Você está na página 1de 3

Direito Falimentar

1. CONCEITO E FINALIDADES

O direito falimentar tem sua origem intrinsecamente ligada ao surgimento da obrigação,


tendo em vista ser o segundo a consequência do primeiro, pois era aplicado ao devedor que se
qualificava por insolvente ou fraudador o instituto da responsabilização pessoal com penas de
restrição de liberdade ao estopim de mutilações. Isto remonta ao período da lei das XII
Tábuas no império romano. Através do advento da Lex Poetelia Papiria, desencadeou-se a
evolução do direito obrigacional com a responsabilidade do devedor que passou a abranger
seus bens, na finalidade de satisfazer o débito existente.

Neste viés, pode-se conceituar o direito falimentar como instrumento para solucionar a
controvérsia entre dois interesses, o credor que objetiva o recebimento da prestação assumida
pelo devedor e a manutenção da atividade econômica da empresa, ao passo que subsiste a
situação de crise empresarial. A adversidade da pessoa jurídica pode se refletir por rigidez, a
qual, a atividade econômica não é flexível ao ponto de se adaptar às mudanças de mercado ou
por crise financeira, econômica ou patrimonial, as quais se destacam pela impossibilidade do
funcionamento ativo do empreendimento.

Para a análise na esfera jurídica da lei nº 11.101/05 e na visão de TOMAZETTI (2017, p. 38):
“As crises econômicas, financeiras e patrimoniais são mais preocupantes, na medida em que
podem representar a inadimplência e o aumento do risco dos credores, bem como a redução
de empregos.” Assim, essas merecem maior atenção para o direito falimentar por afligir
interesse de terceiros.

Com a abertura do processo de falência se concretiza dois fundamentos basilares do direito


falimentar, os quais consistem na par condicio creditorum, a definição igualitária entre os
credores para habilitação no crédito e o saneamento do meio empresarial, visto que a empresa
que apresenta inadimplência afeta a regularidade das demais no mercado, maculando a
circulação de riquezas e a economia do próprio país. Além disso, a falência possui por
natureza a caracterização de instituto sui generis, tendo em vista que abrange aspectos de
direito objetivo, como os declarados acima, também, indícios de direito adjetivo, através da
disposição de requisitos para habilitação do débito.
2. MEIOS ALTERNATIVOS

Atualmente, o empresário deve aplicar ações para manter sua atividade empresarial, a fim de
evitar qualquer ocorrência de possível decretação de falência ou necessidade de ingressar
com recuperação judicial. Primeiramente, o controle de caixa rigoroso, quer dizer, o
empresário deve ter um balanço que contenha a movimentação financeira da empresa e a
verificação constante dos valores, no intuito de identificar necessárias modificações da
atividade econômica para a estabilidade empresarial.

Ademais, outra medida a ser tomada consiste na diversificação da carteira de clientes, uma
vez que ao ter numerosos compradores se assegura que não haja a concentração de seu
mercado, a qual poderia desencadear na dependência econômica deste credor. Como também,
proporciona reduzido risco de problemas financeiros, caso ocorra inadimplência por parte dos
clientes. Neste aspecto se destaca o princípio do saneamento, tendo em vista que a falência
pode provocar uma insolvência sucessiva entre credores e devedores, sendo imprescindível
sua decretação para a manutenção da constância mercantil.

O investimento em tecnologia já se demonstra como tendência nos tempos atuais, contudo,


para a perspectiva do direito empresarial se trata da capacidade de flexibilidade da atividade
empresarial, a qual deve se adaptar às mudanças do mercado, especialmente em relação a
redução de custos com o incremento tecnológico. As práticas práticas surgem como medida
para melhorar a concepção pública da empresa, com o viés de aumentar a quantidade de
clientes e a preservação do meio ambiente na adoção de práticas sustentáveis. Já a assessoria
financeira é inescusável para a continuidade da saúde vital da empresa, no intuito de prevenir
crises.
Além dessas medidas, o governo federal implantou o REFIS, o programa para solucionar as
crises fiscais das empresas. Sua finalidade se caracteriza pela adoção de ações que beneficiam
o empresário, possibilitando o pagamento dos tributos e tornando a empresa regular. Isto,
com o parcelamento dos tributos atrasados e descontos concedidos pela Receita Federal.
Também, o programa Desenrola Brasil, mais voltado ao consumidor final, remete-se ao
parcelamento e desconto de dívidas, além da quitação automática dos débitos de até
R$100,00 (cem reais).
3. CONCLUSÃO

Portanto, compreende-se que há a necessidade de se admitir a atividade empresarial como um


todo, de forma a constituir o mercado como um conjunto de relações mútuas, surgindo o
instituto do direito falimentar como meio de sanar eventuais prejuízos nas relações
comerciais. A falência de uma empresa afeta vários setores da sociedade como também o
consumidor final, pois altera o grau de estabilidade necessário para o regular funcionamento
das empresas. Por fim, existem vários instrumentos para prevenir a decretação de falência,
uma vez que a pretensão legislativa consiste na manutenção da atividade empresarial e
equilíbrio social mercantil.

Referências Bibliográficas

DURÃO, Pedro; PINTO, Diogo Doria. Direito Empresarial: Resumos e aplicações. 2ª ed.
Aracaju: DireitoMais, 2021.
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Títulos de Crédito, v.2. 8º ed. São
Paulo: Atlas, 2017.

Você também pode gostar