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DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO DIREITO

PROF.ª. GISELE BERNARDO GONÇALVES HUNOLD

CARLOS EDUARDO NASCIMENTO SOARES


NOTURNO

FONTES ESTATAIS E FONTES NÃO ESTATAIS


P1

SANTOS – SP
2022
CARLOS EDUARDO NASCIMENTO SOARES Mat.:11220673
NOTURNO

FONTES ESTATAIS E FONTES NÃO ESTATAIS

Prova apresentada ao Curso Bacharelado


em Direito, com o objetivo de composição
de nota P1para a matéria de Teoria Geral do
Direito lecionado pelo docente Profª Gisele
Bernardo Gonçalves Hunold.

Santos – SP
2022
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3

2. FONTES ESTATAIS ............................................................................................... 4

2.1. FONTES ESTATAIS LEGISLATIVAS: .................................................. 4

2.1.1. Leis ...................................................................................................... 4

2.1.2. Decretos .............................................................................................. 5

2.1.2.1. DECRETO REGULAMENTAR ........................................................ 5

2.1.2.2. DECRETO SINGULAR .................................................................... 5

2.1.2.3. DECRETOS AUTÔNOMOS ............................................................ 6

2.2. fontes estatais Jurisprudenciais: ................................................................. 6

2.2.1. jurisprudências .................................................................................... 6

2.2.2. súmulas e sumulas vinculantes ........................................................... 6

3. FONTES NÃO ESTATAIS ..................................................................................... 9

3.1. o direito consuetudinário (costume jurídico) ............................................. 9

3.2. o direito científico (doutrina) ................................................................... 10

3.3. convenções em geral ou negócios jurídicos. ............................................ 10

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 11

5. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 12
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1. INTRODUÇÃO

É através das fontes formais que ocorre a manifestação do direito, a partir de onde
os juristas conhecem e descrevem o fenômeno jurídico. Quem aplica, aquele que é responsável
por aquela gestão também as invoca, de forma a dar justificação da sua norma individual,
sempre amparado e sustentado por elas.

Em palavras mais simples, podemos dizer que as fontes estatais são aquelas que são
utilizadas para dar apoio, direcionar, situar e dosar a forma que a norma será aplicada, de forma
correta, justa e clara.

Em consonância, temos as fontes não estatais, que atuam como um segundo plano
quando ainda existente dúvidas, obscuridades ou indecisões. Servem como valia para a decisão
final, elucidam e dão mais uma garantia de acerto.
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2. FONTES ESTATAIS

Também conhecidas como fontes formais dividem-se em Legislativas e


Jurisprudências, que se relacionam ao poder legislativo e judiciário, respectivamente.

As fontes estatais são documentadas, têm seus parâmetros e variam de acordo com
a necessidade da mutação social, visando a adequação e o mantimento da ordem.

A fonte estatal mais conhecida e imponente que temos é a Constituição Federal de


1988. É ela quem rege todo o ordenamento jurídico brasileiro, já tendo existido outras seis, que
regeram em seus respectivos períodos históricos.

Com mais de 30 anos, ela vem como marco histórico, garantindo os direitos e
deveres existentes em nosso território. Concebida com 245 artigos e mais de 1,6 mil
dispositivos, ela ainda é considerada incompleta.

2.1. FONTES ESTATAIS LEGISLATIVAS:

As fontes estatais legislativas emanam do poder legislativo e, excepcionalmente, do


poder executivo. Visam, em regra, normatizar contextos.

A isso podemos acrescer as convenções internacionais, pelas quais dois ou mais


Estados estabelecem um tratado, daí serem fontes formais estatais convencionais.

2.1.1. LEIS

A lei é a principal fonte formal do nosso ordenamento jurídico, daí a importância


de seu conhecimento e caracterização em si.

As leis são o mais puro direito positivado são elaboradas pelo poder legislativo, que
são eleitos pela população. Nesse ponto podemos instaurar uma relação positiva e negativa
politicamente falando, uma vez que é sabido sobre relação de comprometimento do legislador,
principalmente em tempos eleitorais, o que pode acarretar inconvenientes que prejudiquem o
desenvolvimento de projetos que beneficiam a população.

No Brasil, o poder legislativo é dividido nas esferas municipais (vereadores),


estaduais (deputados estaduais) e federais (deputados federais e senadores).

Segundo os autores: “A doutrina conceitua a lei como a norma geral, abstrata,


inovadora, imperativa e coativa”. Geral, porquanto se dirige a um grupo de pessoas; por
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exemplo, as leis do estado do Rio de Janeiro destinam-se a todos os residentes ou presentes


naquele estado. Abstrata, vez que não regula situações concretas; por exemplo, a Lei de
Locação regula as locações urbanas abstratamente, e não a locação da fazenda do Moinho entre
Augusto e Cesar, (...). Inovadora, em razão de sua matéria passar a regular uma questão, ou lhe
dar nova regulação; (...). Imperativa, porque seu cumprimento é obrigatório; (...). Coativa, vez
que o descumprimento da lei gera uma sanção para o sujeito. (DONIZETTI; QUINTELLA,
2013).

As leis são respeitadas de forma hierárquica (constitucionais, complementares e


ordinárias), de forma que a superior sempre prevalecerá à inferior, por abrangência, cada qual
respeitando sua jurisdição, seja federal, estadual ou municipal. Por fim, a lei é obrigatória,
contínua, irretroativa e especial.

Um exemplo de lei que temos é a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,


ela tem o foco de regulamentar as normas jurídicas, logo, é muito importante para o direito
brasileiro. Seu caráter não é aquele comumente visto de estabelecer um ato e sua devida sanção,
mas aquele que também é visto, que expõe determinadas diretrizes. Como analogia para
entender essa diferença podemos pensar nas leis penais incriminadoras e leis explicativas, do
direito penal.

2.1.2. DECRETOS

Os decretos são atos administrativos de autoria do chefe do executivo. Muitos


confundem decreto com lei. Decreto não é lei, não confunda, eles apenas têm “força de”.

2.1.2.1. DECRETO REGULAMENTAR

Seu objetivo é de detalhar regras já existentes em determinada lei, elucidar pontos


ou propor alguma excepcionalidade.

Um dos principais exemplos de decreto regulamentar que temos e foi conhecido


por boa parte dos brasileiros é o Decreto 9.685, de 15 de janeiro 2019, que trata-se do primeiro
criado pelo presidente Jair Bolsonaro com finalidade de ampliar o acesso da população a armas
de fogo. Nele é detalhado as regras previstas no Estatuto de Desarmamento, a Lei 10.826 de
2003.

2.1.2.2. DECRETO SINGULAR

Regulamentam uma situação específica e concreta.


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Exemplos são os que determinam a nomeação ou a aposentadoria de servidores


públicos.

2.1.2.3. DECRETOS AUTÔNOMOS

Os decretos autônomos são criados pelo presidente e tem seu uso para duas
finalidades:

a) Tratar da organização e funcionamento da administração federal;


b) Determinar a extinção de extinção de funções ou cargos público, desde que
esteja vago.

2.2. FONTES ESTATAIS JURISPRUDENCIAIS:

As fontes estatais jurisprudenciais são aquelas que advém do que tange o poder
judiciário, elas são fontes que surgem quando de decisões devidamente amparadas pelo sistema
legal, e são utilizados como embasamento para arbítrios futuros.

Segundo Limongi França a jurisprudência, para poder ser considerada um autêntico


costume jurídico, tem que preencher requisitos descritos: não ferir texto legal vigente; ser
conforme a reta razão, ou seja, uma conclusão válida, cujo preceito venha a atender aos
reclamos de uma lacuna.

2.2.1. JURISPRUDÊNCIAS

Podemos entender como jurisprudências as decisões reiteradas dos juízes e


tribunais sobre o mesmo assunto. Elas servem para padronizar as decisões e fazer com que seja
entendido, a partir dos parâmetros de entendimentos legais, o direcionamento que determinados
assuntos devem tomar.

Para os operadores do direito, as jurisprudências servem para dar embasamento,


fazer comparações e elucidar alguns pontos a partir de decisões anteriores tomadas. Dito isto,
é valido saber que sua disponibilidade é possível através da própria internet, pelos sites oficiais.

2.2.2. SÚMULAS E SUMULAS VINCULANTES

As súmulas nada mais são que uma síntese de determinada assunto, utilizando como
fonte um compilado de jurisprudências e entendendo determinadas decisão como certa.

Exemplo de súmula:
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Súmula nº 29 do TST

TRANSFERÊNCIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Empregado transferido, por ato unilateral do empregador, para local mais distante
de sua residência, tem direito a suplemento salarial correspondente ao acréscimo da despesa de
transporte.

Precedentes:

ERR 1965/1969., Ac. TP 393/1970 - Min. Floriano Maciel

DJ 06.07.1970 - Decisão por maioria

ERR 143/1969., Ac. TP 1066/1969 - Min. Antônio Alves de Almeida

DJ 25.11.1969 - Decisão por maioria

ERR 4860/1962., Ac. TP 118/1964 - Min. Télio da Costa Monteiro

DJ 12.08.1964 - Decisão por maioria

ERR 3111/1955, Ac. TP 5/1957 - Min. Antônio Francisco Carvalhal

DJ 10.05.1957 - Decisão por maioria

Histórico:

Redação original - RA 57/1970, DO-GB 27.11.1970

Retirado do site: https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_ com_


indice / Sumulas_Ind_1 _50.html

As súmulas vinculantes seguem o mesmo sentido das comuns, porém são emanadas
do STF e, para garantir sua validação, necessitam de votação de pelo menos 2/3 dos
componentes. Além disso, devido sua magnitude, ela trata de assuntos constitucionais.

Exemplo de súmula vinculante:

Súmula Vinculante 18, STF:

A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta


a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.
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Comentário: Umas das principais súmulas para Direito Constitucional. Trata-se da


INELEGIBILIDADE REFLEXA, vedada pela CF/88:

Art. 14, § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os


parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
candidato à reeleição.

Retirada do site: https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/quais-sao-as-


principais-sumulas-para-direito-constitucional/
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3. FONTES NÃO ESTATAIS

São aquelas fontes, escritas ou não que não provém de um ente estatal, e da mesma
forma que as estatais, contribuem para o ordenamento jurídico, não tendo o poder de anulá-las,
apenas um caráter auxiliar.

Elas, portanto, abrangem:

3.1. O DIREITO CONSUETUDINÁRIO (COSTUME JURÍDICO)

“Os costumes são comumente conhecidos como uma produção normativa difusa
em sociedade que se caracterizam por dois aspectos importantes: o uso (e, especificamente, a
reiteração do uso e do costume) e a validação (reconhecimento) jurídica sobre o mesmo” (REIS
FRIEDE, 2017).

A partir deste pensamento, notamos que o costumo parte do uso e validação, algo
não se torna um costume se não atingir esses requisitos mínimos.

Os costumes jurídicos são algo que fica implícito a partir de sua adoção e passam a
ser subsidiários em diversas situações. Mas nunca invalidando uma fonte hierarquicamente
superior a ele, como a lei, por exemplo, ela sempre será soberana e utilizará de costumes para
determinada avaliação.

“Emilio Betti considera a ratio juris como um quid necessário, mas distinto da
opinio. Uma vez verificada a opinio juris et necessitatis no caso concreto, o magistrado terá
que verificar se a norma costumeira se conforma à ratio juris, que não é outra coisa senão o
critério da valoração e da convicção comum, sobre que se funda o valor normativo do costume
jurídico, e que se reproduz e se reflete na opinio necessitatis dos interessados como membros
de uma comunidade.”

“Para Ferrini, essa ratio indica as exigências fundamentais do sistema ético e


jurídico. Assim sendo, o juiz ao aplicar o costume terá que levar em conta os fins sociais e as
exigências do bem comum (LINDB, art. 5°). Terá sempre que aferir a justiça, a razoabilidade,
a moralidade e a sociabilidade do costume jurídico, considerando-o sempre na unidade de seus
dois elementos essenciais.”
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3.2. O DIREITO CIENTÍFICO (DOUTRINA)

A doutrina é uma fonte não estatal que parte dos estudos e opiniões dos
doutrinadores, que a partir de estudo científicos, colocam seu ponto de vista em determinado
assunto, abordando interpretações e aplicações.

Existem pensamentos contrários sobre a doutrina compor ou não fonte jurídica. De


qualquer maneira, um estudo levado de forma científica, racional e ponderado deve ser levado
em conta para os ensinamento e decisões.

Doutrinas são muito usadas na execução jurídica, mas também na atividade do


poder legislativo, como uma base para o desenvolvimento de novas leis ou aperfeiçoamento
das já existentes.

3.3. CONVENÇÕES EM GERAL OU NEGÓCIOS JURÍDICOS.

Essa fonte pode nos ser esclarecida por Miguel Reale quando diz que esse poder se
caracteriza como fonte negocial, pela convergência dos seguintes elementos: a) manifestação
de vontade de pessoas legitimadas a fazê-lo; b) forma de querer que não contrarie a exigida em
lei e objeto lícito e possível; e c) paridade entre os partícipes ou pelo menos uma devida
proporção entre eles.

Um exemplo bem claro dos negócios jurídicos são os contratos. É quando o


particular regula, de forma própria seus interesses, definindo limites e liberações.

É conhecido como “lei entre as partes”, onde estabelecido o contrato, nasce uma
relação de obrigação, deveres e gozos.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando todos os assuntos abordado neste estudo, é indiscutível a importância


das fontes estatais e não estatais para o desdobramento do ordenamento jurídico, dadas suas
naturezas diferentes e seus objetivos comuns.

Sua aplicação, em sentido de maximização das ações do operador do direito, deve


ser feita de maneira a utilizar estrategicamente todo material disponível, unindo-os de forma a
compor uma base sólida, amplamente abrangida e versátil.

Portanto, as fontes estatais e não estatais são ferramentas que, de certa forma,
qualificam o direito e nossa escola dogmática do direito. Uma vez que proporciona uma
infinidade de possibilidades de estudo de um objeto e seu máximo desenvolvimento e aplicação
concreta e abstrata.
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5. REFERÊNCIAS

BETTI, Emilio. Interpretazione dela legge e degli atti giuridici, p. 231.

Decreto. Disponível em: <https://maisretorno.com/portal/termos/d/decreto>. Acesso em: 2 abr. 2022.

DINIZ, Maria Helena. Fontes do direito. Enciclopédia jurídica da PUC-SP. Celso Fernandes
Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire (coords.). Tomo: Teoria Geral e Filosofia
do Direito. Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga, André Luiz Freire (coord. de
tomo). 1. ed. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017.
Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/157/edicao-1/fontes-do-direito

ELPIDIO DONIZETTI NUNES; FELIPE QUINTELA. Curso didático de direito civil. 2°. ed. São
Paulo: Atlas, 2013.

FERRINI, C. Consuetudini. Enciclopedia giuridica italiana.

FRANÇA, Rubens Limongi. Da jurisprudência. Revista da faculdade de direito da USP, pp. 213-214.

FRIEDE, R. Fontes do Direito. Disponível em: <https://reisfriede.wordpress.com/2017/05/22/fontes-


do-direito/>. Acesso em: 19 mar. 2022.
Manual de Redação Oficial da Presidência da República. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm#_Toc26002249 >.

REALE, Miguel. Lições preliminares de direito, p. 180.

RESENDE, Marília Ruiz e. Constituição Federal de 1988: entenda a Constituição Cidadã!. Politize!,
2022. Disponível em: <https://www.politize.com.br/constituicao-federal-1988/>. Acesso em:
27/03/2022.

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