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LEI Nº 11.

101/2005: ASPECTOS GERAIS DA RECUPERAÇÃO


JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

Palavras-chave: Recuperação judicial. Recuperação extrajudicial. Lei 11.101/2005.


Regulamentação. Vantagens.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A Lei nº 11.101/2005 passou a regular, em âmbito federal, o processo de recuperação


judicial e falência, a partir do dia 09 de junho de 2005. Esta lei instituiu e reafirma a
concretização de diversos princípios constitucionais, trazendo os institutos da recuperação
judicial e extrajudicial.
A referida legislação não é uma mera forma de regramento para cobrança dos
devedores, pois ela é extensiva e fixa diversos limites para o ingresso do pedido de falência,
inclusive incentivando a recuperação da empresa deficitária, de modo a não pressionar o
empresário a extinguir, peremptoriamente, a personalidade jurídica desta. É, portanto, uma
forma de tentar preservar a empresa e efetivar sua função social perante à sociedade, razão
pela qual esta deve ser estudada detidamente para que seja conhecida e amparada, de modo a
buscar, cada vez mais, sua efetivação.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A abordagem metodológica empregada no presente estudo é a analítico-hermenêutica,


partindo de uma lógica dedutiva. Neste sentido, parte-se de verdades gerais para deduzir
destas verdades específicas ao caso, bem como, ao analisar, divide-se o objeto para
posteriormente interpretar os dados obtidos da análise.
Como técnica de pesquisa, utilizou-se da pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo
investigativo. A pesquisa qualitativa tem como características a descrição, compreensão e
explicação a respeito do objeto de estudo proposto pelos pesquisadores (GERHARDT;
SILVEIRA, 2009). O levantamento bibliográfico foi realizado a partir da análise da
Legislação Brasileira, análise de livros, artigos, meios eletrônicos, entre outros locais que
apresentam conteúdo documentado.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A legislação falimentar vigora no ordenamento jurídico brasileiro desde 09 de junho


de 2005, passando, desde então, a estabelecer uma sistematização para o processo falimentar,
e tem como prerrogativa a recuperação de empresas que estão com dificuldades nas finanças.
Tal legislação, Lei 11.101/2005, trouxe ao país as regras e regulamentação da
recuperação judicial e extrajudicial, bem como disciplina a falência do empresário e das
sociedades empresárias, trazendo bases sólidas a esses tipos de procedimentos.
Para Nascimento (2014, p. 1, apud FONSECA e KÖHLER, 2005, p. 2):
[…] o referido diploma trouxe importantes balizas ao processo de recuperação e
falência de empresas, dentre os quais se destaca a celeridade e a eficiência.
Ademais, consagrou na ordem jurídica positiva diversos princípios, podendo-se
citar o princípio da preservação da empresa, a separação entre a ideia de
empresário e de empresa, a segurança jurídica, a recuperação de empresários e
sociedades recuperáveis e a exclusão daqueles que não o são, o resguardo ao
trabalhador, a participação mais forte dos credores, a redução do custo do crédito,
a maximização do valor dos ativos do falido, a redução da burocracia na
recuperação de empresas de pequeno porte e microempresas, bem como um maior
rigor punitivo com relação aos delitos relacionados aos institutos trazidos pela lei.

Isto é, vê-se que a lei possui o objetivo de possibilitar que o devedor contorne as
dificuldades financeiras, de modo que mantenha os empregos e a fonte de produção de
riquezas intacta. Assim, há incentivo à preservação da empresa, fazendo com que esta cumpra
com sua função social, estimulando a atividade econômica e garantindo os valores
constitucionais do trabalho. Ou seja, em poucas palavras, essa legislação prima pela
manutenção da empresa e de seus recursos para produção (OLIVEIRA, 2005).
Segundo a lei em estudo, há a possibilidade de duas espécies de recuperação: a judicial
e extrajudicial. A primeira ocorre no campo jurídico-processual, uma vez que a empresa
ajuíza a ação de recuperação judicial perante o juízo de falência e recuperação. Havendo a
homologação do plano de recuperação, quaisquer execuções em desfavor daquele que devem
ser suspensas pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias (AROCA, 2022).
Além disso, o mero pedido de recuperação judicial já inviabiliza que a parte
requerente aliene os seus bens, com exceção se autorizado pelo Magistrado da recuperação e,
havendo ação de falência em andamento da mesma empresa, esta será suspensa. Sendo
concedido o plano de recuperação, se houver o descumprimento dele e venha a ser decretada

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a falência da empresa, a novação dos créditos ocorrida será extinta, bem como a empresa
volta a mesma situação de antes (AROCA, 2022).
De outra banda, a recuperação extrajudicial, à luz do que lecionam os arts. 161 a 167
da Lei 11.101/05, objetiva a mera renegociação das dívidas, desta feita, sem intervenção do
Poder Judiciário, ao menos durante o period de renegociação com os credores. Nela, há uma
negociação bilateral entre empresa e credores, na qual negociam direta e incisivamente como
serão renegociados e pagos os créditos. Frise-se, entretanto, que essas informações são
transcritas na forma documental que, posteriormente, também deve ser homologada por um
Magistrado.
Esse tipo de recuperação tem menos burocracia e é menos onerosa à empresa, mas, até
a edição da Lei nº 14.112/2020, que alterou a Lei 11.101/2005, diferentemente da primeira
citada, esta não acolhia os créditos trabalhistas e de natureza acidentária no labor, enquanto
aquela sim, razão pela qual muitas empresas optavam pela primeira. Todavia, com a recente
modificação, passou a possibilitar a inserção de tais créditos. Outro ponto que merece ser
destacado é que, na extrajudicial, se o acordo levado à homologação for rejeitado, a empresa
não decreta a falência, enquanto na judicial sua não aceitação gera, automaticamente, sua
falência (AROCA, 2022).
Sob esse prisma, por corolário lógico, entende-se que a recuperação judicial deve ser
vista como a última alternativa pela empresa com dificuldades, antecedendo a falência,
momento mais grave para a situação econômica da empresa e de medidas mais drásticas. De
acordo com Nascimento (2014, p. 1, apud FONSECA e KÖHLER, 2005, p. 4):
[…] a lei procura facilitar a recuperação de empresas viáveis, buscando,
entretanto, o equilíbrio entre a preservação dos pactos contratuais e o resguardo da
empresa. É por tal razão que a própria legislação falimentar criou uma série de
ferramentas para que a recuperação judicial seja visualizada como o último meio a
ser utilizado por uma empresa em dificuldades.

Gize-se, por derradeiro, que em ambos os casos se a empresa não possui ativos
suficientes para quitar todas as dívidas, a possibilidade da recuperação não existe mais, em
analogia ao art. 97 da Lei 11.101/2005. De mais a mais, sob a égide do referido artigo,
verdade é que, em ambos os casos, os credores são colocados nos processos decisivos, assim
como os terceiros que possam ter interesse na recuperação como o cônjuge do devedor, seu
herdeiro ou o inventariante, cotista ou acionista.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho demonstrou que não é crível discordar que a existência da atual lei
falimentar, que inegavelmente é extremamente eficiente, é vital para a economia, porquanto
criou institutos como a recuperação judicial e extrajudicial e colocou os credores também nos
processos decisivos.
Percebe-se que a referida legislação é preocupada em efetivamente manter a empresa
existindo, sobretudo com celeridade no processo falimentar, salvaguardando o trabalhador e
galgando aumentar os ativos da empresa envolvida, independentemente da modalidade
escolhida por empresa e credores, se judicial ou extradudicial.

REFERÊNCIAS

AROCA, Manuela. Principais diferenças entre recuperação judicial, recuperação


extrajudicial e falência. Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/depeso/361661/diferencas-entre-recuperacao-judicial-
extrajudicial-e-falencia. Acesso em: 28 de abr. de 2022

BRASIL. Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a


extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/l11101.htm>. Acesso em: 25
de abr. de 2022.

NASCIMENTO, Marina Georgia de Oliveira e. Breves considerações sobre a nova Lei de


Falências. Disponível em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8516/Breves-
consideracoes-sobre-a-nova-Lei-de-Falencias. Acesso em: 27 de abr. de 2022.

OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Nova Lei de Falências: principais alterações. Disponível em:
http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=517. Acesso em: 27 de abr. de
2022.

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