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FPL EDUCACIONAL

CURSO DE DIREITO

Resenha Crítica
Alana Rayane dos Reis Araújo

Trabalho da disciplina Direito Empresarial III


Prof. Ms. Alexandre de Andrade Gomes

Pedro Leopoldo
Ano
2022

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FRESH START
Os materiais apresentados dissertam sobre as mudanças no procedimento de
falência trazidos pelas recentes alterações na LRF. O texto de Rodrigues e Marques
(MIGALHAS DE PESO) traz a tradução literal do fresh start como “novo começo”.
O texto de Drumond (Conjur) faz uma observação sobre como a falência não
é bem vista popularmente. Quando um empresário decreta falência o primeiro
pensamento de muitas pessoas é que há algum tipo de fraude, quando geralmente a
falência é apenas a consequência final de uma má gestão, tributação excessiva,
fracasso comercial e similares. As vezes o motivo é único, outras vezes são uma série
de fatores combinados. A pandemia, por exemplo, evento considerado fortuito e de
força maior, levou cerca de 600 mil empresa a fecharem as portas apenas no Brasil.
É verdade que existem empresários desonestos que utilizam o instituo da
falência de maneira criminosa com o objetivo de lesar os seus credores. A própria
figura da concordata foi abusada maliciosamente enquanto a legislação ainda não era
tão rígida. Porém, mesmo sabendo disso, os “justos” não podem pagar pelos erros
dos “pecadores”. Ou seja, o falido não pode ficar inabilitado para sempre.
Segundo o jornal O Globo, o processo de falência pode chegar até dez anos
no país. Além disso, a legislação antiga previa ainda período de cinco anos para a
reabilitação. Desta forma, o empresário falido poderia demorar até quinze anos para
se reabilitar e voltar ao mercado. Essa processo por muitas vezes impedia por anos
que um empreendedor qualificado voltasse ao mercado por causa de um único erro.
Um empresário que poderia estar contribuindo para manutenção da sociedade e
gerando empregos para população. Por isso, as alterações da LRF sugiram também
com a finalidade de agilizar a reintrodução do empresário falido no cenário
empresarial.
Enquanto a redação anterior estendia as obrigações do falido até o
pagamento integral de todos credores, até o pagamento de no mínimo 50% dos
credores quirografários, até o transcurso de cinco anos desde o encerramento da
falência se não houver condenação por crime ou até o transcurso de dez anos desde
o encerramento da falência se houver condenação por crime falimentar, uma das
principais alterações nesse sentido foi a redução do prazo e antecipação do termo

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inicial para a extinção das obrigações do falido, dessa forma elas se enceram com o
pagamento de 25% dos créditos quirografários, com o decurso de prazo de 3 anos,
contados da decretação da falência ou com o encerramento da falência.
Entre as demais mudanças, em relação aos credores, foi reestabelecido
redução do limite dos créditos trabalhistas de 150 para 50 salários mínimos, além
disso também foi feita uma definição melhor da ordem de pagamento. Também foi
estabelecido prazo para de 180 dias para que o administrador judicial realize a venda
de todos os bens da massa falida sob pena de destituição para evitar a protelação.
Ademais, foi incluída a possibilidade de encerramento sumário hipótese de falência
sem bens.
O sistema do recomeço tem como inspiração o discharge presente na lei
norte-americana. Nesse sentindo, a tradução mais próxima do literal seria “liberação”.
Esse esquema busca sanar as dívidas da forma mais justa e rápida possível, visando
também uma resolução célere para reabilitação do empresário. Deste modo, o fresh
start realmente oferece um novo começo porque ele sana todas obrigações anteriores
e dá ao empresário a autonomia para iniciar novos negócios se assim desejar.
Apesar de ser visto predominantemente como um mudança positiva, Verçosa
e Sztajn (MIGALHAS DE PESO) oferecem críticas mais duras ao novo sistema.
Segundo eles, “a mudança legislativa em foco não passa, no fundo, de se trocar seis
por meia dúzia, (...) não adianta querer replicar regras que funcionam sem que sejam
alteradas as instituições sociais”. Isso ocorre porque apesar de não ser a primeira vez
que o direito brasileiro se inspira no norte-americano, é inegável que existem
diferenças gritantes entre os sistema jurídicos e econômicos dos dois países. Além da
mais predominante, a diferença entre o civil law e o common law, o Estado norte-
americano como um todo é extremante capitalista. Enquanto isso, no Brasil, o Estado
brasileiro age em amparo do devedor inadimplente utilizando recursos públicos.
Entretanto, apesar das críticas, não vejo as mudanças como negativas. Pelo
contrário, o fato do Estado sair em socorro dos empresários não deveria ser visto
como algo ruim levando em consideração que princípios da função social da empresa
e da dignidade da pessoa humana são essenciais na nossa sociedade. Desta forma,

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as alterações da LFR foram exatamente relevantes e positivas para o nosso sistema
jurídico como um todo.

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