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LIÇÕES DE INTRODUÇÃO AO DIREITO - 2022

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LIÇÃO Nº

SUMÁRIO: FONTES DO DIREITO

6. FONTES DO DIREITO

6.1. O conceito de Fontes do Direito e os seus diversos sentidos

Para falarmos de Fontes do Direito e, para melhor percebermos o tema, comecemos a falar do
FONTE. O que é uma Fonte? Nas palavras de Silva (2014), desde a Grécia Antiga a palavra
fonte significava nascedouro, nascente, origem, causa, motivação para várias manifestações do
Direito.

E, para Nader (2014), conceito de fonte do direito nos é apresentado em quatro sentidos:

 Sentido causal
 Sentido Instrumental
 Sentido Orgânico
 Sentido Técnico Jurídico

O sentido causal refere-se ao motivo ou causa que esteve na origem ou motivou a criação da
norma. Por exemplo, em 2004 foi aprovada a Lei da Família, Lei nº 10/2004, de 25 de Agosto,
que revogou o Livro IV do Código Civil e demais legislação que se mostrasse contrária.

Ora, o que é que esteve na base da criação daquela lei?

Se se lembram, nas relações maritais, quando uma das partes perdesse a vida, principalmente
quando fosse o homem, os familiares deste se apoderavam dos bens e a mulher perdia tudo. Por
isso, a Lei nº 10/2004, de 25 de Agosto, Lei da Família, actualmente revogada pela Lei nº
22/2019, de 11 de Dezembro, já previa a figura jurídica de União de facto, para efeitos
patrimoniais.

No entanto, a vulnerabilidade da mulher é tida aqui como causa ou motivo para a criação de
normas.

Dr. Dionízio L. Aramuge


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O Sentido Instrumental refere-se ao instrumento ou documento onde podemos encontrar e se


materializam normas, o direito, (Sousa e Galvão, 2000:176), como por exemplo, o Código Civil,
a CRM.

O Sentido Orgânico referesse ao Órgão do poder político do Estado competente para criar
normas jurídicas (ibdem), como por exemplo, a Assembleia da República, o Governo.

O Sentido Técnico Jurídico as Fontes do Direito são os diversos modos de formação e


revelação das Normas Jurídicas

Nader (2014), em volta do mesmo tema refere-se à três sentidos: Histórico; Material e Sentido
Formal.

6.1.1. Sentido Histórico sociológico

As fontes históricas do Direito indicam a gênese do direito: a época, local, as razões que
determinaram a sua formação (NADER, 2014:149). Por exemplo, no direito dos estados
ocidentais teve como base o Direito Romano.

6.1.2. Sentido Material

Como causa produtora do Direito, as fontes materiais são constituídas pelos fatos sociais, pelos
problemas que emergem na sociedade e que são condicionados pelos chamados fatores do
Direito, como a Moral, a Economia, a Geografia, entre outros.

6.1.3. Sentido Formal ou Técnico Jurídico

Fontes do Direito no sentido formal são os meios de expressão do Direito, as formas pelas quais
as normas jurídicas se exteriorizam, tornam-se conhecidas. Este sentido também se pode
designar por sentido técnico jurídico, que constitui modos de formação e revelação das normas
jurídicas.

6.2. Fontes do direito no Sentido Técnico Jurídico

Em sentido formal ou Técnico Jurídico, como acima nos referimos, a expressão fontes de
direito designa o modo como a norma se exterioriza (os modos de formação e revelação das

Dr. Dionízio L. Aramuge


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normas jurídicas). É a este sentido técnico jurídico ou formal, que vamos incidir o nosso estudo,
quando falamos das Fontes do Direito.

As fontes que constituem os modos de formação e revelação das normas jurídicas são as
seguintes: a Lei, o Costume, a Jurisprudência e a Doutrina.

A Lei e o Costume constituem os modos de formação ou criação das normas jurídicas – fontes
juris essendi. E, são consideradas fontes directa ou imediatas. Para o Direito Romano
Germánico, do qual o Direito moçambicano faz parte, a Lei é que é considerada fonte directa e
imediata, enquanto que o Costume o é no Direito da Common-law, direito consuetudinário. O
que quer dizer que para o nosso ordenamento jurídico, o costume é uma fonte indirecta.

E, a Jurisprudência e a Doutrina constituem os modos de revelação ou manifestação das normas


jurídicas – fontes juris cognoscendi. e, são consideradas fontes indirectas ou mediatas.

As fontes que acabamos de nos referir, podem ser escritas e não escritas. As primeiras podem ser
internas e internacionais.
Constituem fontes escritas internas do Direito, a Constituição, a Lei, Decreto-lei, Decreto,
Regulamento, Diploma Ministerial.
Constituem fontes escritas internacionais do Direito os Tratados internacionais e Acordos
internacionais. E, são fontes não escritas de Direito, os Princípios gerais de direito e costumes

6.2.1. A Lei

A Lei pode ser definida em sentido amplo como sendo toda a disposição genérica provinda de
órgãos estaduais competentes para a elaborar. Em sentido restrito leis são apenas as normas
elaboradas pelo órgão competente por excelência (Assembleia da República) para produzir
ordens normativas.

Em suma, a Lei – pode definir-se como sendo uma declaração expressa e solene de uma norma
jurídica no exercício de um poder normativo (por meio dum órgão competente – Assembleia da
República).

Dr. Dionízio L. Aramuge


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A Lei comporta dois tipos a saber:


a) Lei em Sentido Material – corresponde a toda declaração solene duma ou várias normas
jurídicas, seja qual for o órgão donde essa declaração emana.
b) Lei em Sentido Formal – abrange todo e qualquer documento emanado do órgão com
competência legislativa, quer contenha verdadeiras normas jurídicas.

A Assembleia da República é o órgão legislativo (tem o poder de criar leis) por excelência,
artigo 168, da CRM; os diplomas emanados da Assembleia da República, com carácter
normativo, têm o nome de Leis, artigo 181, da CRM.

Há decisões da Assembleia da República, as chamadas Resoluções, que são deliberações sem


carácter normativo, não se confundindo, portanto, com as leis.

O Governo, sendo um órgão tipicamente executivo, têm, também, competência legislativa, isto é,
o poder de criar normas gerais e abstractas. As leis provenientes do Governo têm o nome de
Decretos-leis, nº 1 do artigo 168, artigo 209 e 180 todos da CRM.

Além da Assembleia da República e do Governo, gozam de competência para formular normas


jurídicas, dentro das circunscrições sobre que se exerce a sua parcela de soberania, a Câmara
Municipal, as Autarquias Locais, etc.

6.2.2. O Costume
Chama-se Costume à forma de criação de normas jurídicas que consiste na prática repetida e
habitual de uma conduta, quando chega a ser encarada como obrigatória pela generalidade dos
membros (opinio juris vel necessitatis). Por exemplo o Lobolo, na cultura Changana
Como se pode depreender, o costuma comporta dois elementos:
 O elemento material, que corresponde à prática reiterada;
 O elemento cognitivo, corresponde à convicção da obrigatoridade

Estes elementos podemos sim se encontrar no exemplo que apresentamos, pois, os changanas
praticam o lobolo, com a convicção de que a prática é obrigatória, não obstante não haja um
obrigatoridade expressa,

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Do ponto de vista legal, o Costume pode ser:


a) Contra Legem – quando ele é contrário à lei e, é inválido.
b) Secundum Legem – quando ele é confirmativo ou interpretativo das normas
legais, isto é, está de acordo com a lei;
c) Praeter Legem – quando ele é integrativo, regulando hipóteses e aspectos de que
a lei não trata, isto é, está para além da lei;

6.2.3. A Jurisprudência
Chama-se Jurisprudência ao conjunto de orientações, que em matéria de determinação e
aplicação da lei, decorrem da actividade prática de aplicação do direito dos órgãos da sociedade
encarregados para o efeito. Ou seja, é o conjunto das orientações dos tribunais que em matéria de
determinação e aplicação da lei, ajuda os tribunais a resolver situações não regulados ou
imperfeitamente regulados. Isto é possível através de Assento, doutrina com força obrigatória
geral, artigo 2º do CC.

6.2.4. A Doutrina
Chama-se Doutrina à actividade de estudo teórico ou dogmático do direito (ou por vezes ao
conjunto daqueles que a isso se dedicam). Ou seja, é o conjunto de ideias, opiniões e ilações dos
Jurisconsultos que ajudam os tribunais a resolver casos concretos não regulados. Por exemplo, os
Manuais de Direito, artigos sobre assuntos jurídicos.

6.3. Fontes internacionais


São fontes internacionais de Direito
- Os tratados internacionais ou acordos internacionais
- As convenções internacionais

Quando falamos de fontes de Direito Internacional nos referimos basicamente aos Tratados
Internacionais.
A definição dos tratados ou acordos internacionais consta da al. a) do n. 1 do art. 2 da Convenção
de Viena de 23 de Agosto de 1978, “acordo internacional concluído por escrito entre Estados e
regido pelo Direito Internacional, quer esteja consignado num instrumento único, quer em dois
ou mais instrumentos conexos, e qualquer que seja a sua denominação particular”.

Dr. Dionízio L. Aramuge


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Estamos aqui a falar de um acordo de vontades, em forma escrita, entre sujeitos de direito
internacional, agindo nesta qualidade, de que resulta a produção de efeitos jurídicos – ex
consensu adventi vinculum (QUADRO, 2000:173).

Para haver tratado terão os Estados sujeitos de Direito Internacional agir nessa qualidade, para
além de ser celebrado entre Estados.

Além de tratados, estes acordos podem ser chamados Convenções internacionais, isto quando o
acordo é com uma Organização Internacional de natureza pública; Carta e Constituição aos
tratados que instituem organizações internacionais (idem).

No direito moçambicano, os tratados constituem verdadeiras fontes de Direito administrativo


após a sua ratificação pela Assembleia da República, als. t) e u) do n. 2 do art.178 da CRM.

EXERCÍCIOS
1. Diga o que são fontes do Direito
2. Apresente a classificação das fontes do direito
3. Diferencie:
a) Lei do Costume
b) Lei da Jurisprudência
c) Jurisprudência da Doutrina
4. O que são tratados internacionais? Apresente um exemplo concreto.

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LIÇÃO Nº
SUMÁRIO: A Feitura ou formação da Leis;
Os Vícios na feitura da Lei
As Formas de cessação da vigência da Lei;
Hierarquia das Leis

7. A formação da Lei

A Formação da Lei, constitui o que se chama Processo Legislativo. O processo legislativo é


estabelecido pela Constituição, artigos 182 e 103 da CRM e, comprende as seguintes etapas

 Elaboração
 Aprovação
 Promulgação
 Publicação
 Entrada em vigor

7.1. Elaboração

A elaboração compreende a apresentação do Projecto ou Proposta de Lei à Assembleia para a


sua discução e aprovação. Podem apresentar Projecto ou Proposta de Lei, os que têm direito à
iniciativa de lei, nomeadamente: os Deputados, as Bancadas Parlamentares, as Comissões da
Assembleia da República, o Presidente da República e o Governo, alíneas a), b), c), d) e e) do nº
1, do artigo 182 da CRM. O Projecto de Lei cabe aos previstos nas primeiras três alíneas e a
Proposta de Lei aos previstos nas duas últimas alíneas.

7.2. Aprovação

A aprovação é antecedida de dois momentos, o de debates e o da votação. Os debates são feitos


na generalidade e na especialidade, nº1 do artigo 183 da CRM e, a votação é feita na
generalidade, na especialidade e uma final global, nº 2 do mesmo artigo.

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Depois dos momentos acima referidos, a lei é aprovada através de uma deliberação nos termos
do artigo 186 da CRM.

7.3. Promulgação e Publicação

Após a aprovação e sua devida assinatura pelo Presidente da Assembleia, a lei é enviada ao
Presidente da República para a sua promulgação, como reza a alínea c) do artigo 190 da CRM e,
o Presidente por sua vez, ouvido o Conselho Constitucional, nº 1 do artigo 245 da CRM,
promulga e manda publicar no Boletim da República, nos termos do nº 1 do artigo 162 da CRM.

Se o Conselho Constitucional emitir um parecer negativo, o Presidente da República devolve a


lei à Assembleia da República para correção, nº 5 do artigo 245 da CRM. Todavia, se for um
parecer positivo, promulga e manda publicar. A publicação é o momento que determina a
eficácia da lei, a produção dos seus efeitos.

7.4. Entrada em vigor

Cabe a própria lei determinar quando entra em vigor. Há vezes em que a lei diz que entre em
vigor imediatamente após a sua publicação; ou 60 dias após a sua publicação; ou, 90 dias após a
sua publicação ou ainda 180 dias a pós a sua publicação. Este intervalo de tempo entre a
publicação e a entrada em vigor chama-se VACATIO LEGIS. Contudo, se a lei nada disser,
esta entra em vigor 15 dias após a sua publicação.

8. Vícios na feitura das leis

Para falarmos deste tema é importante que em primeiro lugar saibamos o que são vícios. Estes
são irregularidades ou erros cometidos na realização de determinada actividade ou na tomada de
uma decisão. Essas irregularidades ou erros põem em causa a validade da decisão.

O mesmo ocorre também na criação das leis, pode haver irregularidades ou erros que podem por
em causa a validade da lei. Como acima nos referimos, o processo da criação das leis observa
determinadas formalidade e procedimentos, constitucionalmente previstos, desde a elaboração
até a entrada em vigor. A preterição de uma dessas formalidades ou procedimento constitui um
vício ou ainda, uma INCONSTITUCIONALIDADE, pelo facto de se tratar de formalidades
previstas na constituição.

Dr. Dionízio L. Aramuge


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Dependendo dos procedimentos preteridas podemos ter:


 Inconstitucionalidade orgânica
 Inconstitucionalidade material
 Inconstitucionalidade formal

8.1. Inconstitucionalidade orgânica


Como atraz nos referimos, é da competência da Assembleia da República aprovar leis, nº 1 do
artigo 168 da CRM e, tem iniciativa para a sua elaboração, os Deputados, as Bancadas
parlamentares, a Comissão permanente, o Presidente da República e o Governo, nº 1 do artigo
182 da CRM. Se durante a criação de uma lei isto não se verificar, estaremos aqui perante uma
inconstitucionalidade orgânica.

8.2. Inconstitucionalidade Formal


Este vício verifica-se quando são preteridas a forma e as formalidades para a aprovação da Lei.
Como nos referimos ao falarmos das fases para a criação da Lei, apresentados o projecto ou
proposta de lei, estes são submetidos a debates na generalidade e na parcialidade e, de seguida à
votação na generalidade, parcialidade e na globalidade e, aprovados por uma deliberação nos
termos do artigo 186 da CRM.

8.3. Inconstitucionalidade Material


Este vício verifica-se quando o objecto da lei aprovada é contrário aos principios constitucionais
em vigor. Por exemplo, se a Assembleia aprovar uma lei cujo objecto é a pena de morte. A nossa
constituição não permite a pena de morte, todos os cidadãos têm direito à vida, artigo 40 da
CRM.

A Inconstitucionalidade pode ser: originária ou superveniente.


Originária – quando a desconformidade com a Constituição é simultânea à criação da lei.
Superveniente - quando a desconformidade com a Constituição é posterior à criação da lei numa
situação em que mudou a Constituição ou houve revisão constitucional.

Dr. Dionízio L. Aramuge


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Os vícios acima referidos tornam a lei inválida sob forma de nulidade, artigo 286.º, do Código
Civil. A nulidade da lei equivale à inexistência da lei na medida em que não é aplicada pelos
tribunais e esta inaplicabilidade não carece de ser declarada embora possa ser declarada.

A outra forma de invalidade é a anulabilidade, artigo 287º do Código Civil. Segundo o nº 1


deste artigo, tem legitimidade para arguir a anulabilidade as pessoas em cujo interesse a lei a
estabelece, e só dentro do ano sebsequente à cessação do vício que lhe serve de fundamento.

9. Formas de cessação da vigência da Lei.

Entrada em vigor, a lei pode parar de produzir os seus efeitos, ou de vigorar. É nisso que
chamamos de cessação de vigência, que pode ser:

 Por caducidade
 Por revogação

Estamos perante Caducidade da Lei quando esta deixa de vigorar por força de qualquer
circunstância inerente à própria lei; são exemplos de caducidade:
 Se a lei traz consigo a indicação do prazo da sua vigência, caduca logo que o prazo
fixado se esgota;
 Na hipótese de a lei se destinar à realização de certo fim, a lei caduca logo que esse fim é
atingido ou se torna inviável;
 Se a lei se destina a vigorar apenas enquanto durar certo estado de coisas, caduca logo
que cessa esse estado de coisas (estado de Guerra, estado de sítio, calamidades, etc.);
temos ainda, uma lei criada para vigorar até à conclusão de um tratado de paz;

Estamos perante Revogação da Lei quando uma lei deixa de vigorar em virtude duma nova
manifestação de vontade do legislador (em virtude de uma nova lei, contrária à anterior).

1. A Lei geral não revoga a Lei especial senão com declaração expressa.
2. A Lei especial revoga a Lei geral, mas apenas no campo restrito da sua aplicação.

A Lei que é posterior e revoga a outra chamamos de lei revogatória e, a lei anterior chamamos
de lei revogada.

Dr. Dionízio L. Aramuge


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A revogação de uma lei pode ser, quanto à extensão:


a) Total – quando todas as disposições da lei são atingidas pela nova lei – estamos perante a
ABROGAÇÃO;

b) Parcial – quando só algumas disposições da lei são atingidas pela nova lei, conservando as
restantes disposições que não foram atingidas em toda a sua vigência – estamos perante a
DERROGAÇÃO.

Quanto à sua forma:


a) Expressa – se a nova lei diz concretamente e de forma expressa qual a lei ou as
disposições anteriores que ficam revogadas;

b) Tácita – se essa indicação expressa, resultando a revogação da incompatibilidade


existente entre a nova lei e a anterior for conjugada com o princípio geral da prevalência
da vontade mais recente do legislador.

Repristinação
A Lei revogada não revive se a lei que a revogou é por sua vez revogada ou se caduca. É
necessário, para o seu renascimento (repristinação), que o legislador o diga expressamente.

10. Hierarquia das Leis


No caso moçambicano é tida a seguinte hierarquia de leis:
 Constituição da República;
 Leis Ordinárias/Decretos-Leis;
 Decretos;
 Despachos
 Diplomas Ministeriais;
 Regulamentos internos;
 Posturas Camarárias.

A subordinação efectua-se de baixo para cima. Todas as outras leis devem ser prolongamentos
dos princípios fundamentais, ou seja, da Constituição.

Dr. Dionízio L. Aramuge


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As leis que contrariam a Constituição são todas nulas e não produzem quaisquer efeitos
jurídicos, sob pela de resultarem na lesão dos direitos fundamentais dos particulares.

Exercícios
1. Explique como é que é criada a lei.

2. Por causa do aumento de sequestros na cidade de Maputo, a bancada paelamentar F


submeteu à Assembleia da República um Projecto de Lei que estabelece a pena de morte
por fuzilamento. Recebido o projecto, este foi debatido na generalidade e aprovado por
unanimidade. Após a aprovação, a lei foi enviada ao Presidente da República para sua
promulgação. Porém, este antes de tomar a sua decisão, quer o seu parecer. Apresente-o.

3. Para aprimorar cada vez mais a proteção da família, a Assembleia da República aprovou
uma nova Lei da Familia, a Lei nº 22/2019 de 11 de Dezembro e, cessando assim a
vigência da anterior Lei, a Lei nº 10/2004 de 25 de Agosto. Diga de que tipo de cessação
se trata, justificando.

Bons estudos
Previnam-se do COVID - 19

Dr. Dionízio L. Aramuge

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