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Disciplina: Introdução ao Estudo do Direito Turma: DIR0006-2-301-BL A -

Professor: Prof. MSc. Denival Dias de Souza denivalsouza@prof.fanese.edu.br


Semestre: 1º (2023.1) Carga Horária: 30 horas

➢ 3ª UNIDADE:
✓ Das fontes do Direito: estatais e não estatais – Aula 01;
✓ Do sistema jurídico;
✓ Da aporia final: Direito e Justiça.

FONTES DO DIREITO

1. Conceito.
A expressão “fontes do direito” partiu de um sentido metafórico e, por meio de longa tradição
histórica, obteve um significado preciso na ciência jurídica, sempre na compreensão e no
entendimento da origem, berço ou nascedouro do Direito. Procurar uma fonte de uma regra é buscar
o ponto de onde ela brotou para a vida social.
“Fonte jurídica” seria a origem primária do direito, confundindo-se com o problema da gênese do
direito. Trata-se da fonte real ou material do direito, ou seja, dos fatores reais que condicionaram o
aparecimento da norma jurídica.
Miguel Reale conceitua Fontes do Direito como sendo “processos ou meios em virtude dos quais as
regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória”. Em outra análise, segundo a teoria
kelseniana, é possível entender as fontes como o fundamento de validade da ordem jurídica.
Dessa forma, o estudo das fontes não deve se restringir às leis, aos costumes, à jurisprudência e à
doutrina. É necessário entender também a teoria que deu origem às fontes e como elas alteram a
própria concepção do que é o Direito.

2. Classificação das Fontes do Direito.


De modo geral, pode-se classificar e definir as fontes do direito em duas vertentes, quais sejam: fontes
materiais e formais.

2.1 Fontes Materiais.


São as instituições ou grupos sociais que possuem capacidade de editar normas, como o Congresso
Nacional, as assembleias legislativas estaduais ou o Poder Executivo, em determinadas hipóteses.
Sob esse sentido, fonte é vista sob o prisma da autoridade que pode emitir legitimamente o Direito.
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Fontes materiais estão relacionadas a “como” surge o direito, ou seja, como ele se apresenta, como
se materializa. Dito isto, pode-se dizer que o mesmo surge como fonte de produção, em análise a
fatores éticos, sociológicos, políticos, históricos, etc.
Se a luta de um grupo, por exemplo, resulta na criação de uma lei para proteção a seus direitos,
podemos afirmar que essa busca é sim fonte material do direito, que será transformada em uma das
fontes formais existentes.

2.2 Fontes Formais.


Caracterizam-se como os “meio” ou os “canais” por onde as normas jurídicas se manifestam e/ou se
positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia, ou seja, são a maneira pela
qual as fontes materiais se apresentam.
Tradicionalmente, fontes formais são a lei, os costumes, a doutrina e a jurisprudência, embora outros
institutos também devam ser considerados, como veremos. Nem todos aceitam a doutrina e a
jurisprudência como fontes.

3. Divisão das Fontes Formais.


Nas sociedades primitivas, antes que se conhecesse a escrita, as normas se traduziam pela repetição
de práticas que se entranhavam no espírito social e passavam a ser entendidas como obrigatórias ou
normativas.
De início, o direito se confundia com a prática religiosa, não havendo uma nítida distinção, a qual
somente ocorre com civilizações mais desenvolvidas. A obrigatoriedade de uma norma tinha algo de
mágico e de divino.
O direito positivo – as normas jurídicas escritas –, fruto de ato do Estado, é para nós marco divisório
importante. É nele que a dogmática jurídica e a hermenêutica contemporâneas têm sua base de
investigação.
Daí decorre uma classificação possível, a que divide as fontes em estatal e não estatal.

3.1 Estatais.
São as leis e as jurisprudências, fontes elaboradas pelo poder público.
Por sua vez, as fontes formais estatais se dividem em:
➢ Legislação: é o processo pelo qual um ou vários órgãos estatais formulam e promulgam normas
jurídicas de observância geral. A atividade legiferante é tida, portanto, como a fonte primacial do
direito.
Entendendo-se a lei em sentido amplo, abrange todos os atos normativos contidos no processo
legislativo (CF, art. 59, I a VII), que são:
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 As principais categorias de estatutos legislativos, também chamadas “primárias”, por


revelarem, imediatamente, o direito positivo e por se bastarem por si mesmas:
- A Lei Constitucional: sobrepondo-se a todas as demais normas integrantes do ordenamento
jurídico.
- A Lei Complementar: alusiva à estrutura estatal ou aos serviços do Estado, constituindo as
leis de organização básica.
- A Lei Ordinária: editada pelo Poder Legislativo da União, Estados e Municípios, no campo
de suas competências constitucionais, com a sanção do chefe do Executivo.
- A Lei Delegada: é elaborada e editada pelo Presidente da República, por Comissão do
Congresso Nacional ou de qualquer de suas Casas, em razão de permissão do Poder Legislativo
e nos limites postos por este.
- As Medidas Provisórias: estão no mesmo escalão hierárquico da lei ordinária, embora não
sejam leis. São normas expedidas pelo Presidente da República, no exercício de competência
constitucional em caso de relevância do interesse público e urgência.
- O Decreto Legislativo: é norma aprovada por maioria simples pelo Congresso, sobre matéria
de sua exclusiva competência, como ratificação de tratados e convenções internacionais e de
convênios interestaduais, julgamento de contas do Presidente da República etc.
- As Resoluções do Senado: têm força de lei ordinária, por serem deliberações de uma das
Câmaras, do Poder Legislativo ou do próprio Congresso Nacional sobre assuntos do seu
peculiar interesse.
 As Secundárias, que consistem em normas subordinadas à lei, em atos de hierarquia inferior à
lei, que às vezes, dá-lhes eficácia, pois se reportam, implícita ou explicitamente, a ela, e que
compreendem:
- Os Decretos Regulamentares: são normas jurídicas gerais, abstratas e impessoais
estabelecidas pelo Poder Executivo da União, dos Estados ou Municípios, para desenvolver
uma lei, minudenciando suas disposições, facilitando sua execução ou aplicação.
- As Instruções Ministeriais: previstas na Constituição Federal, art. 87, parágrafo único, II,
expedidas pelos Ministros de Estado para promover a execução de leis, decretos e regulamentos
atinentes às atividades de sua pasta.
- As Circulares: consistem em normas jurídicas que visam ordenar de maneira uniforme o
serviço administrativo.
- As Portarias: são normas gerais que o órgão superior (desde o Ministério até uma simples
repartição pública) edita para serem observadas por seus subalternos. Veiculam comandos
administrativos gerais e especiais, servindo ainda para designar funcionários para o exercício
de funções menores, para abrir sindicâncias e inaugurar procedimentos administrativos.
- As Ordens de Serviço: constituem estipulações concretas para um certo tipo de serviço a ser
executado por um ou mais agentes credenciados para isso.
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➢ Jurisprudência: é a forma de revelação do direito que se processa através do exercício da


jurisdição, em virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais.
O substantivo jurisprudência é um coletivo, significa, modernamente, um conjunto de decisões dos
tribunais. Desse modo, não há que se entender que um acórdão ou uma sentença seja jurisprudência;
fazem, sim, parte da jurisprudência.
A jurisprudência pode ser vista sob um sentido amplo, como a coletânea de decisões proferidas por
juízes e tribunais sobre determinada matéria, fenômeno ou instituto jurídico, podendo, dessa forma,
agasalhar decisões contraditórias.
Em sentido estrito, costuma-se referir à jurisprudência como o conjunto de decisões uniformes, isto
é, no mesmo sentido, acerca de determinada questão. Na verdade, ambos os padrões de exame da
jurisprudência se tocam, pois cabe ao operador do Direito estar ciente de todas as correntes
jurisprudenciais.

3.2 Não Estatais.


São os costumes, as doutrinas e os negócios jurídicos. Fontes elaboradas pela sociedade.
➢ Direito Consuetudinário: costumes. O recurso ao costume só tem cabimento quando se esgotarem
todas as potencialidades legais. Daí o seu caráter de fonte subsidiária, procurando completar a lei e
preencher a lacuna.
➢ Direito Científico Jurídico: doutrina. É formada pela atividade dos juristas, ou seja, pelos
ensinamentos dos professores, pelos pareceres dos jurisconsultos e pelas opiniões dos tratadistas.
➢ Convenções e Negócios Jurídicos: trata-se das normas contratuais que resultam do fato de a
própria ordem jurídica reconhecer à pessoa, enquanto sujeito de direitos e deveres, o poder de
estipular negócios para a realização de fins lícitos, mediante um acordo de vontades. As pessoas
físicas ou jurídicas criam normas contratuais, exercendo um poder limitado legalmente, que as vincula
à prática dos direitos e deveres avençados.

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