Você está na página 1de 21

Magistraturas em Roma

durante o período da
República
Principais características

 Colegialidade - Para cada magistratura eram eleitos 2 magistrados com


paridade no grau e na função;
 Temporalidade;
 Separação rigorosa entre as magistraturas;
 Impossibilidade de repetir cargos;
 Responsabilidade pelas infracções cometida durante o mandato.
Critérios para a eleição

 Para se ser candidato a uma magistratura tinham de ter:


 Ius suffragii - os candidatos podiam ser submetidos à votação do eleitorado activo;
 Ingenuus (ingenuidade):
 Não ser escravo liberto,
 Não ser filho de um liberto;
 Pertencer ao grupo a que a magistratura estava reservada (patrício ou plebeu);
 Não ter sido acusado de infâmia;
 Ter idade de 28 anos ou mais (idade mínima para se aceder à questura, primeira das
magistraturas).
Magistraturas

 Magistraturas maiores:
 Imperium – poder supremo e ilimitado de comando (ex. comandar exércitos,
convocar o Senado, convocar as Assembleias Populares, administrar a justiça);
 Potestas – poder de representar o Populus Romanus, e vincular com a sua vontade,
a vontade do Populus. Criava direitos e obrigações para a civitas. Era exercida no
âmbito do exercício das competências próprias
 Iurisdictio – poder de administrar a justiça.

 Magistraturas menores:
 Potestas
Magistraturas

 Magistraturas ordinárias
 Permanentes – o titular estava sempre em funções;
 Não permanentes – o titular exercia funções não contínuas;
(censores, cônsules, pretores, edis e questores)

 Magistraturas extraordinárias
 eram sempre não permanentes, como o tribuno da plebe e o ditador, e tinham
poderes de intercessio sobre os actos de todos os magistrados ordinários.
(eleitos para fazer face a circunstâncias extremas e imprevistas – ex. ataque militar.
Duravam durante o período da ameaça)
Magistrados

 Cônsul
 Pretor
 Censor
 Ditador
 Edil
 Questor
Poderes dos magistrados

 Poderes comuns a todos os magistrados:


 Ius auspiciorum – faculdade de indagar por certos signos a vontade favorável ou
contrária dos deuses, antes de qualquer acto importante;
 Ius edicendi – direito de promulgar edictos, ou seja, providências em matérias da
sua competência para resolução de situações concretas especiais (edicta
repentina) ou programas da própria actividade, promulgados no início do seu cargo
e contendo as regras a que essa actividade se sujeitará (edicta perpetua);
 Coercitio – direito de usar de meios compulsivos para forçar qualquer cidadão a
respeitar uma ordem emitida pelo magistrado no exercício das suas funções (ex.
Prisão, sanções corporais ou pecuniárias, retenção de bens, …)
Poderes dos magistrados

 Poderes reservados a alguns magistrados:


 Iurisdictio – poder de aplicar o direito aos casos concretos em que há litígio;
 Intercessio – direito de opor o seu veto aos actos de outros magistrados
Magistraturas maiores

 Magistraturas ordinárias maiores cum imperio et cum potestas


 Consulado
 Pretura
(titulares eleitos todos os anos nos comícios centuriais)

 Magistraturas maiores de cum imperio, mas com carácter extraordinário


 Ditadura - nomeado por um cônsul, com base em um parecer do Senado, para um
mandato máximo de 6 meses. Eram criados momento de iustitium, com suspensão
da normalidade legal e da aplicação regular da justiça.
Magistraturas maiores (poderes)

 Supremo comando militar e respectivo poder coercitivo (imperium militae);


 Direito de convocar e presidir aos órgãos colegiais: senado e assembleias (ius
agendi cum populo, ius agendi cum patribus);
 Praticar actos coercivos para se fazerem obedecer pelos cidadãos e pelos
magistrados menores (imperium domi);
 Direito de emanar e fazer publicar no fórum os seus edicta (ius edicendi);
 Possibilidade de assumir auspícios maiores;
Cônsul

 Magistratura com imperium domi (poder na cidade) e imperium militae


(militar);
 Colegial;
 Anualidade;
 Dividia os poderes com outras magistraturas;
 Tinha poderes de coercitio e de iudicatio – acusar, julgar e executar as
sentenças sem obrigação de seguir o consilium por ele convocado, e liberto
de qualquer formalidade ou vínculo processual;
 Exercia todas as competências residuais que não cabiam aos outros
magistrados:
 Coercitio para a pena de morte
Cônsul

 O cônsul detinha:
 Ius agendi cum patribus – poder de convocar o Senado;
 Ius agendi cum populo – poder de convocar as assembleias populares – dava-lhe
iniciativa legislativa, apresentando propostas de lei ao Senado (lex rogatio)
Censor

 Magistratura ordinária não permanente;


 Magistrado maior, sem imperium;
 Titular de auspicia;
 Eleito nos comícios centuriais para um mandato com exercício efectivo de
funções de 18 meses, apesar de eleitos para 5 anos;
 Fazer o recenseamento dos cidadãos (census);
 Registava o património predial, comunicado pelos paterfamillia;
 Nomeava Senadores (lectio Senatus);
 Controlava a aplicação dos mores maiorum;
 Administrava os bens públicos (ager publicus).
Ditador

 Magistratura extraordinária;
 Em regra, durava 6 meses;
 Concentrava todos os poderes da civitas numa só pessoa;
 Consoante a situação era nomeado:
 Dictator óptimo iure – plenos e indefinidos poderes;
 Dictator imminuto iure – com poderes específicos em matérias sacrais, mas com
grande relevância política.
 Era nomeado ou por questões militares ou religiosas
Pretor

 Criados pela Lex Licinia Sextiae de 367 a.C.;


 Magistratura ordinária, permanente e, inicialmente, unitária. Mais tarde
chegaram a 6;
 Tinha um imperium igual ao do cônsul, mas a potestas era de menor
amplitude;
 Aplicava a justiça (iurisdictio), sobretudo civil;
 Substituía o cônsul nos seus impedimentos no governo civil da cidade;
 Convocava os comícios para a eleição dos magistrados menores;
 Apresentava propostas de lei para aprovação nos comícios;
 Podia, a pedido do Senado, comandar os exércitos fora da cidade.
Pretor

 Pretor urbano – dirime os conflitos entre cidadãos


 Pretor peregrino (criado no séc. III a.C.) – dirime os conflitos entre cidadãos e
estrangeiros.
Magistrados menores

 Magistrados menores sem imperium, mas com potestas:


 Edil plebeu, eleito nos concilia da plebe;
 Edil curul, eleito nos comitia trubuta;
 Questores, eleitos nos comitia tributa.
 Os magistrados menores, com excepção do edil plebeu, tinham:
 Ius edicendi;
 Auspícios menores;
 Poderes coercitivos menores (multae dictio), como aplicação de multas e pequenos
pagamentos na penhora de bens (pignoris capio).
Magistrados menores

 Com potestas, os magistrados menores tinham os seguintes poderes:


 Ius edicendi;
 Ius agendi cum populo e cum plebe;
 Ius agendi cum patribus.
Edil

 Com a república é uma magistratura patrícia-plebeia, criada em 367 a.C.;


 Guarda dos arquivos;
 Gestão do tesouro;
 Funções de polícia;
 Superentendia a limpeza da cidade;
 Superentendia a conservação das vias e edifícios públicos;
 Superentendia a actividade dos mercados;
 Controlava o abastecimento de cereais;
 Organizava as festas e os espectáculos públicos.
Questor

 Administravam o erário do Poupulus Romanus;


 Promoviam a supervisão das receitas fiscais arrecadadas;
 Promoviam a distribuição dos fundos e receitas necessárias para as despesas
decididas pelos cônsules, nos termos do disposto pelo Senado;
 Até às Questiones Perpetuae faziam a instrução e acusação dos crimes
punidos com a pena de morte;
 No início erram 2 e chegaram a 20.
Magistratura especial – tribuno da plebe

 Primeiro eleitos pelos comitia tributa e depois pelos concilia plebe;


 Garantia os interesses da plebe;
 Tinha imunidade absoluta;
 Tinha direito de se opor às decisões de todos os outros magistrados, através
de intercessio;
 Tinham potestas coercendi, sem ligação à intercessio;
 No séc. III a. C. passam:
 a deter ius senatus habendi – o direito de convocar e presidir ao Senado;
 Agere cum plebe – estabelecer com os concilia plebis uma relação orgânica.
Convocando-os para analisar decisões políticas ou normativas (plebiscita).

Você também pode gostar