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PÓS-GRADUAÇÃO EM PERÍCIA ECONÔMICA E FINANCEIRA

JULIANA ASEVEDO ALVES

PLANO DE RECUPERAÇÃO
DECLARAÇÃO DE AUTOFALÊNCIA

Santa Maria, RS.


Agosto de 2022.
PLANO DE RECUPERAÇÃO: DECLARAÇÃO DE AUTOFALÊNCIA

A Declaração de Autofalência pode ser uma alternativa para o fim das


atividades empresariais, reduzindo os impactos e prejuízos já causados ao
empresário, credores e os demais interessados. Considerada um forma mais
honrosa ou menos traumática para fazer o fechamento do negócio diante da
impossibilidade de renegociação judicial.

A autofalência é aquela que decorre da iniciativa do próprio empresário


que encontra-se em meio a dívidas insustentáveis, que entendendo que a
atividade empresarial, não possui viabilidade de fazer renegociação das dívidas,
ou a recuperação judicial do negócio quando desenquadrada da legislação.
Ainda para corroborar com a conceituação, Mamede (2021) traz seguinte
colaboração:

“A Autofalência passa a existir como uma alternativa de


tratamento da crise da empresa, permitindo ao empresário
o encerramento de suas atividades com extinção de suas
responsabilidades e retorno ao universo empresarial no
prazo de 03 (três) anos, trazendo benefícios diante dos
credores, do próprio devedor, da economia e toda a
sociedade.”

Cabe ressaltar que não é exigido para a declaração da falência, uma


demonstração contábil e matemática de que o patrimônio ativo da sociedade
empresária ou do próprio empresário, comprove a insuficiência, descrédito e/ou
iliquidez, e sua insolvência total quanto a cobertura das obrigações do respectivo
passivo. Para Mamede (2021):

“O documento sobre as causas determinantes da sua


falência relatará a formação da crise econômico-financeira,
identificando suas causas primeiras, bem como a sua
dinâmica, o seu desenvolvimento, até alcançar o decreto
de falência. No pedido de autofalência, o devedor está
obrigado a apresentar razões da impossibilidade de
prosseguimento da atividade empresarial (artigo 105,
caput); são relatórios similares, mas não se confundem, já
que tais razões são relatório mais amplo, compreendendo
tanto os vetores e a dinâmica da crise econômica
financeira, quanto a própria opção pelo requerimento da
falência, recusando a possibilidade da recuperação,
judicial ou extrajudicial, da empresa. Na jurisdição
contenciosa, a apresentação voluntária do relatório não é
obrigatória, já que se prevê apresentação quando
requerida pelos credores (artigo 104, I, a). O usual é que o
próprio Judiciário, ex officio, determine sua apresentação.”

Assim, torna-se extremamente importante trazer os requisitos para a solicitação


da autofalência e dos documentos exigidos, conforme art. 105, da Lei
11.101/2005 conforme segue:
I – demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e
as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita
observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:
(esses documentos são solicitados para que os problemas financeiro-
econômicos sejam demonstrados, assim como a falta de perspectivas para a
continuidade da sociedade na ação do seu propósito social)
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório do fluxo de caixa;
II – relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e
classificação dos respectivos créditos;
III – relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva
estimativa de valor e documentos comprobatórios de propriedade; (se houver,
para que seja nomeado um administrador judicial que irá vender os bens a fim
de maximizar os ativos)
IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou,
se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de
seus bens pessoais;
V – os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei;
VI – relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os
respectivos endereços, suas funções e participação societária.
Apresentados os documentos, um administrador judicial irá verificar a
impossibilidade de recuperação e um juiz irá decretar a falência. Parece um
processo simples, mas durante o processo será analisada a idoneidade da
empresa quanto a real impossibilidade de cumprimento de suas obrigações, e
podem ser levantadas as seguintes questões:
- um credor, ou a justiça (na análise do administrador), podem identificar
movimentações financeiras que possam caracterizar as seguintes condutas,
consideradas crimes:
Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder
a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento
de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou
assegurar vantagem indevida para si ou para outrem.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 174. Adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer à massa
falida ou influir para que terceiro, de boa-fé, o adquira, receba ou use:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Ou pode ser identificado o abuso de direito, caso haja confusão patrimonial, entre
os negócios pessoais dos sócios e os da empresa, ou desvio de finalidade da
atividade, ou ainda, caso o administrador judicial constate que a sociedade já
havia se dissolvido irregularmente antes do pedido de autofalência (por exemplo,
pelo encerramentos das atividades tempos antes, ausência de funcionários ou
abandono de imóvel sede da empresa). Para estes casos também é determinada
a desconsideração da personalidade jurídica, levando o patrimônio pessoal dos
sócios (com exceção dos impenhoráveis, como imóvel único de residência da
família) à cumprir as obrigações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LEI Nº 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005. DISPONÍVEL EM:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm. Acesso e, 01 ago.
2022.

NEGRÃO, Ricardo. Falência e recuperação de empresas: aspectos objetivos da Lei n.


11.101/2005.São Paulo: Editora Saraiva, 2022. 9786553620537. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553620537/. Acesso em: 01 ago. 2022.

SACRAMONE, Marcelo B. Comentários à Lei Recuperação de Empresas e Falência. São


Paulo: Editora Saraiva, 2022. 9786553622531. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553622531/. Acesso em: 01 agol. 2022.

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