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Sumário
1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................ 4
2 - CORRELAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E OS
PROCESSUAIS CIVIS ........................................................................................... 5
3 – NORMAS FUNDAMENTAIS .................................................................. 5
4 - INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO ................................................. 6
5 – DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO.............................................. 7
6 - CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA ............................................ 9
7 - DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA – LEGALIDADE – PUBLICIDADE
– EFICIÊNCIA ...................................................................................................... 10
8 - FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS ............................... 11
9 - COMPARATIVO ENTRE OS ARTIGOS 1º AO 12º DO NCPC E OS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ....................................................................... 12
10 - COMPARATIVO DOS ARTS. 1º A 12º DO NCPC COM OS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ....................................................................... 14
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 25
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FACUMINAS
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1 - INTRODUÇÃO
Nosso estudo tem por objetivo discorrer sobre o viés constitucional do Direito
Processual Civil. Nos artigos iniciais do Código de 2015 o legislador elencou os
princípios constitucionais que deverão orientar a interpretação e a aplicação dos
dispositivos ali colacionados. Assim, correlacionamos os artigos do 1º ao 12, da atual
legislação processual, com os dispositivos constitucionais e com o código processual
civil de 1973. No decorrer foi verificado que a recepção de princípios constitucionais
consagrados, como a inafastabilidade da jurisdição, a duração razoável do processo,
o contraditório e a ampla defesa, boa-fé, entre outros, objetivou dar guaria às
garantias individuais valorizando a celeridade e a satisfação do jurisdicionado, ou
seja, consolidar o livre exercício da cidadania.
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na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as
disposições deste Código.
Elencados os artigos que serão objetos deste estudo passemos à análise dos
princípios processuais.
3 – NORMAS FUNDAMENTAIS
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ótica da cidadania, da dignidade da pessoa humana, visando contribuir para uma
sociedade livre, justa e solidária.
Nessa mesma linha de pensamento a leitura que se deve fazer é no sentido de que
o acesso à justiça, a duração razoável do processo e a necessidade de
fundamentação das decisões judiciais são fatores preponderantes para a
consagração da segurança jurídica dentro do cotidiano nacional, fator garantidor de
progresso e desenvolvimento social, caminho que leva à realização da justiça social
e à consagração da cidadania e da dignidade dos cidadãos. Não há que se falar em
consagração dos princípios fundamentais se não houver o império da segurança
jurídica de uma justiça satisfativa e tempestiva.
4 - INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO
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Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a
direito.
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o Judiciário não possui condições materiais que permita a razoabilidade temporal do
trâmite processual.
Perguntas ainda não foram respondidas como qual é o tempo razoável? A imposição
parte de um termo vago, pois, o razoável depende do sujeito e do objeto em questão,
o que para “a” é razoável para “b” pode não ser e vice-versa.
Entretanto, a questão está posta e devemos salientar quais são as novidades que
poderão auxiliar na efetividade da razoável duração do processo. O Fórum
Permanente de Processualistas Civis destacam os enunciados, 278, 372, 373, 386 e
387, como forma de implementação da “razoável duração do processo”.
Enunciado 278: arts. 282, §2º, e 4º) O CPC adota como princípio a
sanabilidade dos atos processuais defeituosos. (Grupo: Competência e
invalidades processuais).
Enunciado 372: (art. 4º) :O art. 4º tem aplicação em todas as fases e em todos
os tipos de procedimento, inclusive em incidentes processuais e na instância
recursal, impondo ao órgão jurisdicional viabilizar o saneamento de vícios
para examinar o mérito, sempre que seja possível a sua correção. (Grupo:
Normas fundamentais).
Enunciado 373: (arts. 4º e 6º): As partes devem cooperar entre si; devem
atuar com ética e lealdade, agindo de modo a evitar a ocorrência de vícios
que extingam o processo sem resolução do mérito e cumprindo com deveres
mútuos de esclarecimento e transparência. (Grupo: Normas fundamentais).
Enunciado 386: (art. 113, §1º; art. 4º): A limitação do litisconsórcio facultativo
multitudinário acarreta o desmembramento do processo. (Grupo:
Litisconsórcio e intervenção de terceiros).
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6 - CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA
Nelson Nery Junior, (2002, p. 172, apud Eduardo Arruda Alvim, 2015, p. 40), orienta-
nos afirmando que “se deve dar “conhecimento da existência da ação e de todos os
atos do processo às partes, e, de outro, a possibilidade de as partes reagirem aos
atos que lhes são desfavoráveis”.
Para Carnelutti o contraditório existe para garantir o interesse das partes, seja a
condenação ou a absolvição.
Convém partir do princípio de que cada uma das partes tem interesse em
que o processo conclua de modo determinado: o imputável tende a ser
absolvido; quem pretende ser credor aspira à condenação do devedor; e
este, por seu turno, a que seja absolvido. Portanto, é natural que a parte
ofereça ao juiz as provas e as razões que considere idôneas para determinar
a solução por ela desejada. Daí uma colaboração das partes com o Juiz, que
tem, entretanto o defeito de ser parcial: cada uma delas opera a fim de
descobrir não toda a verdade, mas aquele tanto da verdade que a ela é
conveniente”. (Canelutti, Francesco. Como se faz um processo. 2 ed. Belo
Horizonte: Lider, 2001. P.67)
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os litigantes terão de trazer toda a verdade ao processo e não somente parte desta
verdade, com o intuito de salvaguardar somente seus interesses pessoais.
“Artigo 5º:
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
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LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
Esses artigos e incisos nada mais são que a garantia do devido processo legal e
exercício pleno do contraditório, ou seja, a garantia do livre exercício da cidadania do
jurisdicionado.
O estudo proposto por Aarnio tem por objetivo a combinação de três pontos de vista
a chamada nova retórica, a linguística de Wittgenstein e o enfoque racionalista
representado por Jürgen Habermas. (1991, p.17).
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A exigência é que a decisão seja baseada no direito. Isto porque o objetivo ou o desejo
dos cidadãos é a certeza jurídica das decisões, em especial as dos casos complexos.
Assim, o direito é a base dotada de “autoridade”. Contudo, a base pode ser ambígua,
vaga podendo possuir inúmeras lacunas, segundo Aarnio, o interprete parece mover-
se em círculos “o direito vincula o intérprete, nem toda interpretação está de acordo
com o direito. Para o aclaramento dos conteúdos do direito requer uma eleição entre
as diferentes alternativas de interpretação”. Entretanto, este clareamento não é uma
questão simples e cartesiana. A ideia, ou ideal, de se encontrar uma fórmula precisa
que nos diga que se adotando este ou aquele procedimento o interprete chegará na
solução dos casos difíceis ou complexos.
Neste prisma o artigo 93, inciso IX determina que todos os julgamentos serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões. Logo o artigo 11 do novo Código
processual fez repetir o comando constitucional, acrescentando que se as decisões
não forem públicas e fundamentadas poderão ser consideradas nulas.
As decisões judiciais são forma de dar vida ao ordenamento, seu caráter satisfativo
ou não, determinará a conduta da sociedade, por esses motivos, embora a
Constituição de 1988 tenha trazido em seu bojo essa necessidade, a referência da
justificativa no Código de 2015, reforça a obrigação do prolator da sentença justificar
seu entendimento com maior rigor e teor.
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Da Constituição Federal nas palavras do Doutrinador Alexandre de Moraes, em sua
obra Direito Constitucional, 30ª Edição, 2014, Atlas S. A.:
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que se utilizou Hans Kelsen para descrever a estática e a dinâmica jurídicas
e, assim, a própria existência do direito, emerge, nítida, a supremacia
da Constituição como ponto de apoio e condição de validade de todas as
normas jurídicas, na medida em que é a partir dela, como dado de
realidade, que se desencadeia o processo de produção normativa, a
chamada nomogênese jurídica, que, em nosso direito positivo, por
exemplo, está disciplinada, sob o título do processo legislativo, nos
arts. 59 a 69 da Constituição de 1988.
Noutras palavras, pela própria localização na base pirâmide normativa, é
a Constituição a instância de transformação da normatividade, puramente
hipotética, da norma fundamental, em normatividade concreta, dos
preceitos do direito positivo – comandos postos em vigor – cuja forma de
conteúdo, por isso mesmo, subordinam-se aos ditames constitucionais. Daí
se falar em supremacia constitucional formal e material, no sentido de que
qualquer ato jurídico – seja ele normativo ou de efeito concreto -, para
ingressar ou permanecer validamente, no ordenamento, há se mostrar
conforme aos preceitos da Constituição” (Mendes, Gilmar Ferreira. Curso
de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Inocêncio Martires
Coelho, Paulo Coelho Gonet Branco – 4. Ed. Ver. E atual. – São Paulo:
Saraiva, 2009).
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Federal da República Federativa do Brasil, norma hierarquicamente superior às
demais, vigente desde 1988.
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o direito a um processo com etapas previstas em lei e garantias constitucionais,
sendo que, não observadas tais regras, o mesmo tornar-se-á nulo. De tal princípio
Constitucional e geral, irradiam outras diversas garantias processuais específicas,
entre elas as previstas no artigo em questão, como o Princípio da Inércia da
Jurisdição “O processo começa por iniciativa da parte” e o Princípio do Impulso
Oficial “e se desenvolve por impulso oficial”.
Em razão da proibição da auto tutela, tal princípio garante que o Estado preste ao
cidadão a tutela jurisdicional, fornecendo um instrumento capaz de solucionar os
conflitos e litígios em que o cidadão está envolvido.
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Previsto na Constituição Federal, o direito de ação é fundamental, ou seja, uma
garantia constitucional para o cidadão deduzir uma pretensão em juízo e, em virtude
desta pretensão, receber uma resposta satisfatória e justa, respeitando-se os
demais princípios constitucionais do processo.
O que não se pode negar é a existência da nova tendência pela solução do litígio
por autocomposição, evidenciando a política pública de tratamento adequado dos
conflitos que instituiu-se no Brasil há alguns anos.
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Assim, diante da previsão Constitucional da solução pacífica de conflitos, entende-
se que o Novo Código de Processo Civil, ainda que fora do interesse do legislador,
utilizou-se de Princípio de Direito Internacional ao definir, estruturar e estimular a
autocomposição com criação de regras específicas neste sentido, dedicando um
capítulo inteiro para regular a mediação e conciliação (formas de resolução de
conflito), definindo como Princípio Processual, nas palavras de Fredie Didier,
o Princípio do Estímulo da Solução por Autocomposição.
Artigo 5º:
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O artigo em questão nos traz de forma evidente a necessidade e obrigatoriedade da
boa-fé objetiva por parte dos litigantes em processos judiciais.
Artigo 6º:
Artigo 7º:
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“É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos
deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar
pelo efetivo contraditório.”
O artigo 7º do Código de Processo Civil vigente nos traz em seu texto, além do
Direito de Ação (garantia constitucional), o Princípio da Isonomia, previsto no
artigo 5º, caput da Constituição Federal de 1988, “É assegurada às partes paridade
de tratamento”. Bem como o Princípio do Contraditório e da Ampla
Defesa “competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”, previsto no artigo 5º, LV
da CFRB/88.
Artigo 8º:
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casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação.”
Artigo 9º:
“Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida.
Artigo 10º:
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“O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade
de se manifestar, ainda que se trate de matéria a qual deva decidir de ofício.”
Tal artigo também traz em seu texto o Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa,
previsto no artigo 5º, LV da Constituição federal da República Federativa do Brasil
de 1988.
Artigo 11º:
O artigo 11º do Código de Processo Civil vigente faz referência aos Princípios
Constitucionais da Publicidade, amplamente reconhecido pela Doutrina e
Jurisprudência, bem como o Princípio da Motivação das Decisões Judiciais,
ambos com previsão contida no artigo 93, IX da CF/88: “todos os julgamentos dos
órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob
pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o
interesse público à informação.”
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Referido artigo, nos traz diversos Princípios Constitucionais. No caput: “os juízes e
os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para
proferir sentença ou acórdão” e no Parágrafo Terceiro: “Após elaboração de lista
própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões entre as preferências
legais.”
Por fim, todo cidadão tem direito ao livre acesso ao judiciário, no novo Código de
Processo Civil brasileiro o artigo 3º recepcionou o comando constitucional ao dizer
que “não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito”.
Vimos que as fontes do direito que, com algumas exceções, coincidem com as fontes
exemplificadas nos artigos 4º e 5º da lei de introdução às normas do direito brasileiro:
“Art. 4º- Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.
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Art.5º- Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum”.
Para evitar injustiças, para evitar arbitrariedades, para a garantia da certeza jurídica.
A obtenção da justiça e de decisões imparciais é objetivo da limitação da
discricionariedade, contudo, não há uma fórmula cartesiana para se averiguar se a
sentença proferida seguiu os trâmites científicos pretendidos, não é possível dizer
que o julgador deverá seguir um modelo pronto para a tomada de decisões, estas são
ainda subjetivas, cada juiz julga conforme a sua consciência, sua percepção, sua
vivência, seus valores morais, etc. Imaginemos um sistema hipotético que no dia a
dia forense não é incomum verificar-se que decisões monocráticas ou mesmo
acórdãos são exaradas ora concedendo um direito x e ora negando o mesmo
direito x, como muitas vezes nos deparamos no nosso dia a dia, em nossos
escritórios, neste sistema hipotético não existe certeza de justiça.
A paz, que a certeza jurídica traz à sociedade, é substituída pelo caos. Assim, conclui-
se afirmando que a sociedade deve ao menos ter respeitado o direito de ter decisões
razoáveis e racionais. Racionalidade com a capacidade de pessoas diferentes
chegarem ao mesmo resultado em um determinado estudo ou caso.
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que fuja desse esquema será considerada falsa e irracional. (cf. CHAUÍ,
1999).
BIBLIOGRAFIA
ALVIM, Eduardo Arruda, TAMAY, Renata Faria, GRANADO, Daniel Willian. Processo
constitucional, São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2015.
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CHAUÍ, Marilena. Contingência e necessidade. In: A crise da razão. São Paulo:
Companhia das Letras, 1999, p. 19-26. Citada por TEIXEIRA, João Paulo Allain. Crise
moderna e racionalidade argumentativa no direito: o modelo de Aulis Aarnio. Brasília:
Revista de Informação Legislativa, a. 39 n. 154 abr./jun. 2002
DIDIER Jr., Fredie, Peixoto, Ravi. Novo código de processo civil: comparativo com o
código de 1973, Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.
Didier Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual
civil, parte geral e processo de conhecimento / Fredie Didier Jr. – 17. Ed. – Salvador:
Ed. Jus Podivm, 2015.
MARINONI, Luiz Guilerme. A ética dos precedentes – justificativa do novo CPC: São
Paulo: Revist do Tribunais, 2014.
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NUDLER, Oscar. Introducción. In: La racionalidad: su poder y sus límites. Buenos
Aires: Paidós, 1996, p. 13-28. Citado por TEIXEIRA, João Paulo Allain. Crise moderna
e racionalidade argumentativa no direito: o modelo de Aulis Aarnio. Brasília: Revista
de Informação Legislativa, a. 39 n. 154 abr./jun. 2002.
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