Você está na página 1de 43

NACIONALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS

Sumário
1-DIREITOS DE NACIONALIDADE ............................................................. 4
1.1- Nacionalidade Primária ou Originária ............................................... 6
1.1.1- Brasileiros Natos.............................................................................. 6
1.1.2-Nacionalidade Secundária ou Adquirida ............................................. 8
1.1.3-Naturalização Ordinária ...................................................................... 8
1.1.4-Naturalização Extraordinária ou Quinzenária...................................... 9
1.1.5- A “QUASE-NATURALIZAÇÃO” – EQUIPARAÇÃO ........................... 9
2-DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO ............ 10
2.1 –Hipóteses de Perda da Nacionalidade ............................................... 10
2.1.1- Idioma e Símbolos Nacionais........................................................... 11
3 - CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO NO BRASIL .................... 11
4 – DIREITOS POLÍTICOS ........................................................................ 14
5 - O SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO ............................................... 21
5.1 - Inelegibilidade .................................................................................... 23
6 - PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS ........................ 26
7 – PARTIDOS POLÍTICOS ....................................................................... 28
7.1 – Fontes ............................................................................................... 29
7.2 – Partidos Políticos .............................................................................. 30
7.3 - Personalidade Jurídica e Personalidade Eleitoral dos Partidos ......... 31
Políticos ..................................................................................................... 31
7.4 – Autonomia Partidária ......................................................................... 32
7.5 – Limitações ou Condicionamento aos Partidos Políticos .................... 33
7.6 – Prerrogativas Eleitorais ..................................................................... 34
7.7 – Filiação Partidária ............................................................................. 35
7.8 – Fidelidade Partidária ......................................................................... 36
7.9 – Panorama Atual Nacional Sobre os Partidos Políticos ...................... 37
7.10 - Estatística do TSE traz panorama da filiação partidária no Brasil .... 39
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 42

2
FACUMINAS

A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo


de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade
oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

3
1-DIREITOS DE NACIONALIDADE

O Estado possui poder geral e exclusivo sobre seu território, o que lhe permite exercer
autoridade sobre todas as pessoas que nele se encontram.

Entretanto, o poder estatal incide de maneira diferenciada sobre os seus indivíduos,


a depender da nacionalidade. Sobre os estrangeiros residentes, o Estado exerce um
poder territorial; sobre os nacionais, exerce poder pessoal.

O Estado tem em sua composição 3 elementos, a saber:

I. Povo;

II.Território;

III.Governo soberano.

O elemento povo é a dimensão pessoal do Estado, independentemente do local onde


residam.

4
Os arts. 12 e 13 da Constituição tratam dos direitos da nacionalidade. Mas o que vem
a ser nacionalidade? Em resumo, nacionalidade é o vínculo jurídico-político de uma
pessoa para com um determinado Estado, e é instituto decorrente da soberania.

Importante destacar que nacionalidade não se confunde com cidadania. Como se


observa:

Cidadania: Diferencia aqueles que estão em pleno gozo dos direitos políticos
daqueles que não tem ou estão privados de tais direitos.

Nacionalidade: Diferencia o nacional (que tem vínculo jurídico-político com


determinado Estado) do estrangeiro (não possui tal vínculo).

Nacionalidade também não se confunde com naturalidade. A naturalidade diz respeito


unicamente ao local em que a pessoa nasceu (quem nasce na cidade do Rio de
Janeiro é carioca) e não tem, necessariamente, ligação com a nacionalidade. É
possível, por exemplo, que um indivíduo nasça em Paris e tenha nacionalidade
brasileira.

Entretanto, existem pessoas que não possuem vínculo jurídico político com nenhum
Estado, e por isso são chamados de apátridas ou heimatlos, bem como pessoas que
possuem o referido vínculo com mais de um Estado, sendo chamados de polipátridas
(dupla nacionalidade).

Ao atribuir nacionalidade a determinada pessoa, o Estado lhe reconhece direitos e


deveres, bem como proteção além de suas fronteiras (é a razão de ser dos
consulados, que cuidam de nacionais no estrangeiro).

A nacionalidade pode ser primária (ou originária) e secundária (ou adquirida).

5
1.1- Nacionalidade Primária ou Originária

A nacionalidade originária pode decorrer da


consanguinidade (ius sanguinis), onde são
considerados nacionais os descendentes de
nacionais, ou do local de nascimento (ius solis).
O Brasil adota ambos os critérios, porém, de
forma combinada, por exemplo, com o critério
funcional.

A nacionalidade originária resulta de fato natural, ou seja, resulta do nascimento, e


é determinada pela hereditariedade (nacionalidade dos pais) ou pelo local de
nascimento.

1.1.1- Brasileiros Natos

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais


estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que


qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde


que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a
residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

6
Pelo art. 12, I, a, observa-se que o Brasil adotou como critério-base a territorialidade
(ius solis), pois considera brasileiro nato os nascidos na República Federativa do
Brasil (RFB), ainda que de pais estrangeiros, salvo se os mesmos (um ou ambos)
estiverem a serviço de seu país.

Ainda são considerados brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, filho de pai


brasileiro ou mãe brasileira (ius sanguinis), desde que qualquer deles esteja a serviço
da RFB. Neste caso, a Constituição adotou o critério do ius
sanguinis (hereditariedade) conjugado com o critério funcional (estar a serviço da
RFB).

A expressão “a serviço da República Federativa do Brasil” deve ser entendida


ampliativamente, compreendendo o serviço prestado à União, aos Estados, Distrito
Federal e Municípios, além dos entes da administração indireta, autarquias,
fundações públicas (de direito público e de direito privado), empresas públicas
e sociedades de economia mista.

Também são considerados brasileiros natos, os nascidos no estrangeiro, filho de pai


ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente
(embaixada/consulado), ou venham a residir no Brasil e optem, a qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

O constituinte originário mesclou o critério da consanguinidade com o registro no


órgão competente ou a fixação de residência no Brasil junto com a opção.

Se o nascido no estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileira não tiver sido registrado
perante o órgão competente, caso venha a residir no Brasil, ainda menor, o mesmo
passará a ser considerado brasileiro nato, e, após atingir a maioridade, poderá optar
pela nacionalidade brasileira. Atingida a maioridade e enquanto não for manifestada
a opção, esta passa a atuar como condição suspensiva da nacionalidade brasileira.
Nesse sentido, o Recurso Extraordinário 418.096.

7
1.1.2-Nacionalidade Secundária ou Adquirida

A nacionalidade secundária ou adquirida depende da manifestação de vontade do


indivíduo estrangeiro ou apátrida e da concessão do Estado, pois não existe a
naturalização tácita (ou automática), que somente se deu na Constituição de 1891 (a
“grande naturalização).

A naturalização, que é ato de manifestação de vontade, pode ser ordinária ou


extraordinária (quinzenária). Em qualquer caso, devem ser obedecidos os seguintes
critérios gerais:

 Requerimento ao Ministro da Justiça;


 Concessão pelo Poder Executivo, através de portaria do Ministro da
Justiça. A concessão é ato discricionário, mesmo quando preenchidos
os critérios legais.

1.1.3-Naturalização Ordinária

Art. 12, II,

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos


originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano
ininterrupto e idoneidade moral;

Note que a referida alínea prevê duas hipóteses de naturalização ordinária, a saber:

Apátridas: mesmo quando não fale a língua portuguesa (deverão preencher


os requisitos previstos no art. 112 do Estatuto do Estrangeiro – Lei 6.815/80).

Originários dos países de língua portuguesa: dos quais exige-se apenas 1


ano de residência ininterrupta no Brasil e idoneidade moral.

8
1.1.4-Naturalização Extraordinária ou Quinzenária

Art. 12, II,

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República


Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Os estrangeiros, de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil há mais de 15 anos


ininterruptos e sem condenação penal poderão se naturalizar brasileiros, desde que
requeiram a naturalização, tendo em vista que esta não pode se dar de forma tácita
ou automática.

1.1.5- A “QUASE-NATURALIZAÇÃO” – EQUIPARAÇÃO

Art. 12,

§ 1º. Aos portugueses com residência permanente no País, se houver


reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes
ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.

Os portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade em


favor de brasileiros residentes em Portugal, gozarão dos mesmos direitos de um
brasileiro naturalizado, mas sem se naturalizar. É apenas uma equiparação em
direitos.

Os portugueses podem requerer a naturalização ordinária, bastando residência por


um ano no Brasil e idoneidade moral. No entanto, podem ser equiparados em direitos
a um brasileiro naturalizado, sem que seja naturalizado, isto é, sem perder a
nacionalidade portuguesa.

9
2-DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO

Em regra, por questões de isonomia, não pode haver distinções entre brasileiros
natos e naturalizados. No entanto, a própria Constituição (e somente ela) poderá
estabelecer eventuais distinções, sendo vedada a criação de outras hipóteses através
de lei.

Atualmente, a Constituição Federal elenca quatro distinções entre brasileiros natos e


naturalizados, a saber:

 ocupação de cargos;

 participação no Conselho da República;

 propriedade de empresa jornalística;

 radiodifusão e extradição.

2.1 –Hipóteses de Perda da Nacionalidade

Cancelamento da naturalização: é possível perder a nacionalidade adquirida por meio


do cancelamento da naturalização, que deve se dar por meio de sentença judicial
transitada em julgado (não pode ser mera decisão administrativa), em virtude do
cometimento de atos nocivos aos interesses nacionais.

Mas o que seriam atos nocivos aos interesses nacionais? São exemplos de tais atos:
tráfico de drogas, de armas, atentados terroristas etc.

Aquisição de outra nacionalidade: em regra, ao adquirir outra nacionalidade, perde-


se a nacionalidade brasileira originária. Por exemplo, se um brasileiro nato se
naturalizar chinês, deixará de ser brasileiro nato, e será apenas chinês naturalizado.
No entanto, existem 2 exceções à referida regra, quais sejam:

10
2.1.1- Idioma e Símbolos Nacionais

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do


Brasil.

§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as


armas e o selo nacionais.

§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos


próprios.

3 - CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO NO BRASIL

Será considerado como estrangeiro o indivíduo que nasceu fora do território


nacional brasileiro desde que não tenha adquirido a nacionalidade brasileira da
forma como prevê a lei. Somente serão considerados nesse tópico os estrangeiros
que residem no Brasil.

O princípio fundamental que norteia a condição jurídica do estrangeiro no Brasil é


no sentido de que, todos os estrangeiros residentes no território brasileiro gozam
dos mesmos direitos e têm os mesmos deveres dos brasileiros. Essa paridade da
situação jurídica é quase total em relação à aquisição e gozo dos direitos civis.

Já os portugueses, como já mencionado são beneficiados desde que comprovem


sua residência fixa no Brasil e desde que o ordenamento jurídico português também
dispense tratamento recíproco aos brasileiros. Assim, o português será equiparado
ao brasileiro nato sem que seja preciso naturalizar-se brasileiro. Ou seja, todo aquilo
que for concedido ao brasileiro em solo português, será concedido ao português em
solo brasileiro. A concessão de tantos benefícios decorre do Estatuto de Igualdade
entre o Brasil e Portugal, no qual efetivam-se a igualdade de direitos, das obrigações

11
civis e dos direitos políticos. Uma reconhecida a igualdade plena o beneficiário
poderá votar, ser votado e admitido em serviço público.

A Constituição Federal brasileira fixa alguns limites ao estrangeiro, independente de


qual seja sua nacionalidade. Nessas hipóteses a previsão constitucional objetiva
resguardar os privilégios pertencentes somente aos brasileiros natos.

Todo estrangeiro pode adentrar no território brasileiro, desde que satisfaça alguns
requisitos previstos no Estatuto do Estrangeiro (Lei n.º 6.815/1980), também já
mencionado. Uma dessas condições diz respeito ao visto de entrada que,
independente da espécie, não cria direito subjetivo, somente expectativa de direito.

O estrangeiro poderá permanecer no Brasil, fixando-se por tempo indeterminado,


sem limitação. Para tanto deverá preencher todos os requisitos previstos
no Estatuto do Estrangeiro devendo ainda registrar-se no Ministério da Justiça. O
estrangeiro que permanecer no Brasil obterá a carteira de identidade de
estrangeiros.

Por derradeiro, o estrangeiro poderá deixar o território brasileiro com visto de saída.
Na condição de permanente, o estrangeiro poderá retirar-se do país sem visto de
saída e poderá retornar independentemente de visto de entrada, dentro de um prazo
de dois anos entre a saída e a entrada.

Os estrangeiros não adquirem direitos políticos, os quais somente serão concedidos


aos brasileiros natos ou naturalizados. Portanto, não são alistáveis, eleitores, não
podem votar nem serem votados e não podem ser membros de partidos políticos
(SILVA; 2015).

O asilo político é conceituado como o recebimento de estrangeiros no território


nacional brasileiro, a pedido do próprio estrangeiro, sem que seja necessário

12
preencher todos os requisitos de ingresso. A finalidade do asilo político é evitar uma
punição ou perseguição no país de origem do estrangeiro decorrentes da prática de
delitos de natureza política ou ideológica. A Constituição Federal brasileira prevê o
asilo político no artigo 4º, X.

A extradição pode ser conceituada como a entrega de um indivíduo por um país,


acusado de um delito ou já condenado como criminoso, à justiça de outro país que
o reclama e é competente para julgar e punir o indivíduo. A Constituição Federal cria
limitações à extradição e são elas: quando a pessoa tiver cometido crime político ou
de opinião, no caso do brasileiro nato que não será extraditado de forma absoluta e
no caso do brasileiro naturalizado exceto quando tiver cometido crime antes da
naturalização ou quando envolvido em tráfico de entorpecentes e drogas afins, como
já dito.

A expulsão consiste num modo coativo de retirar o estrangeiro do território nacional


por delito, infração ou atos que o tornem inconvenientes à nação, ao Estado e à
sociedade como um todo. Dessa forma, será passível de expulsão o estrangeiro que
atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou a
moralidade pública, a economia popular ou cujo procedimento se torne nocivo à
convivência e aos interesses nacionais. Não serão expulsos os estrangeiros
casados há mais de cinco anos com brasileiro e desde que não estejam separados
de fato ou de direito ou nos casos em que o estrangeiro tiver filho brasileiro que
comprovadamente esteja sob sua guarda, proteção e dele dependa
economicamente.

Quanto a deportação consiste na saída compulsória do estrangeiro do território


nacional. O fundamento da deportação consiste no fato de o estrangeiro entrar ou
permanecer irregularmente no território brasileiro. Portanto, decorre do não
preenchimento dos requisitos para entrar ou permanecer no Brasil.

13
Observando atentamente todos os movimentos imigratórios que têm ocorrido na
atualidade mister se faz entender a forma como a Ciência Jurídica encara
determinado tema. Conclui-se que todo o regramento atinente ao tema decorre de
dois corpos legislativos, a Constituição Federal de 1988 e a Lei n.º 6.815/1980, sem
deixar de mencionar, por mais óbvio que seja, a influência dos tratados, acordos e
pactos internacionais dos quais o Brasil seja signatário.

4 – DIREITOS POLÍTICOS

As normas insertas na Constituição Federal que dispõem sobre os direitos políticos


refletem a aplicabilidade do parágrafo único do artigo 1º, da Lei Maior: “Todo o poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos
termos desta Constituição”.
Inicialmente verifica-se, portanto, a forma ativa, em que o povo exerce o seu direito
ao voto e a passiva dos direitos políticos, que se refere aos direitos de ser votado
(condição de elegibilidade).

A constituição de 1988 trouxe uma estrutura diversa das constituições anteriores:

 dos princípios fundamentais;

14
 dos direitos e garantias fundamentais, alinhando uma perspectiva mais
moderna, abrangendo direitos individuais e coletivos, direitos sociais
dos trabalhadores, da nacionalidade, direitos políticos e dos partidos
políticos;

 da organização do Estado;

 da organização dos poderes: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder


Judiciário, sendo mantido o sistema presidencialista, e um capítulo de
funções essenciais à justiça com a previsão do Ministério Público,
advocacia pública (da União e dos Estados), advocacia privada e
Defensoria Pública;

 da defesa do Estado e das instituições democráticas;

 da tributação e orçamento;

 da ordem econômica e financeira;

 da ordem social;

 das disposições gerais, e ao final o Ato das Disposições Transitórias.

Os Direitos Políticos são tratados na Constituição de 1988 no capítulo IV, do título II,
referente aos direitos e garantias fundamentais.

E fato inédito foi a consolidação do o princípio da dignidade da pessoa humana e


exaltação da democracia, na medida em que foi incluído o direito ao voto dos
analfabetos.

15
Lembra-se que os termos “cidadania” e “direitos fundamentais” popularizaram-se em
nosso país com o final da ditadura militar e com a promulgação da Constituição
Federal de 1988.

Antônio Carlos Mendes afirma que o sufrágio:

Decorre do art. 14 e parágrafos da Constituição Federal de 1988 e tem o


seguinte conteúdo normativo que resulta da letra do preceito: (a) o sufrágio
é universal e o alistamento obrigatório, (b) o voto é direto, secreto, obrigatório
e igual para todos. Por outro lado, implicitamente, denota-se que o voto é,
também, pessoal.

José Afonso da Silva faz importante anotação sobre as expressões “sufrágio” e “voto”
em relação à Constituição de 1988:

as palavras sufrágio e voto são empregadas comumente como sinônimos. A


Constituição, no entanto, dá-lhes sentidos diferentes, especialmente, no seu
artigo 14, por onde se vê que o sufrágio é universal e o voto é direto e secreto
e tem valor igual. A palavra voto é empregada em outros dispositivos,
exprimindo a vontade num processo decisório. Escrutínio é outro termo com
que se confundem as palavras sufrágio e voto. É que os três se inserem no
processo de participação do povo no governo, expressando: um, o direito
(sufrágio), outro, o seu exercício (o voto), e o outro, o modo de exercício (o
escrutínio).

O voto é exercido de forma direta, e, na lição no Professor Alexandre de Moraes,


apresenta diversas características constitucionais, quais sejam, personalidade,
obrigatoriedade, liberdade, sigilosidade, igualdade e periodicidade.

Por seu turno, o voto é obrigatório para os cidadãos maiores de dezoito anos e
menores de setenta (idade a partir da qual o voto se torna facultativo). Também é
facultativo o alistamento eleitoral dos analfabetos.

A liberdade está presente no direito de escolher o representante conforme as


convicções do eleitor e pela faculdade de anular o voto.

16
Lembra-se que o artigo 60, § 4º da Constituição Federal prevê como cláusula pétrea
o voto direto, secreto, universal e periódico. Aliás, o voto periódico é garantia da
temporariedade dos mandatos, como fundamento da forma federativa de Estado e,
também, para garantir a efetividade da democracia representativa com períodos de
mandatos determinados.

Sobre este aspecto, a Emenda Constitucional 16 de 2007 permitiu a reeleição para


um único mandado subsequente. Esta permissão foi possível na medida em que a
cláusula pétrea é relativa ao voto periódico, mas não impede a reeleição.

A temporariedade (voto periódico) é parte integrante da noção de República.

Acolhe-se, portanto, a afirmação de Pinto Ferreira “A essência da República está no


voto direto, secreto, universal e periódico”.

Pode-se concluir que sem a transitoriedade não há República.

O art. 60, §4º, buscou, portanto, a petrificação dos reflexos Republicanos.

Sem adentrar no sentido gramatical do termo “periódico” fica, então, a indagação de


qual seria o seu alcance. Em outras palavras, qual seria a limitação implícita temporal
para a reforma da constituição no que se refere ao período dos mandatos?

Levando em consideração a existência de postulados constitucionais como


pressuposto hermenêutico Constitucional, pode-se ressaltar aqui o postulado da
harmonização, decorrente do postulado da unidade da Constituição.

A harmonização dá ao texto a mais ampla aplicação que ele exige. Assim, alternativa
não restou que não fosse buscar no próprio texto Constitucional o que ele define como
periódico.

De acordo com o método lógico-sistêmico, portanto, a prorrogação do período de


mandatos de ocupantes de cargos eletivos se choca com o próprio texto

17
Constitucional que prevê mandatos de quatro anos, com exceção para os senadores,
cujo mandato é de oito anos.

Dessa forma, adota-se aqui o princípio da periodicidade das eleições (temporariedade


dos mandatos populares) limitado pelo próprio texto Constitucional, qual seja, quatro
anos.

Lembra-se que antes da Emenda Constitucional de Revisão nº 5, de 07 de junho de


1994 o mandato para Presidente, que era de cinco anos, foi reduzido para quatro
anos.

Neste caso, acredita-se que foi admitida a reforma da constituição para reduzir o
período do mandato justamente para manter a harmonização do texto constitucional
e para garantir a maior efetividade ao pacto federativo.

Neste sentido, a limitação do poder de reforma deve ser compreendida dentro das
tradições de cada sistema histórico que, no caso da República Federativa do Brasil,
já admitiu a hipótese da reeleição.

Diante da indefinição do texto que trata das cláusulas pétreas, acerca da


periodicidade, se não considerar a unidade da Constituição, a prorrogação do período
de mandato de qualquer agente político poderia tornar-se precedente para a
prorrogação por meses ou anos.

Sobre alistamento eleitoral, cumpre ressaltar que a Constituição Federal dispõe que
não desfrutam do sufrágio:

(a)os inalistáveis, a teor do § 2º do art. 14 da Constituição Federal de 1988,


entendendo-se nessas condições os (b) estrangeiros e (c) os conscritos.
Também (d) os absolutamente incapazes, na acepção da lei civil, não são
alistáveis.

18
A elegibilidade está prevista no artigo 14, §3º da Constituição Federal, o qual prevê
as condições de elegibilidade, ou seja, as condições para que o cidadão exerça os
direitos políticos na modalidade passiva, a saber:

I – a nacionalidade brasileira;

II – o pleno exercício dos direitos políticos;

III – o alistamento eleitoral;

IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;

V – a filiação partidária;

VI – idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e


Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito


Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,


Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para vereador.

No mesmo sentido, somente possui a capacidade eleitoral passiva o candidato que


estiver em pleno gozo da capacidade eleitoral ativa, sendo pressuposto de
elegibilidade. Ademais, o §4º do art. 14 também retira a capacidade eleitoral passiva
dos analfabetos.

Não se olvide que a soberania popular exercida por meio do sufrágio será
concretizada mediante plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.

19
No que se refere à diferença entre plebiscito e referendo:

… concentra-se no momento de sua realização. Enquanto o plebiscito


configura consulta realizada aos cidadãos sobre matéria a ser
posteriormente discutida no âmbito do Congresso Nacional, o referendo é
uma consulta posterior sobre determinado ato ou decisão governamental,
seja para atribuir-lhe eficácia que ainda não foi reconhecida (condição
suspensiva), seja para retirar a eficácia que lhe foi posteriormente conferida
(condição resolutiva). (MENDES, Gilmar Ferreira, COELHO, Inocêncio
Martires, BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, op cit, p. 714.)

Já a iniciativa popular, prevista no art. 61, §2º, da Constituição Federal, poderá ser
exercida pela apresentação, perante a Câmara dos Deputados, de projeto de lei
subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído em pelo menos cinco
Estados, com no mínimo 2/10 por cento de cada um deles.

Esquematizando:

20
5 - O SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO

O conjunto de técnicas e procedimentos para a realização das eleições para a


designação de titulares de mandatos eletivos é chamado de sistema eleitoral.

O Direito Eleitoral é o conjunto de princípios e normas sobre o exercício dos direitos


políticos ativos (poder de votar) e passivos (poder de ser votado), o sistema eleitoral
brasileiro, o processo das eleições (desde a filiação partidária à diplomação dos
eleitos), a organização dos pleitos nos entes da Federação (União, Distrito Federal,
Estados e Municípios), a Justiça Eleitoral (organização, competência, composição,
processo civil, penal e administrativo) e os crimes de natureza eleitoral.

Segundo preceito constitucional, compete privativamente à União legislar sobre


direito eleitoral (art. 22, I).

A Lei Maior, porém, veda a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa à
“nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral” (art.
62, §1°, I a).

21
Os princípios e normas fundamentais relativos às matérias que compõem o Direito
Eleitoral têm assento constitucional: direitos políticos: (arts. 14 a 16); partidos políticos
(art. 17); eleições (arts. 27 a 29 e 32); sistema proporcional (art. 45); sistema
majoritário (arts. 46 e 77); justiça eleitoral (arts. 118 a 121).

As peculiaridades do sistema eleitoral constam do “Código Eleitoral”, que se trata da


Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 e nas seguintes legislações: Lei de
Inelegibilidades – Lei Complementar nº 64, de 18/05/1990, alterada pela Lei
Complementar nº 135, de 04/06/2010 (que é conhecida como “Lei da Ficha Limpa”);
Lei dos Partidos Políticos – Lei nº 9.096, de 19/09/1995; Lei das Eleições – Lei nº
9.504, de 30.09.1997; e as minirreformas eleitorais (a última de 2015 – Lei nº 13.165).

Nosso sistema consagra que o sistema eleitoral majoritário é utilizado para a eleição
do Presidente da República, Governadores e Prefeitos (de cidades com mais de
duzentos mil eleitores). Para ser eleito pelo sistema majoritário, o candidato deverá
obter 50% + 1 dos votos válidos (maioria absoluta) para que seja eleito em primeiro
turno. Caso isso não ocorra, será instaurado o segundo turno das eleições, no qual
disputarão os dois candidatos mais votados em primeiro turno, elegendo-se o
candidato que obtiver a maioria dos votos.

Quanto aos senadores, o sistema majoritário é por maioria relativa, pela qual “por
uma única eleição, se proclama o candidato que houver obtido a maioria simples ou
relativa”.

O sistema proporcional também foi adotado, tendo em vista a preocupação com as


minorias.

José Afonso da Silva afirma que:

a preocupação com a representação das minorias foi introduzindo


particularidades no sistema majoritário, especialmente combinando-o com
base territorial mais cada uma, vários candidatos. Daí é que se progrediu até
o sistema de representação ampla – circunscrições – em que se elegem, em

22
que se elegem, em proporcional, que, no entanto, só se aplica nas eleições
parlamentares.

A Constituição Federal definiu que as eleições dos deputados estaduais, federais,


bem como dos vereadores seriam realizadas através do critério proporcional,
conforme dispõe o art. 27, § 1º e 45. Foi o Código Eleitoral que trouxe as
particularidades desse sistema:

Art. 109 – Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes


partidários serão distribuídos mediante observância das seguintes regras:
(Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)

I – dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada Partido ou


coligação de Partidos pelo número de lugares por ele obtido, mais um,
cabendo ao Partido ou coligação que apresentar a maior média um dos
lugares a preencher; (Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)

II – repetir-se-á a operação para a distribuição de cada um dos


lugares. (Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)

§1º – O preenchimento dos Iugares com que cada Partido ou coligação for
contemplado far-se-á segundo a ordem de votação recebida pelos seus
candidatos. (Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985).

§ 2º – Só poderão concorrer à distribuição dos lugares os Partidos e


coligações que tiverem obtido quociente eleitoral. (Redação dada pela Lei nº
7.454, de 30.12.1985).

5.1 - Inelegibilidade

23
Ainda sobre as condições de acesso a cargos eletivos, é preciso lembrar que o tema
“inelegibilidade” é matéria afeta a muitas discussões, que merece estudo aprofundado
sobre o tema.

Neste momento discorrer-se-á sobre os aspectos gerais da matéria.

Antonio Carlos Mendes, de forma oportuna, faz a distinção entre inelegibilidades e


incompatibilidades, afirmando que na incompatibilidade o legislador buscou
assegurar ou regular o exercício da função, bem como garantir-lhe prestígio; a
inelegibilidade se refere à legitimidade e regularidade do ato eleitoral.

Além das hipóteses constitucionais, a Constituição Federal (§ 9º, do art. 14) deixou
para a Lei Complementar estabelecer os demais casos de inelegibilidade.

Enquanto a elegibilidade tem um significado positivo (direito de ser votado), a


inelegibilidade é o seu antônimo.

Numa relação simples, a inelegibilidade está para o voto assim como a


incompatibilidade está para o mandato. A inelegibilidade configura a existência de
proibição que impossibilita a candidatura e, sem dúvida, é uma restrição às
“liberdades públicas” e visa garantir a ordem jurídica, preservar a liberdade de voto,
a lisura e a legitimidade das eleições.

Pode-se afirmar que constituem inelegibilidades absolutas para todos os cargos os


inalistáveis e os analfabetos, conforme art. 14, §4º, da Constituição Federal.

Também são hipóteses constitucionais de inelegibilidade ter vínculos consanguíneos


com quem seja titular de determinados cargos, ou os haja exercido num determinado
período (artigo 14, § 7º – considerada relativa).

A Constituição Federal prevê, ainda, a inelegibilidade que garante a alternância de


poder. Cumpre transcrever os §§ 5º e 6º do art. 14, da Constituição Federal:

24
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos
mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.

§ 6º – Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os


Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar
aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

Conforme dispõe o art. 14, § 9º, da Constituição Federal, as inelegibilidades relativas


são disciplinadas pela Lei Complementar 64/90.

Lembra-se que, as novas dimensões das condições de acesso a cargos eletivos,


introduzidas pela Lei Complementar nº 135/10, evidenciam o avanço da moralidade
administrativa quando o que se está em discussão é a capacidade eleitoral passiva.

A maior parte das condições insertas no art. 1º, da Lei Complementar nº 64/90 tem
como fim a preservação da moralidade administrativa.

O fato é que, como consequência do regime democrático, o controle da moralidade


no exercício da função pública passou a ser cobrado pelo povo, titular da soberania.

25
6 - PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

Antes de tratar da perda e suspensão dos direitos políticos, é preciso lembrar que os
direitos fundamentais só protegem o seu titular quando este se move na seara dos
atos lícitos. Assim, se o direito define uma conduta como ilícita não se pode considerar
como justo o exercício de um direito fundamental que leve a essa conduta.

André Ramos Tavares afirma:

Não existe nenhum direito humano consagrado pelas Constituições que se


possa considerar absoluto, no sentido de sempre valer como máxima a ser
aplicada nos casos concretos, independentemente da consideração de
outras circunstâncias ou valores constitucionais. Nesse sentido, é correto
afirmar que os direitos fundamentais não são absolutos. Existe uma ampla
gama de hipóteses que acabam por restringir o alcance absoluto dos direitos
fundamentais. Assim, tem-se de considerar que os direitos humanos
consagrados e assegurados: 1º) não podem servir de escudo protetivo para
a prática de atividades ilícitas; 2º) não servem para respaldar
irresponsabilidade civil; 3º) não podem anular os demais direitos igualmente
consagrados pela Constituição; 4º) não podem anular igual direito das
demais pessoas, devendo ser aplicados harmonicamente no âmbito material.

Aplica-se, aqui, a máxima da cedência recíproca ou da relatividade, também


chamada ‘princípio da convivência das liberdades’, quando aplicada a
máxima ao campo dos direitos fundamentais.

Desta forma, embora os direitos políticos estejam constitucionalmente consagrados,


em determinadas hipóteses o brasileiro pode vir a ser privado dos mesmos,

26
temporária ou permanente (nesse último caso, estamos diante de perda dos direitos
políticos).

A perda ou suspensão dos direitos políticos indicam inidoneidade seja civil, penal ou
administrativa; as matérias encontram-se disciplinadas no art. 15, da Constituição
Federal.

A perda definitiva dos direitos políticos decorre do cancelamento da naturalização por


sentença transitada em julgado.

A suspensão ou privação temporária dos direitos políticos decorre:

a) da recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa,


nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal;
b) da incapacidade civil absoluta;
c) de condenação criminal transitada em julgado, enquanto perdurarem os
seus efeitos;
d) da Improbidade administrativa nos termos do artigo 37, §4º.

Djalma Pinto assevera que, o fato de alguém não se encontrar no exercício do


mandato, no momento em que a condenação transita em julgado, não o libera da
incidência da norma do inciso IV.

Estamos diante de restrições de direitos previstas na Constituição Federal que, na


verdade, não apontam as hipóteses de perda ou suspensão dos direitos políticos,
mas a sua natureza, forma e efeitos.

27
7 – PARTIDOS POLÍTICOS

Não obstante o tema referente aos Partidos Políticos seja, geralmente, abordado na
esfera do Direito Eleitoral, o que é totalmente compreensível em virtude da estreita
ligação com o aludido tema, o Direito Partidário, por vezes, é observado como ramo
independente dentro das ciências jurídicas. Sua independência, inclusive, é
reconhecida pela nossa Carta Magna de 1988, notadamente no art. 62, § 1º, alínea
a, onde há uma separação entre os Partidos Políticos e o Direito Eleitoral. Ademais,
é bem verdade que o estudo dos partidos, di per si, merece uma atenção específica,
sobretudo, pelo fato dos seus regramentos, institutos, princípios e regime jurídico
peculiares, consoante veremos.

Em que pese opinião doutrinária diversa, o estudo dos Partidos Políticos, denominado
de Direito Partidário pode ser conceituado como “o ramo do Direito Público, que

28
disciplina a formação e o desenvolvimento orgânico dos Partidos Políticos, bem como
as normas atinentes ao seu financiamento e às suas atividades de arregimentação”
(ALVIM, 2012).

O objeto, portanto, é dotar de contornos gerais a atividade dos Partidos Políticos;


agremiações que, embora livres, estão sujeitas a determinadas limitações,
constitucionalmente estabelecidas, em proveito da preservação do regime
democrático. Ademais, ressalte-se que tais limitações também visam suas próprias
garantias, através de normas que garantam acesso a recursos financeiros, bem como
possibilidade de propaganda gratuita nos meios de comunicação.

Em suma, podemos dizer que a importância do estudo dos partidos políticos está
intimamente ligada com a relevância das próprias atividades dos partidos, cuja
existência plural é reconhecida como fundamento da República Federativa conforme
o inciso V do art. 1º da nossa Constituição Federal de 1988.

7.1 – Fontes

Assim como o estudo das diversas áreas do Direito exigem o retorno aos seus
fundamentos, isto é, as suas fontes, para o estudo dos Partidos Políticos também é
de suma importância verificar tais raízes. Nesse sentido, principais fontes para o
exame das agremiações políticas são:

 Constituição Federal;
 Código Eleitoral (Lei 4.737 de 1965);
 Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei 9.096 de 1995);
 Lei das Eleições (Lei 9.504 de 1997);
 Resoluções do TSE, notadamente, a Res. TSE 21.841/04, que trata da
prestação anual de contas dos partidos;
 Consultas respondidas pelos tribunais eleitorais;
 Os estatutos dos Partidos Políticos;

29
 As decisões judiciais proferidas pelos órgãos da Justiça Eleitoral.

Dito isto, temos acima o arcabouço que norteia e perpassa por todas as
singularidades relevantes para o exame dos Partidos Políticos.

7.2 – Partidos Políticos

No dizer do jurista argentino Juan Fernando Armagnague, partido político nada mais
é senão uma associação de pessoas vinculadas por ideias e crenças comuns, em
torno de um programa, com a finalidade obter o poder mediante o sufrágio, para que
dito programa seja executado no governo.

Fávila Ribeiro, na mesma toada, aduz que

o partido político é um grupo social de relevante amplitude destinado à


arregimentação coletiva, em torno de ideias e de interesses, para levar seus
membros a compartilharem do poder decisório nas instâncias
governamentais.

Em outras palavras, o partido político é uma pessoa jurídica composta por um grupo
de pessoas ligadas pelo anseio comum de aceder ao poder.

Os partidos, dentro do cenário político, desempenham funções estruturais no que se


refere à representatividade democrática. Destarte, eles são indispensáveis para dar
coerência à vontade popular, realizar a educação cívica dos cidadãos, servir de elo
entre o governo e a opinião pública, selecionar aqueles que devem dirigir os destinos
do Estado, bem como projetar a política de governo e executá-la na prática
(LÓPEZ,1983).

A natureza jurídica dos Partidos Políticos antes da Constituição de 1988 era de


pessoa jurídica de direito público. Entrementes, com a promulgação da hodierna Lei
Maior, eles passaram a ser considerados pessoas de direito privado, que adquirem

30
personalidade jurídica na forma da lei civil consoante os termos dos art. 17, § 2º da
CF e art. 1º da Leis dos Partidos Políticos.

Como toda e qualquer associação civil, a personalidade jurídica é adquirida mediante


a inscrição dos atos constitutivos no cartório civil de registro de pessoas jurídicas.
Assim, uma vez efetuado o registro, o partido adquire personalidade jurídica e, em
seguida, deve providenciar o registro de seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral,
para poder usufruir das prerrogativas eleitorais que são próprias aos partidos.

Vale ressaltar, que o registro civil e o registro no TSE refletem diversos aspectos da
existência dos partidos, o primeiro refletindo a existência da agremiação partidária
enquanto pessoa jurídica, o segundo, por sua vez, enquanto pessoa eleitoral.

7.3 - Personalidade Jurídica e Personalidade Eleitoral dos Partidos


Políticos

A personalidade jurídica geralmente é definida como a aptidão para titularizar direitos


e contrair obrigações na ordem jurídica; no caso das pessoas jurídicas, a
personalidade surge com a inscrição de atos constitutivos em um cartório de registro
civil.

Já a personalidade eleitoral, por seu turno, deve ser entendida como aptidão para
contrair direitos e obrigações de natureza eleitoral, tais como, o direito de acesso
gratuito ao rádio e à televisão e a obrigação de prestar contas de sua movimentação
financeira à justiça eleitoral.

O artigo 8º da Lei dos Partidos Políticos estatui que o registro civil de uma agremiação
dessa natureza deve ocorrer em cartório localizado na capital federal, no qual também
deverá ser apresentada toda a documentação necessária, que inclui, entre outros
documentos: a ata da reunião de fundação da entidade subscrita pelos fundadores

31
em número não inferior a 101, com domicílio eleitoral em, no mínimo, um terço dos
Estados da Federação.

As benesses de ordem eleitoral só serão acessíveis após o registro no TSE, ato pelo
qual é conferida a pessoa jurídica a personalidade eleitoral. Somente a partir desta
etapa, portanto, é que a agremiação usufruirá dos direitos consequentes desse status,
como o recebimento de recursos do fundo partidário e, conforme já citado, acesso
gratuito ao rádio e à televisão. Ademais, somente a partir do referido registro é que o
partido terá assegurado a exclusividade da denominação, símbolos partidários e sigla
além de ser vedada a utilização, por outros partidos, de variações que venham a
induzir a erro ou confusão (art. 7º, § 3º da LPP).

Todavia, a lei impõe alguns requisitos para que o partido possa receber sua
personalidade eleitoral. Destarte, só é admitido o registro do estatuto de partido
político que tenha caráter nacional, considerando-se como tal aquele que comprove,
no período de dois anos, o apoiamento de eleitores não filiados a partido político,
correspondente a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos por cento) dos votos dados na
última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos em
branco e os nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo
de 0,1% (um décimo por cento) do eleitorado que haja votado em cada um deles (art.
7º, § 1º da LPP). O pedido de registro no TSE também deve ser instruído com os
documentos mencionados no art. 9º da LPP.

7.4 – Autonomia Partidária

Os partidos possuem a prerrogativa de se organizarem. É neste diapasão que as


referidas organizações possuem seus programas e estatutos. Por meio do programa,
o partido estabelece seus objetivos político-ideológicos; ao passo que pelo estatuto
se estabelecem a estrutura interna, organização e o funcionamento do partido.

32
A autonomia partidária decorre, portanto, do fato da agremiação ser uma associação.
Sendo assim, não poderá ser objeto de ingerências estatais, arbitrárias e indevidas
em seu espectro interno, visto que a liberdade de associação é uma típica liberdade
negativa, isto é, exercida "contra o Estado".

A nossa Carta Magna assegura categoricamente a livre criação, fusão e incorporação


de partidos, ainda conferindo a eles autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento, bem como o regime de suas respectivas coligações
eleitorais.

7.5 – Limitações ou Condicionamento aos Partidos Políticos

A soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos


fundamentais da pessoa humana entre outros preceitos insculpidos no artigo 17 do
Texto Maior, não podem ser violados pelos partidos políticos. Deste modo, se algum
partido tiver no seu estatuto ou programa, qualquer disposição que atente contra os
valores supracitados, seu registro não será admitido.

Ressalte-se que o partido político deve ter caráter nacional, ou seja, não pode estar
subordinado ou receber recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiro,
deve prestar contas à justiça eleitoral e dever seu funcionamento parlamentar em
consonância com o que a lei prescreve.

No que se refere à prestação de contas, esta deve ser encaminhada anualmente à


justiça eleitoral, mais precisamente até o dia 30 de abril no ano subsequente, sendo
o balanço do órgão nacional encaminhado ao TSE, o dos órgãos estaduais aos TRE’s
e dos órgãos municipais aos juízes eleitorais.

Outra limitação aos partidos, conforme o art. 6º, é o fato de ser vedado ao partido
político ministrar instrução militar ou paramilitar, utilizar-se de organização da mesma
natureza e adotar uniforme para seus membros. Já outra imposição, mas positiva,

33
ordena aos partidos que estabeleçam em seus estatutos: normas de disciplina e
fidelidade partidária (art. 17, § 1ºda CF).

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura


interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus
órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas
eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais,
sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 97, de 2017).

Vale dizer que tais limites e imposições não devem ser compreendidos como
restrições indevidas na autonomia dos partidos, mas sim como parâmetros ao
funcionamento das agremiações partidárias. Por isso, o constituinte entendeu serem
razoáveis tais normas.

7.6 – Prerrogativas Eleitorais

Os partidos, após todo o percurso para registro no TSE, passam a usufruir


prerrogativas eleitorais conferidas pela ordem jurídica através de direitos de ordem
eleitoral. Neste sentido, esses direitos se iniciam pela percepção de verbas do fundo
partidário e o acesso gratuito ao rádio e à televisão.

O fundo partidário é um fundo constituído por recursos provenientes de multas e


penalidades pecuniárias, doações de pessoas física ou jurídica, dotações
orçamentárias da União e outros recursos financeiros que lhe forem destinados por
lei.

34
No que tange ao acesso gratuito ao rádio e à televisão, este abrange a realização
tanto da propaganda partidária quanto da propaganda eleitoral, sendo que as
emissoras de rádio e tv possuem direito à compensação fiscal pela cedência do
horário gratuito.

Os partidos políticos devidamente registrados ainda podem utilizar gratuitamente


escolas públicas ou casas legislativas para a realização de suas reuniões ou
convenções, responsabilizando-se, contudo, pelos danos eventualmente causados
em virtude da realização do evento. Para a convenção de escolhas dos candidatos à
disputa eleitoral, as agremiações também podem utilizar gratuitamente outros prédios
públicos.

7.7 – Filiação Partidária

A filiação partidária é o ato pelo qual um eleitor aceita, adota o programa e passa a
integrar um partido político. Esse vínculo que se estabelece entre o cidadão e o
partido é condição de elegibilidade, conforme disposto no art. 14, § 3º, V, da
Constituição Federal.

Nos termos do art. 16 da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096, de 19 de setembro
de 1995), só pode filiar-se a partido o eleitor que estiver no pleno gozo de seus direitos
políticos. Assim, para concorrer a cargo eletivo, o eleitor deve estar filiado ao partido
há pelo menos seis meses antes da data fixada para as eleições, conforme dispõe o
art. 9º da Lei nº 9.504/1997, com a redação dada pela Lei nº 13.165/2015.

As informações sobre relações oficiais de filiados a partidos políticos podem ser


obtidas no site do TSE, assim como a emissão de certidão de filiação partidária.

E de acordo com o art. 7º da Res.-TSE nº 23.117/2009 e o art. 3° do Provimento-CGE


n°2/2010, alterado pelo Provimento-CGE n° 5/2010, os partidos podem cadastrar
seus representantes para utilização de ferramenta própria da Justiça Eleitoral

35
(Filiaweb) com o objetivo de gerenciar suas relações de filiados (inclusões, alterações
e exclusões de registros de filiações).

Entretanto, ao contrário do ato de filiação, que é feito por intermédio do partido, o


desligamento do filiado pode ser feito diretamente pelo eleitor. Para desligar-se do
partido, o filiado deve comunicar não apenas o Juiz Eleitoral da Zona em que é
inscrito, mas também o órgão de direção municipal do partido abandonado. A
jurisprudência, contudo, tem entendido que, na impossibilidade de comunicação do
órgão municipal, pode o filiado realizar a comunicação aos órgãos estadual ou
nacional. Na esteira do artigo 21 da LPP, decorridos dois dias de entrega da referida
comunicação, ainda que o Juiz Eleitoral não tenha se manifestado, o vínculo com o
partido torna-se extinto, para todos os efeitos.

Há de se ressaltar que a LPP também prevê hipóteses de cancelamento automático


da filiação partidária, o que ocorre nos seguintes casos:

 morte;

 perda dos direitos políticos;

 expulsão;

 outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido


no prazo de 48 horas da decisão (art. 22 da LPP).

 filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao juiz da


respectiva Zona Eleitoral.

7.8 – Fidelidade Partidária

A infidelidade partidária se dá quando os detentores de cargos eletivos se desfiliam


do partido que foram eleitos sem justa causa, o que ocasiona a perda do mandato.

36
O art. 22-A da Lei 9.096, de 19/09/1995, que foi acrescentado pela Reforma Eleitoral
de 2015, especifica os três casos considerados como justa causa para desfiliação
partidária sem a perda de mandato, quais sejam:

 mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;


 grave discriminação política pessoal;
 mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que
antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição,
majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente.
Quando um candidato diplomado realiza a desfiliação partidária sem justa causa, o
partido pode solicitar à Justiça Eleitoral o decreto da perda do cargo por infidelidade
partidária. Se o pedido não for feito pelo partido em até 30 (trinta) dias a contar da
data de desfiliação, é possível fazê-lo em nome próprio, quem tiver interesse jurídico
ou o Ministério Público Eleitoral, nos próximos 30 (trinta) dias.

Se a infidelidade partidária for julgada e comprovada, o tribunal ordenará a perda do


cargo e o empossamento do suplente ou vice, dependendo do caso, em um prazo de
10 (dez) dias.

7.9 – Panorama Atual Nacional Sobre os Partidos Políticos

No cenário político atual há alguns fatos e curiosidades que merecem ser abordados
a fim de compreendermos a conjuntura atual do nosso país no tocante aos partidos
políticos.

A polêmica criação do Partido da Mulher Brasileira – PMB, por exemplo, foi algo que
chamou atenção pelo fato de a referida agremiação haver forte presença masculina
em detrimento do número de mulheres, o que ante o próprio nome do partido gerou
uma grande contradição.

37
Outro fato que merece atenção foi à criação do partido Rede Sustentabilidade,
conhecido como partido da Marina Silva, que em 2013 teve seu registro negado pelo
TSE, só vindo a lograr êxito tempos depois, quando sanadas as deficiências
apontadas e comprovado o alcance do número mínimo de apoiadores.

Outra questão que é abordada via de regra no âmbito eleitoral, e vem recebendo
várias críticas, é pelo pluripartidarismo vigente ter proporcionado condições que
fizeram com que hoje haja 35 partidos e, a título de exemplo, de 2005 a 2015 foram
criados 11 partidos, ou seja, uma média de um partido por ano. Para muitos essa é
uma sequência preocupante.

E a lista ainda é crescente. Segundo o TSE, atualmente 22 partidos ainda estão em


fase de formação, dentre os quais podemos citar: PSPB – Partido dos Servidores
Públicos e dos Trabalhadores na Iniciativa Privada do Brasil; PACO – Partido
Conservador; PCS – Partido Carismático Social; PATRI – Patriotas; RNV – Renovar,
entre outros.

Diferente dos modelos de partidarismo mais regrados e fechados, o Brasil encontra-


se hoje com a necessidade de estabelecimento de cláusulas de barreira, conforme o
Senado Federal, tais cláusulas são:

Normas que impedem ou restringem o funcionamento parlamentar ao partido


que não alcançar determinado percentual de votos. O dispositivo foi aprovado
pelo Congresso em 1995 para ter validade nas eleições de 2006, mas foi
considerado inconstitucional pela unanimidade dos ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF), sob o argumento de que prejudicaria os pequenos
partidos. A regra determinava que os partidos com menos de 5% dos votos
nacionais não teriam direito a representação partidária e não poderiam indicar
titulares para as comissões, incluindo CPIs (Comissões Parlamentares de
Inquérito). Também não teriam direito à liderança ou cargos na Mesa Diretora.
Além dessas restrições, perderiam recursos do fundo partidário e ficariam

38
com tempo restrito de propaganda eleitoral em rede nacional de rádio e de
TV.

Consoante Marcos Santos, o estabelecimento dessas cláusulas leva à consolidação


de partidos sólidos e com identidade precisa, partidos compostos por políticos com
ideologia e propostas uniformes e não meros estatutos.

7.10 - Estatística do TSE traz panorama da filiação partidária no


Brasil

O Brasil tem 16.878.090 eleitores filiados a partidos políticos. Entre as 33 legendas


registradas hoje no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Movimento Democrático
Brasileiro (MDB) continua sendo a maior do país, com 2.392.404 membros. Já o
Partido da Causa Operária (PCO) é a menor agremiação política brasileira, com 3.693
membros.

Esses e outros dados estão disponíveis na seção de Filiação Partidária do Portal do


TSE. Com alguns cliques, o usuário pode consultar números atualizados e filtrar as
informações por sexo, faixa etária, escolaridade e abrangência (nacional, regional,
estadual e municipal).

Estatísticas gerais:

Dos 16.878.090 eleitores com filiação partidária, 9.352.840 são do sexo masculino,
7.474.320 do sexo feminino e 14.405 não informaram. Justificando a sigla, o Partido
da Mulher Brasileira (PMB) é a única legenda na qual o número de mulheres filiadas
(23.603) supera o de homens (19.134).

Além do MDB, apenas outros seis partidos políticos registrados na Justiça Eleitoral
contam com mais de 1 milhão de filiados: Partido dos Trabalhadores (PT), com
1.599.174 membros; Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com 1.466.963;

39
Progressistas (PP), com 1.444.951; Partido Democrático Trabalhista (PDT), com
1.258.176; Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com 1.191.273; e Democratas (DEM),
com 1.095.666.

Dos sete maiores partidos brasileiros, apenas DEM e PDT não têm o estado de São
Paulo como seu principal reduto de eleitores. O maior número de filiados ao DEM está
em Minas Gerais, que concentra 143.813 membros. O Rio Grande do Sul é o maior
reduto eleitoral do PDT, com 263.709 filiados. O Partido Social Liberal (PSL) conta
com 271.701 filiados, sendo 47.940 deles no estado de São Paulo.

O ranking dos seis menores partidos políticos do Brasil é formado por Partido
Comunista Brasileiro (PCB), com 14.631 filiados; Partido Socialista dos
Trabalhadores Unificado (PSTU), com 17.004; Rede Sustentabilidade (Rede), com
23.499; e Partido Novo (Novo), com 33.892. O PCO é o único partido brasileiro com
menos de 10 mil filiados.

Esses números foram contabilizados a partir das listas de filiados entregues pelos
partidos políticos até o dia 14 de abril de 2019.

Ante todo o exposto, fica evidenciado a grande relevância do estudo dos partidos
políticos, notadamente, pelo fato destas agremiações executarem funções
indispensáveis no Estado Democrático Direito. Neste diapasão, os partidos são
fundamentais para nosso país, uma vez que através do sufrágio universal o cidadão
consegue votar, e, por conseguinte, os partidos políticos fazem o elo entre os
candidatos (futuros representantes) e os eleitores. Os partidos políticos são, portanto,
instituições caras à democracia, porquanto são os veículos desta.

Consoante foi exposto no presente estudo, são várias peculiaridades que permeiam
as relações entre os partidos e a ordem jurídica vigente; assim, estes possuem
diversas formas de se relacionarem, seja no âmbito civil, interno, eleitoral, judicial,
bem como com o cidadão enquanto indivíduo.

40
Inobstante a grande relevância do sistema eleitoral-partidário vigente, é plenamente
aceitável as críticas que esse sistema recebe hoje. Conforme foi abordado, é
importante que haja uma Reforma Eleitoral a fim de consolidar um sistema mais
robusto e que, de fato, represente a pluralidade da nação, mas que, por óbvio, não
exerça ingerências em outros valores constitucionais importantes como o direito de
livre associação.

Portanto, o pluralismo político e o pluripartidarismo são princípios constitucionais,


contudo, critérios devem ser definidos, objetivando a concretização da vontade
constitucional, porquanto os partidos devem prestar um serviço à democracia e
funcionar, efetivamente, como veículos a serviço do Estado Democrático de Direito e
da cidadania.

41
BIBLIOGRAFIA

AGUIAR, Darlan Gomes de; LIMA, Ricardo Estrela. As coligações, os partidos


políticos e a infidelidade partidária sob a égide da CF/88 e leis infraconstitucionais em
confronto com a Resolução do TSE nº 22610 aplicadas às eleições proporcionais.

ALMEIDA, Roberto Moreira de. Curso de Direito Eleitoral. 4. ed. Salvador:


JusPodivm, 2010.

ALVIM, Frederico Franco. Direito Eleitoral e Partidário. Leme: Edijur, 2012.


(Sinopses Jurídicas).

ARMAGNAGUE, Juan Fernando. Derecho Electoral y Parlamentario Argentino y


Latinoamericano. Buenos Aires: Lerner Editora S. R. L., 2010.

BARRETO, Rafael. Direito Eleitoral. São Paulo: Saraiva, 2012. (Saberes do Direito).

BASILIO, Felipe. Partidos, Representação e Reforma política. Acesso em 30 mar.


2017

BONAVIDES, Paulo. MIRANDA, Jorge. AGRA, Walber de Moura. Comentários à


Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro (RJ): Forense, 2009.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 28.ed.,


rev., ampl. e atual. São Paulo (SP): Atlas, 2015.

CASTRO, Edson de Resende. Teoria e prática do direito eleitoral. 9. ed. Belo


Horizonte: Del Rey, 2015.

42
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 6.ed., rev., atual. e
ampl. Salvador (BA): Juspodivm, 2012.

GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16.ed., rev., atual. e ampl.


São Paulo (SP): Saraiva, 2012.

MACIEL, Eliane Cruxên Barros de Almeida. Fidelidade Partidária: um panorama


institucional. Consultoria Legislativa do Senado Federal, Brasília, 2004

MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito


Constitucional. 7.ed., rev. e atual. São Paulo (SP): Saraiva, 2012.

MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. 7.ed., São Paulo
(SP): Atlas, 2015.

PAULO, Vicente. Alexandrino, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado.


14.ed., Rio de Janeiro (RJ): Método, 2015.

RIBEIRO, Fávila. Direito Eleitoral. 5ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

SANTOS, Marcone. Todos os gostos: como nasce um partido político no modelo


brasileiro aberto. Visão Jurídica, São Paulo, v. 121, p.56-59, set. 2016. Mensal.

43

Você também pode gostar