUGNAÇÕES


30 dias da publicação do edital.
7.4 – OBJETO RESTRITO DAS IMPUGNAÇÕES (art. 163, §3º)

Abaixo do quórum legal


Pratica de ato de falência (art. 130 – simulação de crédito)
Descumprimento de qualquer outra exigência legal

7.5 – PROCESSAMENTO DAS IMPUGNAÇÕES

O devedor deve se manifestar em 5 dias, o juiz decidir em 5 dias: não homologa o pedido se verificar que no objeto restrito das
impugnações não há risco de falência, não obrigando os credores que não concordarem. Cabe apelação só com efeito
devolutivo se os credores não concordarem com a sentença.
7.6 – POSSIBILIDADE DE REPRESENTAÇÃO DO PEDIDO

Cabe apelação.

8 – DESISTÊNCIA DE ADESÃO AO PLANO POR CREDOR APÓS A DISTRIBUIÇÃO DO PEDIDO (art.


161, §5º)

Só com a concordância de todos os credores.


9 – LIBERDADE DOS ACORDOS PRIVADOS (art. 167, LFR)
Art. 167. O disposto neste Capítulo não implica impossibilidade de realização de outras
modalidades de acordo privado entre o devedor e seus credores
Acerca de tal possibilidade importante salientar o apontado por Luis Felipe Salomão e Paulo
Penalva santos ao concluírem que : ”O desafio dos intérpretes e aplicadores da lei será
identificar os parâmetros que permitirão ao plano de recuperação modificar os contratos
celebrados pelo devedor, pois essa liberdade não pode ser absoluta. Além de essa modificação
ter de ser aprovada pelos credores em assembleia geral, deverá respeitar os princípios gerais
dos contratos previstos no Código Civil de 2002” (p. 311).
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2013, v 3. E-pub.
COELHO, Fábio Ulhoa. Comentário a lei de falência e recuperação de empresa. São Paulo:
Saraiva. E-pub.
SALOMÃO, Luis Felipe. Recuperação judicial, Extrajudicial e falência: Teoria e Prática. Rio de
Janeiro: Forense, 2017
Falência
Falência (Lei 11.101/05)
1.Conceito
Ricardo Negrão: falência é um processo de execução coletiva,
no qual todo patrimônio de um empresário declarado falido
(Pessoa Física ou Jurídica) é arrecadado, visando o pagamento
da universalidade de credores. É um processo judicial
complexo que compreende a arrecadação dos bens, sua
administração e conservação, bem como a verificação e o
acertamento dos créditos, para posterior liquidação dos bens
e rateio entre os credores. Compreende também a punição de
atos criminosos praticados pelo devedor falido.
HIPÓTESES FALIMENTARES.

I–
Impontualidade II – Execução III – Prática de
jurídica (créditos frustrada atos
superiores a 40 (qualquer valor). falimentares.
salários).
2. Legitimidade processual
2.1. Legitimidade ativa:
DOS RITOS.
Quando o pedido for realizado pelo próprio devedor: O rito
a ser seguido é o previsto nos artigos 105 a 107 da Lei de
Recuperação e Falência.

Nos demais casos, segue-se o rito do art. 98 da mesma Lei.


PRINCIPAIS EFEITOS.

Afastamento do devedor de Aplicação da universalidade Vencimento antecipado das


fixação do período suspeito.
suas atividades (art. 75); (art. 76). dívidas vencidas e vincendas.

Inabilitação do empresário
Falência do sócio de sociedade para o exercício de atividades
Perda do direito de
com responsabilidade Arrecadação de todos os bens empresariais desde a
administrar ou vender bens.
ilimitada, inclusive a sócio pelo administrador. decretação da falência até a
(continua)
retirante. sentença de extinção das
obrigações.
O afastamento do devedor de suas
atividades – Objetivo do legislador.
preservar e a otimizar a utilização produtiva dos bens, dos ativos e
dos recursos produtivos, inclusive os intangíveis;

permitir a liquidação célere das empresas inviáveis, com vistas à


realocação eficiente de recursos na economia;

fomentar o empreendedorismo, inclusive por meio da viabilização


do retorno célere do empreendedor falido à atividade econômica.
1 - OUTROS EFEITOS DA FALÊNCIA
2 - DOS EFEITOS DA FALÊNCIA QUANTO AO FALIDO

Desde a decretação da falência ou do sequestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou
deles dispor.
O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer as providencias necessárias para
a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida
seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis.
OUTROS EFEITOS.

obrigação de entregar livros,


Obrigação de assinar termo Obrigação de prestar Obrigação de auxiliar o
papeis, documentos e
de comparecimento informações administrador
senhas.

Obrigação de não se
SUSPENDE o exercício do
ausentar do lugar onde se
direito de retirada ou de REVOGAÇÃO das CONSEQUÊNCIA: CRIME DE
processa a falência sem
recebimento do valor de procurações. DESOBENDIÊNCIA.
motivo justo e comunicação
suas quotas ou ações.
expressa ao juiz
OUTROS EFEITOS.
Liquidação das
Extinção de
Encerramento das quotas sociais de Afastamento de
condomínio
contas correntes. empresas que o JUROS.
indivisíveis.
devedor for sócio.

Possibilidade de Formação da massa


SUSPENSÃO das
INEFICÁCIA de falida subjetiva
execuções fiscais.
obrigações. (credores)
A Fazenda
Pública pode ENUNCIADO 56 DA 1ª JORNADA DE DIREITO COMERCIAL

pedir
“A Fazenda Pública não possui legitimidade ou interesse de agir
falência? para requerer a falência do devedor empresário”
3 Legitimidade passiva
ART. 1 º => falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente
como devedor.
Quem exerce atividade empresarial:
Empresário individual: responde com os seus bens pessoais, não havendo um limite para exploração
do seu patrimônio decorrente da atividade empresarial.
Sociedade empresária: são 5 - sociedade em coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade
em comandita por ações, sociedade anônima (S/A) e sociedade limitada; sendo as mais vistas
atualmente, a sociedade anônima e a limitada, não estando excluídas as demais do Código Civil e do
novo projeto de Código Comercial.
SLU - Sociedades Limitadas Unipessoais (antiga EIRELI): empresa individual de responsabilidade limitada.
SÚMULA 248 STJ: Comprovada a prestação dos serviços, a
duplicata não aceita, mas protestada, é título hábil para
instruir pedido de falência.
Art. 14. Protocolizado o título ou documento de dívida, o
Tabelião de Protesto expedirá a intimação ao devedor, no
endereço fornecido pelo apresentante do título ou
documento, considerando-se cumprida quando
comprovada a sua entrega no mesmo endereço.
IDENTIFICAÇÃO NO PROTESTO
PARA FINS FALIMENTARES .
OBRIGATORIEDADE?

Cuidado com a SÚMULA 361.

A notificação do protesto, para requerimento de falência da


empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu
PRINCIPAIS ETAPAS DO PROCESSO
FALIMENTAR
1 - VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DE CRÉDITOS

Compete ao administrador judicial a verificação dos créditos, que a realizará com base nos livros contábeis e
documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo
contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas.

Confeccionada a relação inicial de credores, ocorrerá a publicação de tal relação na imprensa oficial, iniciando-se um
prazo de 15 dias para que os credores verifiquem seus nomes na lista e, na falta, requeiram sua habilitação ou
apresentem, se for o caso, suas impugnações.
O administrador judicial, nos 45 dias seguintes, fará publicar novo edital contendo a nova relação de credores.
A contar dessa publicação, os credores, o devedor, seus sócios ou o representante do Ministério Público têm um prazo de
dez dias para apresentar impugnações aos créditos apresentados, quanto à classificação ou à falta de legitimidade, por
exemplo.
Da decisão judicial sobre a impugnação caberá o recurso de agravo de instrumento!

ART. 17. DA DECISÃ O JUDICIAL SOBRE A IMPUGNAÇ Ã O CABERÁ


AGRAVO.
2 - ARRECADAÇÃO

Em ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o


administrador judicial efetuará a arrecadação dos bens e documentos e
a avaliação dos bens, separadamente ou em bloco, no local em que se
encontrem, requerendo ao juiz, para esses fins, as medidas necessárias.
Os bens arrecadados ficarão sob a guarda do administrador judicial ou
de pessoa por ele escolhida, sob responsabilidade daquele, podendo o
falido ou qualquer de seus representantes ser nomeado depositário dos
bens.
O falido poderá acompanhar a arrecadação e a avaliação.
Não serão arrecadados os bens absolutamente impenhoráveis!
3 - INEFICÁCIA E REVOGAÇÃO DE ATOS
DURANTE O PROCESSO DE FALÊNCIA

Os atos abaixo enumerados serão


considerados ineficazes se realizados em um
período que se denomina: “Período
Os atos considerados no artigo 129 da Lei
suspeito”. Esse período é determinado pelo
11.101/05 são elencados na lei com o
juiz em sua sentença. Assim, caso o ato
objetivo de evitar que no momento de crise
esteja no rol abaixo e dentro do período
o devedor comece a onerar os seus bens ou
citado, a ineficácia do ato fará com que o
tentar se evadir dos pagamentos.
bem retorne para a massa falida para o
pagamento dos credores de acordo com o
concurso falimentar.
4 - AÇÃO REVOCATÓRIA

A ação revocatória, de que trata o art. 130 da lei de falências, deverá ser proposta pelo administrador
judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação
da falência.
5 - CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS

FUNDAMENTADO NO PRINCÍPIO SOB ESSE PRISMA, A LEI ESTA CLASSIFICAÇÃO DOS


PAR CONDITIO CREDITORUM, O ESTABELECEU UMA CRÉDITOS NA FALÊNCIA SEGUE
PROCESSO FALIMENTAR DEVE CLASSIFICAÇÃO PARA A ORDEM UMA ORDEM BASTANTE
PROMOVER CONDIÇÕES DE PAGAMENTO DOS CRÉDITOS RIGOROSA, QUE NÃO PODE SER
PARITÁRIAS DE RECEBIMENTO NA FALÊNCIA. MODIFICADA POR ACORDOS
AOS CREDORES. ENTRE AS PARTES!
A classificação dos créditos na falência obedecem à
seguinte ordem (art. 83):
A classificação
dos créditos na I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados
falência a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e
aqueles decorrentes de acidentes de trabalho (sem limite);
obedecem à
seguinte II - os créditos gravados com direito real de garantia até́ o
ordem: limite do valor do bem gravado;

III - os créditos tributários, independentemente da sua


natureza e do tempo de constituição, exceto os créditos
extraconcursais e as multas tributárias;
VI - créditos quirografários, a saber:

A classificação
dos créditos na a) aqueles não previstos nos demais incisos deste
falência artigo;
obedecem à
seguinte b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto
da alienação dos bens vinculados ao seu
ordem: pagamento; e

c) os saldos dos créditos derivados da legislação


trabalhista que excederem o limite estabelecido no
inciso I do caput deste artigo;
VII - as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou
administrativas, incluídas as multas tributárias;

VIII - créditos subordinados, a saber:


A classificação a) os assim previstos em lei ou em contrato;
dos créditos na
falência
obedecem à b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício cuja
contratação não tenha observado as condições estritamente comutativas e as

seguinte
práticas de mercado;

ordem:
IX - os juros vencidos após a decretação da falência, conforme previsto no art. 124
desta Lei.
CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS

Os créditos trabalhistas de natureza


As despesas cujo pagamento antecipado estritamente salarial vencidos nos 3
os créditos em dinheiro objeto de
seja indispensável à administração da (três) meses anteriores à decretação da
restituição
falência (art. 150) falência, até o limite de 5 (cinco) salários-
mínimos por trabalhador

as remunerações devidas ao
administrador judicial e aos seus
auxiliares, aos reembolsos devidos a
as obrigações resultantes de atos
membros do Comitê̂ de Credores, e aos as quantias fornecidas à massa falida
jurídicos válidos praticados durante a
créditos derivados da legislação pelos credores
recuperação judicial
trabalhista ou decorrentes de acidentes
de trabalho relativos a serviços prestados
após a decretação da falência;
CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS

as despesas com
arrecadação, administração, as custas judiciais relativas
aos tributos relativos a fatos
realização do ativo, às ações e às execuções em
geradores ocorridos após a
distribuição do seu produto que a massa falida tenha
decretação da falência
e custas do processo de sido vencida
falência
6 - ALIENAÇÃO DOS ATIVOS E PAGAMENTO DOS CREDORES

Realizadas as restituições, pagos os créditos extraconcursais e consolidado o quadro geral de credores, as


importâncias recebidas com a realização do ativo serão destinadas ao pagamento dos credores, atendendo
à classificação prevista na lei específica, respeitados seus demais dispositivos e as decisões judiciais que
determinam reserva de importâncias.
Havendo reserva de importâncias, os valores a ela relativos ficarão depositados até o julgamento definitivo
do crédito e, no caso de não ser este finalmente reconhecido, no todo ou em parte, os recursos
depositados serão objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes.
FASE PÓS-FALIMENTAR - ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA
FASE PÓS-FALIMENTAR - ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA
FASE PÓS-FALIMENTAR - ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA

§ 5º A sentença que rejeitar as


A sentença que rejeitar as contas
Concluída a realização de todo o contas do administrador judicial
do administrador judicial fixará
ativo e distribuído o produto fixará suas responsabilidades,
suas responsabilidades, poderá́
entre os credores, o § 4º [primeira parte] o juiz poderá́ determinar a
determinar a indisponibilidade
administrador judicial julgará as contas por sentença. indisponibilidade ou o sequestro
ou o sequestro de bens e servirá
apresentará suas contas ao juiz de bens e servirá como título
como título executivo para
no prazo de 30 dias. executivo para indenização da
indenização da massa.
massa.
“Art. 156. Apresentado o relatório final, o juiz encerrará a falência por
sentença e ordenará a intimação eletrônica às Fazendas Públicas
federal e de todos os Estados, Distrito Federal e Municípios em que o
devedor tiver estabelecimento e determinará a baixa da falida no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), expedido pela Secretaria
Especial da Receita Federal do Brasil.

Art. 157. O prazo prescricional relativo às obrigações do falido


recomeça a correr a partir do dia em que transitar em julgado a
sentença do encerramento da falência.
1 - EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DO FALIDO

A extinção das obrigações é pressuposto imprescindível para sua reabilitação civil.

O juiz proferirá a sentença de extinção das obrigações se presente uma das seguintes hipóteses:

- o pagamento, após realizado todo o ativo, de mais de 25% (vinte e cinco por cento) dos
créditos quirografários, facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir a
referida porcentagem se para isso não tiver sido suficiente a integral liquidação do ativo;
- o decurso do prazo de 3 (três) anos, contado da decretação da falência, ressalvada a utilização
dos bens arrecadados anteriormente, que serão destinados à liquidação para a satisfação dos
credores habilitados ou com pedido de reserva realizado;
DEFESAS DO
FALIDO
Contestação

A Lei 11.101, de 9 de fevereiro de


2005 no artigo 98, caput, que “citado,
o devedor poderá apresentar
contestação no prazo de 10 (dez) dias”.

Ao requerido não é dado apenas o


direito de contestar e também por
exceção, os institutos processuais da
incompetência, do impedimento ou
1ª - Contestação
da suspeição do Juízo Falimentar.
Acerca da matéria, Amador Paes entende que no processo falimentar não é possível a
perempção, pois declaração da falência transfere ao administrador a responsabilidade pela
gestão dos bens e, consequentemente a tarefa de arrecadá-los, com a função precípua de
liquidar o passivo. A inércia implica na destituição e designação de novo administrador judicial

Poderá o devedor adentrar nas questões de mérito, na qual arguirá matéria relevante e que, se
provada, evitará a decretação da falência.
O artigo 96 da Lei 11.101/05 diz que não será decretada a falência requerida com base na impontualidade
injustificada do devedor que, não tendo pago, no vencimento, obrigação líquida fundada em título(s)
executivo(s) protestado(s), cuja soma ultrapasse o quantum de 40 (quarenta) salários mínimos na data do
pedido da falência, se o requerido provar:

I – falsidade do título;
II – prescrição;
III – Nulidade de obrigação ou de título;
IV – Pagamento da dívida;
V – Qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título;
VI – Vício em protesto ou em seu instrumento;
VII – Apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observador os requisitos
próprios, especificados no art. 51 da LRE;
VIII – Cessação das atividades empresariais por mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, comprovada
por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contraprova de exercício
posterior ao ato registrado.
O rol é exemplificativo, pois o inciso V do artigo 96 permite a arguição de outro fato não
extintivo ou suspensivo da obrigação ou não legitimante na cobrança de título.
A falsidade do título, pode ser total, integralidade do instrumento creditício, ou parcial, parcela
do título.
A falsidade caracteriza-se em material ou intelectual.
A) Material: criação de um documento particular falso, seja na sua integralidade ou na alteração
de documento particular já existente, ao passo
B) Intelectual: omissão de declaração que deva constar do documento, e na inserção de
declaração falsa, criando obrigação ou alterando a verdade sobre um fato juridicamente
relevante.
Quanto à matéria da prescrição, a Lei Falimentar trata da prescrição
extintiva, que diz respeito a perda do direito de ação.

É uma obrigação nula quando for praticada por uma pessoa


absolutamente incapaz, nos termos do artigo 166 do Código Civil.
Em similitude, constata-se a possibilidade de anulação de uma
obrigação nos casos insertos no artigo 171, também do Código Civil.
A Lei 9.492/97, no seu artigo 22, diz que o protesto é “ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o
descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida”, Obedecer os requisitos de:
I Data e número de protocolização;
II Nome do apresentante e endereço; reprodução ou transcrição do documento ou das indicações feitas pelo
apresentante e declarações nele inseridas;
III Certidão das intimações feitas e das respostas eventualmente eferecidas;
IV Indicação dos intervenientes voluntários e das firmas por eles honradas;
V A eficiência do portador ao aceite por honra;
VI Nome, número do documento de identificação do devedor e seu endereço;
VII Data e assinatura do tabelião de protesto, de seus substitutos ou de escrevente autorizado.
O protesto falimentar impõe ao credor e ao tabelião de protestos a observância desses requisitos. A violação de
qualquer deles poderá, se arguido, acarretar a improcedência do pedido em face do vício inerente do protesto.
2ª - Elisão pela caução
Não tem o condão de pagar, mas sim o de caucionar o juízo,
possibilitando uma discussão a respeito da relação de crédito
alegadamente existente.
Por ela, o processo terá seu andamento até a sentença. Sentença esta
que decide o destino do depósito efetuado: se a decisão for favorável
ao credor/requerente, o juiz ordena o levantamento do quantum para
o mesmo, não se falando sobre decretação da falência;
se a decisão for favorável ao devedor/requerido, será ele quem
levantará a quantia por ele próprio depositada, fazendo jus,
obviamente, das verbas sucumbenciais. Havendo sucumbência
recíproca, o levantamento farar-se-á conforme a vitória de cada parte
(MAMEDE, 2006, p. 365).
3ª - Pedido de
Recuperação Judicial
Consoante dito alhures, o pedido de recuperação judicial pode ser
requerido no instante da arguição das matérias de mérito na
contestação (art. 96, VII, LRE).

Tal medida apresenta-se como última alternativa imposta ao alegado


falido para combater o pedido de decretação de falência que lhe é
imposto pelo credor.

Obviamente, o pedido de recuperação judicial deverá observar os


requisitos previstos para a espécie, estabelecidos sob a epígrafe
do Capítulo III – Da Recuperação Judicial.
O pedido de recuperação judicial suspende o pedido
de falência, até o seu regular processamento.
Somente a rejeição do plano de recuperação judicial
pela Assembléia-Geral de Credores ocasionará a
decretação da falência.
4ª - Elisão pelo
pagamento
Sempre que o réu efetuar o depósito do valor devido, em
sua integralidade, isto é, acrescidos de correção monetária,
juros moratórios e honorários advocatícios, e não apresentar
contestação.

Extingue o processo falimentar já na fase de conhecimento,


significa confissão do requerido acerca da existência do
crédito reclamado, não podendo o juiz determinar outra
medida senão a de ordenar, em favor do credor, a liberação
da quantia depositada, julgando, conseguintemente, a
extinção do processo.
Tendo em vista o caráter extintivo da obrigação em face do
depósito elisivo pelo pagamento, tal ato pode ocorrer a
qualquer momento antes da decretação da falência, mesmo
que ultrapassado o lapso temporal próprio da contestação.
Isto é, no dizer de Gladston Mamede (2006, p. 363), o tempo
previsto no parágrafo único do artigo 98 da Lei 11.101/05
deve ser compreendido como restrito à hipótese do devedor
depositar o valor como caução, passando à discussão acerca
da pretensão do autor.
Somente pode ser manejada, pelo devedor, no caso do pedido
de decretação de falência basear-se na impontualidade
injustificada (art. 94, I, LRE) ou na execução frustrada (art. 94, II,
LRE).

Depósito O depósito elisivo será realizado pelo requerido, em juízo,


sempre no prazo de 10 (dez) dias, deve conter o quantum

Elisivo originário da dívida, correção monetária, juros moratórios e


honorários advocatícios.
Caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordena o
levantamento do valor pelo autor.
Possui escopo de sustentar a pretensão de decretação da falência,
porquanto o devedor demonstra ser solvente e retira do pedido
falimentar o seu fundamento nuclear, o seu argumento de
sustentação (MAMEDE, 2006).

Amador Paes (2006, 83) assevera que “efetuado o depósito, o


processo sofre radical alteração, ficando inteiramente afastada a
possibilidade de quebra, ainda que a ação venha a ser julgada
procedente”.
SENTENÇA
Na decisão falimentar, o falido e seus credores são submetidos ao
regime jurídico-falimentar, que tem seu caráter constitutivo.

Tem natureza constitutiva.

Gera efeitos das mais diversas ordens, como afastar o devedor de


suas atividade e formar as massas falidas objetiva e subjetiva.

Ainda, dentre as principais implicações imanentes àquela, há, a regra,


da suspensão das ações individuais pendentes contra o devedor, e
também da fluência de juros.

Passam a ser exigíveis, antecipadamente, os demais créditos contra o


devedor, suspende-se o prazo prescricional concernente às
obrigações do devedor e procede-se à arrecadação dos bens do
devedor. Ainda o devedor fica temporariamente inabilitado para
exercer a atividade empresarial.
Caberá ao magistrado atuante, ainda, determinar a
intimação do Ministério Público; a comunicação por carta às
Fazendas Pública Federal e de todos os Estados e Municípios
em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem
ciência da falência; e, por derradeiro, a publicação de edital
contendo a íntegra da decisão que decreta a falência e a
relação de credores.
Nos termos do artigo 130 da mesma Lei, pode o Administrador Judicial, o
comitê, qualquer credor ou o Ministério Público propor Ação Revocatória, a fim
de restaurar o status quo ante.

Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar


credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que
com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida
Encerramento
Depois de realizado todo o ativo e distribuído o
produto entre os credores, o administrador
deverá prestar contas no prazo de 30 dias.
O JUIZ VAI PUBLICAR COMUNICADO, EM QUE
QUALQUER INTERESSADO PODERÁ IMPUGNAR AS
CONTAS NO PRAZO DE 10 DIAS. O MINISTÉRIO
PÚBLICO SERÁ INTIMADO PARA IMPUGNAÇÃO
DIZENDO SE É FAVORÁVEL OU NÃO AS CONTAS,
SENDO FAVORÁVEL O JUIZ DARÁ SENTENÇA DE
ENCERRAMENTO
REABILITAÇÃO
TERÁ UMA SENTENÇA DA EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DO
FALIDO, ESSA SENTENÇA É REINVIDICADA PELO FALIDO,
ESSA SENTENÇA SÓ OCORRE SE ESTIVER NAS HIPÓTESES
EXPRESSAS DO ARTIGO 158 DA LEI:
Art. 158. Extingue as obrigações do falido:
I – o pagamento de todos os créditos;
II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais
de 25% (vinte e cinco por cento) dos créditos quirografários,
sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária
para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a
integral liquidação do ativo;
III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado
do encerramento da falência, se o falido não tiver
sido condenado por prática de crime previsto nesta
Lei;
IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do
encerramento da falência, se o falido tiver sido
condenado por prática de crime previsto nesta Lei.
REFERENCIAS
ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de Falência e Recuperação de Empresa. 22. ed. São
Paulo: Saraiva, 2006.

BRASIL. Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Diário Oficial [da] República


Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 fev. 2005. Edição Extra.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2013, v 3. E-pub.

COELHO, Fábio Ulhoa. Comentário a lei de falência e recuperação de empresa. São


Paulo: Saraiva. E-pub.2017

SALOMÃO, Luis Felipe. Recuperação judicial, Extrajudicial e falência: Teoria e Prática.


Rio de Janeiro: Forense, 2017

MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

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