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Índice

1. Introdução.................................................................................................................. 2

1.1 Objectivos .............................................................................................................. 2

1.1.1 Objectivo Geral .................................................................................................. 2

1.1.2 Objectivos Especificos ....................................................................................... 2

1.2 Metodologia ........................................................................................................... 2

2. Fundamentação Teorica ............................................................................................ 3

2.1Generalidades .............................................................................................................. 3

2.2 Paradeiro e residência ................................................................................................. 4

2.3 Noção de domicílio ..................................................................................................... 5

2.4 Modalidades de domicílio .......................................................................................... 6

2.4.1 Domicílio geral e especial (profissional e electivo) ................................................ 6

2.4.2 Domicílio voluntário e legal .................................................................................... 8

2.5 Importância do domicílio ......................................................................................... 12

Conclusão ....................................................................................................................... 16

Bibliografia ..................................................................................................................... 17

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1. Introdução

Considerando-se que o domicilo é um instituto juridico de suma imporância e, como o


nome, representa uma personalidade da pessoa humana, um factor de identificação, na
individualização da pessoa, e atendendo-se que do conceito de domicilio, derivam
importantissimas consequencias, tanto no campo do Direito Civil, como no do Direito
Processual e do Direito Publico em geral, neste presente trabalho, irá abordar-se sobre
posições doutinarias e legais sobre o conceito; a diferença entre este e os demais
conceitos confundiveis; as suas modalidades; importancia; entre outros.

Espera-se que neste trabalho, desenvolva-se o espirito activo e participativo no


entendimento sobreas materias que serao discutidas a seguir, norteados de seguintes
objectivos:

1.1 Objectivos
1.1.1 Objectivo Geral
 Discutir o domicilio como instituto juridico
1.1.2 Objectivos Especificos
 Definir domicílio;
 Diferenciar domicílo com outros conceitos;
 Identificar as modalidades de domicílio;
 Descrever a importancia do domicílio.
1.2 Metodologia

A base para a materialização do presente trabalho foi a pesquisa bibliografica, que


consistiu na consultade varios manuais, dentre estes, os dos renomados professores
Fernandes (2002) e Veloso.

Paralelamente, uma das tecnicas usadas para a colecta de dados foi a observação, na
medida em que se comparava os diversificados manuais sobre o tema em estudo.

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2. Fundamentação Teorica

2.1Generalidades
As exigências dos tempos modernos e o modo de os homens estarem em sociedade
fazem com que a generalidade das pessoas se encontrem radicadas em determinados
lugares, onde têm organizada a sua vida. A localização espacial das pessoas, para além
da sua relevância social em geral, reveste‑se também de particular importância para o
Direito, sob diversos aspectos.

Desde logo, pode dizer‑se que o Direito se apodera desta realidade da vida social, e do
facto de as pessoas terem um local onde a sua existência se mostra estabilizada, para daí
tirar importantes consequências de ordem jurídica.

Assim, é nesse local que as pessoas se consideram localizadas, quando, para variados
efeitos jurídicos, haja necessidade de entrar em contacto com elas; também em função
desse mesmo local, se apuram, por exemplo, quais as entidades públicas com
competência para, por razões de vária ordem, interferirem na vida jurídica das pessoas.

Todos estes aspectos, de relevância positiva da localização espacial das pessoas,


interessam, sobretudo, sob o ponto de vista do regime jurídico do domicílio.

Todavia, a importância da localização das pessoas manifesta‑se também de um modo


negativo, quando se consideram as consequências que advêm do facto de se quebrar a
ligação entre a pessoa e certo local onde a sua vida se encontra organizada e onde será,
por isso, razoável admitir a possibilidade de com ela estabelecer contacto. Releva esta
situação para outros efeitos, sendo aqui o regime da ausência, a estudar no Capítulo
seguinte, a sua principal manifestação.

A ligação entre determinada pessoa e certo local não se apresenta sempre, mesmo sob o
ponto de vista social, com a mesma intensidade, quando considerada em função da sua
maior ou menor estabilidade. Assim, uma pessoa, que tem a sua vida organizada em
Lisboa, pode estar temporariamente em Faro, a tratar de assuntos profissionais ou em
gozo de férias; ou passar regularmenteos seus fins-de-semana em Cascais.

Também o Direito toma em atenção estes vários aspectos e a partir deles se constroem e
identificam diferentes institutos com que tem de se lidar nesta matéria. Fala‑se, a este
respeito, em paradeiro, residência e domicílio das pessoas.

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Serão estudados todos estes institutos, dando mais atenção ao domicílio, como impõe a
sua maior relevância jurídica. Por isso, ele é tomado também para epígrafe deste
Capítulo.

2.2 Paradeiro e residência


A lei civil não define expressamente o conceito de paradeiro. Pode, contudo, extrair‑se a
sua noção da parte final do n.º 2 do art. 82.º do C.Civ. Com base nesse preceito,
entende‑se por paradeiro o lugar onde a pessoa se encontra em determinado momento.

Assim, a pessoa só tem um paradeiro, em cada momento, mas tem sempre


necessariamente um paradeiro, ainda que este, porventura, seja desconhecido1.

O paradeiro, em regra2, é relegado para segundo plano, em favor da relevância jurídica


atribuída à residência ou ao domicílio. Ganha, porém, relevo, funcionando como último
critério supletivo do domicílio geral (parte final do n.º 2 do art. 82.º do C.Civ.3), quando
a pessoa não tenha domicílio, nem residência ocasional.

Também a lei não define residência; por ela se entende o local onde a pessoa tem a sua
existência organizada e que, como tal, lhe serve de base de vida.

Dado o relevo jurídico que lhes é atribuído pela lei, na fixação do domicílio, interessa
distinguir entre residência habitual e residência ocasional, cujo sentido corresponde ao
que na linguagem corrente se dá aos respectivos qualificativos.

A residência habitual é o local onde a pessoa normalmente vive e tem o seu centro de
vida; se a pessoa viver também, temporária ou acidentalmente, noutros locais, aí terá
residência ocasional.

Por assim ser, a residência habitual não se identifica com a residência permanente, sem
o que o regime dos dois números do art. 82.º perderia sentido.

Ao local da residência habitual corresponde o domicílio geral (n.º 1 do art. 82.º do


C.Civ.). Se a pessoa não tiver residência habitual, funciona a sua residência ocasional
como instituto supletivo do domicílio (n.º 2 do mesmo preceito).

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2.3 Noção de domicílio
A noção jurídica de domicílio não coincide com a ideia muitas vezes atribuída à palavra
na linguagem corrente, ligada à de morada, ou seja, o local onde a pessoa tem a sua
habitação.

Segundo Maria Helena Diniz (2019, pág. 260), domicílio é a sede jurídica da pessoa,
onde ela presume presente para efeitos de direito e onde exerce e pratica, habitualmente,
seus atos e negócios jurídicos.

Em sentido jurídico, diz‑se domicílio, em geral, o local da residência habitual de cada


pessoa. Essa é também a noção extraída do n.º 1 do art. 82.º do C.Civ.; contudo, em
rigor, ela só quadra ao conceito de domicílio geral voluntário. Como resulta da análise
subsequente, há outras modalidades de domicílio cuja determinação não se faz em
função da residência habitual da pessoa.

A pessoa pode ter mais de uma residência habitual, isto é, ter a sua vida organizada em
mais de um local, residindo alternadamente em cada um deles.

Por exemplo: um comerciante pode exercer a sua actividade em duas localidades


próximas, tendo casa de habitação em ambas e passando sistematicamente a primeira
parte da semana num local e a segunda parte no outro.

Como se configuram situações deste tipo, quanto à definição do domicílio (geral)?

O ponto suscita dúvidas, dada a redacção da segunda parte do n.º 1 do art. 82.º, que a ele
se reporta. Na letra deste preceito, se a pessoa «residir alternadamente em diversos
lugares, tem‑se por domiciliado em qualquer deles».

Esta redacção parece sugerir que, em casos como o do exemplo anterior, a pessoa tem
dois domicílios voluntários. Esta posição foi defendida por Pires de Lima e Antunes
Varela1 e é também a adoptada por Oliveira Ascensão2.

Discordava de tal opinião Castro Mendes, segundo cujo entendimento o art. 82.º
determina que, se não houver domicílio geral (residência habitual), desempenha as
funções jurídicas do domicílio qualquer das residências (alternativas ou ocasionais)3.

É a posição de Pires de Lima e Antunes Varela e Oliveira Ascensão que deve ser
acolhida; a interpretação de Castro Mendes inutiliza, de certo modo, a segunda parte do

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n.º 1 do art. 82.º e dá à residência habitual (alternativa) o mesmo valor da residência
ocasional. Para além disso, em boa verdade, esse entendimento contraria a própria letra
do art. 82.º, sem prejuízo do argumento que se poderia pretender tirar de certa
proximidade literal existente entre as expressões «tem‑se por domiciliada», usada no seu
n.º 1, e «considera‑se domiciliada», do n.º 2. Deve, pois, entender-se que resulta do n.º 1
do art. 82.º que o legislador considera a residência alternativa ainda como residência
habitual1. E o n.º 2 do art. 82.º só funciona, como nele expressamente se diz, «na falta
de residência habitual».

2.4 Modalidades de domicílio


Como já ficou referido, o conceito de domicílio não se esgota no de domicílio
voluntário geral. Outros critérios, além do acima analisado, determinam modalidades
diversas de domicílio, com significativa relevância jurídica, que não pode ser ignorada.

Por vezes, embora com pouco rigor, essas várias modalidades de domicílio são
apresentadas mesmo como termos de classificações deste instituto.

Cabe, para este estudo, referir sumariamente as modalidades de domicílio, consagradas


no Código Civil e com aflorações em múltiplos diplomas legais: domicílio geral e
domicílio especial, profissional e electivo, por um lado; domicílio voluntário e
domicílio legal (ou necessário), por outro.

Importa desde já dizer que estas modalidades não podem ser vistas como
compartimentos estanques, antes se podendo sobrepor. Assim, o domicílio legal pode
ser, por seu turno, geral ou especial. E os exemplos facilmente se multiplicam, como a
exposição subsequente vai revelar.

2.4.1 Domicílio geral e especial (profissional e electivo)


Ao domicílio geral foi já feita referência – ele determina‑se pela residência habitual (n.º
1 do art. 82.º).

Se se tiver presente a noção de residência habitual, logo se conclui que optou o


legislador português por um critério fundamentalmente objectivo, pois atende em
paticular ao local onde a pessoa tem efectivamente o seu centro de vida e não à intenção
de ter esse local como centro da sua vida.

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A doutrina tradicional distinguia no domicílio um elemento objectivo (corpus) –
consistindo na fixação espacial da pessoa – e um elemento subjectivo (animus),
referente à intenção de a pessoa se fixar em certo local, para o efeito de aí se ter como
domiciliada. A lei portuguesa, no plano do domicílio geral, dá relevância ao aspecto
objectivo, porquanto tem a pessoa como domiciliada no local da sua residência habitual,
ainda que a sua intenção fosse no sentido de aí não se domiciliar. Isto não significa,
todavia, que a vontade não tenha alguma relevância nesta matéria, como se verá da
exposição subsequente1.

Nem por isso o domicílio geral deixa de poder ser considerado voluntário.

Na verdade, a vontade da pessoa a quem o domicílio respeita dirige‑se à constituição da


sua residência habitual, mediante a selecção do local onde vai ter o seu centro de vida.
Do ponto de vista jurídico, essa vontade não tem, contudo, de se dirigir ao efeito
constituição do domicílio. Deste modo, na origem do domicílio voluntário geral está um
acto jurídico simples e não um negócio jurídico.

Para além do domicílio geral, e coexistindo com ele, a lei admite outras modalidades de
domicílio voluntário: o domicílio profissional e o domicílio electivo.

Ambas podem ser abrangidas sob a designação de domicílio especial.

O domicílio profissional, como a expressão sugere, só pode constituir‑se em relação a


pessoas que exerçam uma profissão. Em tais casos, diz o art. 83.º do C.Civ. que a
pessoa tem domicílio profissional no lugar onde exerce a sua profissão

(n.º 1 do art. 83.º). Todavia, este domicílio só é relevante para as relações conexas com
o exercício dessa profissão.

Se a pessoa exercer a profissão em vários locais, terá outros tantos domicílios


profissionais, cada um deles para as relações correspondentes (n.º 2 do art. 83.º).

Assim, um advogado que tenha a sua residência habitual em Sintra e exerça a sua
profissão em Lisboa, tem o seu domicílio geral naquela localidade e o seu domicílio
profissional nesta. Mas se exercer a sua actividade nas duas cidades, em ambas tem
domicílio profissional.

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Do exposto resulta ser esta uma modalidade de domicílio especial num duplo sentido:
quanto às pessoas a que respeita e quanto aos actos para que é relevante.

O Código Civil admite ainda o domicílio electivo, como se vê do art. 84.º

Trata‑se, agora, de um domicílio estipulado para certos negócios, em concreto.

Por exemplo, num contrato de empreitada, as partes convencionam, para as


comunicações que na execução desse negócio hajam de ser feitas entre elas, um certo
local, diferente do seu domicílio (geral ou especial); para esse local devem tais
comunicações ser dirigidas. A determinação do domicílio resulta aqui de uma cláusula
acessória do próprio negócio jurídico em relação ao qual o domicílio tem relevância.

A lei sujeita a escolha deste domicílio a um condicionalismo de forma, porquanto a


estipulação tem de ser escrita (art. 84.º), mesmo quando o negócio jurídico
correspondente não esteja sujeito a essa forma.

O domicílio electivo ganhou relevância acrescida por efeito de alterações da lei


processual civil.

Assim, nos procedimentos destinados a exigir o cumprimento de obrigações pecuniárias


emergentes de contratos até certo valor, segundo o regime aprovado pelo Decreto‑Lei
n.º 269/98, de 1 de Setembro (já várias várias vezes alterado), o n.º 1 do seu art. 2.º
prevê que as partes convencionem o local onde se consideram domiciliadas para efeitos
de citação ou notificação, em caso de litígio. Neste caso, a citação segue o regime
especial estatuído no art. 237.º‑A do C.P.Civ.

2.4.2 Domicílio voluntário e legal


Para além do domicílio voluntário, uma das mais relevantes modalidades deste instituto,
e a ele se contrapondo, num certo sentido, a lei portuguesa consagra casos de domicílio
legal, também designado por necessário.

O critério de distinção destas duas modalidades de domicílio é de fácil apreensão:


trata‑se de ser ou não relevante, para a fixação de domicílio, a própria vontade do
domiciliado. Se a vontade é relevante, o domicílio diz‑se voluntário; caso o não seja, o
domicílio é legal.

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A relevância da vontade – note‑se – pode apresentar‑se sob mais de uma modalidade e
com diferente intensidade. Assim, em certos casos, há uma relevância directa da
vontade em relação à fixação do domicílio, sendo, noutros, essa relevância indirecta.
Fácil é ilustrar, com exemplos, o alcance destas fórmulas.

Hipótese de relevância directa da vontade verifica‑se no domicílio electivo, pois, como


já ficou explicado, ele resulta de expressa estipulação das partes, contida numa cláusula
acessória do negócio jurídico, a que o domicílio respeita.

A vontade tem relevância indirecta, quando se manifesta em relação aos factores


determinantes da fixação do domicílio e não propriamente a este1, como acontece no
domicílio geral e no domicílio profissional, sendo voluntário.

No fundo, verifica‑se aqui uma manifestação do problema mais geral da relevância da


vontade no acto jurídico. Assim, em certos casos, a constituição do domicílio resulta de
um acto jurídico simples (é a regra no domicílio voluntário geral), enquanto noutros tem
na sua origem um acto negocial (domicílio electivo).

O domicílio legal é, pois, fixado, para certa pessoa, por uma norma jurídica.

Cabe ainda dizer, a este respeito, que o domicílio legal pode ser geral (v.g., n.º 1 do art.
85.º do C.Civ.) ou especial (n.º 4 do mesmo preceito). Esta é uma consequência do
regime resultante da redacção dada a este preceito pelo Decreto‑Lei n.º 496/77.

O Código Civil contempla, como casos de domicílio legal1, o dos menores e interditos
(art. 85.º), o dos empregados públicos (art. 87.º) e o dos agentes diplomáticos
portugueses (art. 88.º).

Em todos eles, o domicílio é, pois, fixado pelo legislador, independentemente do local


escolhido pela pessoa para seu centro de vida.

A limitação da eficácia da vontade na escolha da residência e, correspondentemente, do


domicílio, não envolve necessariamente situações de domicílio legal. Ilustram esta
afirmação os seguintes dois exemplos flagrantes em áreas bem diferentes do Direito.
Assim, havendo declaração de insolvência, a sentença deve fixar residência ao
insolvente [art. 36.º, al. b), do CIRE]. No domínio do Direito Penal, interessa considerar
o caso da pessoa que praticou actos que justificam restrições à sua livre circulação,
ainda que sem privação da liberdade. O Código Penal prevê, com efeito, a possibilidade

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de, em certos casos, o tribunal impor ao condenado determinadas regras de conduta,
como a de «não residir em certos lugares ou regiões» [art. 52.º, n.º 1, al. c)].

Como bem se compreende, de seguida são apenas consideradas as situações de


domicílio legal relacionadas com o âmbito deste estudo, ou seja, o domicílio legal dos
menores, inabilitados e interditos, para além da dos insolventes já referida.

O regime do domicílio legal dos menores é influenciado pelas diversas modalidades dos
meios de suprimento da sua incapacidade.

Se o menor estiver sujeito à responsabilidade parental, quatro situações podem ocorrer,


como resulta da análise dos n.os 1 e 2 do art. 85.º do C.Civ.

Sendo os progenitores casados um com o outro, tem de se apurar se existe ou não


residência da família. A residência da família determina‑se, nos termos do art. 1673.º do
C.Civ., por comum acordo dos cônjuges, ou, na sua falta, por decisão judicial, proferida
a requerimento de qualquer deles1. O domicílio do menor será o correspondente a essa
residência (primeira parte do n.º 1 do art. 85.º do C.Civ.).

Se os progenitores não são casados um com o outro, mas vivem maritalmente, deve
entender‑se, por analogia2, que o domicílio do menor é o da residência comum dos pais.

Não existindo residência da família – embora os pais sejam casados –, ou não vivendo
os progenitores maritalmente, o domicílio do menor é o do progenitor a cuja guarda ele
estiver confiado (segunda parte do n.º 1 do art. 85.º 3).

Finalmente, pode o menor estar confiado, não aos progenitores, mas a outra pessoa ou a
um estabelecimento de educação ou assistência. O domicílio do menor é então o do
progenitor que exerça o poder paternal (n.º 2 do art. 85.º).

Quando esteja instituído o regime de tutela, o domicílio do menor é o do tutor (n.º 3 do


art. 85.º).

No caso de haver um regime de administração de bens, o menor tem dois domicílios: o


domicílio geral, determinado nos termos atrás referidos, e o domicílio especial, para as
relações que se prendam com a administração dos seus bens. Este último é o domicílio
do administrador de bens (art. 85.º, n.º 4).

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Na redacção do n.º 1 do art. 85.º anterior à Reforma de 1977, o menor tinha ainda
domicílio especial para os actos em que pudesse intervir pessoalmente.

Este preceito não teve continuação no novo regime4; nem por isso deve deixar de se
entender que, para esses efeitos, o domicílio se apura segundo os critérios gerais das
pessoas capazes.

Resta analisar o caso do interdito. Segundo o disposto no n.º 3 do art. 85.º, o domicílio
do interdito é o do seu tutor, sendo‑lhe também aplicável o n.º 4, nos termos acima
fixados, quando com a tutela se cumula uma situação de administração de bens.

A todas as regras referidas tem de ser feita uma restrição, como se vê do n.º 5 do art.
85.º Com efeito, o regime exposto na alínea anterior não se aplica se tiver como
consequência a atribuição, ao menor ou ao interdito, de um domicílio fora do território
nacional.

Não diz esse preceito (como já não dizia o preceito paralelo do antigo n.º 2 do art. 85.º)
qual é então o domicílio do menor. Deve prevalecer o domicílio geral fixado no art. 82.º
1. V. O art. 85.º não contém qualquer referência aos inabilitados. Coloca‑se, assim, a
questão de saber se o inabilitado nunca tem domicílio legal.

Compreende‑se que o inabilitado não esteja, em geral, sujeito ao domicílio do seu


curador, dado o regime muito particular da curatela. Mas, quando ocorra o caso especial
previsto no art. 154.º, isto é, quando o curador tenha poderes de representação quanto a
actos de administração, já a questão se configura de forma diferente.

Na verdade, o regime do art. 154.º atribui ao curador uma posição próxima da do tutor.
Consequentemente, a incapacidade do inabilitado tem nesse caso maior afinidade com a
do interdito. Tudo aponta, pois, para a conveniência de, em matéria de domicílio, se
fixar uma solução particular, para o caso em análise.

Seguindo aqui a posição de Castro Mendes, cujas razões se apresentam perfeitamente


convincentes2/3, entende-se que o inabilitado, quando o curador tenha poderes de
representação relativamente a actos de administração, tem dois domicílios: o seu
domicílio geral e um domicílio especial para as relações referentes aos actos de
administração, sujeitos à representação legal do curador.

Este segundo domicílio é o do curador.

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Em abono desta tese e por acréscimo aos argumentos invocados por Castro Mendes, é
possível trazer aqui à colação, de iure condito, quer a analogia legis estabelecida no art.
156.º do C.Civ., quer o paralelismo existente entre a situação do inabilitado e a dos
incapazes a que se aplica o regime hoje fixado no n.º 4 do art. 85.º

O facto de o inabilitado ter, então, dois domicílios não levanta qualquer dificuldade,
pois, como se viu na exposição anterior, o legislador atribui, em várias hipóteses, à
mesma pessoa, mais de um domicílio, embora um deles apenas para efeitos específicos,
como será, na hipótese em estudo, o caso dos inabilitados.

2.5 Importância do domicílio


A análise das diversas modalidades que o domicílio pode revestir veio confirmar as
observações preliminares relativas à sua relevância prática, na organização da vida das
pessoas, e revelou ter essa importância correspondência jurídica.

Há que desenvolver este segundo aspecto, sob o ponto de vista da relevância positiva do
domicílio, já que a outra face da questão será estudada em matéria de ausência.

A relevância positiva da ligação de certa pessoa com determinado local tem no


domicílio a sua manifestação mais significativa, ainda que algumas das considerações
de seguida feitas possam aplicar‑se, mutatis mutandis, à residência e, mesmo, ao
paradeiro.

A relevância jurídica do domicílio pode sumariar‑se em duas notas. O


domicíliofunciona como critério geral de competência para a prática de actos jurídicos e
como ponto legal de contacto não pessoal.

Se, em geral, o local da celebração dos actos jurídicos não interfere significativamente
com o seu regime, nem sempre assim acontece. Com alguma frequência a lei condiciona
a relevância jurídica do acto à sua prática em certo local. Como facilmente se
compreende, coloca‑se então o problema da determinação do local onde o acto deve ser
praticado, para ser válido.

Entre os múltiplos pontos de conexão a que o Direito aqui faz recurso, o domicílio das
pessoas funciona muitas vezes como critério de determinação do local adequado à
prática de actos jurídicos. Citando alguns exemplos significativos, seleccionados entre

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os mais estreitamente ligados com a matéria deste estudo1, sem preocupação de esgotar
o assunto, pode indicar‑se que o domicílio é atendido na:

a) fixação do tribunal competente para a propositura de acções (art. 85.º do C.P.Civ.);

b) determinação do local de cumprimento das obrigações (arts. 772.º e 774.º do C.Civ.);

c) determinação do local de abertura da sucessão (art. 2031.º do C.Civ.).

Na mesma linha de considerações, cabe ainda referir que, em Direito Internacional


Privado, no sistema jurídico português, o domicílio funciona – por referência à
residência habitual –, em regra, com carácter subsidiário em relação à nacionalidade,
como elemento de conexão para a determinação da lei competente para regular certas
relações jurídicas (cfr., v.g., arts. 32.º, 52.º, n.º 2, 56.º, n.º 2, e 60.º, n.º 2, do C.Civ.).

Num plano diferente, o domicílio tem ainda relevância como ponto legal de contacto
não pessoal.

Aparece esta ideia realçada nas lições de Castro Mendes e, seguindo o seu ensinamento,
cabe dizer que ela se desenvolve em dois sentidos básicos: «– Ónus para o domiciliado
de manter ligação com o seu domicílio1; – Direito para as outras pessoas de poderem
contar com essa ligação, se tiverem um interesse juridicamente protegido em contactar
com o domiciliado.»

É esta ideia extremamente positiva3, acrescentando, apenas, que se podem encontrar, na


lei, duas importantes manifestações de tal relevância do domicílio.

Um dos casos localiza‑se em matéria processual, no regime da citação edital.

Proposta uma acção, e cumpridas determinadas formalidades processuais, se, após


exame sumário, o pedido se encontrar em condições de prosseguir, o juiz ordena o
chamamento do réu ao processo para se defender. O acto pelo qual o réu é pela primeira
vez chamado ao processo diz‑se citação (art. 228.º, n.º 1, do C.P.Civ.). A citação pode
ser pessoal ou edital (art. 233.º, n.º 1, do mesmo Código). Ora, se o réu se encontrar em
parte incerta, não sendo, portanto, possível localizar a sua residência actual, a citação
pode fazer‑se por via edital (art. 233.º, n.º 6, do C.P.Civ.; cfr., também, art. 244.º deste
Código), a qual consiste na afixação de editais e na publicação de anúncios; nestes é
dado conhecimento ao réu de que contra ele está proposta certa acção (art. 248.º do

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citado Código). A citação tem‑se então feita no dia em que se publica o último anúncio
ou se afixam os editais, como se tivesse sido feita na pessoa do réu (n.º 1 do art. 250.º,
também do C.P.Civ.).

Outro exemplo da mesma relevância do domicílio encontra‑se na eficácia da declaração


negocial recipienda. Segundo o n.º 1 do art. 224.º do C.Civ., quando a declaração
negocial tem um destinatário, torna‑se eficaz logo que chega ao seu poder ou é dele
conhecida. Ora, o n.º 2 desse preceito considera haver eficácia da declaração se só por
culpa do destinatário não for por ele oportunamente recebida. Um dos casos de
aplicação de tal regime é justamente o de o destinatário não ter observado o ónus de
ligação com o domicílio, invocado por Castro Mendes. Concretizando: a declaração foi
remetida para o domicílio do destinatário; encontrando‑se ele ausente, sem haver
assegurado os meios de contacto possíveis, o facto de não ter tomado conhecimento da
declaração é irrelevante para o efeito de ela se ter como eficaz1.

Em qualquer destes casos, verifica‑se, afinal, o resultado de se ter como boa uma
comunicação que deva ser dirigida ao domicílio de certa pessoa, como se o destinatário
a houvesse recebido ou conhecido. A irrelevância do não recebimento ou conhecimento
da declaração, quando este facto seja imputável ao destinatário, por ele ter quebrado a
ligação que com o seu domicílio havia de manter, é manifestação do seu relevo jurídico.

A necessidade jurídica de as pessoas manterem contacto com o seulocal habitual de


vida, aparece um tanto difusa quando se considera o problema na normalidade da vida
de cada um. Logo ganha, porém, projecção quando essa normalidade se quebra
(hipótese de ausência) ou ocorrem circunstâncias que atribuem interesse específico ao
conhecimento do local onde a pessoa se encontra.

Podem também citar‑se aqui alguns exemplos, que ilustram o sentido desta afirmação.

Assim, no caso de declaração de insolvência, como já referido, a sentença deve fixar


residência ao insolvente [al. c) do art. 36.º do CIRE], devendo entender‑se que,
enquanto durar a acção, o insolvente se não pode ausentar da residência sem autorização
do tribunal2, a quem deve comunicar o lugar para onde se ausenta. Não há aqui, em
rigor, um caso de domicílio legal do insolvente (é ele que o escolhe), mas a preocupação
de garantir a possibilidade de o insolvente ser encontrado na sua residência sempre que

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haja interesse em o contactar (vd. art. 83.º do CIRE, para melhor compreender o
interesse desse contacto).

Outro exemplo ocorre, em matéria penal, quando, em certas circunstâncias, se impõe a


delinquentes a obrigação de se apresentar periodicamente perante o tribunal ou perante
outras entidades públicas. É o que acontece quando o delinquente estiver sujeito ao
chamado regime de prova (arts. 53.º e 54.º do C.Pen.), a liberdade condicional (art. 63.º
do mesmo Código), ou quando lhe for aplicada pena relativamente indeterminada (arts.
89.º e 90.º, n.º 1, do citado diploma legal).

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Conclusão
O domicilo é um instituto juridico de suma imporância. Como o nome, representa uma
personalidade da pessoa humana, um factor de identificação, na individualização da
pessoa.

Do conceito de domicilio, derivam importantissimas consequencias, tanto no capo do


Direito Civil, como no do Direito Processual e do Direito Publico em geral. No Direito
Civil é fundamental saber-se onde é no domicilio da pessoa, dentre muitas e outras
razoes, porque ele, em regra, que ela deve cumprir as suas obrigacoes.

A Pessoa Jurídica, por ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil, uma vez que
ostenta personalidade, também possui domicílio. Neste caso, a sua averiguação obedece
critério objetivo, que é a residência, mero estado de fato material.

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Bibliografia
Fernandes, C. Teoria Geral do Direito Civil. 6ª ed. Universidade Católica. Pt., 2012

Veloso, Zeno. A Importancia do Domocilio. Faculdade de Direito de Blem do Pará.


Brasil

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