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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J.

SÉRGIO TATI
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ENSAIO AO PROCESSO
DECLARATIVO
(ORDINÁRIO)

LUANDA/ 2021

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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ADVERTÊNCIA

As lições que aqui são apresentadas constituem parte das matérias (resumos)
ministradas no ano 2019 na disciplina de processo civil declarativo, aos estudantes do 3º
ano do curso de direito da UnIA.

Tendo sido uma experiência gratificante e desafiadora, que permitiu olhar ao processo
civil muito mais pela sua componente prática, entendemos por isso partilhar.

Por essa razão as lições não são, e nem podem ser vistas, de forma alguma como algo
acabado, livre de erros e críticas. Dai a designação de “ensaio”

Por outro lado, estas lições não têm como objectivo substituir a bibliografia fundamental
e recomendada para o ensino do direito processual civil, a que os estudantes estão
obrigados a ter contacto e conhecer.

Procuramos apenas, facilitar a compreensão dos estudantes naquilo que muitas vezes
vem explicado nos manuais de forma muito teórica e complexa.

OBS: Todas as referências normativas não identificadas a fonte da sua proveniência,


promanam do Código de Processo Civil.

Luanda, Março de 2021.

Elaborado por,
João Sérgio Tati

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I- NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

1.1. Noção de Direito Processual Civil

O termo processo, pode ser visto em vários sentidos.A propósito pode-se dizer que o
processo é na verdade um conjunto de fases ou etapas que alguém se propõe a cumprir
para alcançar um fim1.

Refere o Prof. Pais do AMARAL que em sentido amplo, a palavra processo transmite-
nos uma ideia de um determinado percurso, ou seja, uma sequência de factos ou
operações que apresentam uma certa unidade.

Em sentido técnico-jurídico, o processo é uma sequência de actos destinados à justa


composição, por um órgão imparcial de autoridade de um conflito de interesses, ou seja,
é um verdadeiro procedimento traduzido num encadeamento de actos destinados a
desembocar em certo fim (providência jurisdicional).

Em sentido material, o processo será um conjunto de peças apresentadas por uma e


outra parte (autor e réu) para servir à instrução e julgamento de uma questão. Por
exemplo, quando o autor apresenta a P.I o réu apresenta a contestação.

O Prof. Castro MENDES define o processo civil como sendo, o conjunto de actos que
têm por fim a justa composição de um litígio de interesses privados comuns.

1.2. Caracteres do direito processual Civil

É um direito instrumental e um direito público.

a)- É um direito Público: por disciplinar o exercício duma função do Estado -a função
jurisdicional constitucionalmente atribuído aos tribunais como órgãos perante os quais as
partes manifestam o desejo de obter a solução para os seus interesses contrapostos.
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Pode-se buscar a ideia de processo, para seu melhor entendimento, em várias esferas da vida. Na
construção civil por exemplo, não se edifica uma casa que se quer sólida e forte em um dia. É preciso
antes fazer as fundações, o alicerce, as paredes, etc. Tudo isso pressupõe um caminho, etapas a
percorrer.

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Segundo o critério geralmente aceite, o direito público abrange as normas reguladoras


das relações que um dos sujeitos (ou ambos) exerce uma posição de soberania. É esta
posição de soberania que explica a especial força vinculativa das decisões judiciais- o
juiz exerce uma função típica de soberania- a função jurisdicional- a que as partes se
subordinam. Por outro lado, o direito público visa salvaguardar um interesse colectivo, o
da paz social.

b)- É um direito instrumental ou adjectivo: pois cabe-lhe o estabelecimento dos meios


adequados à tutela jurídica dos direitos subjectivos suportados pelo direito substantivo.

Assim o direito substantivo é servido pelo direito processual.O processo civil regula
apenas os meios necessários para a partir do direito privado se alcançar a solução
concreta do conflito levantado entre as partes ou para dar realização efectiva ao direito
violado. É um instrumento ao serviço das soluções que decorrem do direito civil.

1.3. Importância do processo civil

A propositura, ou seja, a acção é o meio para se alcançar a tutela adequada aos direitos
previstos na lei substantiva ou material. O deficiente conhecimento das normas
processuais pode comprometer o êxito da pretensão deduzida por quem propõe uma
acção. É nosso entendimento que a prevalência da justiça material sobre a justiça formal
sempre deve ser assegurada, mas não há sistema algum em que seja possível eliminar
de modo absoluto, as consequências da falta de conhecimento das normas processuais
(vide por exemplo a consequência da falta de alegações em sede de recurso- artigo
690º/2, ou a apresentação da contestação extemporânea - artigo 484º/1 C.P.C).

1.4. Fontes de direito processual civil

Entende-se por fonte de direito o lugar da sua emanação. Assim, o direito processual
civil tem como principal fonte o Código de Processo Civil de 1961 e o Código Civil de
1967, porquanto nele podemos encontrar normas processuais ou pelo menos de
questionável natureza substantiva, por exemplo relativas a prescrição, caducidade,

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provas, etc. Além destes existem um conjunto de legislação dispersa que retrata a
matéria de direito processual civil.

1.5. Interpretação e integração das leis processuais

1.5.1-Interpretação:
Como qualquer outra norma, as normas processuais podem comportar diversos
sentidos, pelo que haverá necessidade de fixar aquele que deve prevalecer, visando
salvaguardar a certeza do direito, para a indagação do sentido a dar para cada preceito
legal.

O Código de processo civil não contém nenhuma disposição que defina os critérios
especiais para a interpretação das próprias normas, por isso recorre-se ao artigo 9º do
C.C., que estabelece, os critérios que devem presidir à interpretação da lei.

Em tese a interpretação das leis processuais obedecem às mesmas regras de qualquer


interpretação, contudo, há que notar a relevância do elemento sistemático, dado que o
processo é dominado por um conjunto de princípios (Entre elese só para exemplificar: o
principio da igualdade das partes, do contraditório, do dispositivo, etc.) gerais, e todas as
normas que se apresentem como desvios aos princípios devem ser interpretadas
restritivamente, pois a justa determinação e aplicação destes princípios é fundamental,
pelo que toda a norma que não esteja de harmonia com eles e constitua excepção, não
deve ser ampliada.

O tribunal não está subordinado aos critérios normativos fixados na lei se puder julgar
segundo a equidade. Mas a resolução do conflito só pode ser por via da equidade, nos
termos do artigo 4º do C.C.

1.5.2-Integração:
Nas relações abrangidas pelas normas processuais em vigor, vários aspetos que o
legislador não chegou a contemplar e que não podem deixar de ser reguladas em sede
do direito- é o problema das lacunas. Seja qual for a circunstância, o juiz não pode
abster-se de julgar, sob pretexto da falta ou obscuridade da lei- artigo 8º/1 do C.C. O

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caminho a tomar é o delineado no artigo 10º do C.C., cujo campo de aplicação se


estende a todos os ramos do direito. Não havendo casos análogos regulados na lei, o
juiz deverá criar a norma que o legislador criaria de acordo com os princípios por que se
rege o direito constituído (dentro do espírito do sistema).

Todavia, a que ter em atenção a não permissão do recurso a analogia relativamente a


normas excepcionais.- Artigo 11º do C.C. (é possível a interpretação extensiva).

1.6. Aplicação das leis processuais no tempo

Esta matéria vem regulada no artigo 12º do C.C. (Consular o Manuel de Direito
processual Civil do Prof. Antunes Varela em colaboração com Nora Sampaio e Miguel
Bezerra)

- Leis sobre a competência dos tribunais


- Leis sobre o formalismo processual
- Leis sobre o recurso
- Leis sobre as alçadas
- Leis sobre as provas
- Leis sobre prazos judiciais

1.7. Aplicação das leis processuais no espaço

Aqui vigora o princípio da territorialidade, isto é, as leis emanadas de órgãos de um


Estado aplicam-se em princípio apenasdentro do território do mesmo. (lex fori).Isto
significa que dentro do território angolano só se aplica o direito processual civil contido
em leis angolanas, mesmo que a causa penda em país estrangeiro, ou os litigantes
sejam cidadãos de outro pais ou a relação material sub judice esteja em conexão com
outra ou outras leis.

Razões que justificam o princípio da lex fori:


a)- Interesse Público:
b)- A natureza instrumental.

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Restrições:
A questão da admissibilidade das provas de determinados factos especiais (ex. negócios
jurídicos) deve ser disciplinada pela lei reguladora de cada um desses factos- a lei do
lugar onde ocorreu ou foi praticado. A não ser assim, poderia implicar a alteração da
situação material das partes. (Vide também a doutrina do artigo 187º/2. C.P.C)

1.8. Alguns princípios de direito processual civil

Os princípios são regras ou conhecimentos gerais sobre uma determinada matéria.

No direito processual civil os princípios podem dividir-se em: Princípios estruturantes e


Princípios instrumentais. Os princípios do processo civil são, em grande parte, uma
elaboração da doutrina e podem alguns deles, muitas vezes, não ter acolhimento em
termos expresso no direito positivo, ou seja, na lei.

Princípios estruturantes

Dizem-se estruturantes, aqueles princípios que são conaturais ao processo civil e por
isso são indispensáveis. Sem eles não se pode falar de processo civil.

Podemos apontar a título exemplificativo como estruturantes os seguintes princípios:

1.8.1-Princípio da igualdade das partes:

O princípio da igualdade está consagrado no artigo 23º da CRA.

No que concerne ao direito processual civil, significa este princípio que, perante o
tribunal, as partes devem ser iguais, ou seja, o tribunal deve tratar as partes
substancialmente de forma igual. As partes devem merecer o mesmo tratamento, serem
detentoras dos mesmos direitos e deveres,e devem situar-se numa posição de plena
igualdade entre si, designadamente quanto ao exercício de faculdades, no uso de meios
de defesa, na aplicação de sanções, etc.

Há porém situações até de ponto de vista legal, em que se nota uma falta de igualdade
de tratamento entre as partes (autor e réu), dando-se maior protecção e tratamento
diferenciado a favor do autor. Como exemplo do que ficou dito podemos apontar as
seguintes situações: o despacho de aperfeiçoamento só se ordena nas situações em
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que à petição inicial apresenta-se irregular e com deficiências (artigo 477º do C.P.C.), o
mesmo tratamento não ocorre quando o réu apresenta uma contestação irregular ou
deficiente.

Ainda quanto a protecção do autor, no processo declarativo ordinário, a fase dos


articulados é composta por cinco peças (petição inicial, contestação, réplica, tréplica e
resposta à tréplica ou quadrupla). Destes articulados três são do autor e dois pertencem
ao réu, o que torna obviamente inclinada a balança quanto ao tratamento igual a que lei
deve submeter as partes.

1.8.2-Princípio do contraditório:

A parte contra quem é proposta uma acção ou requerida uma providência é lhe
reconhecida o direito de resposta.- Vide artigo 3º nº 1 do C.P.C. Porém o nº 2 do mesmo
artigo apresenta excepções, como exemplo temos a ausência de contestação em
algumas processos judiciais. Veja-se o caso de algumas providências cautelares – vide
artigos 394º e 404º/1 do C.P.C.

A inobservância do princípio do contraditório tem como consequência, a nulidade


processual- artigo 201º nº1 C.P.C., podendo ainda ser impugnado o acto por meio de
recurso extraordinário - artigo 771º alínea f) do C.P.C

1.8.3-Princípio da legalidade da decisão:

O julgamento do tribunal funda-se exclusivamente nos critérios legais. Como corolário


deste princípio é imposto aos juízes o dever de fundamentação das suas decisões -
artigo 158º C.P.C. A falta de fundamentação pode dar lugar a nulidade da decisão- vide
artigo 668º nº1, alíneas b) e c) do C.P.C.

1.8.4-Princípio do dispositivo:

A sua consagração em termos gerais vem prevista em diversas normas, destacando-se


os artigo 264º nº 2, 265º e 456º todos do C.P.C. Este princípio em qualquer das suas
modalidades comporta certos limites, sendo os mais importantes os definidos pelo dever
de litigância de boa-fé, que proíbe que a parte faça do processo um uso manifestamente
reprovável, formule pedidos ou apresente oposições destituídos de fundamento, falte à
verdade ou não coopere com o tribunal, recusando-se nomeadamente a esclarecer o
tribunal sobre aspectos essenciais para a decisão da causa
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Quando o direito de uma pessoa é violado, estamos perante um conflito de interesses. O


tribunal só poderá resolver esse conflito se a resolução lhe for solicitada pelo
interessado – artigo 3º nº 1 primeira parte do C.P.C.

Para fazer valer o seu direito, o titular deverá propor uma acção judicial, cabendo ao juiz
controlar a observância das normas processuais e, por fim proferir a decisão acerca do
conflito que lhe foi submetido. O processo só tem início por força do impulso do autor ao
formular o respectivo pedido ao tribunal. A iniciativa nunca poderá pertencer ao juiz, mas
sim as partes.

1.8.5-Princípio do inquisitório

Segundo o princípio do inquisitório, o juiz goza de prorrogativas de ordenar diligências


necessárias com vista ao asseguramento do normal curso do processo, de conhecer
livremente as provas e conhecer ex-ofício certas situações que vão surgindo.

A real dimensão da vigência do princípio do inquisitório avalia-se distinguindo os factos


essenciais dos factos instrumentais.

Os factos essenciaissão os que participam da causa de pedir ou do fundamento da


excepção. Os factos instrumentais, são os que indiciam aqueles factos essenciais e que,
por isso, podem auxiliar a sua demonstração

O princípio do inquisitório encontra consagração nos artigos 264º nº 3 e 1409º do C.P.C,


nos termos em que, incumbe ao juiz realizar ou ordenar, mesmo oficiosamente, todas as
diligências ao apuramento da verdade e á justa composição do litigio, quanto aos factos
de que lhe é licito conhecer.

1.8.6- Princípio da estabilidade da instância

Diz-se instância a relação material controvertida, ou seja, a definição as partes, do


objecto do litígio e a determinação do tribunal competente. Uma vez estabelecida a
instância, salvo situações previstas na lei - cfr. Artigos 269º e ss do C.P.C -, ela não
poderá ser alterada.

Ora, no processo civil declarativo a instância se torna estável através da citação do réu,
tal como dispõe o artigo 268º do C.P.C.

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Princípios instrumentais

Dizem-se instrumentais aqueles princípios em que se procura a optimização dos


resultados do processo.

São eles(a titulo exemplificativo):

1.8.7-Princípio da aquisição processual

Segundo este princípio, o tribunal deve tomar em consideração todas as provas


produzidas, tenham ou não emanado da parte que devia produzi-las.

As materiais (afirmações e provas) aduzidas por uma das partes ficam adquiridos para o
processo. São atendíveis mesmo que seja favorável à parte contrária. O nosso sistema
processual civil procura, como um dos seus objectivos principais, que a solução judicial
seja a que mais se ajuste á real situação litigiosa que é objecto de disputa. Assim, tem
sido decidido pelos tribunais que nada obsta que o tribunal utilize o depoimento de
testemunhas apresentadas por uma parte para considerara provados factos cujo ônus
probatório incumbia à outra. Como afloramentos deste princípio encontramos os artigos
515º, 571º do C.P.C.

1.8.8-Princípio da economia processual:

Trata-se de um princípio que não só impõe deveres as partes, mais a todos os


intervenientes na prática dos actos processuais. Segundo este princípio, deve procurar-
se o máximo resultado processual com o mínimo de emprego de actividade; o máximo
rendimento com o mínimo custo. Assim, deve cada processo resolver o máximo possível
de litígios (economia de processos); e deve por outro lado comportar só os actos e
formalidades indispensáveis ou úteis (economia de actos e formalidades).

O artigo 137º do C.P.C, proíbe que a realização no processo de actos inúteis e impõe
responsabilidade disciplinar aos funcionários que os pratiquem. Outros afloramentos
deste princípio encontram-se nos artigos 138º, 30º. 31º, 449º nº 2 alínea c), 469º, 662º e
663º todos do C.P.C.

1.8.9-Princípio da celeridade processual:

De acordo com este princípio, o processo deve ser organizado em termos de se chegar
rapidamente à sua natural conclusão. O processo não deve arrastar-se por muito tempo,
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para não comprometer a utilidade económica da decisão final (vitoria tardia do pleito
pode equivaler a meia vitória); a demora na decisão também pode importa para o
vencido, um sacrifico acrescido, pela prolongação do estado de incerteza consequente
do litígio.

O próprio efeito psicológico (a satisfação moral do vencedor do pleito) e social (a


reafirmação da ordem jurídica ofendida) da decisão perde-se em grande parte quando
ela só chega no fim de muito tempo. Como afloramento deste princípio encontramos nos
artigos 685º, 743º/1 e 2, 170º, 171-, 456º/1, 457º/1, todos do CPC., etc.

1.8.10-Princípio da cooperação

O objecto do processo é delimitado livremente pelas partes no desenvolvimento do


princípio dispositivo. Nessa disposiçãovãoincluídos os factos fundamentais de que o
tribunal só conhece se voluntariamente articulados pelas partes, devendo as partes
evitarem formular pedidos ilegais, não articular factos contrários à verdade, e nem
requerer diligências meramente dilatórias – artigo 264º nº 2 do C.P.C. Fixado o
complexo dos factos a provar, o juiz é livre quanto a determinação das diligências,
através das quais a prova será feita.

Todas as pessoas, sejam ou não partes do processo, têm o dever de prestar a sua
colaboração para a descoberta da verdade.- Artigo 174º da CRA, e ainda artigos 266º,
258º do C.P.C.

1.8.11-Princípioda eventualidade ou preclusão

Consiste em determinar ate que momento podem as partes ou juiz trazer ao processo os
elementos de facto, sobre que há-de apoiar-se a decisão.

Há ciclos processuais rígidos, cada um com a sua finalidade própria e formando


compartimentos estanques. Por isso, os actos que não tenham lugar no ciclo próprio,
ficam precludidos. O princípio traduz-se essencialmente na preclusão das deduções das
partes.

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1.8.12-Princípioda livre apreciação da prova

A lei não deve fixar conclusões que o juiz tira dos diversos meios de prova. A relevância
e força probatória destes dos meios de provaserá aquela que tiver naturalmente no
espírito do julgador.

1.8.13-Princípioda imediação

Entre o facto a provar e a reconstituição do mesmo no espírito do julgador, intercalam-se


em regra fenómenos de transmissão de conhecimento.

O princípio da imediação é aquele segundo o qual, se devem reduzir ao mínimonúmero


tais fenómenos de transmissão de conhecimento, dado cada um deles envolver a
possibilidade de um erro. Do princípio resulta, por isso, que as provas pessoais devem
ser produzidas oralmente e perante o julgador.

É através da observação, do contacto directo e imediato do juiz com os elementos da


prova que tem de apreciar designadamente as declarações das partes, testemunhas e
peritos, que o julgador recolhe os melhores elementos para formar a sua livre e intima
convicção e que como tais, o podem levar a concluir com relativa segurança pela
necessidade ou falsidade dessas declarações o que implica que tais declarações sejam
prestadas oralmente perante o juiz que julga a causa.

1.8.14-Princípio da publicidade

Segundo este princípio, o processo deve ser conduzido e conservado de modo a permitir
que qualquer pessoa possa reconstituir intimamente o juízo que levou a decisão. Emana
ainda deste princípio de que as audiências de julgamento, são em princípio públicas,
podendo serem assistidas por qualquer pessoa. Porém, há processos cuja natureza
impõe a vedação de assistência pública, como são grande parte dos casos de processos
que correm trâmites na jurisdição de família.

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II- FORMAS DO PROCESSO CIVIL

2.1. Classificação das acções:

2.1.1. Segundo o critério da finalidade

Dispõe o artigo 4º nº 1 do C.P.C, que as acções são declarativas ou executivas.

Nas acções declarativas o autor procura que o tribunal declare a solução para um
determinado caso. O tribunal proferirá uma decisão com fundamento no direito
substantivo, em que declara naquele caso em concreto, a existência ou inexistência
invocado ou de certo facto.

A acção executiva tem por finalidade a realização coerciva das providências destinadas
á efectiva reparação do direito violado. Tal violação decorre da falta de cumprimento
voluntário do devedor- vide artigo 817º do C.C.

A diferença entre acção declarativa e executiva equivale a diferença entre declarar


(dizer) e executar (fazer).

As acções declarativas podem ser: (artigo 4º nº 2 do C.P.C)

1- De simples apreciação: (artigo 4º nº 2, al. a)do C.P.C). Quando o autor pretende


unicamente do tribunal a declaração da existência ou inexistência de um direito ou dum
facto. Nas acções declarativas de simples apreciação o autor contenta-se com a
declaração e fica por ai. Não pretende que o tribunal vá além dela.

Elas podem ser:

a)- Positiva: quando o autor pretende que o tribunal declare a existência de um direito ou
de um facto.

Exemplo 1: Acção destinada a declarar a existência de uma servidão de passagem.

b)- Negativa: quando o autor pretende obter a declaração de inexistência de um direito


de outrem com a finalidade de pôr termo a uma situação de incerteza, capaz de gerar
graves danos apreciáveis ao autor.

Exemplo 2: Acção destinada a declarar a inexistência de uma servidão de passagem.


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2- De condenação: (artigo 4º nº2, al. b), do C.P.C). O autor pretende a declaração do


seu direito que está sendo violado e também que o réu esteja condenado à reintegração
desse mesmo direito quer através da realização de uma determinada prestação, quer
por meio de uma atitude de abstenção ou omissão. Ex: incumprimento da obrigação.

3- Constitutivas: (artigo 4º nº 2 al. c), do C.P.C). O autor pretende obter um efeito


jurídico novo que vai alterar a esfera jurídica do réu, independentemente da sua
vontade. Essa alteração consiste na constituição, modificação ou extinção de uma
relação ou situação jurídica, que nasce directamente de uma decisão judicial.

Exemplo: Investigação de paternidade, divórcio, acção de impugnação pauliana, etc.

As acções executivas podem ser: (artigo 4º nº 3 do C.P.C, conjugado com o artigo 45º/2
do C.P.C), elas podem ser:

-Para pagamento de quantia certa- artigo 811º e ss C.PC

-Para a entrega de coisa certa- artigo 928º ss C.P.C.

-Para prestação de um facto(positivo ou negativo) - artigo 933º e ss C.P.C-

2.1.2. Segundo o critério da forma


Chama-se forma do processo; ao conjunto ordenado de actos a praticar bem como de
formalidades a cumprir, tanto na proposição, como especialmente no desenvolvimento
da acção.

Existe uma variedade de forma de processo. Tal variedade depende de diversos


factores entre os quais se destacam:

- Otipo de providência requerida(processo declarativo vs.executivo; acção de processo


comum vs acção de processo especial

- Acção de interdição, falência, etc.);

-O valor dos interesses em jogo(processo ordinário, sumário, sumaríssimo);

- A natureza da relação material controvertida que serve de base a pretensão (execução


para pagamento e quantia certa vs. execução paraentrega decoisa certa), entre outros.

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A primeira grande distinção dos processos é a que opõe os processos comuns (aplicável
a todos os casos a que não corresponda ao processo especial) aos processos especiais
(aplicáveis aos casos expressamente designados na lei) - vide artigo 460º nºs 1 e 2 do
C.P.C.

Isto pressupõe dizer que o processo comum é o processo regra e o processo especiala
excepção visto só serem aplicáveis aos casos expressamente previstas na lei, ou seja, o
processo comum determina-se por exclusão do especial.

Assim, o primeiro passo a tomar na escolha da forma de processo declarativo aplicável à


dedução de qualquer pretensão em juízo consiste em saber se a essa pretensão,
abstractamente considerada, corresponde alguma das formas especiais de processo
previstas na lei. No afirmativo, o pedido terá que ser deduzido e a acção desenvolvida
de acordo com o ritualismo/esquema processual correspondente; no caso oposto, cair-
se-á no terreno do processo declarativo comum.

São exemplos de processos especiais, os previstos nos artigos 944º e ss do C.P.C.

O processo comum pode ser (artigo 461º do C.P.C):

a)- ordinário,

b)- sumário,

c)- sumaríssimo.

A determinação da forma de processo ordinário, sumário e sumaríssimo vem previsto no


artigo 462º do C.P.C., mas para o efeito é necessário determinar-se o valor das alçadas
dos tribunais da Relação e de Comarca.

Ora, dispõe o artigo 2º nº 1 da lei nº 5-A/21, de 05 de Março –Lei da alteração da lei


sobre actualização das custas judiciais e alçadas dos tribunais, que o valor da alçada
dos tribunais da Relação em matéria cível é de Kz. 6.160.000,00 (seis milhões e cento e
sessenta mil kwanzas), e dos tribunais de Comarca é de Kz. 3.080.000,00 (três milhões
e oitenta mil kwanzas).

Assim sendo, e nos termos do artigo 462º nº 1 do C.P.C, combinado com o artigo 2º nº1
da lei nº 5-A/21, de 05 de Março, teremos:

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- Se o valor da causa for de Kz. 6.160.001 (seis milhões cento e sessenta mil e um
kwanzas) ou mais, a forma de processo empregue será o ordinário;

- Se o valor da causa for de Kz. 6.160.000 (seis milhões cento e sessenta mil kwanzas)
ou menos, a forma de processo empregue será o sumário;

- Se o valor da causa for de Kz. 1.540.000 (um milhão quinhentos e quarenta mil), valor
correspondente a metade do valor da alçada do tribunal de Comarca, ou menos e acção
se destinar ao cumprimento d obrigações pecuniárias, à indemnização por dano e à
entrega de coisas móveis, a forma de processo empregue será o sumaríssimo.

2.2. Processos de jurisdição voluntária


Os processos de jurisdição voluntária distinguem-se dos processos de jurisdição
contenciosa. Nos processos de jurisdição voluntária não existe propriamente um conflito
de interesses a dirimir, mas apenas um interesse fundamental, que o juiz procura regular
da forma mais conveniente e oportuna. Mas a ausência de conflito de interesses não
significa que não possa haver um conflito de opiniões sobre o mesmo interesse. (vide
como ex: na acção de regulação do exercício da autoridade paternal).

As regras do processo, quanto a tramitação seguem a forma de processo sumaríssimo,


por força do disposto no artigo 1409º nº 1 do C.P.C, que manda aplicar as regras das
incidentes de instâncias, alvo quanto a prazo para proferir a sentença que é de dez dias.

Nos processos de jurisdição voluntária emanam vários princípios, os quais passamos a


referir:
a)-Principio do inquisitório, artigo 1409º nº 2 do C.P.C.
b)-Princípio da oportunidade, artigo 1410º do C.P.C.
c)-Princípio da livre modificabilidade das decisões, artigo 1411º nº 1 do C.P.C.
d)-Princípio da Inadmissibilidade de recurso para o Tribunal Supremo, artigo 1411º nº 2
do C.P.C.

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3. PROCEDIMENTOS CAUTELARES

3.1- Noção
Os Procedimentos cautelares são providências judiciárias tendentes a regular a situação
de facto que haverá de existir entre as partes, até que chegue a final um qualquer tipo
de acção (podendo ela não estar ainda proposta), em ordem a premunir o requerente
contra os danos que lhe poderiam resultar da demora ocasionada pela duração do
processo da acção principal.

Os procedimentos cautelares revestem sempre carácter urgente, precedendo os


respectivos actos qualquer outroserviço judicial não urgente. Dado o seu carácter
urgente e a necessidade de se evitar um dano irreparável, as providências cautelares
não se suspendem durante o período das férias judiciais. (Cfr. Artigo 143º nº 1 última
parte do C.P.C)2

3.2.- Razão da sua existência


Dispõe o artigo 2º do C.P.C, que “a todo direito…, bem como as providências
necessárias para acautelar o efeito útil da acção”. Daqui sepode concluir que as
providências cautelares têm como finalidade acautelar o efeito útil de uma acção
principal.

A verdade é que quase sempre, as acções judiciais são dispendiosas quer de ponto de
vista financeiro, mas também temporal, e muitas vezes a demora provocada pela acção
principal, pode vir a não significar para a parte vencedora uma vitoria real, ou seja, perde
o seu efeito prático. Aliás se tem dito que vitória tardia é igual a não vitória. Tomemos
como exemplo a situação que se verifica na atribuição de alimentos provisórios, pois se
o requerente tivesse de esperar pela decisão final dos alimentos definitivos,
considerando que os alimentos têm como base a sobrevivência da pessoa que os
requer, arriscar-se-ia a morrer de fome antes de ver proferida a decisão final.

2
Também não se suspendem durante as férias judiciais os processos de jurisdição voluntária que
envolvem menores., cuja demora possa causar prejuízo aos interesses daqueles - artigo 42º do Decreto nº
417/71 de 29 de Setembro – Estatuto da Assistência Jurisdicional dos Menores.

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
______________________________________________________________________________________

Segundo Adelino de PALMA citado por Pais do AMARAL, o procedimento cautelar


destina-se a evitar um prejuízo grave (pericullum in mora), que ameaça um direito
subjectivo; prejuízo tão iminente que não pode esperar pela solução final de uma acção
declarativa ou executiva (acção principal) instaurada ou a instaurar em curto prazo, e
que exige a adopção de medidas urgentes, depois de um breve exame e instrução da
causa (summaria cognitio), durante o qual o juiz tem de convencer-se apenas da
probabilidade ou verosimilhança da existência do direito (fumu boni juris) e do perigo
invocados.

3.3- Requisitos das providências cautelares

No caso das providências cautelares especificadas, para que se possa instaurar


sãonecessários os presentes requisitos relevantes:
a)- existência de um direito;
b)- perigo da insatisfação desse direito.

Aqui não é necessário que o direito esteja plenamente comprovado, mas apenas que
dele haja verosimilhança, ou seja, “fumu boni juris”. Tambémnão énecessário que exista
certeza de que a lesão do direito se vai tornar efectiva com a demora, bastando, mas
exigindo-se, que se verifique um justo receio de tal lesão vir a concretizar-se.

Contudo, o legislador condicionou o decretamento da providência àrealização de prova


sumaria quanto ao aludido fundado receio da sua lesão grave e dificilmente reparável, à
prova do “pericullum in mora”, que é requisito comum a todos as providências
cautelares.

Quanto as providências cautelares não especificadas, dispõe o artigo 401º nº 1 do C.P.C


que a providência é decretada desde que haja probabilidade seria da existência do
direito e se mostre suficientemente fundado receio da sua lesão.

Ensina Abílio NETO in código de processo civil anotado, em comentário ao artigo 387º
do C.P.C português que o decretamento de uma providência não especificada depende
da concorrência dos seguintes requisitos:

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
______________________________________________________________________________________

 Que muito provavelmente exista o direito tido por ameaçado – objecto de acção
declarativa -, ou que venha a emergir de decisão a proferir em acção constitutiva,
já proposta ou a propor;

 Que haja fundado receio de que outrem antes de proferida decisão de mérito, ou
porque a acçãonão esta sequer proposta ou porque ainda se encontra pendente,
cause lesão grave e dificilmente reparável a tal direito;

 Queao caso não convenha nenhuma das providências tipificadas;

 Que a providência requerida seja adequada a remover o pericullum in mora


concretamente verificado e a assegurar a efectividade do direito ameaçado;

 Que oprejuízo resultante da providêncianão exceda o dano que com ela se quis
evitar.

Desta feita, conclui-se que para que se possa decretar uma providência cautelar não
especificada ou inominado devem existir cumulativamente os seguintes pressupostos:

a)- Probabilidade séria da existência do direito;


b)- Fundado receio da sua lesão;
c)- Falta de providência cautelar especificada que previna o caso concreto;
d)- Que o prejuízo resultante da providência não exceda o valor do dano que com ela se
pretende evitar.

3.4- Carácter instrumental e provisório

Com os procedimentos cautelares tem-se em vista a emanação duma providência que é


provisória ou interina, porque destina-se a durar somente enquanto não for proferida
decisão definitiva na acção principal já proposta ou a propor posteriormente. Desta feita,
o procedimento cautelar é sempre dependente de uma acção principal – artigo 384º nº 1
do C.P.C. Portanto, é com este sentido que se fala do carácter instrumental.

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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Se o requerente da providência não se encontrar, pelo menos, na iminência de sofrer


qualquer lesão ou dano, falta a necessidade de composição provisória e a providência
não pode ser decretada.

A providência cautelar só pode ser instaurada como preliminar (antes) ou como incidente
(no de curso) da acção principal e nunca depois de acção principal ter findado – artigo
384º nºs 2 e 3 do C.P.C.

No primeiro caso a providência será apensado a acção principal, e no segundo caso a


providência deve ser instaurada no tribunal ou remetida para tramitar no tribunal em que
o processo principal se encontrar e consequentemente também ser apensado.

A decisão proferida na providência cautelar não determina, ou seja, não influencia na


decisão a proferir no processo principal, podendo serem completamente diferentes,
porquanto, a finalidade de uma providência cautelar é diferente da finalidade de um
processo principal. – Artigo 386º do C.P.C.

3.5- Caducidade da providência cautelar


As situações que levam a caducidade da providência decretada constam do artigo 382º
do C.P.C.
3.6- Classificação das providências cautelares
As providências cautelares classificam em especificadas, que são aquelas que são
nominados e possuem o seu regime específico na lei, ou seja, no código de processo
civil, e não especificadas que se aplicam na falta das especificadas com vista a que o
direito que se pretende acautelar não o deixe de ser porque não existe uma providência
específica para o efeito.

3.6.1- Providências cautelares especificadas


De acordo com o código de processo civil, são especificadas as seguintes providências
cautelares:
1- Alimentos provisórios - artigo 388º a 392ºdo C.P.C.
2- Restituição provisória da posse - artigo 393º a 395º do C.P.C.
3- Suspensão de deliberações sociais - artigo 396º a 398º do C.P.C.

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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4- Arresto – artigo 402º a 411º do C.P.C


5- Embargo de obra nova - artigo 412º a 420º do C.P.C.
6- Arrolamento - 421º a 427º do C.P.C.

O Código de Processo Civil, refere-se também a determinadas providências previstas na


secção sobre os processos especiais, que em boa verdade são verdadeiras acções, ou
seja, processos de natureza familiar, as quais destacam-se:

- Providências relativas a filhos (regulação do exercício da autoridade paternal – artigo


1412º). Esta providência encontra a sua regulamentação de forma mais abrangente no
Decreto nº 417/71, de 29 de Setembro – Estatuto da Assistência Jurisdicional dos
Menores, e também no C. Família, face a sua autonomização do direito civil geral.

- Providências relativas aos cônjuges (arrolamento de bens – artigo 1413º do C.P.C). A


providência prevista no artigo 421º e ss do C.P.C, difere desta última pelo facto desta ser
aplicável somente nos casos em que as partes sejam casados e portanto, tem como
base a acção de divórcio ou declaração de nulidade de casamento.

- Providência relativa a atribuição do direito à residência de família.

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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IV- PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

4.1. Noção de pressupostos processuais

Os pressupostos processuais: são requisitos ou condições que o juiz deve observar e


verificar (positivos) ou não (negativos), antes de conhecer do mérito da causa.

Quando uma acção é submetida em tribunal, o juiz antes de se pronunciar sobre a


mesma, no sentido de aferir se foi violado algum direito ou não do qual se reclama,
deverá antes apurar se ao propor a acção as partes reúnem alguns requisitos adjectivos.
Esse conjunto de requisitos é que se designa por pressupostos processuais.

4.2. Pressupostos processuais e figuras afins

a)-Pressupostos processuais e condições de acção


Designam-se por condições de acção, os requisitos ou fundamentos de direito
substantivo, indispensáveis a procedência da acção.

Exemplo: Invocação de um determinado instituto jurídico inexistente no ordenamento


jurídico angolano3.

Só se pode invocar o direito ao divórcio porque objectivamente, o ordenamento jurídico


angolano consagraeste direito, assim como determina as causas do mesmo.

b)- Pressupostos processuais e incidentes de instância

Incidente de instância: É toda e qualquer situação de natureza substantiva que desvia o


curso ou a marcha normal da acção.Os incidentes de instância vêm regulados nos
artigos 302º a 380º do C.P.C.

i. Aspectos gerais sobre a marcha e tramitação dos incidentes.

3
Mulher que intenta uma acção de indemnização contra o marido, com fundamento no facto deste ter
vivido com ela vinte (20) anos e agora resolveu divorciar-se.

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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Sendo os incidentes de instância um desvio a marcha normal do processo, há incidentes


que tramitam nos próprios autos (exemplo o incidente de liquidação - ver artigo 807º do
C.P.C), e há outros que tramitam por apenso ao processo principal, dando lugar os
chamados processos incidentais. Os processos incidentais em termos materiais
constituem um novo processo

Os incidentes de instância podem ser nominados que são aqueles que têm uma
regulação própria e especificada na lei e inominados.

Os incidentes de instância começam com um requerimento da parte que os invoca e


com ele a parte deve oferecer logo o rol de testemunhas e requerer outros de prova, ou
seja, a instrução é feita logo com o requerimento inicial - artigo 302º do C.P.C.

O número de testemunhas que as partes (requerente e requerido) podem apresentar no


requerimento inicial e na contestação, não pode ser superior a oito a (08) no total, sendo
que a cada facto só são admissíveis o número máximo de três (03) testemunhas e os
depoimentos são escritos. – Artigo 304º do C.P.C.

A tramitação dos incidentes de instância segue a forma do processo sumaríssimo,


quanto ao número de articulados, prazos e instrução - Cfr artigo.Artigos 93º e 794º
ambos do C.P.C.

Há incidentes de instância em que se admite o contraditório e há outros que não.

Oferecido o requerimento e concluso ao juiz, se o incidente admitir oposição, a parte


contrária é logo citado para contestar no praxo de oito (08) dias., conforme reza o artigo
303º do C.P.C.

ii - Incidentes de instância nominados no C.P.C.

1- Verificação do valor da causa- artigo 305º a 319º do C.P.C.

a)- Fixação do valor da acção em casos gerais

b)- Fixação do valor da acção em casos especiais

c)- Fixação do valor da acção em caso de prestações vincendas

d)- Fixação do valor da acção sobre estado das pessoas e interesses imateriais

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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e)- Fixação do valor da acção nos procedimentos cautelares.

f)- Fixação do valor da acção nos incidentes de instância

2- Intervenção de terceiros – artigo 320º e ss do C.P.C.

A intervenção de terceiros pode consistir no seguinte:

a)- Nomeação á acção e chamamento á autoria e a demanda

 Nomeação á acção (artigo 320º e ss)


 Chamamento à autoria (artigo 325º e ss).
 Chamamento à demanda (artigo 330º ss)

b)- Assistência – Artigo 335º e ss do C.P.C.

Os assistentes ou partes acessórias, são pessoas portadoras de certos interesses


subordinados ao de alguma das partes principais que a lei admite a intervirem no
processo apenas para coadjuvar essa parte mantendo-os numa posição subalterna em
relação á do mesmo pleiteante.

c)- Oposição – Artigo 342º e ss do C.P.C.

d)- Intervenção principal – Artigo 351º e ss do C.P.C.

3- Falsidade – artigo 360º e ss do C.P.C.

a)- Falsidade de documentos – Artigo 360º e ss do C.P.C.

b)- Falsidade dos actos judiciais- Artigo 369º e ss do C.P.C.

4- Habilitação – 371º e ss do C.P.C

5- Liquidação – artigo 378º e ss do C.P.C

c)- Pressupostos processuais e actos processuais

Actos processuais: respeitam somente os actos que o próprio processo. Exemplo:


Despachos, promoções, requerimentos, termos, etc., enquanto os pressupostos
processuais respeitam o processo no seu todo- artigo 137º do C.P.C.

d)- Pressupostos processuais e questões prejudiciais

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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Questões prejudiciais: são situações de natureza substantiva, cuja decisão depende do


julgamento do mérito, ou seja, questões cuja resolução depende do conhecimento e
resolução de uma outra. – Artigo 97º do C.P.C.

Quer dizer, o conhecimento da causa, não pode ter lugar sem que se decida uma
questão que faz parte do encadeamento lógico da sentença a proferir. Essa questão
tem, portanto, de ser previamente julgada e, por isso, se diz prejudicial, ou seja, (pré)
judicial.

Nas questões prejudicais, a lei em vez de estender a competência ao tribunal da causa,


atribui ao juiz a faculdade de sobrestar (interromper) a decisão até que o tribunal
competente se pronuncie sobre a questão prejudicial

Tomemos como exemplo a seguinte situação: uma acção que corre no tribunal civil em
que há questões administrativas ou criminais que devem antes ser conhecidas por estes
tribunais, levará a que o juiz do civil interrompa a acção aguardando que se decida antes
a questão administrativa ou criminal.

Nota: A afinidade das figuras supracitadas com os pressupostos processuais, reside no


facto de todas elas carecerem de serem resolvidas previamente antes da decisão sobre
o objecto da acção, ou seja, devem ser conhecidos antes do mérito da causa.

4.3.Classificação dos pressupostos processuais


Os pressupostos processuais podem ser positivos ou negativos.

4.3.1-Pressupostos processuais positivos


Os pressupostos processuais positivossão os requisitos ou condições indispensáveis
que devem verificar-se, ou seja, devem estar presentes, para que o juiz possa conhecer
do mérito da causa.

Estes requisitos são na verdade questões prévias cuja não verificação condicionam o
conhecimento sobre o mérito da causa.

A ausência ou falta de um dos pressupostos processuais positivos, se for verificada


antes do despacho de citação, e não sendo possível sanar, dá lugar ao indeferimento
liminar da P.I (artigo 474º do C.P.C).

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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Se a inexistência ou falta do pressuposto processual for verificada depois do despacho


saneador, a consequência será absolvição do réu da instância, tal como reza o artigo
288º do C.P.C.

São positivos os seguintes pressupostos processuais: -Personalidade judiciária, -


Capacidade judiciária, -Legitimidade, -Interesse processual, -Patrocínio judiciário e
Competência dos tribunais.

a)-Personalidade judiciária
Dispõe o artigo 5º nº 1 do C.P.C, que a personalidade judiciária consiste na
susceptibilidade de ser parte.

Partes são as pessoas que requerem(autor, requerente ou demandante), ou contra as


quais foi requerida(réu, requerido ou demandado) a providência judiciária que se
pretende alcançar através da acção.

A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida – artigo


66º nº 1, do C.C e termina com a morte – artigo 68º nº 1 do C.C.

Têm personalidade judiciária todas as pessoas singulares, as pessoas colectivas. A


personalidade judiciária é ainda estendida as sucursais, filiais, delegações
representações de empresa, se acção proceder de factos por eles praticados
independentemente de a administração principal ter ou não sede em Angola. - Artigo 8º
C.P.C.

A nossa lei faz coincidir a personalidade judiciária com a personalidade jurídica – artigo
5º nº 2 do C.P.C, referindo-se que quem tem personalidade jurídica tem igualmente
personalidade judiciária. – Princípio da equiparação ou da coincidência.

Excepções ao princípio da equiparação/coincidência


Relativamente ao princípio da equiparação ou da coincidência previsto no artigo 5º nº 1
do C.P.C, sofre excepções, pois a lei em determinadas situações, estende a

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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personalidade judiciária a quem não tem personalidade jurídica, nos termos do disposto
no artigo 6º do C.P.C, designadamente:
- A herança jacente,
- Patrimóniosautónomos
- Sociedades comerciais antes da data do registo definitivo, etc.

Consequências da falta de personalidade judiciária


A personalidade judiciária, em princípio, é insanável e assim sendo a consequência
jurídica da sua falta poderá ser o indeferimento liminar da P.I, ou absolvição do réu da
instância, conforme a fase do processo, ou seja, se a falta for verificada na fase inicial,
isto é, dos articulados a consequência será o indeferimento liminar da P.I, mas se a falta
for verificada na fase intermédia ou final do processo, a consequência será a absolvição
do réu da instância – artigos 474º nº1 alínea a) e artigo 288º nº 1 alínea c) do C.P.C.

A única excepção consta do artigo 7º do C.P.C, que se refere quando a acção for
proposta indevidamente contra a sucursal, filial ou delegação de uma empresa, podendo
ser sanada mediante intervenção da administração principal.

b)-Capacidade judiciária
Capacidade judiciária; consiste na susceptibilidade de alguém estar, por si, em juízo. A
capacidade judiciária corresponde à capacidade civil de exercícios de direitos - artigo 9º
do C.P.C.

Estão desprovidos de capacidade: os incapazes, por natureza (menores), inabilitados,


interditos, etc., podendo estes somente estar em juízo através de representantes legais,
ou autorizados pelo seu curador – artigo 10º nº 1. Todavia, há situações em que os
incapazes podem estar por si só em juízo, ou seja, nos casos em que os actos a praticar
possam ser exercidos pessoal e livremente.

Nos caso do incapaz ser nomeado um curador especial, o Ministério Público deve ser
ouvido. A nomeação de representante legal ou curador especial do incapaz, obedecem
as regras previstas nos artigos 11º a 25º do C.P.C.

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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Concluindo, a falta de capacidade judiciária pode ser sanada mediante representação


legal.
c)-Legitimidade
A legitimidade consiste na posição em que as partes ocupam numa determinada acção.
As posições das partes podem ser activa ou passiva.

De acordo com o artigo 26º do C.P.C, o autor é parte legítima quando tem interesse
directo em demandar, e o réu é parte legítima quando tem interesse directo em
contradizer.

Tal como ensina o Profº Pais do AMARAL, o credor tem interesse directo em pedir ao
tribunal que condene o devedor no pagamento da importância que este lhe deve. O
devedor tem interesse directo em intervir como réu, porque é na sua esfera jurídica que
se irá repercutir o efeito da eventual condenação no pagamento da importância
peticionada pelo autor. Sendo ambas partes legítimas, a decisão terá efeito útil, ficando
a causa definitivamente julgada. O interesse significa utilidade para o autor e prejuízo
para o réu. (cfr. Artigo 26º nº 2 do C.P.C).

Com base na colocação do problema, um pai pode ter interesse que o devedor do seu
filho pague a dívida a este, no entanto, não tem legitimidade para o demandar, porque o
seu interesse não é directo.

Nem sempre se torna fácil determinar as parteslegítimas de uma acção, razão pela qual,
o legislador no nº 3 do artigo 26º do C.P.C, vem clarificar que, havendo dúvidas acerca
das pessoas as quais se deve considerar legítimas numa determinada acção, são
consideradas partes legítimas os sujeitos da relação material controvertida.

A nível da jurisprudência dos tribunais angolanos, se tem entendido como relação


material controvertida, aquela configurada pelo autor na petição inicial, e não a relação
jurídica tal como realmente se constituiu. (Ex: num contrato de compra e venda em que
o vendedor não cumpre com a sua prestação, dever de entregar a coisa vendida, a

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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relação material controvertida real, pressupõe que o comprador (autor) possa demandar
o vendedor (réu).

Esse entendimento sobre a relação material controvertida baseada na configuração feita


pelo autor na P.I é buscado dos tribunais portugueses, que depois de longos anos de
divergências das teses defendidas por Barbosa de MAGALHÃES e Alberto dos REIS em
sentido oposto, o legislador tomou posição definitiva sobre a questão, configurando a
relação material controvertida a tese próxima a de Profº Barbosa de MAGALHÃES
referindo-se que a relação material controvertida deve ser definida tal como configurada
pelo autor na petição inicial.

Daqui resulta que, hoje raramente se poderá falar de ilegitimidade das partes. Se o autor
indicar na petição certa pessoa como réu, é esta considerada parte legítima, não
interessa ao tribunal averiguar se foi o réu a pessoa que figurou no contrato ou não. No
caso de se provar que, na verdade, não é o réu o verdadeiro devedor, a acção deve ser
julgado improcedente, sendo o réu absolvido do pedido.

A propósito, Pais do AMARAL refere que a legitimidade perdeu, portanto, grande parte
do interesse que tinha como pressuposto processual. O réu passará a ser absolvido do
pedido em muitos casos em que, anteriormente, era absolvido da instância.

1- Legitimidade nos casos de pluralidade de partes


Tratam-se de situações em que a acção é proposta por vários autores (pluralidade
activa) contra vários réus (pluralidade passiva). Mas a pluralidade de partes também
pode dar-se em situações em que só de um lado da relação jurídica existe várias
pessoas, ou seja, um autor contra vários réus, ou vários autores contra um só réu.

A pluralidade de partes pode dar origem ao litisconsórcio ou a coligação.

No litisconsórcio existe uma pluralidade de partes, mas unicidade da relação material


controvertida. O litisconsórcio pode ser: voluntário (artigo 27º do C.P.C.) ou necessário.
(artigo 28º e 29º do C.P.C), inicial ou sucessivo, etc.

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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Na coligação existe pluralidade de partes mas também pluralidade de relações materiais


controvertidas. – Artigo 30º do C.P.C.

2- Casos de inadmissibilidade de coligação (artigo 31º do C.P.C)


- Quando os pedidos corresponderam a forma de processos diferentes;
- Quando a cumulação de pedidos ofender regras de competência internacional;
- Quando a cumulação de pedidos ofender regrasde competência em razão da matéria
ou da hierarquia.

3- Consequências da falta de legitimidade


a)- Indeferimento liminar da P.I – artigo 474º nº 1 alínea b) do C.P.C, quando for
verificada na fase dos articulados4;

b)- Absolvição do réu da instância – artigo 288º nº 1 alínea d) do C.P.C - quando for
verificado no saneador ou na sentença,

c)- No caso de pluralidade de partes ela pode ser sanada mediante intervenção
espontânea ou provocada

d)-Patrocínio judiciário

Nas acções declarativas o regime do patrocínio judiciário, ou seja, a constituição


obrigatório de advogado, está previsto no artigo 32º do C.P.C.

O patrocínio judiciário consiste na assistência prestada às partes (embora plenamente


capazes) por profissionais do foro (advogados) para a condução do pleito mediante a
prática em termos adequados dos respectivos actos processuais.

O patrocínio judiciário efectua-se através de mandato judicial (procuração ou declaração


verbal) conferido as partes aos seus advogados, nos termos do artigo 35º do C.P.C. A
falta de mandato é sanável nos termos da lei, mas a sua não existência, insuficiência ou
irregularidade implicará que fica sem efeito tudo o que tiver sido praticado pelo

4
Considerando o conceito adoptado sobre a relação material controvertida, muito dificilmente se poderá
indeferir a P.I, nos articulados, com fundamento na ilegitimidade das partes

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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mandatário devendo este ser condenado nas custas respectivas e na indemnização dos
prejuízos a que tenha dado causa - Cfr, artigo 40º do C.P.C.

Se a parte obrigada a constituir advogado não o puder por razoes financeiras ou outras
devidamente justificadas, deverá requerer para que lhe seja nomeado defensor oficioso
através da Ordem dos Advogados ou pelo próprio Juiz, nos termos do artigos 43º e 44º
ambos do C.P.C.

Nos termos do artigo 32º do já citado diploma legal, o patrocínio judiciário é obrigatório
nos seguintes casos:

 Nos processos em que o valor da causa é superior a alçada do tribunal da causa -


alínea a);
 Nos processos em que haja violação das regras da competência internacional, ou
absoluta ou ofensa ao caso julgado- artigo 678º nº 2, alínea b);
 Quando haja recurso - alínea c);

 Nos processos de inventário quando existirem questão de direito a discutir (nº3)

Consequências da falta de patrocínio judiciário.

Se a parte não constituir advogado, sendo obrigatória a constituição sucederá o


seguinte:

a)- O tribunal ex officio marcará prazo e notificará a parte a constituir;

b)- A parte contrária pode requerer para que o tribunal fixe prazo para a sua constituição

c)- Findo o prazo estabelecido, e a parte não constituir, sendo o autor, o réu será
absolvido da instância. Se a parte que não constituiu for o réu ficará sem efeito a defesa

d)- Havendo recurso, fica sem seguimento por parte daquele que não constituiu o
advogado.

e)-Interesse Processual
O interesse processual éum pressuposto que não tem consagração legal. Há interesse
processual quando se puder dizer que o autor tem necessidade de instaurar e fazer

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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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seguir uma acção para a tutela do seu direito. O autor não vê, ou melhor não tem outra
alternativa para fazer valer o seu direito, senão recorrer a tutela jurisdicional.

O interesse processual permite evitar que os tribunais sejam sobrecarregados com


actividade que, por ser desnecessária, não aproveitaria a ninguém. Para que haja o
interesse processual e se justifique a intervenção do tribunal, não basta que o autor
alegue e prove a titularidade do direito. Deve ainda convencer de que, na situação
concreta, o seu direito necessita da tutela judicial que solicita.

e)- Competência dos tribunais.


A competência consiste na repartição do poder jurisdicional dos tribunais, ou seja, é a
medida da sua jurisdição (competência abstracta). O poder jurisdicional é o poder
conferido aos tribunais para julgar.

A competência dos tribunais angolanos pode ser: Internacional, Interna Absoluta (em
razão da matéria, hierarquia, nacionalidade) e Interna Relativa(em razão do território e
valor).

1- Competência Internacional
É a competência dos tribunais angolanos no seu conjunto em face dos tribunais
estrangeiros. Trata-se de definir, quando é que o Estado angolano, se pode arrogar o
direito e se impõe o dever, de exercitar a sua função jurisdicional.
As regras que a determinam são:
- O princípio da coincidência – artigo 65º nºs 1, 2 e 3 C.P.C.)
- O principio da causalidade – artigo 65º nº 1 alínea b) C.P.C.
- O princípio da reciprocidade – artigo 65º nº 1 alínea c) C.P.C.
- O princípio da necessidade – artigo 65º nº 1 alínea d) C.P.C.

Nota: Estas regras ou princípios são autónomos. Cada um deles funciona em completa
independência relativamente aos outros, sendo bastante para suscitar a competência
dos nossos tribunais.

2- Competência em razão da matéria.

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É a competência das diversas espécies de tribunais: Ex: tribunal de Família, Crime, Civil
e Administrativo, Laboral, Comércio Propriedade intelectual e industrial, etc. Em boa
verdade estes tribunais são Salas especializadas.

Aqui as diversas ordens do tribunal encontram-se dispostas horizontalmente, não


havendo entre eles relação alguma de supraordenação ou subordinação.

3- Competência em razão da hierarquia


Dentro de cada espécie de tribunal, há várias ordens de tribunal disposto verticalmente.
A competência hierárquica, dispõe uma organização e funcionamento dos tribunais de
jurisdição comum de forma piramidal, em que se inclui tribunais de 1ª instância,
intermédios e superiores.

4- Competência em razão do valor


É a competência das diversas categorias de tribunais, determinada em atenção ao valor
da causa – Vide artigo 2º da lei nº 5-A/21, de 5 de Maio, lei que actualiza as custas
judiciais e alçadas dos tribunais.

5- Competência em razão do território


A lei consagra a cada tribunal uma certa circunscrição territorial localizando depois, nas
várias circunscrições, as diferentes causas através do elemento de conexão que,
conforme os casos considera decisivo para o efeito
- Foro do Réu
- Foro Convencional
- Foro real
- Foro obrigacional
- Foro do autor
- Foro hereditário ou sucessório
- Foro conexional
- Foro executivo
- Foro impugnatório.

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6- Incompetência absoluta
Corresponde à infracção das normas de competência internacional e das normas de
competência interna em razão da matéria, ou da hierarquia (artigo 101º do C.P.C.)

Pode ser arguida pelas partes e deve ser suscitada ex-officio pelo tribunal. Pode sê-lo a
todo tempo. Não pode por via de regra ser prevenida por convenção das partes.

Tem como consequência, uma vez declarada, ficar o processo sem efeito, salvo acordo
dos pleiteantes no sentido de se aproveitarem os articulados – artigo 105º nº 2 do C.P.C.

7- Incompetência relativa
Corresponde à infracção das normas de competência em razão do valor ou do território.
Só podem ser arguidas pelo réu no prazo fixado para a contestação, ou oposição. Pode
ser arguida por convenção das partes.
Tem como consequência, uma vez declaradaC, o simples reenvio do processo para
otribunal competente (artigo 111º do. C. P.C.)

Nota: Os pressupostos processuais positivos em regra são do conhecimento oficioso,


salvo a incompetência relativa cuja verificação deve ser arguida pelas partes (Vide artigo
109º nº 3 do C.P.C).

Relativamente a competência em razão do valor, vale lembrar que na fixação do valor da


causa, o juiz tem competência para fixar, nos casos previstos no artigo 315º do C.P.C.

4.3.2- Pressupostos processuais negativos

São aqueles cuja verificação obsta a que o juiz aprecie o mérito da causa, ou seja, o juiz
deve certificar-se da ausência destes para puder conhecer do objecto da lide.

São negativos os seguintes pressupostos processuais: a ineptidão da P.I, o erro na


forma do processo, a litispendência, o caso julgado e a preterição do tribunal arbitral.

a)-Ineptidão da petição inicial


Diz-se que a petição é inepta quando sofre de algum dos vícios indicados no artigo 193º
nº 2 do C.P.C, designadamente:

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a)- Quando falte ou seja ininteligível (imperceptível) a indicação do pedido ou da causa


de pedir;

b)- Quando haja contradição entre o pedido (pretensão do autor) e causa de pedir
(fundamentos que servem de base o pedido);

c)- Quando se cumulem pedidos substancialmente incompatíveis(artigo 470º do C.P.C).


Ex: pedidos que se enquadram em processo especial e pedidos que se enquadram em
processo comum ou que não seja competente o mesmo tribunal para conhecê-los.

Efeitos da ineptidão da P.I


Verificada a ineptidão da P.I, ela deve ser liminarmente indeferida e anulado todo o
processado. – Artigo 474º nº 1 alínea a), conjugado com o artigo 193º nº 1 ambos do
C.P.C. A nulidade das alíneas a) e b) ficam, porém, sanadas se o réu contestar. A
nulidade da alínea c) subsiste ainda que um dos pedidos fique sem efeito.

b)-Erro na forma de processo.


O erro na forma de processo constitui uma nulidade processual, que importa unicamente
a anulação dos actos que não possam ser aproveitados, devendo praticar-se os que
forem estritamente necessários para que o processo se aproxime, quanto possível, da
forma estabelecida pela lei. – Artigo 199º do C.P.C. Trata-se pois de uma nulidade
sanável a todo tempo, desde que não viole direitos subjectivos substantivos e
processuais das partes.

O erro na forma de processo pode ser conhecida oficiosamente pelo juiz nos articulados.
Verificado o erro na forma do processo o juiz mediante despacho ordenará que se segue
a forma certa, não sendo possível seguir a forma certa, indeferirá a petição inicial –
artigo 474º nº 3 do C.P.C.

Se o juiz conhecer no despacho saneador dará lugar a absolvição do réu da instância.


(artigo 288º nº 1 alínea b)). Porém, se o juiz não conhecer nem nos articulados ou no
despacho saneador, o erro só pode ser arguido pelas partes.- Artigo 206º do C.P.C.

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c)- Litispendência
Há lugar a litispendência quando existir a repetição de uma causa estando a anterior
ainda em curso (artigo 497º nº 1 do C.P.C.)

A litispendência é uma excepção dilatória, de conhecimento oficioso, nos termos do


artigo 494º nº 1, alínea g), conjugado com o artigo 495º do C.P.C.). Com a litispendência
pretende-se evitar que corram dois processos contemporâneos entre as mesmas partes
e sobre o mesmo objecto, sendo irrelevante a pendência da causa perante jurisdição
estrangeira, a não ser que haja convenção internacional.

Requisitos da litispendência – artigo 498º C.P.C.


Para que haja litispendência é necessário que haja cumulativamente uma tríplice
identidade (quanto às partes, quanto ao pedido e quanto à causa de pedir).

A identidade dos sujeitos, ou partes não significa identidade física. Se uma das partes
faleceu e, por isso, a sua posição foi ocupada pelos seus sucessores, apesar de serem
pessoas fisicamente diferentes, têm a mesma posição sob ponto de vista da sua
qualidade jurídica. Verifica-se, portanto a identidade das partes ou sujeitos. A
diversidade de posição processual não obsta à identidade dos sujeitos. Se numa das
acções figurar como autor quem na outra tem a posição de réu, esse facto não
compromete a identidade dos litigantes. As partes são as mesmas, embora ocupem
posições opostas em cada um dos processos.

O artigo 499º do C.P.C, indica-nos como proceder em caso de detectar-se a


litispendência, ou seja, qual o processo considerado proposta em segundo lugar e que
deixará de prosseguir.
d)-Caso Julgado
Dá-se o caso julgado quando existir a repetição de uma causa estando a anterior já
decidida por sentença transitada em julgado (artigo 497º nº 1 C.P.C.).

Com o caso julgado procura-se evitar que uma causa, volte a ser decidida em uma
acção que já o havia feito de modo definitivo. O caso julgado é uma excepção

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peremptória do conhecimento oficioso, artigo 500º do C.P.C., cujos requisitos para a sua
dedução constam do artigo 498º do C.P.C.

O caso julgado pode ser: material ou formal.

1- Caso julgado material

O caso julgado material é uma decisão sobre o mérito da causa, que adquire força
obrigatória dentro e fora do processo e não pode voltar a ser decidida aquela relação
material que já foi objecto de litígio.

Trata-se da força imperativa da decisão que recaiu sobre certa relação material
controvertida.A decisão transitada em julgado sobre a relação material controvertida fica
a ter forca obrigatória dentro e fora do processo, nos limites fixados pelo artigo 497º do
C.P.C.

A sentença transitada em julgado tem de ser acatada por todos os tribunais. Se lhes for
submetida a mesma relação, não poderão julga-la, porque já o foi de forma definitiva. Se
o fizerem continua a impor-se a primeira decisão.

Mas se o réu tiver sido condenado a prestar alimentos ou a satisfazer outras prestações
dependentes de circunstâncias especiais quanto a sua medida ou a sua duração, pode a
sentença ser alterada desde que modifiquem as circunstâncias que determinaram a
condenação – artigo 671º nº 2 do C.P.C.

Neste caso, justifica-se a possibilidade de alteração, porque as circunstâncias em que se


fundamentou a decisão são susceptíveis de constantes modificações. Não fazia sentido
manter inalterada a decisão que impôs a prestação de alimentos ao devedor, se por
alteração das circunstâncias, este deixou de ter condições para os pagar ou o credor
dos alimentos deixou de os necessitar, por lhe ser agora possível angaria-los pelos
próprios meios.

2- Caso julgado formal

No caso julgado formal, a decisão apenas incide sobre uma questão processual, o que
significa que só diz respeito ao processo em causa e, por isso, nada impede que a

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questão possa voltar a ser discutida em processo diferente. A decisão não tem, portanto,
forca obrigatória fora do processo em que foi proferida. A guisa de exemplo,veja-se uma
decisão que absolve o réu da instância por incapacidade judiciária, ilegitimidade da parte
ou incompetência do tribunal.

e)- Preterição do tribunal arbitral


No âmbito das relações negociais é comum as partes estabelecerem o tribunal
competente, em caso de existir algum litígio, resultante do contrato. Para fugir a demora
que se verifica nos tribunais judiciais comuns, as partes muitas vezes convencionam a
submissão da resolução do conflito a um tribunal arbitral.

A preterição do tribunal arbitral consiste pois no acto de ter sido proposta uma acção
com violação do compromisso arbitral previamente estabelecido entre as partes, ou do
não cumprimento da lei que o impunha. Quando assim sucede o réu pode invocar a
preterição do tribunal arbitral.

Assim sendo a preterição do tribunal arbitral pode resultar da violação por imposição
legal ou por violação da convenção das partes (vontade). – Artigo 100º do C.P.C.

A preterição do tribunal arbitral constitui uma excepção dilatório, prevista no artigo 494º
nº 1 alínea h) do C.P.C. Ela é de conhecimento das partes, ou seja, deve ser arguida
pelo réu, nos termos do artigo 495º do C.P.C., e sua verificação tem como consequência
a absolvição do réu da instancia.

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FORMALISMO PROCESSUAL

V- FORMALISMO DO PROCESSO DECLARATIVO ORDINÁRIO

No processo declarativo, há uma declaração do juiz que pode revestir a forma duma
determinação, ordem ou comando. O processo civil declarativo ordinário, comporta
essencialmente cinco (05) fases processuais a saber:

1- Articulados;
2- Saneamento e Condensação;
3- Instrução;
4- Discussão eJulgamento;
5- Decisão/sentença

E ainda existe uma fase eventual à do recurso.

5.1. ARTICULADOS
Articulados: São as peças em que as partes expõem os fundamentos da acção e da
defesa e formulam os pedidos correspondentes- artigo 151º/CPC.

Os articulados podem ser: Normais (a Petição Inicial e a Contestação) e Eventuais (a


Réplica, a Tréplica e a Resposta à Tréplica ou Quadrupla).

A importância da petição como instrumento de propositura da acção, nasce do princípio


básico da iniciativa de parte, que é no fundo, um corolário do princípio do dispositivo,
previsto no artigo 3º nº1, 1ª parte do C.P.C.

5.1.1- PETIÇÃO INICIAL

A petição inicial é o articulado em que se propõe a acção. Sem este articulado não
pode haver qualquer processo. A petição inicial obedece a requisitos de forma e de
conteúdo, conforme rezam os artigos 467º e 152º C.P.C respectivamente.

Os requisitos de forma constituem na verdade as indicações mais importantes que


devem constar da petição.

Importa frisar que na fundamentação da acção, é mais premente a menção das razões
de facto do que as razões de direito, pois, enquanto na matéria de facto, o juiz tem de

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cingir-se às alegações das partes, na indagação, interpretação e aplicação do direito, o


tribunal age livremente- artigo 664º do C.P.C.

É também de extrema relevância a definição do pedido, isto é, a pretensão do autor, e a


causa de pedir, ou seja, factos concretos que servem de fundamento a pretensão do
autor.- (artigo 498º nºs 3 e 4)

Na formulação do pedido há que ter em atenção naquilo que se pede, pois o juiz não
pode condenar em quantidade superior ou em objecto diverso do que se pedir-artigo
661º/1 do CPC.

O pedido deve ser inteligível e estar em consonância com a causa de pedir, sob pena da
petição ser considerada inepta, tendo como consequência o indeferimento liminar da P.I,
nos termos do artigo 474º/1, alínea a), conjugado com o artigo 193º/2 a) e b), ambos do
C.P.C. Outros casos de ineptidão constam do referido artigo 193º/1

1-Despachos possíveis do juiz

Feita a distribuição, e concluso o processo ao juiz, depois de recebida pela secretaria, o


juiz pode proferir um dos seguintes despachos:

a) -Arquivamento dos autos.

A petição deve ser arquivada nos casos em que a pretensão do autor for estranha à
ordem jurídica.

Exemplo 1: O professor que requer a condenação do antigo estudante a ir a sua casa


cumprimenta-lo todos os sábados, como sempre fez durante a sua formação, e que
agora não o faz, depois de ter deixado a escola.

Exemplo 2: A pretensão de Alberto em ser declarado como o dono da lua.

b) -Citação

De acordo com o artigo 228º nº 1 do CPC, a citação é o acto pelo qual se dá


conhecimento ao réu de que foi proposta contra ele determinada acção chamando-o ao
processo para se defender - vide artigo 480º do C.P.C.

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O despacho de citação é proferido quando o juiz da análise da petição, não vê nenhum


defeito que determine o aperfeiçoamento ou indeferimento da petição. – Artigo 478º do
C.P.C.

Do despacho que ordene a citação pode o réu impugnar, por meio de recurso de agravo,
nos termos do artigo 479º do C.P.C.

i. Modalidades da citação

a)- Citação pessoal: é aquela que é feita pelo oficial de diligências, de viva voz, na
pessoa do réu – (artigo 233º e 342º). Trata-se da modalidade regra. Deve ser feita com
resguardo e descrição, para poupar o citando e vexames.

Ninguém pode ser citado nos templos, ou enquanto estiver ocupado por acto de serviço
público, que não deva ser interrompido, em velórios, etc.

Faz-se a citação pessoal, por comunicação directa com o réu, entregando-lhe um


duplicado da petição, e indicando-se-lhe o prazo, dentro do qual poderá deduzir defesa,
e a cominação em que incorre, se a não deduzir (artigo 242º do C.P.C.)

b)- Citação quase pessoal: é aquela que é realizada em pessoa diversa do citando ou
seu representante, ou pela simples afixação de uma nota na casa da sua residência,
atribuindo-lhe a lei, todavia, o mesmo valor da citação pessoal.

c)- Citação edital: É aquela que tem lugar quando o citando encontra-se em parte incerta
ou quando sejam incertas as pessoas a citar.- Artigo 247º do C.P.C.

Quando o citando encontrar-se fora da circunscrição administrativa do tribunal da causa


ou no estrangeiro a citação pode ser feita por carta precatória ou rogatória, conforme o
caso concreto (artigo 187º C.P.C).

d)- Citação com hora certa: tem lugar quando o funcionário encarregado da citação, se
certifica de que o citando não esta em casa, sem ser informado de que ele esteja
ausente em parte certa ou incerta, ou nunca ai residiu ou reside, ou encontra a casa com
toda a aparência de desabitada – artigo 240º e 237º.do C.P.C.

ii. Efeitos da citação

Efeitos de ordem substantiva:

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a)- Interrompe a prescrição: se a citaçãonão se efectuar nos cinco dias posteriores ao


requerimento de citação, por causa imputável ao autor, o efeito interruptivo retroage ao
momento do decurso desses cinco dias. Em vez de intentar de imediato a acção, ai o
requerendo e obtendo a citação, o credor ou proprietário pode interromper a prescrição
com a notificação judicial avulsa (artigo1270º do C.C)

b)- Faz cessar a boa-fé do possuidor: a posse se for titulada presume-se de boa-fé até
ao momento da citação. Depois dela, deixa de existir, mesmo que o reu prove que
continuou convencido de que o autor não tinha razão.

c)- Constitui o devedor em mora: a citação interpela o devedor nas obrigaçõesnão a


prazo. Fica a obrigação vencida e o réu devera ser condenado nos termos do artigo 662º
nº 2 do C.P.C.

Efeitos de ordem processual:

a)- Torna estáveis os elementos essenciais da causa/instância: são elementos


essenciais da causa os sujeitos (partes e o tribunal), o pedido, e a causa de pedir.

Feita a citação do réu, a instância deve manter-se a mesma, quanto às pessoas, ao


pedido e à causa de pedir, salvas as possibilidades de modificação consignadas na lei. –
artigos - 268º, 269º e 270º todos do C.P.C.

e)- Proíbe o réu de intentar contra o autor uma acção destinada a apreciação da
mesmarelaçãojurídica: Se o réu propõe tal acção, pode o autor defender-se invocando a
excepção da litispendência, ou até o tribunal declará-lo oficiosamente (artigo495º do
C.P.C.)

c)- Aperfeiçoamento ou correcção

As situações ou motivos que dão lugar ao aperfeiçoamento ou correção da petição


inicialconstam do artigo 477º CPC. São eles:

 - Não vir a petição em condições de ser recebida (falta de requisitos legais.- Cfr.
artigo 467º do C.P.C.) ou não vir acompanhado de determinados documentos;

Se o autor não apresentar nova petição ou eventualmente uma peça suplementar dentro
do prazo fixado pelo juiz, este lavrará o despacho de não recebimento, ou seja,
indeferirá a petição nos termos do artigo 474º nº 1 alínea c) última parte do C.P.C.
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Se o que estiver em falta na petição for a indicação do valor da causa e o autor já tiver
sido convidado a indicar, mas não o fazer a consequência será a extinção da instância,
nos termos do artigo 314º nº 3 do C.P.C.

 - Apresentar-se de forma irregular ou com deficiências susceptíveis de


comprometer o êxito da acção;

No caso de a petição apresentar irregularidades ou deficiências e o autor não corrigir


mesmo depois de ser convidado, o juiz deve ordenar o prosseguimento da acção,
ordenando-se a citação do réu.

d) - Indeferimento liminar

As causas do indeferimento liminar da petição inicial constam do artigo - 474º CPC.

O indeferimento mata a acção à nascença, dando lugar à extinção ou absolvição do réu


da instância - vide artigos 287º e 288º/1 CPC.

Notificado do despacho de indeferimento, o autor pode tomar uma das seguintes


posições:

a)- Nada fazer: pressupondo que está conformado com a decisão do juiz e aceita-a,
desistindo da acção e, consequentemente o despacho transita em julgado e passa ter
valor de sentença.

b)- Apresentar nova petição: face ao despacho de indeferimento a lei confere ao autor o
benefício de apresentar nova petição corrigida, dentro do prazo de cinco (5) dias,
devendo a acção considerar-se proposta na data em que a primeira petição deu entrada
na secretaria- artigo 476º nºs 1 e 2 CPC.

c)- Impugnar o despacho de indeferimento: poderá impugna-lo por meio do recurso de


agravo, nos termos do artigo 475º/1 CPC.

c)- Instaurar nova acção, ignorando completamente o despacho de indeferimento.

5.1.2- CONTESTAÇÃO

A contestação: é a peça pelo qual o réu responde a petição apresentada pelo autor.
Contestar significa negar, contradizer, desdizer, discutir.

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A contestação em termos formais deve obedecer os mesmos requisitos da petição


inicial, indiciados no artigo 467º do C.P.C.

1- Prazos para contestação

O prazo esta associado ao período de tempo que exige para a prática de um acto. Em
direito distingue-se dois tipos de prazos: os prazos substantivos e os prazos
processuais. Aqui vamos nos ocupar apenas dos prazos processuais.

Os prazos para a contestação no processo declarativo ordinário, constam do artigo 486º


CPC.

O réu pode contestar no prazo de vinte (20) dias, a contar da citação. O prazo começa a
correr desde o termo da dilação, quando o réu tenha sido citado por carta ou éditos –
artigo 486º nº 1, conjugado com o artigo 250º ambos do C.P.C.

a)- Prazo no caso de pluralidade de réus

Se a acção foi proposta contra vários réus e o prazo para a defesa de cada um termina
em dias diferentes, a contestação de todos ou de cada um deles pode ser oferecida até
ao termo do prazo que começou a correr em último lugar - artigo 486º nº 2 primeira parte
do C.P.C.

Se entretanto, o autor desistir da instância ou do pedido relativamente a algum dos réus


não citados, serão os réus que ainda não contestaram notificados da desistência,
contando-se a partir da data da notificação o prazo para a sua contestação.

c)- Possibilidade de prorrogação do prazo

Tratando-se de uma acção em que é parte o Ministério Público em representação do


Estado ou outra pessoa, o prazo para contestar pode ser prorrogado de vinte (20) dias
para seis (06) meses, quando este o requeira com fundamento de que carece de
informações que não possa obter dentro do prazo normal ou quando tenha de aguardar
resposta a consulta feita a instância superior. – Artigo 486º nº 3 do C.P.C.

Nas acções de simples apreciação negativa (artigo 4º nº2 alínea a)), o prazo de
contestação também pode ser prorrogado, quando o réu o requeira com fundamento
justificado. – Artigo 486º nº 4 do C.P.C.

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d)- Contagem dos prazos e prazo para a prática do acto

As regras para a contagem do prazo processual, constam do artigo 144º do C.P.C.


Dispõem os nºs. 1 e 2 que o prazo judicial é marcado por lei ou fixado por despacho do
juiz. Ele é contínuo; começa a correr independentemente de assinatura ou outra
formalidade, e corre seguidamente, mesmo durante as ferias e nos domingos e dias
feriados, salvo disposições especiais da lei.

A regra para a prática do acto impõe que quando o prazo termine ao sábado e aqui
fazendo uma interpretação extensiva é de se alargar para domingo ou feriado, transfere-
se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte - artigo 144º nº 3 do C.P.C.

Tomemos o seguinte exemplo: A é notificado da sentença no dia 10 de Abril de 2021


(3af). Ora, a partir deste dia começa a correr o prazo para interpor o recurso
ordinário(oito) dias - artigo 685º do C.P.C), que termina no dia 17 de Abril de 2021
(sábado). Considerando o dia do término do prazo, A pode dar entrada do seu
requerimento de recurso no dia 19 que seráuma 2af., considerado ser o primeiro dia útil.

O prazo processual pode ser: dilatório ou peremptório – artigo 145º do C.P.C.

1- Será dilatório quando difere para certo momento a possibilidade de realização de um


acto ou início da contagem de um outro prazo. – Artigo 145º nº 1 do C.P.C. Nos casos
de citação edital, o juiz fixa o prazo, findo do qual volta a correr outro igual de dilação.

Exemplo: O prazo de contestação é de vinte dias nas acções declarativas ordinárias nos
termos do artigo 486º do C.P.C. Entretanto, havendo citação edital, findo primeiro prazo
começa a correr outro de dilação de mais vinte dias.

2- Será peremptório aquele que extingue o direito de praticar o acto., ou seja, fixa o
período de tempo dentro do qual certo acto deve ser praticado – Artigo 145º nº 2do
C.P.C.O prazo peremptório extingue o direito de praticar o acto, salvo se houver justo
impedimento, mas ainda assim, não fica a parte isenta de pagamento de uma multa
correspondente a 25% do imposto de justiça, tal como dispõe o artigo 145º nº 5 do
C.P.C.5

5
Ver o conceito de justo impedimento no artigo 146º nº 1 do C.P.C.

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2- Efeitos da falta de contestação

A falta de contestação dá lugar a revelia do réu. A revelia poder operante e revelia não
operante.

a)- Revelia operante

A revelia operante pode revestir-se da seguinte forma:

a)- Se o réu não deduz qualquer oposição, não constitui advogado nem mesmoescolhe
domicílio para receber notificações, não comparece em juízo, não dá sinal de si nos
autos, não vem ao processo realizar qualquer acto, a consequência é que o tribunal
verificará se a citação foi feita com as formalidades legais e mandá-la-á repetir quando
encontre irregularidades. – Artigo 483º do C.P.C.

b)- Corrigidas todas as irregularidades, caso hajam, verificadas todas as formalidades e


repetidas as diligências, ainda assim o réu não comparecer e não contestar, a
consequência é que consideram-se confessados os factos articulados pelo autor- artigo
484º nº 1 do C.P.C. A revelia, portanto, opera. Verifica-se aqui uma espécie de confissão
tácita.

Uma vez operada a revelia, ou seja, considerados os factos confessados pelo réu, não
há mais articulados, nem saneamento, ou condensação, nem instrução e o processo é
logo facultado para exame pelo prazo de dez (10) dias, primeiro ao advogado do autor e
depois ao advogado do réu para alegações por escrito e, em seguida é proferida
sentença, julgando a causa conforme for de direito- artigo 484º nº 2 do C.P.C.

Após as alegações dos advogados, o juiz no seu julgamento não tem que decidir sobre a
matéria de facto, porque esta se considera averiguada, mas tão-só que interpretar e
aplicar a lei, podendo ser que deva absolver o réu por faltarem pressupostos
processuais, salvo tratando-se daqueles, que constituem simples impedimento a arguir
pelo réu mediante excepção processual em sentido estrito, o mesmo julgar a acção
improcedente.

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b)- Casos de revelia inoperante

A revelia inoperante ocorre nas situações previstas nos termos do artigo 485º do C.P.C.,
ou seja, situações em que a falta de contestação não tem como efeito a confissão dos
factos alegados pelo autor.

3- Modalidades da contestação

A contestação pode revestir-se de dupla variante: contestação defesa e contestação-


reconvenção.

1- A contestação-defesa: o réu limita-se a repelir a pretensão do autor.

A contestação-defesa pode ser por impugnação (directa) ou por excepção (indirecta) -


Artigo 487º nºs 1 e 2, artigos 493º e 494º todos do CPC.

a)- Defesa por impugnação: É toda defesa directa. Toda defesa que ataca de frente o
pedido, contradizendo os factos aduzidos pelo autor como constitutivos do seu direito,
ou o efeito jurídico que deles pretende tirar o autor. Trata-se do réu contradizer os factos
articulados na petição ou quando afirma que esses factos não podem produzir o efeito
jurídico pretendido pelo autor. – Artigo 487º nº 2 do C.P.C.

Na contestação por impugnação o réu deve tomar posição nítida quanto aos factos
deduzidos pelo autor, impugnando especificamente todos aqueles que não queira
admitir como certos – princípio do ónus da impugnação especificada.

 - Defesa por negação: Não lhe basta contrariar de modo genérico, a chamada
contestaçãonegação, cuja admissibilidade não é acolhida no ordenamento
jurídico angolana. A contestação negação equipara-se a falta de contestação.-
artigo 490º nº 3 do C.P.C.

 - Defesa por simples junção de documentos: tem lugar quando o réu no prazo da
contestação vem somente juntar documentos. Essa modalidade édiscutível se
aceite ou não entre nós.

 -A contestação articulada: A contestação deve ser articulada, artigo 488º CPC.

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b)- Defesa por excepção: É toda defesa indirecta que não seja por impugnação. Aqui o
réu alega factos que obstam à apreciação do mérito da acção ou que, servindo de causa
impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pelo autor, determinam a
improcedência total ou parcial do pedido – artigo 487º nº 2 do C.P.C.

As excepções podem ser: dilatórias ou peremptórias.

i. Excepções dilatórias

O termo dilatório quer significar adiar, protelar, retardar, etc.

As excepções dilatórias; são aquelas que obstam a que o tribunal conheça do mérito da
causa e dão lugar a absolvição da instância 8sentença meramente processual) ou a
remessa do processo para outro tribunal (incompetência relativa). Elas não afectam o
direito de acção. (artigo 493º nº 2 do C.P.C.).

Têm como pano de fundo a arguição de quaisquer irregularidades ou vícios de natureza


processual, que façam obstáculo (se não forem sanadas quando a lei consinta) á
apreciação do mérito da causa, no processo de que se trata, ou pelo tribunal onde ela foi
proposta.

A título exemplificativo temos como excepções dilatórias as situações previstas no artigo


494º do C.P.C.

As excepções dilatórias são do conhecimento oficioso, salvo a incompetência relativa


(território e valor – artigo 109º), e a preterição do tribunal arbitral que devem ser arguidas
pelo réu.- Vide artigo 495º do C.P.C.

ii. Excepções peremptórias

O termo peremptório deriva do latim peremptorius, que quer significar terminante,


decisivo, extinguir, pôr termo a uma decisão judicial.

As excepções peremptórias; São aquelas que consistem em alegar factos impeditivos,


modificativos ou extintivosdo direito invocado pelo autor, dando lugar a absolvição total
ou parcial do réu do pedido.- Cfr. Artigo 493º nº 3 C.P.C.

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Aqui o réu não nega os factos, mas opõe-lhe contra factos que lhes teriam excluído ou
paralisado, desde logo, a potencialidade jurídica, ou posteriormente lhes teriam alterado
ou suprimido os efeitos que chegaram a produzir.

 Factos extintivos: são factos que produzem a cessação do direito do autor, depois
de já formado validamente; - Condição resolutiva, -Termo peremptório, -
Pagamento, -Perdão, -Renúncia, -Caducidade, -Prescrição.

 Factos impeditivos: são factos susceptíveis de obstar a que, o direito do autor se


tenha validamente constituído: – Incapacidade, - Falta de legitimidade, - Erro,-
Dolo, -Coação, -Simulação

 Factos modificativos: são quaisquer factos que possam alterar os termos do


direito do autor.

A título exemplificativo o artigo 496º do C.P.C, diz que são peremptória a excepção do
caso julgado e da prescrição.

As excepções peremptórias são do conhecimento oficioso – artigo 500º do C.P.C.

2- A contestação-reconvenção: tem lugar quando o réu formula contra o autor qualquer


pedido que não seja pura consequência da sua defesa, nada acrescentando a matéria
desta última. O réu faz um contra-ataque ao autor. O pedido reconvencional éautónomo
porque vai além do simples pedido de improcedência da pretensão do autor.

Ex: na acção de despejo o réu vem requerer na sua defesa a condenação do autor no
pagamento da indemnização devida pela benfeitoria que ele introduziu no imóvel.

O pedido reconvencional deve obedecer os mesmos requisitos da petição, conforme o


artigo 467º do C.P.C. e deve o reconvinte indicar o valor da reconvenção, sob pena de a
reconvenção não ser atendida- artigo 501º nº 2 do C.P.C.

Para que réu possa reconvir é necessário a observância de determinados requisitos:

a)- Requisitos processuais:

- O tribunal da acção tem de ser competente para conhecer do pedido reconvencional,


em razão da matéria, hierarquia e nacionalidade – artigo 98º

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- A forma de processo aplicável ao pedido reconvencional deve corresponder a forma


aplicável ao pedido principal, salvo se a diferença apenas derivar do diferente valor dos
pedidos – artigo 274º n. 3.

b)- Requisitos substantivos:

- Quando o pedido do réu emerge do facto jurídico que serve de fundamento a acção ou
a defesa;

- Quando o réu se propõe a obter a compensaçãoou tornarefectivo o direito a


benfeitorias ou despesas relativas a coisa cuja entrega lhe ‘e pedida

- Quando o pedido do réu tende a conseguir, em seu benefício, o mesmo efeito jurídico
que o autor se propõe obter. Ex: nas acções de divórcio litigioso, o reu concorda com o
efeito jurídico pretendido pelo autor (dissolução do matrimónio), mas quer que esse
efeito seja declarado em seu favor.

4- Princípios do direito a defesa/contestação

a)- Princípio do ónus da impugnação especificada

Consagrado nos artigos 488º e 490º nºs 1 e 2 do C.P.C. De acordo com este princípio,
na contestação, sem que possa guardar-se para a tréplica, deve o réu tomar posição
nítida quanto aos factos deduzidos pelo autor impugnando especificamente todos
aqueles que não queira admitir como certos.

Para ser especificada a impugnação, terá o réu de individualizar cada um desses factos
já directamente, já mencionados os correspondentes artigos da petição inicial. Não lhes
basta contraria-los dum modo genérico, nem mesmo dizer que os impugna um por um
sem todavia os identificar por algum dos meios apontados.

O princípio do ônus da impugnação especificada comporta desvios a saber:

- Dispensa-se a impugnação especificada quanto aos factos que estiverem em


manifesta oposição com a defesa considerada no seu conjunto;

- Dispensa-se a impugnação especificada, quanto aos factos inconfessáveis ou que


tenham de ser provados por documento escrito. Ex: factos que incidem sobre direitos

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indisponíveis e direitos sobre a propriedade, nos termos do artigo 485º alíneas c9 e d) do


C.P.C.

Se o réu na contestação não impugnar especificamente cada facto, os mesmos


considerar-se-ão admitidos por acordo, equivalendo o acordo como confissão, porque
importara a prova plena de tais factos.

b)- Princípio da concentração ou da preclusão

Previsto no artigo 489º nº 1 do C.P.C, dispõe que toda a defesa deve ser deduzida na
contestação, sob pena de não ser considerada válida, ou seja, atendível.

Este princípio apresenta desvios nos seguintes casos:

- Defesa antecipada: Aquele que é deduzida antes da citação

- Defesa em separado: Aquela que é deduzida por meio de incidentes- artigo 489º nº1
ultima parte do C.P.C.

- Defesa diferida:aquela deduzida depois da contestação. Ela poder superveniente


(deduzida com fundamento em factos supervenientes) ou retardável (deduzida fora do
tempo) - artigo 489º nº 2 do C.P.C.

c)- Princípio do contraditório

Sobre está matéria já tratamos no capítulo sobre os princípios do processo civil.


Todavia, o principio do contraditório, pressupõe no essencial dizer que a parte contra
quem é proposta uma acção ou requerida qualquer uma providência é lhe reconhecida o
direito de resposta.- Vide artigo 3º nº 1 d C.P.C., salvo as excepções da lei.

A falta de contradição, ou seja, de contestação pode acarretar para a parte


consequências grave, tal como dispõe o artigo 484º do C.P.C.

A inobservância da contestação por omissão das formalidades legais, implica a


repetição do formalismo exigido, nos ermos do artigo 483º do C.P.C.

5.1.3- RÉPLICA

É o segundo articulado do autor. Na prática significa a contestação do autor face à


pretensão do réu. Tem natureza eventual e é através do qual o autor responde á

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contestação. Admissível quando tenha havido contestação em qualquer das


modalidades que a lei autoriza (defesa ou reconvenção) – artigo 502º nº1 primeira parte
do C.P.C. Porém, se o réu na contestação se limitou a deduzir defesa por impugnação,
pode o autor prescindir da réplica. Ainda assim, o autor pode replicar para:

- Combater as razões de direito formuladas na contestação (podendo acrescentar novas


razoes, desenvolver ou explicar razoes anteriores).

- Esclarecer, precisar ou corrigir os factos da P.I ou mesmo adicionar outros factos, em


relação a contestação.

Se o réu defender-se por excepção, o autor pode confinar-se a impugná-la ou fazer-lhe


oposição mediante réplicas ou contra-excepções. O autor deve ter o cuidado de
impugnar especificadamente os factos invocados para fundamento dessa defesa e não
querer admiti-los como certos e não estarem eles já negados antecipadamente na
própria petição.

Se o réu defender-se por reconvenção, a réplica funcionará como uma verdadeira


contestação, devendo aplicar aqui tudo quanto foi dito sobre a contestação, com as
devidas adaptações. No entanto, não é admissível a contra - reconvenção.

1- Prazo para apresentação da réplica

Se o réu contestar por impugnação, o autor pode apresentar aréplica no prazo de oito
(08) dias, a contar da data em que foi notificada da contestação. – artigo 502º nº 3 do
C.P.C.

Se o réu contestar por reconvenção (contra-ataque), ou se acção for de simples


apreciação negativa, o prazo da réplica do autor será de vinte (20) dias.6

3- Efeitos da réplica

A falta de impugnação dos factos articulados na réplica produzem o mesmo efeito


previsto no artigo 490º do C.P.C – vide artigo 505º do C.P.C.

6
Na reconvenção a réplica funciona como uma contestação do autor à pretensão do réu, afirmada no seu
pedido reconvencional, porque com o pedido reconvencional há uma inversão das posições - o réu faz o
papel de autor e este o papel de réu – é razoável dar-se o mesmo prazo que é dado ao réu, na
contestação, para se defender da pretensão do autor, dai os vinte (20) dias.

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4- Forma da réplica

Aplicam-se a réplica o mesmo formalismo quanto à contestação. A réplica também pode


ser articulada, e não é admissível a réplica por negação.

Também aqui se aplicam as mesmas regras da contestação quanto ao número de


duplicados.

OBS: Se o autor não apresentar a réplica o réu não poderá apresentar a tréplica.

5.1.4- TRÉPLICA

A tréplica é a resposta a réplica, ou seja, só é admissível quando tenha havido réplica–


Artigo 503º nº 1 do C.P.C.

No caso de pluralidade de partes se só um deles contestar, mas a contestação


aproveitar a todos, os demais não contestantes também podem treplicar, o que ocorre
por exemplo, no caso de litisconsórcio necessário.

Se a réplica foi circunscrita à matéria da defesa ou á da reconvenção, a tréplica terá de


sofrer a limitação correspondente – artigos 490º e 505º ambos do C.P.C.

1- Forma da tréplica

Pode ser articulada. Admite-se a defesa por junção documentos e, em tudo o que mais,
impera a mesma doutrina quanto á réplica.

2- Prazo para a tréplica

A tréplica é apresentada dentro do prazo de oito (08) dias a contar da data da notificação
da réplica. – Artigo 503º nº 2 do C.P.C.

5.1.5- RESPOSTA À TRÉPLICA OU QUADRÚPULA

É o meio processual através do qual o autor responde a tréplica. -Artigo 504º do C.P.C.
Opera nas situações em que o réu na tréplica tenha deduzido um pedido contra o autor
ou tratando-se de uma acção declarativa de simples apreciação negativa.

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1- Prazo para a resposta à tréplica.

O prazo para responder a tréplica é de oito (08) dias e só pode incidir sobre matérias da
reconvenção.

ARTICULADOS SUPERVENIENTES7

Ver o que vai disposto nos artigos 506º, 489º/2, 233º e 523º/1 todos do C.P.C.

Quando têm lugar (artigo 506º nº1)

Têm lugar quando ocorrem factos constitutivos, modificativos ou extintivos do direito


discutido num processo, depois de haverem decorrido os prazos que a lei estabelece
para a apresentação dos articulados normais, ou ainda quando tais factos tendo ocorrido
anteriormente, só venham ao conhecimento da parte depois de findarem aqueles
prazos, podem ser deduzidos em novo articulado, desde que se prove a sua
superveniência.

Prazo e momento da apresentação

Os novos factos supervenientes devem ser apresentados no prazo de dez (10) dias a
contar da data em que os factos ocorreram ou que se tenha conhecimento dos mesmos.
Não havendo indeferimento do novo articulado, é notificado á parte contrária para
responder no prazo de cinco (05) dias. – Artigo 506º nº3.

As provas dos novos factos devem ser apresentados junto com o novo articulado.

Causas de indeferimento (artigo 506º nº 3)

1- Se forem apresentados fora do tempo;

2- Se for manifesto que os factos apresentados não interessam à boa decisão da causa;

7
Dizem-se supervenientes tanto os factos ocorridos posteriormente ao termo dos prazos marcados nos
artigos precedentes, como os factos anteriores de que a parte só tenha conhecimento depois de findarem
esses prazos, devendo neste caso produzir-se prova da sua superveniência.

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5.2. AUDIÊNCIA PREPARATÓRIA

Terminada a fase dos articulados, os autos vão concluso ao juiz e este, pode então,
facultativa e não obrigatória, designar dia e hora para uma audiência preparatória de
discussão.

A audiência preparatória é facultativa, podendo, porém em alguns casos ser obrigatória.

Ela será facultativa nos seguintes casos (artigo 508º nºs 1 e 3 do C.P.C.).

a)- Quando se mostre possível conhecer do pedido;

b)- Quando se mostre possível conhecer alguns pedidos principais;

c)- Quando se mostre possível conhecer do pedido reconvencional;

d)- Quando for para a discussão de uma excepção

Ela será obrigatória:

a)- Quando se mostre possível efectuar-se a transacção. (artigo 508º nº 2 do C.P.C.).

A transacção só é admitida quando se tratarem de direitos disponíveis - artigo 299º nº 1


do C.P.C.

Segundo Hélder Leitão, a situação prevista no artigo 508º nº 2, relativamente a


possibilidade de transacção, não se refere com rigor à um caso de audiência
preparatória.

1- Finalidade da audiência preparatória

A audiência preparatória tem como finalidade: conciliar as partes, se esta se frustrar


conhecer dos pedidos caso seja possível e conhecer das excepções.

O despacho que designa a audiência preparatória tem uma dupla variante, ou seja, por
um lado tem de declarar o fim (finalidade) da audiência, e por outro lado, não constitui
caso julgado.- Artigo 508º nº 4 do C.P.C.

Declarar o fim da audiência, pressupõe que no despacho que a designa deve ficar
expresso se a audiência será para conhecer do pedido, conhecer excepções, conhecer
da reconvenção, etc.

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Se no despacho da marcação da audiência preparatória o juiz não declarar o fim da


audiência, estaremos perante uma nulidade processual por omissão de um acto
prescrito por lei, nos termos do artigo 201º nº 1 do C.P.C. A omissão do acto dá lugar a
nulidade porque o mesmo poderá influir no exame ou na decisão da causa, na medida
em que se o fim da audiência não for declarado, as partes, não terão como saber ao
certo o que será discutido na audiência, sendo que o juiz, pela prorrogativa da lei
poderá, até decidir, de imediato sobre o mérito, se entender haver elementos suficientes
nos autos.

A indicação do fim da audiência preparatória visa em boa verdade indicar às partes, o


que vai ser discutido, para previamente se prepararem. A referida nulidade, porém, para
produzir efeitos, deve ser arguida pelas partes no prazo de cinco dias, conforme reza o
artigo 205º combinado com o artigo 153º ambos do C.P.C, sob pena de considerar-se
sanado o vício.

Quando se refere que, o despacho que designa a audiência preparatória, não constitui
caso julgado, no que se refere a possibilidade de conhecimento do pedido, quer dizer o
juiz ouvida as partes em função da finalidade designada para a audiência, decide pelo
prosseguimento dos autos para garantir uma decisão mais conscienciosa e justa, em
vez de conhecer de imediato o pedido.

Aberta a audiência preparatória, “já as partes sabendo ou não o fim dela”, o juiz
procurará primeiramente conciliar as partes, tendo em vista uma solução de equidade-
artigo 509º nº 1 do C.P.C.A tentativa de conciliação pode ter lugar em qualquer fase do
processo, desde que as partes o requeiram, mas nesta fase a tentativa de conciliação é
da iniciativa do juiz. A conciliação não deve ser forçada às partes, pois como diz o
célebre jurista CALAMANDREI, não se deve exagerar a ideia de que a finalidade da
justiça é a paz social, devendo-se lutar, no máximo possível, pelo apaziguamento entre
as partes.

Frustrando-se a conciliação e mostrando-se possível discutir o pedido dar-se-á a palavra


aos advogados, primeiro do autor e depois do réu. Se for ou havendo excepções a
discutir a palavra é dada primeiramente ao advogado do réu e depois do autor, podendo
os advogados usar da palavra duas vezes.

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5.3. SANEAMENTO E CONDENSAÇÃO


Saneamento: Esta fase consiste essencialmente em expurgar do processo todas as
situações inúteis mantendo-se o foco naquilo que representa o importante para o
conhecimento do mérito da causa, fixando os termos essenciais da causa.

Condensação: Destina-se a desembaraçar o processo das questões que já possam ser


decididas, por existirem já os dados necessários, e das questões de facto supérfluas, em
presença do direito aplicável.

1- Despacho saneador

Frustrando-se a conciliação, se não ter havido audiência preparatória, ou se ela já foi


realizada, o juiz dentro do prazo de quinze dias deverá proferir o despacho saneador,
cujos termos se encontram no artigo 510º e ss dos C.P.C.

2- Função do despacho saneador

Verificar a regularidade do processo, designadamente da verificação dos pressupostos


processuais de modo a que se evite ou desperdice actividade processual inútil. Sanear o
processo de irregularidades processuais verificadas pela seguinte ordem:

a)- Conhecer das excepções dilatórias. Artigo 494º, pela ordem designada no artigo 288º
do C.P.C. Estas excepções só podem deixar de ser resolvidas no saneador se o estado
do processo impossibilitar o juiz de se pronunciar sobre elas, devendo neste caso
justificar a sua abstenção- artigo 510º/1.C.P.C.

- Aferir da admissibilidade da reconvenção- artigo 274º e 501º CPC. A obrigatoriedade


de se pronunciar da reconvenção só se coloca nos casos em que ela é improcedente. A
reconvenção não é uma excepção dilatória.

O tribunal deve conhecer oficiosamente de todas as excepções excepto da


incompetência do tribunal, da preterição do tribunal arbitral e da falta de custas, pois
estas devem ser arguidas pelas partes.

b)- Conhecer das nulidades processuais e substantivas do processo:

- Nulidades processuais: Nominadas (ineptidão da P.I-art.º.193º do C.P.C. A falta de


citação-art.194ºss, Erro na forma de processo.art.199º, Falta de Vista do MºPº- 200º).
Inominadas (previstas no artigo 201º).
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As nulidades processuais são diferentes das nulidades de sentença- artigo 668º e 766º)

- Nulidades Substanciais: que afectam os negócios jurídicos - artigos 240º a 257º CPC.

c)- Conhecer e decidir as excepções peremptórias (conduzem a absolvição do pedido).

Ex: de excepções peremptórias: caso julgado, prescrição, caducidade, pagamento,


dação em cumprimento (837ºCC), novação (857ºCC), confusão (868ºCC), anulação ou
nulidade do negócio jurídico, compensação (847ºCC), condição resolutiva (270ºCC),
perdão (873ºCC), direito de retenção (754ºCC), vícios do consentimento (240ºCC),
incapacidade do contraente (764ºCC), usucapião (1287ºCC), consignação de depósito
/841ºCC), etc.

d)- Conhecer do pedido. É possível no saneador conhecer-se do pedido ou de alguns


pedidos cumulativos ou ainda do pedido reconvencional- art.º510º/1 c) e 508º/1.

Nota: Quando o juiz julga procedente uma excepção peremptória, despacho o saneador
fica tendo, para todos os efeitos, o valor de uma sentença, e é designado de saneador-
sentença.

3- Despacho de condensação

Se o despacho saneador não puser termo o processo, o juiz deve organizar, no mesmo
despacho a especificação e o questionário.- Art.º.511º/1. C.P.C

Na especificação constam os factos já provados que tenham interesse para a decisão.


Sobre os actos especificados não haverá lugar a produção de prova. Os factos dispõem-
se subordinados por alíneas. Ex: A), B)…

No questionário constaram os factos controvertidos. Os factos expostos subordinam-se


em números. Ex: 1º, 2º, 3º…

Feito o despacho de condensação é notificada as partes que podem reagir, por via de
reclamação no prazo de cinco dias (art.º153º). Havendo reclamação a parte contraria é
notificada para responder em cinco dias -art.º 511º/3. Seguidamente o juiz decidirá a
reclamação no prazo de cinco dias- nº4.

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A reclamação só pode ter como fundamento a deficiência, excesso, obscuridade ou


complexidade verificada na matéria seleccionada e condensada na especificação e
questionário- artigo 511º/2. C.P.C.

5.4. INSTRUÇÃO

A instrução constitui a fase do direito probatório, ou seja, o direito regulador das provas.
O direito probatório constitui um direito processual, visto as provas tenderem a firmar a
convicção do juiz acerca dos factos da causa.

Findo a fase do saneamento e definida a matéria objecto de julgamento (questionário),


as partes são notificadas para fazerem a sua instrução, ou seja, apresentarem os seus
meios de prova- artigo 512º do C.P.C.

Há porém, factos que pela sua natureza não carecem de provas tais como:- os factos
notórios e do conhecimento geral, bem como os factos que o tribunal tem conhecimento
emvirtude da sua actividades ou funções- artigo 514º C.P.C

O direito probatório pode ser:


- Formal: regula o modo de produção das provas (meios de prova em juízo). Vale dizer
que as regras são as constantes do Código de Processo Civil.

- Material: regula o ônus da prova (artigo 342º ss C.C.), a admissibilidade dos diversos
meios probatórios e a sua força ou valor, cujas regras encontram-se dispostas no
Código Civil.

As provas; são os meios a utilizar para o apuramento dos factos deduzidos pelas partes.
As provas têm por função a demonstração da realidade dos factos – artigo 341º do C.C.

1- Produção antecipada da prova


A regra é que as provas devem ser oferecidas com o início da fase de instrução,
conforme reza o artigo 512º do C.P.C. Porém, há situações em que havendo receio do
meio de prova vir a tornar-se impossível de se obter, a parte pode até mesmo antes da
propositura da acção, requerer a produção antecipada da prova. Tais situações podem

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ter lugar por exemplo, nos casos em que a testemunha encontrar-se doente e preste a
falecer, o terreno a inspeccionar puder sofrer alterações, etc.- artigo 520º do C.P.C.

O procedimento para a antecipação da prova, faz-se nos termos do disposto no artigo


521º do C.P.C.

2- Tipos de provas

a)- Provas directas e indirectas:


As provas directas o julgador verifica com os seus próprios sentidos, o facto a averiguar.

As indirectas põem ao alcance da percepção do julgador um facto diverso que todavia


lhe serve para, segundo as regras da experiencia, ele formar o seu juízo ou convicção
sobre aquele outro.

b)- Provas pessoas e provas reais:


As provas pessoais são aquelas cuja função é desempenhada por pessoas. Terceiros
que referem factos presenciados (testemunhas) ou emitem uma apreciação técnica. As
reais são aquelas em que são desempenhadas por documento, objecto ou local a
inspeccionar.

c)- Provas legais e provas por presunção:


As legais são aquelas cuja apreciação obedece a critérios legais fixados em abstracto,
sobre a base do que costuma acontecer na normalidade dos casos. Ex: as presunções
legais, os documentos e a confissão.

As provas por presunção são aquelas que por indução ou inferência a partir de um facto
provado por outra forma. Chama-se presunção a própria inferência ou ainda o facto que
lhe serve de base, ou seja, ilações que a lei ou o julgador tira de um facto conhecido
para firmar um facto desconhecido. – Artigo 349º do C.C.

d)- Provas constituendas e provas pré-constituídas:

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As provas constituendas são aquelas que se formam depois de surgidas a necessidade


dele no decurso do processo. As provas pré-constituídas são as que existem e estão
perfeitos antes de surgir a necessidade de prova.

e)- Prova bastante:


A prova legal cede perante a contraprova. (artigo 346º do C.C.).

f)- Provas críticas ou indiciárias:


O facto posto ao alcance da percepção do juiz sem representar outro, permite induzir,
argumentar, tirar ilações no sentido da realidade desse outro facto.

g)- Prova documental:


(artigo 523º e ss do C.P.C e artigo 362º do C.C.): A prova documental é a que resulta de
documentos.

h)- Provas históricas ou representativas:


O facto posto ao alcance da percepção do juiz representa o facto a provar. Constitui
uma figuração ou reprodução dele, um seu equivalente que suscita a respectiva ideia
através dos sentidos e da imaginação do juiz. Ex: documentos, confissão, depoimento
de parte, e das testemunhas.
i)- Provas livres:
são aquelas que são apreciadas segundo a livre convicção do julgador. Ex: presunções
legais, o depoimento de parte, Inspecção judicial, depoimento das testemunhas.

j)- Prova pericial (artigo 568º e ss C.P.C e 388º ss do C.C):


É a prova destinada à percepção ou apreciação de factos por meio de peritos, quando
sejam necessários conhecimentos especiais que os julgadores não possam, ou quando
os factos relativos a pessoas não devam ser objecto de Inspecção judicial. Ex: Exame,
vistoria (imóveis), avaliação.

l)- Prova por apresentação de coisas móveis ou imóveis(artigo 518º C.P.C.):

m)- Prova por confissão das partes (artigo 552º do C.P.C e 352º do C.C);

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A confissão é o reconhecimento que a parte faz da realidade de um facto que lhe é


desfavorável e favorecer a parte contrária – artigo 352º e ss do C.C.

n)- Provas extrajudiciais


Cfr. Artigo 522º do C.P.C)

o)- Prova testemunhal (artigo 616º e ss C.P.C e 392º ss do C.C):

i- Legitimidade para testemunhar e validade do depoimento


Podem depor como testemunhas todas as pessoas desde que não sejam inábeis por
incapacidade natural ou motivo de ordem moral.

São inábeis por incapacidade natural as pessoas previstas no artigo 617º do C.P.C. E
são inábeis por motivos de ordem moral as pessoas previstas no artigo 618º do C.P.C.

O depoimento das testemunhas só é valido se este o fizer sob juramento, a falta ou


recusa de juramento equivale a recusa de depor e, portanto, inexistência do depoimento.
(Artigo 559º do C.P.C).

ii- Número de testemunhas


Para fazer prova dos factos alegados na P.I e, na contestação, o autor e o réu podem
oferecer mais de vinte testemunhas. Entretanto, por cada facto incluídos no questionário
(base instrutora), não pode a parte produzir mais de cinco (05) testemunhas, não se
contando as que tenham declarado nada a dizer. (artigo 632º e 633º do C.P.C.).

3- O ônus da prova
Como ensina Pais do Amaral, o ônus da prova traduz-se no encargo de oferecer a prova
do facto visado, incorrendo nas desvantajosas consequências de ser como líquido o
facto contrário, quando omitiu ou não logrou realizar essa prova; ou na necessidade de,
em todo o caso, sofrer tais consequências se os autos não contiverem prova bastante
desse facto.
Ao proferir uma decisão o juiz deve obedecer a lei, os factos e a sua consciência,
concretizando assim o normativo disposto no artigo 8º nºs 1 e 2 do C.C. Porém, a

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decisão do juiz e a interpretação dos factos estão intimamente relacionados com as


provas apresentada pelas partes. Desta feita, decorre do artigo 342º do C.C, que
incumbe a prova do facto e do direito aquele que o invoca.

Tratando-se de factos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito invocado


compete àquele contra quem a invocação é feita- artigo 342º nº 2 do C.C.

Os critérios para se invocar o ônus da prova em situações especiais, mormente, nas


acções declarativas de simples apreciação e acções a serem propostas de acordo com
prazo fixado por lei, assim como os critérios da inversão do ônus da prova, constam dos
artigos 343º e 344º do C.C.

5.5. AUDIÊNCIA DE DISCUSSÃO E JULGAMENTO


Esta fase vem consagrada nos artigos, 646º à 657º do C.P.C.

1- Designação da audiência final


A fase da audiência final no fundo é uma extensão da fase de instrução, porquanto,
grande parte das provas podem ser produzidas nesta fase, como são os casos de
audição das testemunhas, fora das situações de produção antecipada da prova,
intervenção de peritos, inspecção judicial, etc. -Artigo 647º do C.P.C.

2- Requisição ou designação de técnicos


A requisição dos técnicos coloca-se nas situações em que a matéria trazida a
julgamento seja susceptível d trazer alguma dificuldade ao tribunal, considerando a sua
natureza. A designação é feita nos termos do artigo 649º do C.P.C. os técnicos podem
ser opostos impedimentos e recusas, tal como aos peritos aos quais se aplica o regime
de impedimentos e suspensões referentes aos funcionários judiciais, com as devidas
adaptações – artigo 580º nº 3, conjugado com o artigo 125º ambos do C.P.C.

3- Causas de adiamento da audiência


De acordo com o artigo 651º nº do C.P.C, são causas de adiamento da audiência os
seguintes:
-Se faltar alguma pessoa que tenha sido convocada e que seja imprescindível;

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- Se uma das partes oferecer documento que a outra parte não possa examinar no
próprio acto;

- Se por motivo ponderoso e inesperado, faltar algum dos advogados. Não havendo
motivo justo e impeditivo da ausência o julgamento prosseguirá.

Excepções:
- Não há adiamento da audiência por acordo das partes;
- Não há adiamento da audiência por falta de outras pessoas
A falta de qualquer pessoa notificada para a audiência deve ser justificado no máximo
ate cinco (05) dias após a realização da audiência.

4- Princípios a observar na fase de julgamento

a)- Princípio da plenitude da assistência


Previsto no artigo 654º do C.P.C, refere o princípio que cabe ao juiz que dirigiu a
instrução, discussão e julgamento da causa, a responsabilidade de proferir a decisão.
Porém, havendo falecimento do juiz durante a discussão e julgamento ou
impossibilidade permanente o novo juiz da causa deverá repetir todos os actos já
praticados.

b)- Princípio da publicidade e da continuidade


Está previsto no artigo 656º do C.P.C.Segundo este princípio, o processo deve ser
conduzido e conservado de modo a permitir que qualquer pessoa possa reconstituir
intimamente o juízo que levou a decisão. Emana ainda deste princípio de que as
audiências de julgamento, são em princípio públicas, podendo serem assistidas por
qualquer pessoa. Porém, há processos cuja natureza impõe a vedação de assistência
pública, como são os casos de processos que correm trâmites na jurisdição de família.

As audiências devem ser contínuas e devem concluídas no mais curto espaço de tempo
e só podem ser e só podem ser interrompidas por motivos de força maior.

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c)- Princípio da Liberdade


Previsto no artigo 655º do C.P.C, este princípio refere que a convicção do julgador é
formanda pela livre apreciação das provas apresentadas pelas partes. Porém, quando
alei exija que determina que determinado facto para ser provado é exigível um certo
formalismo, o mesmo não pode ser dispensado.

Ex: Há factos que só podem ser provados por documentos., e por isso, não podem ser
dados como provados por testemunhas.

5.6. SENTENÇA
Feita a discussão da causa, e após a fiscalização do Ministério Publico nos termos do
artigo 658º do C.P.C, é o processo concluso ao juiz para proferir a sentença.

A sentença possui requisitos internos e externos, conforme dispõem os artigos 659º e


157º, ambos do C.P.C.

Quanto a estrutura, ou requisitos externos a sentença deve apresentar: Relatório,


Fundamentação e Decisão.
a)- Relatório: traduz-se na exposição histórica, mas concisa, dos termos do litígio (acção
e defesa) com indicação das questões fundamentais a resolver.

b)- Fundamentação (de facto e de direito): também chamada de motivação, é nela onde
se fixam os factos provados e quais os não provados, determinando e interpretando o
direito aplicável e a sua consequência.

c)- Decisão/dispositivo: traduz-se no momento da estatuição quanto ao êxito final do


litígio, em coerência com a fundamentação factual e de direito, concedendo ou negando
a providência jurisdicional solicitada pelo autor, ou absolvendo o réu da instância, se for
esse o caso.

1- Conceito de sentença
Designam-se por sentenças ou acórdãos, as decisões finais que versam sobre o mérito
da causa (causa principal). – Artigo 156º nº 2 do C.P.C.

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As sentenças são proferidas por tribunais singulares. Exemplo: Sala do Civil e


Administrativo, Sala de Família, etc. Já os acórdãossão proferidos por tribunais
colectivos. Exemplo: Sala dos Crimes Comuns.

Pode-se também dizer que as sentenças e os acórdãos são decisões proferidas em


processos de jurisdição contenciosa.

2- Efeitos da sentença
A sentença final produz como efeito: - o caso julgado(formal e material) artigo 671º do
C.P.C. Há porém certa doutrina que acresce mais dois efeitos a saber; -a exequibilidade
e -efeito constitutivo

- O caso julgado materialtraduz-se numa decisão sobre o mérito da causa, que adquire
força obrigatória dentro e fora do processo e não pode voltar a ser decidida aquela
relação material que já foi objecto de litígio.

Trata-se da força imperativa da decisão que recaiu sobre certa relação material
controvertida.8A decisão transitada em julgado sobre a relação material controvertida fica
a ter forca obrigatória dentro e fora do processo, nos limites fixados pelo artigo 497º do
C.P.C.

A sentença transitada em julgado tem de ser acatada por todos os tribunais. Se lhes for
submetida a mesma relação, não poderá julga-la, porque já o foi de forma definitiva. Se
o fizerem continua a impor-se a primeira decisão.

Mas se o réu tiver sido condenado a prestar alimentos ou a satisfazer outras prestações
dependentes de circunstâncias especiais quanto a sua medida ou a sua duração, pode a
sentença ser alterada desde que modifiquem as circunstâncias que determinaram a
condenação – artigo 671º nº 2 do C.P.C.

Neste caso, justifica-se a possibilidade de alteração, porque as circunstâncias em que se


fundamentou a decisão são susceptíveis de constantes modificações. Não fazia sentido
manter inalterada a decisão que impôs a prestação de alimentos ao devedor, se por
alteração das circunstâncias, este deixou de ter condições para os pagar ou o credor
8
Consiste em a definição dada a relação controvertida se impor a todos os tribunais (e ate a qualquer
outra autoridade) – quando lhes seja submetida a mesma relação, quer a título principal (repetição da
causa em que foi proferida a decisão), quer a título prejudicial (acção destinada a fazer valer outro efeito
dessa relação). Todos têm de acata-la, julgando em conformidade, sem nova discussão – Manuel de
Andrade, in Noções Elementares de Processo Civil, pág. 304.

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dos alimentos deixou de os necessitar, por lhe ser agora possível angaria-los pelos
próprios meios.

- No caso julgado formal, a decisão apenas incide sobre uma questão processual, o que
significa que só diz respeito ao processo em causa e, por isso, nada impede que a
questão possa voltar a ser discutida em processo diferente. A decisãonão tem, portanto,
forca obrigatória fora do processo em que foi proferida. A guisa de exemplo,veja-se uma
decisão que absolve o réu da instância por incapacidade judiciária, ilegitimidade da parte
ou incompetência do tribunal.

- Exequibilidade: compete as sentenças condenatórias (Cfr., artigo 47º do C.P.C)

- Efeito Constitutivo: compete as decisões constitutivas, ou seja, as que julgam


procedente uma acção constitutiva, traduzindo-se na modificação jurídica da relação
material a que tendia o direito potestativo. Ex: sentença que decreta o divórcio.

5.6.1-VÍCIOS E REFORMA DA SENTENÇA

1- Extinção do poder jurisdicional

Proferida a sentença fica imediatamente esgotado o poder jurisdicional do juiz quanto a


matéria da causa – artigo 666º nº 1. Proferida a sentença, o juiz pode querer alterar a
sua decisão e os fundamentos dela. Ora o que esgota é o poder de decidir o litígio em
causa, mas a competência do juiz mantém-se no que toca ao ulterior desenvolvimento
do processo, havendo possibilidade de proceder a rectificações e esclarecimentos.,
conforme previsto no artigo 669º do C.P.C.

Dispõe o artigo 666º nº 2 que é lícito ao juiz rectificar erros matérias, suprir nulidades,
esclarecer dúvidas existentes na sentença e reformula-la, quanto as custas e multas. As
rectificações e esclarecimentos aplicam-se nos mesmos termos quanto aos despachos –
artigo 666º nº 3.

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2- Rectificação de erros matérias.

Os erros matérias constam do artigo 667º do C.P.C. São eles: omissão do nome das
partes, omissão do valor a pagar quanto as custas, erros de escrita, ou cálculos ou
quaisquer inexactidões devidas a outra omissão.

Estes erros podem ser corrigidos por requerimento de qualquer das partes e por simples
despacho do juiz.

Havendo recurso, a rectificação dos erros matérias só podem ter lugar antes do
processo ser expedido (subida) ao tribunal superior, podendo as partes já no tribunal
superior alegar tais erros e requererem a rectificação. A rectificação pode ter lugar a
todo tempo, se nenhuma das partes recorrer. – Artigo 667º nº 2 do C.P.C.

3- Causas de nulidade da sentença

Depois de proferida a sentença, podem ainda surgir nulidades que justifiquem a


intervenção do juiz, embora se tenha esgotado o poder jurisdicional, conforme dispõe o
artigo 668º do C.P.C., nomeadamente:

- Falta de assinatura do juiz;

- Ausência de fundamentos de facto e de direito que justifiquem a decisão,

- Contradição entre a causa de pedir e o pedido;

- Omissão de questões de que deviam conhecer

- Quando ultrapassa os limites da condenação

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VI- FORMALISMO DO PROCESSO DECLARATÓRIO SUMÁRIO


BREVES CONSIDERAÇÓES

As normas que regulam o processo sumário constam do código de processo civil nos
artigos 783º à 792º. Na falta de norma para regulamentar determinada situação,
aplicam-se subsidiariamente as normas do processo ordinário, conforme dispõe o artigo
463º nº 1.

O critério para se determinar se acção deve seguir a forma de processo sumário é o do


valor da causa. Assim, nos termos do disposto no artigo 462º nº 1 do C.P.C, se o valor
da causa exceder a alçada do tribunal da relação empregar-se-á o processo ordinário,
se não exceder, empregar-se-á o processo sumário.

Ora, o valor das alçadas dos tribunais como se sabe está fixado por lei, nos termos do
artigo 2º da Lei nº 5-A/21 de 05 Março.

6.1- Características principais do processo sumário


- Maior celeridade e menos despesas (economia de tempo e custo)
- Formalismo processual é mais simplificado;
- Prazos mais breves para prática de determinados actos

6.2. Articulados. Enumeração


-Petição Inicial - artigo 783º do C.P.C.
- Constelação - artigo 785º do C.P.C.
- Resposta a Contestação - artigo 786º do C.P.C

6.2.1- Causas de indeferimento da P.I.


Artigo 784º e 474º do C.P.C

6.2.2- Prazos para contestar. Falta de contestação. Consequências


Artigo 784º nºs 2 e 3 do C.P.C.

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Citado o réu este deve apresentar a sua contestação no prazo de dez (10) dias, nos
termos do artigo 783º do C.P.C. Tratando-se de pluralidades de réus, é aplicável o
disposto no artigo 486º nº2 do C.P.C.

Nas acções de processo sumário, salvo nos casos de direitos indisponíveis, a falta de
contestação pressupõe que consideram-se confessados os factos articulados pelo autor,
mesmo aqueles que em termos gerais, só por documento autêntico poderiam ser
provados.

6.2.3- Resposta a contestação. Âmbito, prazos e consequências da falta.


Ocorre nas situações em que o réu deduz a contestação por excepção ou por
reconvenção. Trata-se por isso de um articulado eventual. A resposta a contestação não
é uma réplica, porquanto, o autor não tem as mesmas prorrogativas do artigo 273º, não
pode alterar o pedido e a causa de pedir.

Os prazos para a resposta a contestação são de cinco (05) e dez (10) dias contados da
notificação da contestação, conforme se tratar de uma contestação defesa por excepção
ou de uma contestação por reconvenção – artigo 785º e 786º do C.P.C.

Quanto a consequência de falta de resposta a contestação é de se aplicar o disposto no


artigo 784º do C.P.C., muatatis mutandi, sem contudo perder de vista os efeitos
alternados, quando se tratar de contestação por excepção ou por reconvenção.

6.3. Fase do saneamento e condensação


O prazo para elaboração do despacho saneador é de dez (10) dias. Na audiência
preparatória, ao contrário do processo ordinário, os advogados só podem usar da
palavra uma única vez – Cfr. Artigo 509º nº 2 e 787º ambos do C.P.C.

6.4. Fase da instrução


Existe uma limitação do número de testemunhas para dez (10) e três (03), em
comparação com o processo ordinário. Cfr. Artigos 632º, 633º e 788º todos do C.P.C.

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6.5. Fase da discussão e julgamento


A discussão e julgamento, tal como a instrução também são feitos por um juiz singular e
a este pertence exclusivamente a matéria de facto. A discussão é oral e as respostas
aos quesitos são dadas em despacho proferido imediatamente pelo juiz – artigo 791º do
C.P.C.
6.7. Fase da sentença
Remete-se para o estudo feito em sede do processo ordinário.

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VII. FORMALISMO DO PROCESSO DECLARATÓRIO SUMARÍSSIMO

4.3.1. Fase dos articulados

4.3.2. Audiência final

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