Você está na página 1de 6

MATRIZ DE ATIVIDADE INDIVIDUAL

Estudante: Wagner Rossetti Bruyn

Disciplina: Direito Empresarial para Gestores

Turma: ONL021ZQ-ZOGESP47T2

1. Introdução
Praticamente todos os relacionamentos organizacionais e contratuais se apresentam em constantes
transformações quando falamos da sua constituição. Informações que se mostram desproporcionais
entre os atores, somadas as suas questões econômicas e negociais, geram aspectos do ponto de vista
jurídico que destroem a compatibilidade contratual.

Com o intuito de regulamentar as relações comerciais, nasce o Direito Empresarial, exteriorizando


questionamentos independentemente de maiores formalidades (MIRAGEM, 2004).

Sobre o Direito Empresarial, conceitualmente podemos afirmar – de maneira mais simples – que se
trata de uma área do Direito Privado que, ao contrário do contencioso judicial, faz análises
antecipadas dos variados tipos de negócio, buscando apresentar prevenções para evitar problemas às
partes envolvidas.

Com base no dito acima, o Direito Empresarial se a um regime de livre comércio de produtos ou de
serviços. Vale ressaltar que a regulamentação inclui as relações específicas, os atos, e os locais e
contratos comerciais. Tudo isso, é influenciado por uma série de outras regulações, como poderá ser
visto mais adiante neste estudo, que demonstrará uma explicação sobre os dois tópicos propostos,
sempre apresentados sob a ótica do Direito Empresarial. Os tópicos estudados são os seguintes:

a) Como está o caixa das empresas abertas para sobreviver à pandemia, cuja abordagem fala
das cerca de 23,3% das empresas que apresentam caixa negativo logo após o primeiro mês
sem faturamento, ou seja, sem receitas, e que mais da metader sobreviveria por apenas 03
meses.
b) Sobre a reputação negatia da Cervejaria Backer após internação em estado grave e
falecimento de consumidores após consumirem cervejas desta empresa por contaminação
com MEG (monoetilenoglicol) e DEG (dietilenoglicol), substâncias extremamente nocivas aos
seres humanos pela sua toxicidade. Essa contaminação foi possível pela adoção de práticas
irresponsáveis por parte da Cervejaria.

1
2. Desenvolvimento
OS IMPACTOS ECONÔMICOS NAS EMPRESAS CAUSADOS PELA PANDEMIA

Já é sabido pelos Administradores de Empresas e Especialistas em Finanças e Contabilidade que um


dos fatores que mais garantem a saúde de uma empresa e sua capacidade de manter as suas
Operações funcionando é o CAIXA. Por caixa, entende-se todos os recursos financeiros disponíveis
para que a empresa possa funcionar, através de seu fluxo de movimento (Fluxo de Caixa), adquirindo
materiais, elaborando processos fabris e administrativos, vendendo e cumprindo com seus custos
diretos e indiretos, além de suas Obrigações Acessórias.

Em outras palavras, o Caixa é o “Sangue” que circula nas artérias de uma organização e, sem ele, não
há “Vida”. Quando negativado, as empresas recorrem à captação de capital de fontes externas, como
bancos e financeiras, para que haja uma injeção que pode, em prazo determinado de tempo, garantir
suas operações para que ocorra uma recuperação da receita e dos lucros, pontos estes fundamentais
para o Resultado e a Geração de Caixa. Entretanto, se os motivos para o caixa negativado são fatores
alheios à Governança de uma instituição de negócios, nem mesmo os recursos advindos de terceiros
serão suficientes para inverter positivamente a situação, obrigando assim as empresas a adotarem
outras medidas legais para driblar o estado atual.

Quando falamos da Pandemia por COVID-19, a qual causou estragos não somente à saúde pública
global, mas também ao círculo das relações comerciais cerceando o consumo por meio de
impedimento da livre circulação de pessoas pelo efeito Lockdown, estamos diante de um caso em que
as causas vão muito além de tudo que já fora enfrentado por Dirigentes de Empresas de todos os
portes. Neste caso, muitas dessas empresas adotaram medidas de contenção de custos como uma
das primeiras práticas a serem adotadas, afinal de contas, é normalmente o que as empresas
realizadm quando existe uma crise econômica. Porém, a Pandemia trazia desafios muito maiores
como:

1) Como manter operações classificadas como essenciais funcionando em um período em que


se exige distanciamento social?
2) Quais são as áreas que poderiam, sem impactos ao negócio, trabalhar totalmente em
sistema Home Office? Como seria isso do ponto de vista Legal?
3) Por quanto tempo se deve interromper as operações, considerando os níveis de estoque que
passam a se tornar altos para o negócio, frutos da queda brusca de consumo?
4) Quanto tempo o Caixa consegue manter as obrigações financeiras da empresa (Custos,
Salários, Impostos, etc..) sem receita?
5) Em que momento seria adequado realizar demissões de colaboradoes? Quanto isso custaria
às empresas (considerando não somente as questões do próprio Caixa, mas também o Know-
How perdido)?
6) Quais são os recursos gerados pelo Governo Federal (postergação do recolhimento do FGTS,
possibilidade Legal da redução de Jornada de Trabalho com consequente redução da massa
salarial, dentre outros)? Por quanto tempo isso dá sobrevida à Companhia?

2
Essas e muitas outras questões pairaram o ar nas inúmeras reuniões de Alta e Média Gestão nas
empresas.

Neste cenário, se a empresa não consegue responder adequadamente com ações concretas e eficazes
as perguntas oriundas do impacto da Pandemia, algumas medidas mais extremas podem ser tomadas,
como:

Falência Empresarial

“Falência é um processo de execução coletiva, no qual todo o patrimônio de um empresário


declarado falido – pessoa física ou jurídica - é arrecadado, visando pagamento da
universalidade de seus credores, de forma completa ou proporcional. É um processo judicial
complexo que compreende a arrecadação dos bens, sua administração e conservação, bem
como a verificação e o acertamento dos créditos, para posterior liquidação dos bens e rateio
entre os credores. Compreende também a punição de atos criminosos praticados pelo
devedor falido”. (Prof. Ricardo Negrão – Manual do Direito Comercial e de Empresa)

A Lei de Falências 11.101 promulgada em 09 de fevereiro de 2005, aborda 03 tópicos a


seguir:

1) Recuperação Judicial
2) Recuperação Extrajudicial
3) Falência do Empresário e/ou da Sociedade Empresária

Na Recuperação Judicial, a lei garante medidas para que se evite o processo de Falência. É um
caminho de recuperação econômica para que a empresa consiga reverter a situação, saldando suas
dívidas ao mesmo tempo que continua desenvolvendo suas atividades e operações e,
consequentemente, a manutenção dos empregos. Em termos legais, o capítulo III da Lei de Falências
prevê:

“Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do
emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação
da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica”.

Na Recuperação Extrajudicial, a empresa e seus credores decidem não acionar o Poder Judiciário,
tentando em conjunto reverter o cenário. Assim, credores e devedores elaboram um plano de
recuperação, acionando para isso assessoria de advogados especializados em Direito Empresarial e
Direito Societário. Estabelece-se assim um compromisso a ser seguido por todos os envolvidos no
processo. É uma opção menos burocrática que envolve menor custo de aplicação, e por isso é a
opção mais adotada por empresas de pequeno e médio porte.

3
Mesmo assim, quando as Recuperações Judiciais e Extrajudiciais não funcionem, o ato extremo deve
ser posto em prática. Vem então o pedido de Falência Empresarial.

É necessário que se comprove a Insolvência (incapacidade da empresa de cumprir com seus


compromissos financeiros, contábeis e legais por ausência de Caixa e Crédito). Isso está previsto no
Artigo 94 da Lei de Falência.

O Decreto de Falência, que poderá ser realizado pelo próprio devedor, cônjuge ou herdeiros,
inventariantes, cotistas ou acionistas, ou qualquer credor, colocará o falido e seus credores em um ato
chamado Regime Jurídico-Falimentar, no qual a pessoa, os bens, os atos jurídicos e os credores do
empresário falido passam a ser submetidos a um regime jurídico específico, onde os falidos perdem
definitivamente a administração e a propriedade de seus bens, ficando também temporariamente
inabilitados para a prática de atividade empresarial, condições estas que duram até que seja dada a
sentença extintiva de suas obrigações.

No caso da Cervejaria Backer – que na verdade se chama Cervejaria Três Lobos, houve a interrupção
das atividades em 2020, quando foram denunciados os casos de contaminação de algumas de suas
cervejas.

A justiça determinou o bloqueio de bens da Cervejaria para cobertura das despesas médicas
hospitalares e indenizações às vítimas. Foi ordenado também o bloqueio de bens da
Empreendimentos Khalil Ltda., cujos sócios eram os proprietários da Cervejaria. As atividades da
Cervejaria foram interrompidas em 2020.

Em abril de 2022 a Cervejaria recebeu autorização do Ministério da Agricultura (MAPA) para retomada
de parte das atividades fabris, por terem atendido as exigências feitas e demonstrarem garantia da
segurança dos podutos, removendo os componentes nocivos do seu processo produtivo.

A empresa poderia ter adotado as práticas ligadas à Lei de Falência, mas seguiu com a interdição até
que pudesse realizar modificações em seus processos e enviar novos lotes para testes, sendo liberada
assim para retornar ao mercado.

A Backer poderia ter solicitado a postergação dos pagamentos para fornecedores e realizar revisões
de contratos, utilizar os recursos ainda restantes em caixa para pagamento dos tributos e encargos
trabalhistas.

3. Conclusão
Desde a constituição de uma empresa, o Direito Empresarial se apresenta como um código de
extrema importância na garantia da execução saudável das atividades econômicas e sociais das
instituições. As relações comerciais estabelecidas entre empresas e seus fornecedores, consumidores,
trabalhadores deve atender os requisitos previstos na Lei, garantindo total conformidade e mantendo
a saúde legal e econômica dos estabelecimentos.

4
A melhor prática é a conformidade, que funciona como prevenção aos problemas que podem ser
ocasionados por práticas inconsistentes e negligentes realizadas por executivos das empresas. O
Direito Empresarial, assm como os códigos do sistema Judiciário como um todo, devem nortear as
práticas de Governança de uma Organização.
Fatores alheios à Governança podem, entretanto, acontecer, levando determinadas empresas ao caos
econômico, fazendo com que decisões extremas sejam tomadas conforme a Lei de Falência de 2005.

Não se trata, necessariamente, de questões de má administração ou negligência por parte dos


Administradores das empresas, mas sim de cenários que dificultaram a ação de retomada de certas
instituições, por não haver precedentes que pudessem servir de base para tomadas de decisão
concisas. Foi o que ocorreu com diversas empresas que decretaram algum estado de Falência pelos
impactos causados pela proliferação global do vírus, assim como pelas medidas adotadas pelos
governantes e sistemas de saúde no sentido da privação da livre circulação, da interrupção forçada
das atividades comerciais, levando ao travamento das atividades industriais por cessar a roda do
consumo.

No caso da Cervejaria Backer, a negligência necessita de punição de fato, prevista justamente para
defender os consumidores contra práticas fraudulentas e perniciosas referentes à produção e
distribuição de alimentos, bebidas e medicamentos. Os Executivos deveriam sim estar cientes dos
riscos e desenvolver práticas que garantem a segurança de seus produtos e, por consequencia, de
seus consumidores.

5
*Referências bibliográficas
COULON, Fabiano Koff. Relações contratuais assimétricas e a proteção docontratante
economicamente mais fraco: análise a partir do direito empresarialbrasileiro. Revista de Direito da
Empresa e dos Negócios, v. 2, n. 1, p. 123-138, 6
2018.

MIRAGEM, Bruno Nubens Barbosa. Do Direito Comercial ao Direito Empresarial. Formação histórica e
tendências do direito brasileiro. Revista da Faculdade de Direito, v. 24, n. 24, 2004.

CASO Backer: relembre o caso e leia as principais perguntas e respostas. O Tempo, 2022. Disponível
em: <https:// https://www.otempo.com.br/cidades/caso-backer-relembre-o-caso-e-leia-as-principais-
perguntas-e-respostas-1.2672870/>. Acesso em: 01 de out. de 2022.

VAZ, Patrick. Cervejaria Backer é multada em mais de R$ 5 milhões. Jornal Estado de Minas Gerais,
2022. Disponível em:
<https:// https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2022/05/05/interna_gerais,1364575/cervejaria-
backer-e-multada-em-mais-de-r-5-milhoes.shtml/>. Acesso em: 02 de out. de 2022.

Você também pode gostar