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Disciplina: Nacionalidade Professor: França Data: 04/05/2015 (manhã e noite)

CAPÍTULO III para permanência em seu território ou para o exercício de di-


reitos civis;
DA NACIONALIDADE
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe-
Art. 12. São brasileiros: derativa do Brasil.
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de § 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a ban-
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de deira, o hino, as armas e o selo nacionais.
seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasi- § 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
leira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República ter símbolos próprios.
Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra- Conhecimento Doutrinário
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira 1.Introdução
competente ou venham a residir na República Federativa do
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a mai- 1. Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de direito público
oridade, pela nacionalidade brasileira; interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da
dimensão do Estado.
II - naturalizados:
Cada Estado é livre para dizer quais são os seus nacionais. Se-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
rão nacionais de um Estado, portanto, aqueles que o seu Di-
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
reito definir como tais;' os demais serão estrangeiros: todos
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
aqueles que não são tidos por nacionais em um determinado
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
Estado são, perante ele, estrangeiros.
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininter-
ruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a naci- 2. Nação é o agrupamento humano cujos membros, fixados
onalidade brasileira. num território, são ligados por laços históricos, culturais,
econômicos e linguísticos; o fato de possuírem as mesmas tra-
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se dições e costumes, bem como a consciência coletiva dão os
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos contornos ao conceito de nação.
os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos
3. Povo é o conjunto de pessoas que fazem parte de um Es-
nesta Constituição
tado, é o elemento humano do Estado, ligado a este pelo vín-
culo da nacionalidade.
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Consti- 4. População é conceito meramente demográfico, mais amplo
tuição. que o conceito de povo, utilizado para designar o conjunto de
residentes de um território, quer sejam nacionais, quer sejam
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: estrangeiros.
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
5. Nacionais são todos aqueles que o Direito de um Estado de-
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
fine como tais; são todos aqueles que se encontram presos ao
III - de Presidente do Senado Federal;
Estado por um vínculo jurídico que os qualifica como seus in-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
tegrantes.
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas. 6. Cidadão é conceito restrito, para designar os nacionais (na-
VII - de Ministro de Estado da Defesa tos ou naturalizados) no gozo dos direitos políticos e partici-
pantes da vida do Estado.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
7. Estrangeiros são todos aqueles que não são tidos por naci-
que:
onais, em relação a um determinado Estado, isto é, as pessoas
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
a que o Direito do Estado não atribuiu a qualidade de nacio-
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
nais.
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es- 8. Polipátrida é aquele que possui mais de uma nacionalidade,
trangeira; em razão de o seu nascimento o enquadrar em distintas regras
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao de aquisição de nacionalidade. Dois ou mais Estados reconhe-
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição cem uma determinada pessoa como seu nacional, dando ori-
gem à multinacionalidade. Essa situação ocorre, por exemplo,

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com os filhos oriundos de Estado que adota o critério ius san- A Constituição Federal de 1988 adotou, como regra, o critério
guinis (nacionalidade determinada pela ascendência), quando ius solis, admitindo, porém, ligeiras atenuações. Portanto, no
nascem em um Estado que acolhe o critério ius solis naciona- Brasil, não só o critério ius solis determina a nacionalidade;
lidade determinada pelo local do nascimento). existem situações de preponderância do critério ius sanguinis
Situação de polipátrida ocorre com os filhos de italianos nasci-
4. Brasileiros natos (aquisição originária)
dos no Brasil. Como o Brasil adota o critério do ius solis, os fi-
lhos de italianos aqui nascidos, desde que seus pais não este- São brasileiros natos:
jam a serviço da Itália, adquirirão, de pronto, necessária e au- a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que
tomaticamente, a nacionalidade brasileira. Como a Itália adota de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a ser-
o critério ius sanguinis, os filhos de italianos, nascidos onde viço de seu país;
quer que seja, são, para aquele país, italianos. Logo, os filhos
de italianos nascidos no Brasil adquirem, por força da legisla- Nessa hipótese, adotou a Constituição o critério ius solis (ori-
ção italiana, dupla nacionalidade. gem territorial), considerando nato aquele nascido no territó-
9.Apátrida ("sem pátria" ou heimatlos) é aquele que, dada a rio brasileiro, independentemente da nacionalidade dos as-
circunstância de seu nascimento, não adquire nacionalidade, cendentes.
por não se enquadrar em nenhum critério estatal que lhe atri- A Constituição, porém, estabelece uma exceção ao critério ius
bua nacionalidade. solis, excluindo da nacionalidade brasileira os filhos de pais es-
trangeiros que estejam a serviço de seu país.
É o que ocorre, em princípio, com um filho de brasileiro nas-
cido na Itália; se seus pais não estiverem a serviço do Brasil. São dois, portanto, os requisitos para o afastamento do crité-
Não será ele italiano, porque a Itália adota o critério ius san- rio ius solis:
guinis, segundo o qual somente será italiano o descendente de • ambos os pais estrangeiros; e
italiano. Por outro lado, não será brasileiro, porque, como o • pelo menos um deles estar a serviço de seu país de
Brasil adota o critério ius solis, ninguém será considerado au-
origem (se aqui estiverem a passeio, ou a serviço de
tomaticamente brasileiro pelo simples fato de ter pais brasilei- empresa privada, ou de outro país que não o seu de
ros, se nascido em outro Estado. origem, o filho aqui nascido será brasileiro nato).
2. Espécies de nacionalidade
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
A nacionalidade pode ser primária (de origem ou originária) brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
ou secundária (adquirida). República Federativa do Brasil;

A nacionalidade primária resulta de fato natural (nascimento), Nessa hipótese, o legislador constituinte adotou o critério ius
a partir do qual, de acordo com os critérios adotados pelo Es- sanguinis, combinado com um requisito adicional, qual seja, a
tado (sanguíneos ou territoriais), será estabelecida. Cuida-se necessidade de que o pai ou a mãe brasileiros (ou ambos, evi-
de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do sim- dentemente), natos ou naturalizados, estejam a serviço da Re-
ples nascimento· ligado a um critério estabelecido pelo Estado. pública Federativa do Brasil (critério funcional).
A nacionalidade secundária é a que se adquire por ato volitivo, São dois, portanto, os requisitos:
depois do nascimento (em regra, pela naturalização). Cuida-se • ser filho de pai brasileiro ou mãe brasileira;
de aquisição voluntária de nacionalidade, resultante da mani-
• o pai ou a mãe (ou ambos) devem estar a serviço da
festação de um ato de vontade.
República Federativa do Brasil, abrangendo qual-
quer serviço público prestado pelos órgãos e enti-
3. Critérios de atribuição de nacionalidade
dades da Administração Direta ou Indireta da
São dois os critérios para a atribuição da nacionalidade primá- União, dos estados, do Distrito Federal ou dos mu-
ria, ambos partindo do nascimento da pessoa: o de origem nicípios.
sanguínea - ius sanguinis - e o de origem territorial - ius solis.
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
O critério ius sanguinis funda-se no vínculo do sangue, se-
mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti-
gundo o qual será nacional todo aquele que for filho de nacio-
ção brasileira competente ou venham a residir na Repú-
nais, independentemente do local de nascimento.
blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
O critério ius solis atribui a nacionalidade a quem nasce no ter- depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra-
ritório do Estado que o adota, independentemente da nacio- sileira. (Emenda Constitucional n.º54 de 20.09.2007).
nalidade dos ascendentes.

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Dessa forma pode ocorrer a aquisição da nacionalidade brasi- tade, tem caráter personalíssimo. Exige-se, então, que o op-
leira aos filhos de brasileiros que estejam no exterior e não es- tante tenha capacidade plena para manifestar a sua vontade,
tejam a serviço do Brasil, pelo registro em repartição brasileira capacidade que se adquire com a maioridade. Logo, conforme
competente, considerando brasileiros natos "os nascidos no já deixou assente o Supremo Tribunal Federal, no caso de o
estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira,
sejam registrados em repartição brasileira competente ou ve- vir a residir no Brasil, ainda menor, passa, desde logo, a ser
nham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em considerado brasileiro nato, mas estará sujeita essa nacionali-
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacio- dade à ulterior manifestação da vontade do interessado, me-
nalidade brasileira" (art. 12, I,). diante a opção, depois de atingida a maioridade. Atingida a
maioridade, enquanto não manifestada a opção, esta
Percebe-se que há duas possibilidades distintas de aquisição
passa a constituir-se em condição suspensiva da nacionalidade
de nacionalidade com base nesse art. 12, I, "c", da Constitui-
brasileira. No entanto, o menor, nascido no estrangeiro, de pai
ção, em sua redação atual (assim como havia pela redação ori-
brasileiro ou de mãe brasileira, que venha residir no Brasil
ginária): (a) registro em repartição brasileira; e (b) vir o nascido
ainda menor, será, durante a menoridade, considerado brasi-
no estrangeiro residir no Brasil e optar, quando atingida a mai-
leiro nato, sem restrições, porque ele, enquanto for menor,
oridade.
não tem como efetuar a opção. Assim que ele atingir a maiori-
A segunda possibilidade é hipótese de nacionalidade originá- dade, passa a estar suspensa a sua condição de brasileiro nato,
ria potestativa, uma vez que, manifestada a opção, não se ou seja, a partir da data em que atingiu a maioridade, en-
pode recusar o reconhecimento da nacionalidade ao interes- quanto ele não manifestar a sua vontade, não será conside-
sado. É ato que depende exclusivamente da vontade do inte- rado brasileiro nato.
ressado.
Anote-se que ambas as possibilidades são fundadas no critério S. Brasileiros naturalizados (aquisição secundária)
ius sanguinis, exigindo-se, porém, alternativamente: A Constituição Federal prevê a aquisição da nacionalidade se-
a) o registro em repartição brasileira competente; ou cundária por meio da naturalização, sempre mediante mani-
b) a residência no território brasileiro e, uma vez ad- festação de vontade do interessado.
quirida a maioridade, expressa opção pela naciona- Em regra, não há direito subjetivo à obtenção da naturaliza-
lidade brasileira. ção: a plena satisfação das condições e dos requisitos não as-
segura ao estrangeiro o direito à nacionalização, visto que a
Na primeira situação - registro em repartição brasileira com- concessão da nacionalidade brasileira é ato de soberania naci-
petente, o mero registro já assegura, por si só, a nacionalidade onal, discricionário do Chefe do Poder Executivo.
brasileira.
Há duas formas de naturalização: a) A naturalização tácita é
Na segunda possibilidade, são dois os requisitos para a aquisi- aquela adquirida independentemente de manifestação ex-
ção da nacionalidade brasileira: (a) vir o nascido no estrangeiro pressa do naturalizando, por força das regras jurídicas de naci-
a residir no Brasil, a qualquer tempo; (b) depois de atingida a onalização adotadas por determinado Estado. A naturalização
maioridade, efetuar a opção, em qualquer tempo, pela nacio- expressa depende de requerimento do interessado, demons-
nalidade brasileira. trando sua intenção de adquirir nova nacionalidade.
A respeito dessa segunda possibilidade de aquisição da nacio- A Constituição Federal só contempla hipóteses de naturaliza-
nalidade - aquisição potestativa, o Supremo Tribunal Federal ção expressa, sempre dependente de manifestação de von-
firmou entendimento de que, embora seja potestativa, sua tade expressa do interessado. São brasileiros naturalizados:
forma não é livre: a opção há de ser feita em juízo, em pro-
cesso de jurisdição voluntária, que finda com a sentença que
homologa a opção e lhe determina a transcrição, uma vez a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
acertados os requisitos objetivos e subjetivos dela. brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininter-
Desse modo, enquanto pendente o reconhecimento judicial rupto e idoneidade moral (naturalização ordinária);
da opção pela nacionalidade brasileira, não se pode considerar
o optante brasileiro nato, cuidando-se, portanto, de condição Nessa hipótese (naturalização ordinária), é concedida a na-
suspensiva, sem prejuízo - como é próprio das condições sus- turalização aos estrangeiros, residentes no país, que cum-
pensivas -, de gerar efeitos ex tunc, uma vez realizada. pram os requisitos previstos na lei brasileira de naturaliza-
Por fim, deve-se frisar que o texto constitucional só permite a ção (capacidade civil de acordo com a lei brasileira; visto
manifestação pela opção da nacionalidade brasileira depois de permanente no país; saber ler e escrever em português;
alcançada a maioridade. É que a opção, por decorrer da von- exercício de profissão etc.).

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No caso dos estrangeiros originários de países de língua portu- continuam portugueses e os brasileiros que vivem em Portugal
guesa (Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Açores, continuam com a nacionalidade brasileira.
Cabo Verde, Príncipe, Goa, Macau e Timor Leste), somente são
O que acontece é que, uns e outros, recebem direitos que, no
exigidos dois requisitos:
geral, somente poderiam ser concedidos aos nacionais de cada
• residência no Brasil por um ano ininterrupto; país. São dois os pressupostos para que os portugueses pos-
• idoneidade moral. sam gozar dos direitos de brasileiro naturalizado: (i) que te-
nham residência permanente no Brasil; (ii) que haja reciproci-
Em suma, podemos afirmar que a naturalização ordinária dade, ou seja, que o ordenamento jurídico português outorgue
ocorre em duas hipóteses: ao brasileiro com residência permanente em Portugal o
mesmo direito.
• no caso dos estrangeiros originários de países de lín-
gua portuguesa, exigem-se apenas: residência por um É relevante notar que a Constituição Federal concede aos por-
ano ininterrupto; e idoneidade moral; tugueses aqui residentes a condição de brasileiro naturalizado,
• já para os estrangeiros não originários de países de não de brasileiro nato.
língua portuguesa a naturalização ordinária ocorrerá
conforme dispuser a lei. 7. Tratamento diferenciado entre brasileiro nato e naturali-
zado
A principal característica da naturalização ordinária é que ela
é discricionária. Ou seja, ainda que tenha cumprido os requisi- A Constituição de 1988 não permite que a lei estabeleça dis-
tos, o interessado não dispõe de direito subjetivo à aquisição tinção entre brasileiro nato e naturalizado. Os únicos casos de
da nacionalidade brasileira, uma vez que a concessão depen- tratamento diferenciado admitidos são aqueles expressa-
derá de avaliação de conveniência e oportunidade do Chefe do mente constantes do próprio texto constitucional, a saber:
Poder Executivo. a) cargos: são privativos de brasileiro nato os cargos de Presi-
a) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes dente da República e Vice-Presidente da República, Presidente
na República Federativa do Brasil há mais de quinze da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Mi-
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que nistro do Supremo Tribunal Federal, Carreira Diplomática, Ofi-
requeiram a nacionalidade brasileira (naturalização ex- cial das Forças Armadas e de Ministro de Estado de Defesa (CF,
traordinária). art. 12, § 3.°);
b) função no Conselho da República: no Conselho da Repú-
São três os requisitos para aquisição da naturalização extraor- blica, órgão superior de consulta do Presidente da República,
dinária: foram constitucionalmente reservadas seis vagas a cidadãos
• residência ininterrupta no Brasil há mais de quinze brasileiros natos (CF, art. 89, VII);
anos;'
c) extradição: o brasileiro nato não pode ser extraditado, o que
• ausência de condenação penal;
pode ocorrer com o naturalizado, em caso de crime comum,
• requerimento do interessado.
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvi-
mento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
Nessa espécie de naturalização, ao contrário da ordinária, não
forma da lei (CF, art. 5.°, LI);
há discricionariedade para o chefe do Poder Executivo, tendo
o interessado direito subjetivo à nacionalidade brasileira, d) direito de propriedade: o brasileiro naturalizado há menos
desde que preenchidos os pressupostos. Cumpridos os quinze de dez anos não pode ser proprietário de empresa jornalística
anos de residência no Brasil sem condenação penal, efetivado e de radiofusão sonora de sons e imagens, tampouco ser sócio
o requerimento, o Chefe do Poder Executivo não pode negar a com mais de 30% (trinta por cento) do capital total e do capital
naturalização. votante e participar da gestão dessas empresas (CF, art. 222).

6. Portugueses residentes no Brasil 8. Perda da nacionalidade

A Constituição Federal confere tratamento favorecido aos por- A perda da nacionalidade só poderá ocorrer nas hipóteses ex-
tugueses residentes no Brasil, ao dispor que "aos portugueses pressamente previstas na Constituição Federal, não podendo
com residência permanente no país, se houver reciprocidade o legislador ordinário ampliar tais hipóteses, sob pena de ma-
em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes nifesta inconstitucionalidade.
ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição" (CF, Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que (CF,
art. 12, § 1.0). art. 12, 4.°):
Nessa hipótese, não se trata de concessão aos portugueses da
nacionalidade brasileira, os portugueses residentes no Brasil

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a) tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju-


dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;
b) adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos de reco-
nhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
trangeira ou de imposição de naturalização, pela
norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado
estrangeiro, como condição para permanência em
seu território ou para o exercício de direitos civis.

Em consonância com esse dispositivo constitucional, o STF fir-


mou entendimento de que o ato de naturalização de estran-
geiro como brasileiro somente pode ser anulado por via judi-
cial, e não por mero ato administrativo.

9. Dupla nacionalidade
Em regra, o brasileiro que adquire outra nacionalidade perde
a condição de nacional brasileiro. Porém, a Constituição Fede-
ral admite, em duas situações, a dupla nacionalidade:
a) reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
trangeira: não perderá a nacionalidade o brasileiro que
tiver reconhecida outra nacionalidade por Estado estran-
geiro, originariamente, em virtude de adoção do critério
ius sanguinis;

É o caso da Itália, que reconhece aos descendentes de seus na-


cionais a cidadania italiana. Os brasileiros descendentes de ita-
lianos que adquirirem aquela nacionalidade não perderão a
nacionalidade brasileira, uma vez que se trata de mero reco-
nhecimento de nacionalidade originária italiana, em virtude de
vínculo sanguíneo (terão eles dupla nacionalidade).

b) imposição da lei estrangeira: imposição de naturalização,


pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Es-
tado estrangeiro, como condição para permanência em
seu território ou para o exercício de direitos civis.

Nessa hipótese, o brasileiro não perde a nacionalidade brasi-


leira porque a aquisição da segunda nacionalidade não se deu
em razão de ato volitivo, de manifestação de vontade sua, mas
sim de imposição do Estado estrangeiro. O brasileiro não pos-
suía a intenção de abdicar da nacionalidade brasileira, mas,
por força da norma estrangeira, vê-se praticamente obrigado
a adquirir a nacionalidade estrangeira, por motivos de traba-
lho, acesso aos serviços públicos etc.

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