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NOÇÕES DE DIREITO

DIREITOS HUMANOS

(CFSd – 2023)
EDITAL DRH/CRS Nº 11/2022
Sumário

1 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 ..............................3

2 LINDB (DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942) ....................................15

3 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS .................................................21

4 CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS .............................................25

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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

PREÂMBULO Art. 2º São Poderes da União,


independentes e harmônicos entre si, o
Nós, representantes do povo brasileiro, Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
reunidos em Assembléia Nacional Constituinte
para instituir um Estado Democrático, destinado Art. 3º Constituem objetivos
a assegurar o exercício dos direitos sociais e fundamentais da República Federativa do
individuais, a liberdade, a segurança, o bem- Brasil:
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a
justiça como valores supremos de uma I - construir uma sociedade livre, justa e
sociedade fraterna, pluralista e sem solidária;
preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e II - garantir o desenvolvimento nacional;
internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de III - erradicar a pobreza e a
Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA marginalização e reduzir as desigualdades
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. sociais e regionais;

TÍTULO I IV - promover o bem de todos, sem


Dos Princípios Fundamentais preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 1º A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e Art. 4º A República Federativa do Brasil
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em rege-se nas suas relações internacionais pelos
Estado Democrático de Direito e tem como seguintes princípios:
fundamentos:
I - independência nacional;
I - a soberania;
II - prevalência dos direitos humanos;
II - a cidadania
III - autodeterminação dos povos;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - não-intervenção;
IV - os valores sociais do trabalho e da
V - igualdade entre os Estados;
livre iniciativa;
VI - defesa da paz;
V - o pluralismo político.
VII - solução pacífica dos conflitos;
Parágrafo único. Todo o poder emana do
povo, que o exerce por meio de representantes
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição. IX - cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade;

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X - concessão de asilo político. § 1º Aos portugueses com residência
permanente no País, se houver reciprocidade
Parágrafo único. A República Federativa em favor de brasileiros, serão atribuídos os
do Brasil buscará a integração econômica, direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
política, social e cultural dos povos da América previstos nesta Constituição.
Latina, visando à formação de uma
comunidade latino-americana de nações. § 2º A lei não poderá estabelecer
distinção entre brasileiros natos e
CAPÍTULO III naturalizados, salvo nos casos previstos nesta
DA NACIONALIDADE Constituição.

Art. 12. São brasileiros: § 3º São privativos de brasileiro nato os


cargos:
I - natos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da
a) os nascidos na República Federativa República;
do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
desde que estes não estejam a serviço de seu II - de Presidente da Câmara dos
país; Deputados;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai III - de Presidente do Senado Federal;


brasileiro ou mãe brasileira, desde que
qualquer deles esteja a serviço da República IV - de Ministro do Supremo Tribunal
Federativa do Brasil; Federal;

c) os nascidos no estrangeiro de pai V - da carreira diplomática;


brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
sejam registrados em repartição brasileira VI - de oficial das Forças Armadas.
competente ou venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer VII - de Ministro de Estado da
tempo, depois de atingida a maioridade, pela Defesa
nacionalidade brasileira;
§ 4º - Será declarada a perda da
II - naturalizados: nacionalidade do brasileiro que:

a) os que, na forma da lei, adquiram a I - tiver cancelada sua naturalização, por


nacionalidade brasileira, exigidas aos sentença judicial, em virtude de atividade
originários de países de língua portuguesa nociva ao interesse nacional;
apenas residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos
casos:
b) os estrangeiros de qualquer
nacionalidade, residentes na República a) de reconhecimento de nacionalidade
Federativa do Brasil há mais de quinze anos originária pela lei estrangeira;
ininterruptos e sem condenação penal, desde
b) de imposição de naturalização, pela
que requeiram a nacionalidade
norma estrangeira, ao brasileiro residente em
brasileira.
estado estrangeiro, como condição para

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permanência em seu território ou para o I - a nacionalidade brasileira;
exercício de direitos civis;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma
oficial da República Federativa do Brasil. III - o alistamento eleitoral;

§ 1º São símbolos da República IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;


Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as
armas e o selo nacionais. V - a filiação partidária;

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os VI - a idade mínima de:


Municípios poderão ter símbolos próprios.
a) trinta e cinco anos para Presidente e
CAPÍTULO IV Vice-Presidente da República e Senador;
DOS DIREITOS POLÍTICOS
b) trinta anos para Governador e Vice-
Art. 14. A soberania popular será Governador de Estado e do Distrito Federal;
exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, c) vinte e um anos para Deputado
nos termos da lei, mediante: Federal, Deputado Estadual ou Distrital,
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
I - plebiscito;
d) dezoito anos para Vereador.
II - referendo;
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os
III - iniciativa popular. analfabetos.

§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: § 5º O Presidente da República, os


Governadores de Estado e do Distrito Federal,
I - obrigatórios para os maiores de dezoito os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
anos; substituído no curso dos mandatos poderão ser
reeleitos para um único período
II - facultativos para: subseqüente.

a) os analfabetos; § 6º Para concorrerem a outros cargos, o


Presidente da República, os Governadores de
b) os maiores de setenta anos; Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
devem renunciar aos respectivos mandatos até
c) os maiores de dezesseis e menores de seis meses antes do pleito.
dezoito anos.
§ 7º São inelegíveis, no território de
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
os estrangeiros e, durante o período do serviço consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou
militar obrigatório, os conscritos. por adoção, do Presidente da República, de
Governador de Estado ou Território, do Distrito
§ 3º São condições de elegibilidade, na Federal, de Prefeito ou de quem os haja
forma da lei: substituído dentro dos seis meses anteriores

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ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo § 13. As manifestações favoráveis e
e candidato à reeleição. contrárias às questões submetidas às
consultas populares nos termos do § 12
§ 8º O militar alistável é elegível, ocorrerão durante as campanhas eleitorais,
atendidas as seguintes condições: sem a utilização de propaganda gratuita no
rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda
I - se contar menos de dez anos de Constitucional nº 111, de 2021)
serviço, deverá afastar-se da atividade;
Art. 15. É vedada a cassação de direitos
II - se contar mais de dez anos de políticos, cuja perda ou suspensão só se dará
serviço, será agregado pela autoridade nos casos de:
superior e, se eleito, passará automaticamente,
no ato da diplomação, para a inatividade. I - cancelamento da naturalização por
sentença transitada em julgado;
§ 9º Lei complementar estabelecerá
outros casos de inelegibilidade e os prazos de II - incapacidade civil absoluta;
sua cessação, a fim de proteger a probidade
administrativa, a moralidade para exercício de III - condenação criminal transitada em
mandato considerada vida pregressa do julgado, enquanto durarem seus efeitos;
candidato, e a normalidade e legitimidade das
eleições contra a influência do poder IV - recusa de cumprir obrigação a todos
econômico ou o abuso do exercício de função, imposta ou prestação alternativa, nos termos
cargo ou emprego na administração direta ou do art. 5º, VIII;
indireta.
V - improbidade administrativa, nos
§ 10. O mandato eletivo poderá ser termos do art. 37, § 4º.
impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de
quinze dias contados da diplomação, instruída Art. 16. A lei que alterar o processo
a ação com provas de abuso do poder eleitoral entrará em vigor na data de sua
econômico, corrupção ou fraude. publicação, não se aplicando à eleição que
ocorra até um ano da data de sua
§ 11. A ação de impugnação de mandato vigência. (Redação dada pela Emenda
tramitará em segredo de justiça, respondendo
o autor, na forma da lei, se temerária ou de
manifesta má-fé. TÍTULO III
Da Organização do Estado
§ 12. Serão realizadas
concomitantemente às eleições municipais as CAPÍTULO VII
consultas populares sobre questões locais DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
aprovadas pelas Câmaras Municipais e Seção I
encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 DISPOSIÇÕES GERAIS
(noventa) dias antes da data das eleições,
observados os limites operacionais relativos ao Art. 37. A administração pública direta e
número de quesitos. (Incluído pela Emenda indireta de qualquer dos Poderes da União,
Constitucional nº 111, de 2021) dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade,

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publicidade e eficiência e, também, ao portadoras de deficiência e definirá os critérios
seguinte: de sua admissão;

I - os cargos, empregos e funções IX - a lei estabelecerá os casos de


públicas são acessíveis aos brasileiros que contratação por tempo determinado para
preencham os requisitos estabelecidos em lei, atender a necessidade temporária de
assim como aos estrangeiros, na forma da excepcional interesse público; (Vide Emenda
lei; constitucional nº 106, de 2020)

II - a investidura em cargo ou emprego X - a remuneração dos servidores


público depende de aprovação prévia em públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art.
concurso público de provas ou de provas e 39 somente poderão ser fixados ou alterados
títulos, de acordo com a natureza e a por lei específica, observada a iniciativa
complexidade do cargo ou emprego, na forma privativa em cada caso, assegurada revisão
prevista em lei, ressalvadas as nomeações geral anual, sempre na mesma data e sem
para cargo em comissão declarado em lei de distinção de índices;
livre nomeação e exoneração;
XI - a remuneração e o subsídio dos
III - o prazo de validade do concurso ocupantes de cargos, funções e empregos
público será de até dois anos, prorrogável uma públicos da administração direta, autárquica e
vez, por igual período; fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito
IV - durante o prazo improrrogável Federal e dos Municípios, dos detentores de
previsto no edital de convocação, aquele mandato eletivo e dos demais agentes políticos
aprovado em concurso público de provas ou de e os proventos, pensões ou outra espécie
provas e títulos será convocado com prioridade remuneratória, percebidos cumulativamente ou
sobre novos concursados para assumir cargo não, incluídas as vantagens pessoais ou de
ou emprego, na carreira; qualquer outra natureza, não poderão exceder
o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
V - as funções de confiança, exercidas do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se
exclusivamente por servidores ocupantes de como limite, nos Municípios, o subsídio do
cargo efetivo, e os cargos em comissão, a Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o
serem preenchidos por servidores de carreira subsídio mensal do Governador no âmbito do
nos casos, condições e percentuais mínimos Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
previstos em lei, destinam-se apenas às Estaduais e Distritais no âmbito do Poder
atribuições de direção, chefia e Legislativo e o subsidio dos Desembargadores
assessoramento; do Tribunal de Justiça, limitado a noventa
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do
VI - é garantido ao servidor público civil o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
direito à livre associação sindical; Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros
VII - o direito de greve será exercido nos
do Ministério Público, aos Procuradores e aos
termos e nos limites definidos em lei
Defensores Públicos;
específica;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder
VIII - a lei reservará percentual dos
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão
cargos e empregos públicos para as pessoas

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ser superiores aos pagos pelo Poder XIX – somente por lei específica poderá
Executivo; ser criada autarquia e autorizada a instituição
de empresa pública, de sociedade de
XIII - é vedada a vinculação ou economia mista e de fundação, cabendo à lei
equiparação de quaisquer espécies complementar, neste último caso, definir as
remuneratórias para o efeito de remuneração áreas de sua atuação;
de pessoal do serviço público;
XX - depende de autorização legislativa,
XIV - os acréscimos pecuniários em cada caso, a criação de subsidiárias das
percebidos por servidor público não serão entidades mencionadas no inciso anterior,
computados nem acumulados para fins de assim como a participação de qualquer delas
concessão de acréscimos ulteriores; em empresa privada;

XV - o subsídio e os vencimentos dos XXI - ressalvados os casos especificados


ocupantes de cargos e empregos públicos são na legislação, as obras, serviços, compras e
irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos alienações serão contratados mediante
XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, processo de licitação pública que assegure
II, 153, III, e 153, § 2º, I; igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
XVI - é vedada a acumulação obrigações de pagamento, mantidas as
remunerada de cargos públicos, exceto, condições efetivas da proposta, nos termos da
quando houver compatibilidade de horários, lei, o qual somente permitirá as exigências de
observado em qualquer caso o disposto no qualificação técnica e econômica
inciso XI: indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.
a) a de dois cargos de
professor; XXII - as administrações tributárias da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
b) a de um cargo de professor com outro Municípios, atividades essenciais ao
técnico ou científico; funcionamento do Estado, exercidas por
servidores de carreiras específicas, terão
c) a de dois cargos ou empregos
recursos prioritários para a realização de suas
privativos de profissionais de saúde, com
atividades e atuarão de forma integrada,
profissões regulamentadas;
inclusive com o compartilhamento de cadastros
e de informações fiscais, na forma da lei ou
XVII - a proibição de acumular estende-se
convênio.
a empregos e funções e abrange autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de
§ 1º A publicidade dos atos, programas,
economia mista, suas subsidiárias, e
obras, serviços e campanhas dos órgãos
sociedades controladas, direta ou
públicos deverá ter caráter educativo,
indiretamente, pelo poder público;
informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens
XVIII - a administração fazendária e seus
que caracterizem promoção pessoal de
servidores fiscais terão, dentro de suas áreas
autoridades ou servidores públicos.
de competência e jurisdição, precedência
sobre os demais setores administrativos, na
§ 2º A não observância do disposto nos
forma da lei;
incisos II e III implicará a nulidade do ato e a

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punição da autoridade responsável, nos termos da administração direta e indireta que
da lei. possibilite o acesso a informações
privilegiadas.
§ 3º A lei disciplinará as formas de
participação do usuário na administração § 8º A autonomia gerencial, orçamentária
pública direta e indireta, regulando e financeira dos órgãos e entidades da
especialmente: administração direta e indireta poderá ser
ampliada mediante contrato, a ser firmado
I - as reclamações relativas à prestação entre seus administradores e o poder público,
dos serviços públicos em geral, asseguradas a que tenha por objeto a fixação de metas de
manutenção de serviços de atendimento ao desempenho para o órgão ou entidade,
usuário e a avaliação periódica, externa e cabendo à lei dispor sobre:
interna, da qualidade dos serviços;
I - o prazo de duração do contrato;
II - o acesso dos usuários a registros
administrativos e a informações sobre atos de II - os controles e critérios de avaliação de
governo, observado o disposto no art. 5º, X e desempenho, direitos, obrigações e
XXXIII; responsabilidade dos dirigentes;

III - a disciplina da representação contra o III - a remuneração do pessoal.


exercício negligente ou abusivo de cargo,
emprego ou função na administração § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às
pública. empresas públicas e às sociedades de
economia mista, e suas subsidiárias, que
§ 4º - Os atos de improbidade receberem recursos da União, dos Estados, do
administrativa importarão a suspensão dos Distrito Federal ou dos Municípios para
direitos políticos, a perda da função pública, a pagamento de despesas de pessoal ou de
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento custeio em geral.
ao erário, na forma e gradação previstas em
lei, sem prejuízo da ação penal cabível. § 10. É vedada a percepção simultânea
de proventos de aposentadoria decorrentes do
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a
prescrição para ilícitos praticados por qualquer remuneração de cargo, emprego ou função
agente, servidor ou não, que causem prejuízos pública, ressalvados os cargos acumuláveis na
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de forma desta Constituição, os cargos eletivos e
ressarcimento. os cargos em comissão declarados em lei de
livre nomeação e exoneração.
§ 6º As pessoas jurídicas de direito
público e as de direito privado prestadoras de § 11. Não serão computadas, para efeito
serviços públicos responderão pelos danos que dos limites remuneratórios de que trata o inciso
seus agentes, nessa qualidade, causarem a XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter
terceiros, assegurado o direito de regresso indenizatório previstas em lei.
contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa. § 12. Para os fins do disposto no inciso
XI do caput deste artigo, fica facultado aos
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu
restrições ao ocupante de cargo ou emprego âmbito, mediante emenda às respectivas

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Constituições e Lei Orgânica, como limite Art. 38. Ao servidor público da
único, o subsídio mensal dos administração direta, autárquica e fundacional,
Desembargadores do respectivo Tribunal de no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e seguintes disposições:
cinco centésimos por cento do subsídio mensal
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, I - tratando-se de mandato eletivo federal,
não se aplicando o disposto neste parágrafo estadual ou distrital, ficará afastado de seu
aos subsídios dos Deputados Estaduais e cargo, emprego ou função;
Distritais e dos Vereadores.
II - investido no mandato de Prefeito, será
§ 13. O servidor público titular de cargo afastado do cargo, emprego ou função, sendo-
efetivo poderá ser readaptado para exercício lhe facultado optar pela sua remuneração;
de cargo cujas atribuições e responsabilidades
sejam compatíveis com a limitação que tenha III - investido no mandato de Vereador,
sofrido em sua capacidade física ou mental, havendo compatibilidade de horários,
enquanto permanecer nesta condição, desde perceberá as vantagens de seu cargo,
que possua a habilitação e o nível de emprego ou função, sem prejuízo da
escolaridade exigidos para o cargo de destino, remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
mantida a remuneração do cargo de compatibilidade, será aplicada a norma do
origem. (Incluído pela Emenda inciso anterior;
Constitucional nº 103, de 2019)
IV - em qualquer caso que exija o
§ 14. A aposentadoria concedida com a afastamento para o exercício de mandato
utilização de tempo de contribuição decorrente eletivo, seu tempo de serviço será contado
de cargo, emprego ou função pública, inclusive para todos os efeitos legais, exceto para
do Regime Geral de Previdência Social, promoção por merecimento;
acarretará o rompimento do vínculo que gerou
V - na hipótese de ser segurado de
o referido tempo de
regime próprio de previdência social,
contribuição. (Incluído pela Emenda
permanecerá filiado a esse regime, no ente
Constitucional nº 103, de 2019)
federativo de origem. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 15. É vedada a complementação de
aposentadorias de servidores públicos e de
pensões por morte a seus dependentes que
Seção III
não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO
do art. 40 ou que não seja prevista em lei que
DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
extinga regime próprio de previdência
social. (Incluído pela Emenda Militares e Corpos de Bombeiros
Constitucional nº 103, de 2019) Militares, instituições organizadas com base na
hierarquia e disciplina, são militares dos
§ 16. Os órgãos e entidades da
Estados, do Distrito Federal e dos
administração pública, individual ou
Territórios.
conjuntamente, devem realizar avaliação das
políticas públicas, inclusive com divulgação do § 1º Aplicam-se aos militares dos
objeto a ser avaliado e dos resultados Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,
alcançados, na forma da lei. (Incluído pela além do que vier a ser fixado em lei, as
Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

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disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e
do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual menos de setenta anos de idade,
específica dispor sobre as matérias do art. 142, sendo: (Redação dada pela Emenda
§ 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais Constitucional nº 122, de 2022)
conferidas pelos respectivos
governadores. I - três dentre advogados de notório saber
jurídico e conduta ilibada, com mais de dez
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos anos de efetiva atividade profissional;
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
aplica-se o que for fixado em lei específica do II - dois, por escolha paritária, dentre
respectivo ente estatal. juízes auditores e membros do Ministério
Público da Justiça Militar.
§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados,
do Distrito Federal e dos Territórios o disposto Art. 124. à Justiça Militar compete
no art. 37, inciso XVI, com prevalência da processar e julgar os crimes militares definidos
atividade militar. (Incluído pela Emenda em lei.
Constitucional nº 101, de 2019)
Parágrafo único. A lei disporá sobre a
organização, o funcionamento e a competência
TÍTULO IV da Justiça Militar.
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
Seção VIII
CAPÍTULO III DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS
DO PODER JUDICIÁRIO ESTADOS

Seção VII Art. 125. Os Estados organizarão sua


DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES Justiça, observados os princípios estabelecidos
nesta Constituição.
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:
§ 1º A competência dos tribunais será
I - o Superior Tribunal Militar; definida na Constituição do Estado, sendo a lei
de organização judiciária de iniciativa do
II - os Tribunais e Juízes Militares Tribunal de Justiça.
instituídos por lei.
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de
Art. 123. O Superior Tribunal Militar representação de inconstitucionalidade de leis
compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, ou atos normativos estaduais ou municipais em
nomeados pelo Presidente da República, face da Constituição Estadual, vedada a
depois de aprovada a indicação pelo Senado atribuição da legitimação para agir a um único
Federal, sendo três dentre oficiais-generais da órgão.
Marinha, quatro dentre oficiais-generais do
Exército, três dentre oficiais-generais da § 3º A lei estadual poderá criar, mediante
Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
elevado da carreira, e cinco dentre civis. estadual, constituída, em primeiro grau, pelos
juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e,
Parágrafo único. Os Ministros civis serão em segundo grau, pelo próprio Tribunal de
escolhidos pelo Presidente da República Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos

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Estados em que o efetivo militar seja superior a DAS FORÇAS ARMADAS
vinte mil integrantes.
Art. 142. As Forças Armadas,
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
processar e julgar os militares dos Estados, nos Aeronáutica, são instituições nacionais
crimes militares definidos em lei e as ações permanentes e regulares, organizadas com
judiciais contra atos disciplinares militares, base na hierarquia e na disciplina, sob a
ressalvada a competência do júri quando a autoridade suprema do Presidente da
vítima for civil, cabendo ao tribunal competente República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
decidir sobre a perda do posto e da patente dos garantia dos poderes constitucionais e, por
oficiais e da graduação das praças. iniciativa de qualquer destes, da lei e da
ordem.
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo
militar processar e julgar, singularmente, os § 1º Lei complementar estabelecerá as
crimes militares cometidos contra civis e as normas gerais a serem adotadas na
ações judiciais contra atos disciplinares organização, no preparo e no emprego das
militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob Forças Armadas.
a presidência de juiz de direito, processar e
julgar os demais crimes militares. § 2º Não caberá habeas corpus em
relação a punições disciplinares militares.
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá
funcionar descentralizadamente, constituindo § 3º Os membros das Forças Armadas
Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno são denominados militares, aplicando-se-lhes,
acesso do jurisdicionado à justiça em todas as além das que vierem a ser fixadas em lei, as
fases do processo. seguintes disposições:

§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a I - as patentes, com prerrogativas, direitos


justiça itinerante, com a realização de e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo
audiências e demais funções da atividade Presidente da República e asseguradas em
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou
jurisdição, servindo-se de equipamentos reformados, sendo-lhes privativos os títulos e
públicos e comunitários. postos militares e, juntamente com os demais
membros, o uso dos uniformes das Forças
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, Armadas;
o Tribunal de Justiça proporá a criação de
varas especializadas, com competência II - o militar em atividade que tomar posse
exclusiva para questões agrárias. em cargo ou emprego público civil permanente,
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso
Parágrafo único. Sempre que necessário XVI, alínea "c", será transferido para a reserva,
à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se- nos termos da lei;
á presente no local do litígio.
III - o militar da ativa que, de acordo com
TÍTULO V a lei, tomar posse em cargo, emprego ou
Da Defesa do Estado e Das Instituições função pública civil temporária, não eletiva,
Democráticas ainda que da administração indireta,
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso
CAPÍTULO II XVI, alínea "c", ficará agregado ao respectivo

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quadro e somente poderá, enquanto Art. 143. O serviço militar é obrigatório
permanecer nessa situação, ser promovido por nos termos da lei.
antiguidade, contando-se-lhe o tempo de
serviço apenas para aquela promoção e § 1º Às Forças Armadas compete, na
transferência para a reserva, sendo depois de forma da lei, atribuir serviço alternativo aos
dois anos de afastamento, contínuos ou não, que, em tempo de paz, após alistados,
transferido para a reserva, nos termos da alegarem imperativo de consciência,
lei; entendendo-se como tal o decorrente de
crença religiosa e de convicção filosófica ou
IV - ao militar são proibidas a política, para se eximirem de atividades de
sindicalização e a greve; caráter essencialmente militar.

V - o militar, enquanto em serviço ativo, § 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam


não pode estar filiado a partidos políticos; isentos do serviço militar obrigatório em tempo
de paz, sujeitos, porém, a outros encargos que
VI - o oficial só perderá o posto e a a lei lhes atribuir.
patente se for julgado indigno do oficialato ou
com ele incompatível, por decisão de tribunal CAPÍTULO III
militar de caráter permanente, em tempo de DA SEGURANÇA PÚBLICA
paz, ou de tribunal especial, em tempo de
guerra; Art. 144. A segurança pública, dever do
Estado, direito e responsabilidade de todos, é
VII - o oficial condenado na justiça exercida para a preservação da ordem pública
comum ou militar a pena privativa de liberdade e da incolumidade das pessoas e do
superior a dois anos, por sentença transitada patrimônio, através dos seguintes órgãos:
em julgado, será submetido ao julgamento
previsto no inciso anterior; I - polícia federal;

VIII - aplica-se aos militares o disposto no II - polícia rodoviária federal;


art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV,
e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem III - polícia ferroviária federal;
como, na forma da lei e com prevalência da
atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea IV - polícias civis;
"c";
V - polícias militares e corpos de
IX - Revogado bombeiros militares.

X - a lei disporá sobre o ingresso nas VI - polícias penais federal, estaduais e


Forças Armadas, os limites de idade, a distrital. (Redação dada pela Emenda
estabilidade e outras condições de Constitucional nº 104, de 2019)
transferência do militar para a inatividade, os
§ 1º A polícia federal, instituída por lei
direitos, os deveres, a remuneração, as
como órgão permanente, organizado e mantido
prerrogativas e outras situações especiais dos
pela União e estruturado em carreira, destina-
militares, consideradas as peculiaridades de
se a:"
suas atividades, inclusive aquelas cumpridas
por força de compromissos internacionais e de
I - apurar infrações penais contra a ordem
guerra.
política e social ou em detrimento de bens,

13
serviços e interesses da União ou de suas penais. (Redação dada pela Emenda
entidades autárquicas e empresas públicas, Constitucional nº 104, de 2019)
assim como outras infrações cuja prática tenha
repercussão interestadual ou internacional e § 6º As polícias militares e os corpos
exija repressão uniforme, segundo se dispuser de bombeiros militares, forças auxiliares e
em lei; reserva do Exército subordinam-se,
juntamente com as polícias civis e as
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de polícias penais estaduais e distrital, aos
entorpecentes e drogas afins, o contrabando e Governadores dos Estados, do Distrito
o descaminho, sem prejuízo da ação Federal e dos Territórios. (Redação
fazendária e de outros órgãos públicos nas dada pela Emenda Constitucional nº 104, de
respectivas áreas de competência; 2019)

III - exercer as funções de polícia § 7º A lei disciplinará a organização e o


marítima, aeroportuária e de fronteiras; funcionamento dos órgãos responsáveis
pela segurança pública, de maneira a
IV - exercer, com exclusividade, as garantir a eficiência de suas atividades.
funções de polícia judiciária da União.
§ 8º Os Municípios poderão constituir
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão guardas municipais destinadas à proteção
permanente, organizado e mantido pela União de seus bens, serviços e instalações,
e estruturado em carreira, destina-se, na forma conforme dispuser a lei.
da lei, ao patrulhamento ostensivo das
rodovias federais. § 9º A remuneração dos servidores
policiais integrantes dos órgãos
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão relacionados neste artigo será fixada na
permanente, organizado e mantido pela União forma do § 4º do art. 39.
e estruturado em carreira, destina-se, na forma
da lei, ao patrulhamento ostensivo das § 10. A segurança viária, exercida para
ferrovias federais. a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do seu
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por patrimônio nas vias públicas:
delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as I - compreende a educação, engenharia
funções de polícia judiciária e a apuração de e fiscalização de trânsito, além de outras
infrações penais, exceto as militares. atividades previstas em lei, que assegurem
ao cidadão o direito à mobilidade urbana
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia eficiente; e
ostensiva e a preservação da ordem pública;
aos corpos de bombeiros militares, além das II - compete, no âmbito dos Estados,
atribuições definidas em lei, incumbe a do Distrito Federal e dos Municípios, aos
execução de atividades de defesa civil. respectivos órgãos ou entidades executivos
e seus agentes de trânsito, estruturados em
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao Carreira, na forma da lei.
órgão administrador do sistema penal da
unidade federativa a que pertencem, cabe a
segurança dos estabelecimentos

14
LINDB

DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942.

Lei de Introdução às § 3o Salvo disposição em contrário, a lei


normas do Direito revogada não se restaura por ter a lei
Brasileiro. revogadora perdido a vigência.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a


usando da atribuição que lhe confere o artigo lei, alegando que não a conhece.
180 da Constituição, decreta:
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei decidirá o caso de acordo com a analogia, os
começa a vigorar em todo o país quarenta e costumes e os princípios gerais de direito.
cinco dias depois de oficialmente publicada.
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e
obrigatoriedade da lei brasileira, quando às exigências do bem comum.
admitida, se inicia três meses depois de
oficialmente publicada. Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato
e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
§ 2o (Revogado). direito adquirido e a coisa julgada.

§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já


ocorrer nova publicação de seu texto, consumado segundo a lei vigente ao tempo em
destinada a correção, o prazo deste artigo e que se efetuou.
dos parágrafos anteriores começará a correr
da nova publicação. § 2º Consideram-se adquiridos assim os
direitos que o seu titular, ou alguém por êle,
§ 4o As correções a texto de lei já em possa exercer, como aquêles cujo comêço do
vigor consideram-se lei nova. exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição
pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de
Art. 2o Não se destinando à vigência outrem.
temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue. § 3º Chama-se coisa julgada ou caso
julgado a decisão judicial de que já não caiba
§ 1o A lei posterior revoga a anterior recurso.
quando expressamente o declare, quando seja
com ela incompatível ou quando regule Art. 7o A lei do país em que domiciliada a
inteiramente a matéria de que tratava a lei pessoa determina as regras sobre o começo e
anterior. o fim da personalidade, o nome, a capacidade
e os direitos de família.
§ 2o A lei nova, que estabeleça
disposições gerais ou especiais a par das já § 1o Realizando-se o casamento no
existentes, não revoga nem modifica a lei Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos
anterior.

15
impedimentos dirimentes e às formalidades da o do tutor ou curador aos incapazes sob sua
celebração. guarda.

§ 2o O casamento de estrangeiros poderá § 8o Quando a pessoa não tiver


celebrar-se perante autoridades diplomáticas domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar
ou consulares do país de ambos os de sua residência ou naquele em que se
nubentes. encontre.

§ 3o Tendo os nubentes domicílio Art. 8o Para qualificar os bens e regular


diverso, regerá os casos de invalidade do as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a
matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. lei do país em que estiverem situados.

§ 4o O regime de bens, legal ou § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for


convencional, obedece à lei do país em que domiciliado o proprietário, quanto aos bens
tiverem os nubentes domicílio, e, se este for moveis que ele trouxer ou se destinarem a
diverso, a do primeiro domicílio conjugal. transporte para outros lugares.

§ 5º - O estrangeiro casado, que se § 2o O penhor regula-se pela lei do


naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se
anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no encontre a coisa apenhada.
ato de entrega do decreto de naturalização, se
apostile ao mesmo a adoção do regime de Art. 9o Para qualificar e reger as
comunhão parcial de bens, respeitados os obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que
direitos de terceiros e dada esta adoção ao se constituirem.
competente registro.
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, executada no Brasil e dependendo de forma
se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, essencial, será esta observada, admitidas as
só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) peculiaridades da lei estrangeira quanto aos
ano da data da sentença, salvo se houver sido requisitos extrínsecos do ato.
antecedida de separação judicial por igual
prazo, caso em que a homologação produzirá § 2o A obrigação resultante do contrato
efeito imediato, obedecidas as condições reputa-se constituida no lugar em que residir o
estabelecidas para a eficácia das sentenças proponente.
estrangeiras no país. O Superior Tribunal de
Justiça, na forma de seu regimento interno, Art. 10. A sucessão por morte ou por
poderá reexaminar, a requerimento do ausência obedece à lei do país em que
interessado, decisões já proferidas em pedidos domiciliado o defunto ou o desaparecido,
de homologação de sentenças estrangeiras de qualquer que seja a natureza e a situação dos
divórcio de brasileiros, a fim de que passem a bens.
produzir todos os efeitos legais.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros,
§ 7o Salvo o caso de abandono, o situados no País, será regulada pela lei
domicílio do chefe da família estende-se ao brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e brasileiros, ou de quem os represente, sempre

16
que não lhes seja mais favorável a lei pessoal Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em
do de cujus país estrangeiro rege-se pela lei que nele
vigorar, quanto ao ônus e aos meios de
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou produzir-se, não admitindo os tribunais
legatário regula a capacidade para suceder. brasileiros provas que a lei brasileira
desconheça.
Art. 11. As organizações destinadas a
fins de interesse coletivo, como as sociedades Art. 14. Não conhecendo a lei
e as fundações, obedecem à lei do Estado em estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a
que se constituirem. invoca prova do texto e da vigência.

§ 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil Art. 15. Será executada no Brasil a
filiais, agências ou estabelecimentos antes de sentença proferida no estrangeiro, que reuna
serem os atos constitutivos aprovados pelo os seguintes requisitos:
Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei
brasileira. a) haver sido proferida por juiz
competente;
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem
como as organizações de qualquer natureza, b) terem sido os partes citadas ou haver-
que eles tenham constituido, dirijam ou hajam se legalmente verificado à revelia;
investido de funções públicas, não poderão
adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptiveis c) ter passado em julgado e estar
de desapropriação. revestida das formalidades necessárias para a
execução no lugar em que foi proferida;
§ 3o Os Governos estrangeiros podem
adquirir a propriedade dos prédios necessários d) estar traduzida por intérprete
à sede dos representantes diplomáticos ou dos autorizado;
agentes consulares.
e) ter sido homologada pelo Supremo
Art. 12. É competente a autoridade Tribunal Federal. (Vide art.105, I, i
judiciária brasileira, quando for o réu da Constituição Federal).
domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser
cumprida a obrigação. Parágrafo
único. (Revogado).
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira
compete conhecer das ações relativas a Art. 16. Quando, nos termos dos artigos
imóveis situados no Brasil. precedentes, se houver de aplicar a lei
estrangeira, ter-se-á em vista a disposição
§ 2o A autoridade judiciária brasileira desta, sem considerar-se qualquer remissão
cumprirá, concedido o exequatur e segundo a por ela feita a outra lei.
forma estabelecida pela lei brasileira, as
diligências deprecadas por autoridade Art. 17. As leis, atos e sentenças de
estrangeira competente, observando a lei outro país, bem como quaisquer declarações
desta, quanto ao objeto das diligências. de vontade, não terão eficácia no Brasil,
quando ofenderem a soberania nacional, a
ordem pública e os bons costumes.

17
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são Art. 20. Nas esferas administrativa,
competentes as autoridades consulares controladora e judicial, não se decidirá com
brasileiras para lhes celebrar o casamento e os base em valores jurídicos abstratos sem que
mais atos de Registro Civil e de tabelionato, sejam consideradas as consequências práticas
inclusive o registro de nascimento e de óbito da decisão.
dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no
país da sede do Consulado. Parágrafo único. A motivação
demonstrará a necessidade e a adequação da
§ 1º As autoridades consulares medida imposta ou da invalidação de ato,
brasileiras também poderão celebrar a contrato, ajuste, processo ou norma
separação consensual e o divórcio consensual administrativa, inclusive em face das possíveis
de brasileiros, não havendo filhos menores ou alternativas.
incapazes do casal e observados os requisitos
legais quanto aos prazos, devendo constar da Art. 21. A decisão que, nas esferas
respectiva escritura pública as disposições administrativa, controladora ou judicial,
relativas à descrição e à partilha dos bens decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste,
comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao processo ou norma administrativa deverá
acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu indicar de modo expresso suas consequências
nome de solteiro ou à manutenção do nome jurídicas e administrativas.
adotado quando se deu o
casamento. Parágrafo único. A decisão a que se
refere o caput deste artigo deverá, quando for
§ 2o É indispensável a assistência de o caso, indicar as condições para que a
advogado, devidamente constituído, que se regularização ocorra de modo proporcional e
dará mediante a subscrição de petição, equânime e sem prejuízo aos interesses
juntamente com ambas as partes, ou com gerais, não se podendo impor aos sujeitos
apenas uma delas, caso a outra constitua atingidos ônus ou perdas que, em função das
advogado próprio, não se fazendo necessário peculiaridades do caso, sejam anormais ou
que a assinatura do advogado conste da excessivos.
escritura pública.
Art. 22. Na interpretação de normas
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos sobre gestão pública, serão considerados os
indicados no artigo anterior e celebrados pelos obstáculos e as dificuldades reais do gestor e
cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei as exigências das políticas públicas a seu
nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde cargo, sem prejuízo dos direitos dos
que satisfaçam todos os requisitos administrados.
legais.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de
Parágrafo único. No caso em que a conduta ou validade de ato, contrato, ajuste,
celebração dêsses atos tiver sido recusada processo ou norma administrativa, serão
pelas autoridades consulares, com fundamento consideradas as circunstâncias práticas que
no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao houverem imposto, limitado ou condicionado a
interessado é facultado renovar o pedido ação do agente.
dentro em 90 (noventa) dias contados da data
da publicação desta lei.

18
§ 2º Na aplicação de sanções, serão Art. 26. Para eliminar irregularidade,
consideradas a natureza e a gravidade da incerteza jurídica ou situação contenciosa na
infração cometida, os danos que dela aplicação do direito público, inclusive no caso
provierem para a administração pública, as de expedição de licença, a autoridade
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os administrativa poderá, após oitiva do órgão
antecedentes do agente. jurídico e, quando for o caso, após realização
de consulta pública, e presentes razões de
§ 3º As sanções aplicadas ao agente relevante interesse geral, celebrar
serão levadas em conta na dosimetria das compromisso com os interessados, observada
demais sanções de mesma natureza e a legislação aplicável, o qual só produzirá
relativas ao mesmo fato. efeitos a partir de sua publicação
oficial.
Art. 23. A decisão administrativa,
controladora ou judicial que estabelecer § 1º O compromisso referido
interpretação ou orientação nova sobre norma no caput deste artigo:
de conteúdo indeterminado, impondo novo
dever ou novo condicionamento de direito, I - buscará solução jurídica proporcional,
deverá prever regime de transição quando equânime, eficiente e compatível com os
indispensável para que o novo dever ou interesses gerais;
condicionamento de direito seja cumprido de
modo proporcional, equânime e eficiente e sem II – (VETADO);
prejuízo aos interesses gerais.
III - não poderá conferir desoneração
Parágrafo único. (VETADO). permanente de dever ou condicionamento de
direito reconhecidos por orientação geral;
Art. 24. A revisão, nas esferas
administrativa, controladora ou judicial, quanto IV - deverá prever com clareza as
à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou obrigações das partes, o prazo para seu
norma administrativa cuja produção já se cumprimento e as sanções aplicáveis em caso
houver completado levará em conta as de descumprimento.
orientações gerais da época, sendo vedado
que, com base em mudança posterior de § 2º (VETADO).
orientação geral, se declarem inválidas
situações plenamente constituídas. Art. 27. A decisão do processo, nas
esferas administrativa, controladora ou judicial,
Parágrafo único. Consideram-se poderá impor compensação por benefícios
orientações gerais as interpretações e indevidos ou prejuízos anormais ou injustos
especificações contidas em atos públicos de resultantes do processo ou da conduta dos
caráter geral ou em jurisprudência judicial ou envolvidos.
administrativa majoritária, e ainda as adotadas
por prática administrativa reiterada e de amplo § 1º A decisão sobre a compensação
conhecimento público. será motivada, ouvidas previamente as partes
sobre seu cabimento, sua forma e, se for o
Art. 25. (VETADO). caso, seu valor.

19
§ 2º Para prevenir ou regular a Rio de Janeiro, 4 de setembro de 1942,
compensação, poderá ser celebrado 121o da Independência e 54o da República.
compromisso processual entre os
envolvidos. GETULIO VARGAS
Alexandre Marcondes Filho
Art. 28. O agente público responderá Oswaldo Aranha.
pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de dolo ou erro Este texto não substitui o publicado no DOU de
grosseiro. 9.9.1942, retificado em 8.10.1942 e retificado
em 17.6.1943
§ 1º (VETADO).

§ 2º (VETADO).

§ 3º (VETADO).

Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a


edição de atos normativos por autoridade
administrativa, salvo os de mera organização
interna, poderá ser precedida de consulta
pública para manifestação de interessados,
preferencialmente por meio eletrônico, a qual
será considerada na decisão.

§ 1º A convocação conterá a minuta do


ato normativo e fixará o prazo e demais
condições da consulta pública, observadas as
normas legais e regulamentares específicas,
se houver.

§ 2º (VETADO).

Art. 30. As autoridades públicas devem


atuar para aumentar a segurança jurídica na
aplicação das normas, inclusive por meio de
regulamentos, súmulas administrativas e
respostas a consultas.

Parágrafo único. Os instrumentos


previstos no caput deste artigo terão caráter
vinculante em relação ao órgão ou entidade a
que se destinam, até ulterior
revisão.

20
Declaração Universal dos Direitos Humanos

Preâmbulo importância para dar plena satisfação a tal


compromisso:
Considerando que o reconhecimento da
dignidade inerente a todos os membros da A Assembléia Geral proclama a presente
família humana e dos seus direitos iguais e Declaração Universal dos Direitos Humanos
inalienáveis constitui o fundamento da como ideal comum a atingir por todos os povos
liberdade, da justiça e da paz no mundo; e todas as nações, a fim de que todos os
indivíduos e todos os órgãos da sociedade,
Considerando que o desconhecimento e o tendo-a constantemente no espírito, se
desprezo dos direitos do Homem conduziram a esforcem, pelo ensino e pela educação, por
atos de barbárie que revoltam a consciência da desenvolver o respeito desses direitos e
Humanidade e que o advento de um mundo liberdades e por promover, por medidas
em que os seres humanos sejam livres de falar progressivas de ordem nacional e
e de crer, libertos do terror e da miséria, foi internacional, o seu reconhecimento e a sua
proclamado como a mais alta inspiração do aplicação universais e efetivos tanto entre as
Homem; populações dos próprios Estados membros
como entre as dos territórios colocados sob a
Considerando que é essencial a proteção dos sua jurisdição.
direitos do Homem através de um regime de
direito, para que o Homem não seja compelido, Artigo 1° Todos os seres humanos nascem
em supremo recurso, à revolta contra a tirania livres e iguais em dignidade e em direitos.
e a opressão; Considerando que é essencial Dotados de razão e de consciência, devem agir
encorajar o desenvolvimento de relações uns para com os outros em espírito de
amistosas entre as nações; fraternidade.

Considerando que, na Carta, os povos das Artigo 2° Todos os seres humanos podem
Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé invocar os direitos e as liberdades proclamados
nos direitos fundamentais do Homem, na na presente Declaração, sem distinção alguma,
dignidade e no valor da pessoa humana, na nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de
igualdade de direitos dos homens e das língua, de religião, de opinião política ou outra,
mulheres e se declaram resolvidos a favorecer de origem nacional ou social, de fortuna, de
o progresso social e a instaurar melhores nascimento ou de qualquer outra situação.
condições de vida dentro de uma liberdade Além disso, não será feita nenhuma distinção
mais ampla; fundada no estatuto político, jurídico ou
internacional do país ou do território da
Considerando que os Estados membros se naturalidade da pessoa, seja esse país ou
comprometeram a promover, em cooperação território independente, sob tutela, autônomo
com a Organização das Nações Unidas, o ou sujeito a alguma limitação de soberania.
respeito universal e efetivo dos direitos do
Homem e das liberdades fundamentais; Artigo 3° Todo indivíduo tem direito à vida, à
liberdade e à segurança pessoal.
Considerando que uma concepção comum
destes direitos e liberdades é da mais alta Artigo 4° Ninguém será mantido em
escravatura ou em servidão; a escravatura e o

21
trato dos escravos, sob todas as formas, são interno ou internacional. Do mesmo modo, não
proibidos. será infligida pena mais grave do que a que era
aplicável no momento em que o acto delituoso
Artigo 5° Ninguém será submetido a tortura foi cometido.
nem a penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes. Artigo 12° Ninguém sofrerá intromissões
arbitrárias na sua vida privada, na sua família,
Artigo 6° Todos os indivíduos têm direito ao no seu domicílio ou na sua correspondência,
reconhecimento, em todos os lugares, da sua nem ataques à sua honra e reputação. Contra
personalidade jurídica. tais intromissões ou ataques toda a pessoa
tem direito a proteção da lei.
Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem
distinção, têm direito a igual proteção da lei. Artigo 13°
Todos têm direito a proteção igual contra
qualquer discriminação que viole a presente 1. Toda a pessoa tem o direito de livremente
Declaração e contra qualquer incitamento a tal circular e escolher a sua residência no interior
discriminação. de um Estado.

Artigo 8° Toda a pessoa direito a recurso 2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o
efetivo para as jurisdições nacionais país em que se encontra, incluindo o seu, e o
competentes contra os atos que violem os direito de regressar ao seu país.
direitos fundamentais reconhecidos pela
Constituição ou pela lei. Artigo 14°

Artigo 9° Ninguém pode ser arbitrariamente 1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o
preso, detido ou exilado. direito de procurar e de beneficiar de asilo em
outros países.
Artigo 10° Toda a pessoa tem direito, em
plena igualdade, a que a sua causa seja 2. Este direito não pode, porém, ser invocado
eqüitativa e publicamente julgada por um no caso de processo realmente existente por
tribunal independente e imparcial que decida crime de direito comum ou por atividades
dos seus direitos e obrigações ou das razões contrárias aos fins e aos princípios das Nações
de qualquer acusação em matéria penal que Unidas.
contra ela seja deduzida.
Artigo 15°
Artigo 11°
1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma
1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso nacionalidade.
presume-se inocente até que a sua
culpabilidade fique legalmente provada no 2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado
decurso de um processo público em que todas da sua nacionalidade nem do direito de mudar
as garantias necessárias de defesa lhe sejam de nacionalidade.
asseguradas.
Artigo 16°
2. Ninguém será condenado por ações ou
omissões que, no momento da sua prática, não 1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher
constituíam ato delituoso à face do direito têm o direito de casar e de constituir família,
sem restrição alguma de raça, nacionalidade

22
ou religião. Durante o casamento e na altura da quer diretamente, quer por intermédio de
sua dissolução, ambos têm direitos iguais. representantes livremente escolhidos.

2. O casamento não pode ser celebrado sem o 2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em
livre e pleno consentimento dos futuros condições de igualdade, às funções públicas
esposos. do seu país.

3. A família é o elemento natural e fundamental 3. A vontade do povo é o fundamento da


da sociedade e tem direito à proteção desta e autoridade dos poderes públicos: e deve
do Estado. exprimir-se através de eleições honestas a
realizar periodicamente por sufrágio universal e
Artigo 17° igual, com voto secreto ou segundo processo
equivalente que salvaguarde a liberdade de
1. Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem voto.
direito à propriedade.
Artigo 22° Toda a pessoa, como membro da
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado sociedade, tem direito à segurança social; e
da sua propriedade. pode legitimamente exigir a satisfação dos
direitos econômicos, sociais e culturais
Artigo 18° Toda a pessoa tem direito à indispensáveis, graças ao esforço nacional e à
liberdade de pensamento, de consciência e de cooperação internacional, de harmonia com a
religião; este direito implica a liberdade de organização e os recursos de cada país.
mudar de religião ou de convicção, assim como
a liberdade de manifestar a religião ou Artigo 23°
convicção, sozinho ou em comum, tanto em
público como em privado, pelo ensino, pela 1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à
prática, pelo culto e pelos ritos. livre escolha do trabalho, a condições
eqüitativas e satisfatórias de trabalho e à
Artigo 19° Todo o indivíduo tem direito à proteção contra o desemprego.
liberdade de opinião e de expressão, o que
implica o direito de não ser inquietado pelas 2. Todos têm direito, sem discriminação
suas opiniões e o de procurar, receber e alguma, a salário igual por trabalho igual.
difundir, sem consideração de fronteiras,
informações e idéias por qualquer meio de 3. Quem trabalha tem direito a uma
expressão. remuneração eqüitativa e satisfatória, que lhe
permita e à sua família uma existência
Artigo 20° conforme com a dignidade humana, e
completada, se possível, por todos os outros
1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de meios de proteção social.
reunião e de associação pacíficas.
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de outras pessoas sindicatos e de se filiar em
uma associação. sindicatos para defesa dos seus interesses.

Artigo 21° Artigo 24° Toda a pessoa tem direito ao


repouso e aos lazeres, especialmente, a uma
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte
na direção dos negócios, públicos do seu país,

23
limitação razoável da duração do trabalho e as 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte
férias periódicas pagas. livremente na vida cultural da comunidade, de
fruir as artes e de participar no progresso
Artigo 25° científico e nos benefícios que deste resultam.

1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida 2. Todos têm direito à proteção dos interesses
suficiente para lhe assegurar e à sua família a morais e materiais ligados a qualquer produção
saúde e o bem-estar, principalmente quanto à científica, literária ou artística da sua autoria.
alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à
assistência médica e ainda quanto aos Artigo 28° Toda a pessoa tem direito a que
serviços sociais necessários, e tem direito à reine, no plano social e no plano internacional,
segurança no desemprego, na doença, na uma ordem capaz de tornar plenamente
invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros efetivos os direitos e as liberdades enunciadas
casos de perda de meios de subsistência por na presente Declaração.
circunstâncias independentes da sua vontade.
Artigo 29°
2. A maternidade e a infância têm direito a
ajuda e a assistência especiais. Todas as 1. O indivíduo tem deveres para com a
crianças, nascidas dentro ou fora do comunidade, fora da qual não é possível o livre
matrimônio, gozam da mesma proteção social. e pleno desenvolvimento da sua
personalidade. No exercício deste direito e no
Artigo 26° gozo destas liberdades ninguém está sujeito
senão às limitações estabelecidas pela lei com
1. Toda a pessoa tem direito à educação. A vista exclusivamente a promover o
educação deve ser gratuita, pelo menos a reconhecimento e o respeito dos direitos e
correspondente ao ensino elementar
fundamental. O ensino elementar é obrigatório. 2. liberdades dos outros e a fim de satisfazer
O ensino técnico e profissional dever ser as justas exigências da moral, da ordem
generalizado; o acesso aos estudos superiores pública e do bem-estar numa sociedade
deve estar aberto a todos em plena igualdade, democrática.
em função do seu mérito.
3. Em caso algum estes direitos e liberdades
2. A educação deve visar à plena expansão da poderão ser exercidos contrariamente e aos
personalidade humana e ao reforço dos fins e aos princípios das Nações Unidas.
direitos do Homem e das liberdades
fundamentais e deve favorecer a Artigo 30° Nenhuma disposição da presente
compreensão, a tolerância e a amizade entre Declaração pode ser interpretada de maneira a
todas as nações e todos os grupos raciais ou envolver para qualquer Estado, agrupamento
religiosos, bem como o desenvolvimento das ou indivíduo o direito de se entregar a alguma
atividades das Nações Unidas para a atividade ou de praticar algum ato destinado a
manutenção da paz. destruir os direitos e liberdades aqui
enunciados.
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de
escolher o gênero de educação a dar aos
filhos.

Artigo 27°

24
DECRETO No 678, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992

Promulga a 1992, o Governo brasileiro fez a seguinte


Convenção Americana declaração interpretativa: "O Governo do Brasil
sobre Direitos entende que os arts. 43 e 48, alínea "d" , não
Humanos (Pacto de incluem o direito automático de visitas e
São José da Costa inspeções in loco da Comissão Interamericana
Rica), de 22 de de Direitos Humanos, as quais dependerão da
novembro de 1969. anuência expressa do Estado".

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA , Art. 3° O presente decreto entra em vigor


no exercício do cargo de PRESIDENTE DA na data de sua publicação.
REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe
confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e Brasília, 6 de novembro de 1992; 171° da
Independência e 104° da República.
Considerando que a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de ITAMAR FRANCO
São José da Costa Rica), adotada no âmbito da Fernando Henrique Cardoso
Organização dos Estados Americanos, em São
José da Costa Rica, em 22 de novembro de Este texto não substitui o publicado no DOU de
1969, entrou em vigor internacional em 18 de 9.11.1992
julho de 1978, na forma do segundo parágrafo
de seu art. 74; CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE
DIREITOS HUMANOS
Considerando que o Governo brasileiro
depositou a Carta de adesão a essa convenção PREÂMBULO
em 25 de setembro de 1992;
Os Estados americanos signatários da
Considerando que a Convenção presente Convenção,
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de
Reafirmando seu propósito de consolidar
São José da Costa Rica) entrou em vigor, para
neste Continente, dentro do quadro das
o Brasil, em 25 de setembro de 1992 , de
instituições democráticas, um regime de
conformidade com o disposto no segundo
liberdade pessoal e de justiça social, fundado
parágrafo de seu art. 74;
no respeito dos direitos essenciais do homem;
DECRETA:
Reconhecendo que os direitos essenciais
Art. 1° A Convenção Americana sobre do homem não derivam do fato de ser ele
Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa nacional de determinado Estado, mas sim do
Rica), celebrada em São José da Costa Rica, fato de ter como fundamento os atributos da
em 22 de novembro de 1969, apensa por cópia pessoa humana, razão por que justificam uma
ao presente Decreto, deverá ser cumprida tão proteção internacional, de natureza
inteiramente como nela se contém. convencional, coadjuvante ou complementar
da que oferece o direito interno dos Estados
Art. 2° Ao depositar a Carta de Adesão a americanos;
esse ato internacional, em 25 de setembro de

25
Considerando que esses princípios foram sujeita à sua jurisdição, sem discriminação
consagrados na Carta da Organização dos alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma,
Estados Americanos, na Declaração religião, opiniões políticas ou de qualquer outra
Americana dos Direitos e Deveres do Homem natureza, origem nacional ou social, posição
e na Declaração Universal dos Direitos do econômica, nascimento ou qualquer outra
Homem e que foram reafirmados e condição social.
desenvolvidos em outros instrumentos
internacionais, tanto de âmbito mundial como 2. Para os efeitos desta Convenção,
regional; pessoa é todo ser humano.

Reiterando que, de acordo com a ARTIGO 2


Declaração Universal dos Direitos do Homem,
só pode ser realizado o ideal do ser humano Dever de Adotar Disposições de Direito
livre, isento do temor e da miséria, se forem Interno
criadas condições que permitam a cada
pessoa gozar dos seus direitos econômicos, Se o exercício dos direitos e liberdades
sociais e culturais, bem como dos seus direitos mencionados no artigo 1 ainda não estiver
civis e políticos; e garantido por disposições legislativas ou de
outra natureza, os Estados-Partes
Considerando que a Terceira Conferência comprometem-se a adotar, de acordo com as
Interamericana Extraordinária (Buenos Aires, suas normas constitucionais e com as
1967) aprovou a incorporação à própria Carta disposições desta Convenção, as medidas
da Organização de normas mais amplas sobre legislativas ou de outra natureza que forem
direitos econômicos, sociais e educacionais e necessárias para tornar efetivos tais direitos e
resolveu que uma convenção interamericana liberdades.
sobre direitos humanos determinasse a
estrutura, competência e processo dos órgãos CAPÍTULO II
encarregados dessa matéria,
Direitos Civis e Políticos
Convieram no seguinte:
ARTIGO 3

PARTE I Direito ao Reconhecimento da


Personalidade Jurídica
Deveres dos Estados e Direitos Protegidos
Toda pessoa tem direito ao
CAPÍTULO I reconhecimento de sua personalidade jurídica.

Enumeração de Deveres ARTIGO 4

ARTIGO 1 Direito à Vida

Obrigação de Respeitar os Direitos 1. Toda pessoa tem o direito de que se


respeite sua vida. Esse direito deve ser
1. Os Estados-Partes nesta Convenção protegido pela lei e, em geral, desde o
comprometem-se a respeitar os direitos e momento da concepção. Ninguém pode ser
liberdades nela reconhecidos e a garantir seu privado da vida arbitrariamente.
livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja

26
2. Nos países que não houverem abolido 3. A pena não pode passar da pessoa do
a pena de morte, esta só poderá ser imposta delinqüente.
pelos delitos mais graves, em cumprimento de
sentença final de tribunal competente e em 4. Os processados devem ficar separados
conformidade com lei que estabeleça tal pena, dos condenados, salvo em circunstâncias
promulgada antes de haver o delito sido excepcionais, e ser submetidos a tratamento
cometido. Tampouco se estenderá sua adequado à sua condição de pessoas não
aplicação a delitos aos quais não se aplique condenadas.
atualmente.
5. Os menores, quando puderem ser
3. Não se pode restabelecer a pena de processados, devem ser separados dos
morte nos Estados que a hajam abolido. adultos e conduzidos a tribunal especializado,
com a maior rapidez possível, para seu
4. Em nenhum caso pode a pena de tratamento.
morte ser aplicada por delitos políticos, nem
por delitos comuns conexos com delitos 6. As penas privativas da liberdade
políticos. devem ter por finalidade essencial a reforma e
a readaptação social dos condenados.
5. Não se deve impor a pena de morte a
pessoa que, no momento da perpetração do ARTIGO 6
delito, for menor de dezoito anos, ou maior de
setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de Proibição da Escravidão e da Servidão
gravidez.
1. Ninguém pode ser submetido a
6. Toda pessoa condenada à morte tem escravidão ou a servidão, e tanto estas como o
direito a solicitar anistia, indulto ou comutação tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são
da pena, os quais podem ser concedidos em proibidos em todas as formas.
todos os casos. Não se pode executar a pena
de morte enquanto o pedido estiver pendente 2. Ninguém deve ser constrangido a
de decisão ante a autoridade competente. executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos
países em que se prescreve, para certos
ARTIGO 5 delitos, pena privativa da liberdade
acompanhada de trabalhos forçados, esta
Direito à Integridade Pessoal disposição não pode ser interpretada no
sentido de que proíbe o cumprimento da dita
1. Toda pessoa tem o direito de que se pena, imposta por juiz ou tribunal competente.
respeite sua integridade física, psíquica e O trabalho forçado não deve afetar a dignidade
moral. nem a capacidade física e intelectual do
recluso.
2. Ninguém deve ser submetido a
torturas, nem a penas ou tratos cruéis, 3. Não constituem trabalhos forçados ou
desumanos ou degradantes. Toda pessoa obrigatórios para os efeitos deste artigo:
privada da liberdade deve ser tratada com o
respeito devido à dignidade inerente ao ser a) os trabalhos ou serviços normalmente
humano. exigidos de pessoa reclusa em cumprimento
de sentença ou resolução formal expedida pela
autoridade judiciária competente. Tais

27
trabalhos ou serviços devem ser executados condicionada a garantias que assegurem o seu
sob a vigilância e controle das autoridades comparecimento em juízo.
públicas, e os indivíduos que os executarem
não devem ser postos à disposição de 6. Toda pessoa privada da liberdade tem
particulares, companhias ou pessoas jurídicas direito a recorrer a um juiz ou tribunal
de caráter privado: competente, a fim de que este decida, sem
demora, sobre a legalidade de sua prisão ou
b) o serviço militar e, nos países onde se detenção e ordene sua soltura se a prisão ou a
admite a isenção por motivos de consciência, o detenção forem ilegais. Nos Estados-Partes
serviço nacional que a lei estabelecer em lugar cujas leis prevêem que toda pessoa que se vir
daquele; ameaçada de ser privada de sua liberdade tem
direito a recorrer a um juiz ou tribunal
c) o serviço imposto em casos de perigo competente a fim de que este decida sobre a
ou calamidade que ameace a existência ou o legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode
bem-estar da comunidade; e ser restringido nem abolido. O recurso pode
ser interposto pela própria pessoa ou por outra
d) o trabalho ou serviço que faça parte pessoa.
das obrigações cívicas normais.
7. Ninguém deve ser detido por dívida.
ARTIGO 7 Este princípio não limita os mandados de
autoridade judiciária competente expedidos em
Direito à Liberdade Pessoal virtude de inadimplemento de obrigação
alimentar.
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à
segurança pessoais. ARTIGO 8

2. Ninguém pode ser privado de sua Garantias Judiciais


liberdade física, salvo pelas causas e nas
condições previamente fixadas pelas 1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida,
constituições políticas dos Estados-Partes ou com as devidas garantias e dentro de um prazo
pelas leis de acordo com elas promulgadas. razoável, por um juiz ou tribunal competente,
independente e imparcial, estabelecido
3. Ninguém pode ser submetido a anteriormente por lei, na apuração de qualquer
detenção ou encarceramento arbitrários. acusação penal formulada contra ela, ou para
que se determinem seus direitos ou obrigações
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser
de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de
informada das razões da sua detenção e
qualquer outra natureza.
notificada, sem demora, da acusação ou
acusações formuladas contra ela. 2. Toda pessoa acusada de delito tem
direito a que se presuma sua inocência
5. Toda pessoa detida ou retida deve ser
enquanto não se comprove legalmente sua
conduzida, sem demora, à presença de um juiz
culpa. Durante o processo, toda pessoa tem
ou outra autoridade autorizada pela lei a
direito, em plena igualdade, às seguintes
exercer funções judiciais e tem direito a ser
garantias mínimas:
julgada dentro de um prazo razoável ou a ser
posta em liberdade, sem prejuízo de que a) direito do acusado de ser assistido
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não

28
compreender ou não falar o idioma do juízo ou Ninguém pode ser condenado por ações
tribunal; ou omissões que, no momento em que forem
cometidas, não sejam delituosas, de acordo
b) comunicação prévia e pormenorizada com o direito aplicável. Tampouco se pode
ao acusado da acusação formulada; impor pena mais grave que a aplicável no
momento da perpetração do delito. Se depois
c) concessão ao acusado do tempo e dos da perpetração do delito a lei dispuser a
meios adequados para a preparação de sua imposição de pena mais leve, o delinqüente
defesa; será por isso beneficiado.

d) direito do acusado de defender-se ARTIGO 10


pessoalmente ou de ser assistido por um
defensor de sua escolha e de comunicar-se, Direito a Indenização
livremente e em particular, com seu defensor;
Toda pessoa tem direito de ser
e) direito irrenunciável de ser assistido indenizada conforme a lei, no caso de haver
por um defensor proporcionado pelo Estado, sido condenada em sentença passada em
remunerado ou não, segundo a legislação julgado, por erro judiciário.
interna, se o acusado não se defender ele
próprio nem nomear defensor dentro do prazo ARTIGO 11
estabelecido pela lei;
Proteção da Honra e da Dignidade
f) direito da defesa de inquirir as
testemunhas presentes no tribunal e de obter o 1. Toda pessoa tem direito ao respeito de
comparecimento, como testemunhas ou sua honra e ao reconhecimento de sua
peritos, de outras pessoas que possam lançar dignidade.
luz sobre os fatos.
2. Ninguém pode ser objeto de
g) direito de não ser obrigado a depor ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida
contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e privada, na de sua família, em seu domicílio ou
em sua correspondência, nem de ofensas
h) direito de recorrer da sentença para ilegais à sua honra ou reputação.
juiz ou tribunal superior.
3. Toda pessoa tem direito à proteção da
3. A confissão do acusado só é válida se lei contra tais ingerências ou tais ofensas.
feita sem coação de nenhuma natureza.
ARTIGO 12
4. O acusado absolvido por sentença
passada em julgado não poderá se submetido Liberdade de Consciência e de Religião
a novo processo pelos mesmos fatos.
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de
5. O processo penal deve ser público, consciência e de religião. Esse direito implica a
salvo no que for necessário para preservar os liberdade de conservar sua religião ou suas
interesses da justiça. crenças, ou de mudar de religião ou de
crenças, bem como a liberdade de professar e
ARTIGO 9 divulgar sua religião ou suas crenças,
individual ou coletivamente, tanto em público
Princípio da Legalidade e da Retroatividade como em privado.

29
2. Ninguém pode ser objeto de medidas particulares de papel de imprensa, de
restritivas que possam limitar sua liberdade de freqüências radioelétricas ou de equipamentos
conservar sua religião ou suas crenças, ou de e aparelhos usados na difusão de informação,
mudar de religião ou de crenças. nem por quaisquer outros meios destinados a
obstar a comunicação e a circulação de idéias
3. A liberdade de manifestar a própria e opiniões.
religião e as próprias crenças está sujeita
unicamente às limitações prescritas pela lei e 4. A lei pode submeter os espetáculos
que sejam necessárias para proteger a públicos a censura prévia, com o objetivo
segurança, a ordem, a saúde ou a moral exclusivo de regular o acesso a eles, para
públicas ou os direitos ou liberdades das proteção moral da infância e da adolescência,
demais pessoas. sem prejuízo do disposto no inciso 2.

4. Os pais, e quando for o caso os 5. A lei deve proibir toda propaganda a


tutores, têm direito a que seus filhos ou pupilos favor da guerra, bem como toda apologia ao
recebam a educação religiosa e moral que ódio nacional, racial ou religioso que constitua
esteja acorde com suas próprias convicções. incitação à discriminação, à hostilidade, ao
crime ou à violência.
ARTIGO 13
ARTIGO 14
Liberdade de Pensamento e de Expressão
Direito de Retificação ou Resposta
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de
pensamento e de expressão. Esse direito 1. Toda pessoa atingida por informações
compreende a liberdade de buscar, receber e inexatas ou ofensivas emitidas em seu prejuízo
difundir informações e idéias de toda natureza, por meios de difusão legalmente
sem consideração de fronteiras, verbalmente regulamentados e que se dirijam ao público em
ou por escrito, ou em forma impressa ou geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de
artística, ou por qualquer outro processo de difusão, sua retificação ou resposta, nas
sua escolha. condições que estabeleça a lei.

O exercício do direito previsto no inciso 2. Em nenhum caso a retificação ou a


precedente não pode estar sujeito a censura resposta eximirão das outras
prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que responsabilidades legais em que se houver
devem ser expressamente fixadas pela lei a incorrido.
ser necessárias para assegurar:
3. Para a efetiva proteção da honra e da
a) o respeito aos direitos ou à reputação reputação, toda publicação ou empresa
das demais pessoas; ou jornalística, cinematográfica, de rádio ou
televisão, deve ter uma pessoa responsável
b) a proteção da segurança nacional, da que não seja protegida por imunidades nem
ordem pública, ou da saúde ou da moral goze de foro especial.
públicas.
ARTIGO 15
3. Não se pode restringir o direito de
expressão por vias ou meios indiretos, tais Direito de Reunião
como o abuso de controles oficiais ou

30
É reconhecido o direito de reunião o princípio da não discriminação estabelecido
pacífica e sem armas. O exercício de tal direito nesta Convenção.
só pode estar sujeito às restrições previstas
pela lei e que sejam necessárias, numa 3. O casamento não pode ser celebrado
sociedade democrática, no interesse da sem o livre e pleno consentimento dos
segurança nacional, da segurança ou da contraentes.
ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a
moral públicas ou os direitos e liberdades das 4. Os Estados-Partes devem tomar
demais pessoas. medidas apropriadas no sentido de assegurar
a igualdade de direitos e a adequada
ARTIGO 16 equivalência de responsabilidades dos
cônjuges quanto ao casamento, durante o
Liberdade de Associação casamento e em caso de dissolução do
mesmo. Em caso de dissolução, serão
1. Todas as pessoas têm o direito de adotadas disposições que assegurem a
associar-se livremente com fins ideológicos, proteção necessária aos filhos, com base
religiosos, políticos, econômicos, trabalhistas, unicamente no interesse e conveniência dos
sociais, culturais, desportivos, ou de qualquer mesmos.
outra natureza.
5. A lei deve reconhecer iguais direitos
2. O exercício de tal direito só pode estar tanto aos filhos nascidos fora do casamento
sujeito às restrições previstas pela lei que como aos nascidos dentro do casamento.
sejam necessárias, numa sociedade
democrática, no interesse da segurança ARTIGO 18
nacional, da segurança ou da ordem públicas,
ou para proteger a saúde ou a moral públicas Direito ao Nome
ou os direitos e liberdades das demais
pessoas. Toda pessoa tem direito a um prenome e
aos nomes de seus pais ou ao de um destes. A
3. O disposto neste artigo não impede a lei deve regular a forma de assegurar a todos
imposição de restrições legais, e mesmo a esses direito, mediante nomes fictícios, se for
privação do exercício do direito de associação, necessário.
aos membros das forças armadas e da polícia.
ARTIGO 19
ARTIGO 17
Direitos da Criança
Proteção da Família
Toda criança tem direito às medidas de
1. A família é o elemento natural e proteção que a sua condição de menor requer
fundamental da sociedade e deve ser protegida por parte da sua família, da sociedade e do
pela sociedade e pelo Estado. Estado.

2. É reconhecido o direito do homem e da ARTIGO 20


mulher de contraírem casamento e de
fundarem uma família, se tiverem a idade e as Direito à Nacionalidade
condições para isso exigidas pelas leis
internas, na medida em que não afetem estas 1. Toda pessoa tem direito a uma
nacionalidade.

31
2. Toda pessoa tem direito à 4. O exercício dos direitos reconhecidos
nacionalidade do Estado em cujo território no inciso 1 pode também ser restringido pela
houver nascido, se não tiver direito a outra. lei, em zonas determinadas, por motivo de
interesse público.
3. A ninguém se deve privar
arbitrariamente de sua nacionalidade nem do 5. Ninguém pode ser expulso do território
direito de mudá-la. do Estado do qual for nacional, nem ser
privado do direito de nele entrar.
ARTIGO 21
6. O estrangeiro que se ache legalmente
Direito à Propriedade Privada no território de um Estado-Parte nesta
Convenção só poderá dele ser expulso em
1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo cumprimento de decisão adotada de acordo
dos seus bens. A lei pode subordinar esse uso com a lei.
e gozo ao interesse social.
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de receber asilo em território estrangeiro, em caso
seus bens, salvo mediante o pagamento de de perseguição por delitos políticos ou comuns
indenização justa, por motivo de utilidade conexos com delitos políticos e de acordo com
pública ou de interesse social e nos casos e na a legislação de cada Estado e com os
forma estabelecidos pela lei. convênios internacionais.

3. Tanto a usura como qualquer outra 8. Em nenhum caso o estrangeiro pode


forma de exploração do homem pelo homem ser expulso ou entregue a outro país, seja ou
devem ser reprimidas pela lei. não de origem, onde seu direito à vida ou à
liberdade pessoal esteja em risco de violação
ARTIGO 22 por causa da sua raça, nacionalidade, religião,
condição social ou de suas opiniões políticas.
Direito de Circulação e de Residência
9. É proibida a expulsão coletiva de
1. Toda pessoa que se ache legalmente
estrangeiros.
no território de um Estado tem direito de
circular nele e de nele residir em conformidade ARTIGO 23
com as disposições legais.
Direitos Políticos
2. Toda pessoa tem o direito de sair
livremente de qualquer país, inclusive do 1. Todos os cidadãos devem gozar dos
próprio. seguintes direitos e oportunidades:

3. O exercício dos direitos acima a) de participar da direção dos assuntos


mencionados não pode ser restringido senão públicos, diretamente ou por meio de
em virtude de lei, na medida indispensável, representantes livremente eleitos;
numa sociedade democrática, para prevenir
infrações penais ou para proteger a segurança b) de votar e ser eleitos em eleições
nacional, a segurança ou a ordem públicas, a periódicas autênticas, realizadas por sufrágio
moral ou a saúde públicas, ou os direitos e universal e igual e por voto secreto que garanta
liberdades das demais pessoas. a livre expressão da vontade dos eleitores; e

32
c) de ter acesso, em condições gerais de CAPÍTULO III
igualdade, às funções públicas de seu país.
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
2. A lei pode regular o exercício dos
direitos e oportunidades e a que se refere o ARTIGO 26
inciso anterior, exclusivamente por motivos de
idade, nacionalidade, residência, idioma, Desenvolvimento Progressivo
instrução, capacidade civil ou mental, ou
condenação, por juiz competente, em processo Os Estados-Partes comprometem-se a
penal. adotar providências, tanto no âmbito interno
como mediante cooperação internacional,
ARTIGO 24 especialmente econômica e técnica, a fim de
conseguir progressivamente a plena
Igualdade Perante a Lei efetividade dos direitos que decorrem das
normas econômicas, sociais e sobre educação,
Todas as pessoas são iguais perante a ciência e cultura, constantes da Carta da
lei. Por conseguinte, têm direito, sem Organização dos Estados Americanos,
discriminação, a igual proteção da lei. reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na
medida dos recursos disponíveis, por via
ARTIGO 25 legislativa ou por outros meios apropriados.

Proteção Judicial CAPÍTULO IV

1. Toda pessoa tem direito a um recurso Suspensão de Garantias, Interpretação e


simples e rápido ou a qualquer outro recurso Aplicação
efetivo, perante os juízes ou tribunais
competentes, que a proteja contra atos que ARTIGO 27
violem seus direitos fundamentais
reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela Suspensão de Garantias
presente Convenção, mesmo quando tal
violação seja cometida por pessoas que 1. Em caso de guerra, de perigo público,
estejam atuando no exercício de suas funções ou de outra emergência que ameace a
oficiais. independência ou segurança do Estado-Parte,
este poderá adotar disposições que, na medida
2. Os Estados-Partes comprometem-se: e pelo tempo estritamente limitados às
exigências da situação, suspendam as
a) a assegurar que a autoridade obrigações contraídas em virtude desta
competente prevista pelo sistema legal do Convenção, desde que tais disposições não
Estado decida sobre os direitos de toda pessoa sejam incompatíveis com as demais
que interpuser tal recurso; obrigações que lhe impõe o Direito
Internacional e não encerrem discriminação
b) a desenvolver as possibilidades de alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo,
recurso judicial; e idioma, religião ou origem social.

c) a assegurar o cumprimento, pelas 2. A disposição precedente não autoriza a


autoridades competentes, de toda decisão em suspensão dos direitos determinados nos
que se tenha considerado procedente o seguintes artigos: 3 (Direito ao
recurso.

33
Reconhecimento da Personalidade Jurídica), 4 contenha as disposições necessárias para que
(Direito à vida), 5 (Direito à Integridade continuem sendo efetivas no novo Estado
Pessoal), 6 (Proibição da Escravidão e assim organizado as normas da presente
Servidão), 9 (Princípio da Legalidade e da Convenção.
Retroatividade), 12 (Liberdade de Consciência
e de Religião), 17 (Proteção da Família), 18 ARTIGO 29
(Direito ao Nome), 19 (Direitos da Criança), 20
(Direito à Nacionalidade) e 23 (Direitos Normas de Interpretação
Políticos), nem das garantias indispensáveis
para a proteção de tais direitos. Nenhuma disposição desta Convenção
pode ser interpretada no sentido de:
3. Todo Estado-Parte que fizer uso do
direito de suspensão deverá informar a) permitir a qualquer dos Estados-
imediatamente os outros Estados-Partes na Partes, grupo ou pessoa, suprimir o gozo e
presente Convenção, por intermédio do exercício dos direitos e liberdades
Secretário-Geral da Organização dos Estados reconhecidos na Convenção ou limitá-los em
Americanos, das disposições cuja aplicação maior medida do que a nela prevista;
haja suspendido, dos motivos determinantes
b) limitar o gozo e exercício de qualquer
da suspensão e da data em que haja dado por
direito ou liberdade que possam ser
terminada tal suspensão.
reconhecidos de acordo com as leis de
ARTIGO 28 qualquer dos Estados-Partes ou de acordo
com outra convenção em que seja parte um
Cláusula Federal dos referidos Estados;

1. Quando se tratar de um Estado-Parte c) excluir outros direitos e garantias que


constituído como Estado federal, o governo são inerentes ao ser humano ou que decorrem
nacional do aludido Estado-Parte cumprirá da forma democrática representativa de
todas as disposições da presente Convenção, governo; e
relacionadas com as matérias sobre as quais
exerce competência legislativa e judicial. d) excluir ou limitar o efeito que possam
produzir a Declaração Americana dos Direitos
2. No tocante às disposições relativas às e Deveres do Homem e outros atos
matérias que correspondem à competência das internacionais da mesma natureza.
entidades componentes da federação, o
governo nacional deve tomar imediatamente as ARTIGO 30
medidas pertinentes, em conformidade com
Alcance das Restrições
sua constituição e suas leis, a fim de que as
autoridades competentes das referidas
As restrições permitidas, de acordo com
entidades possam adotar as disposições
esta Convenção, ao gozo e exercício dos
cabíveis para o cumprimento desta
direitos e liberdades nela reconhecidos, não
Convenção.
podem ser aplicadas senão de acordo com leis
que forem promulgadas por motivo de
3. Quando dois ou mais Estados-Partes
interesse geral e com o propósito para o qual
decidirem constituir entre eles uma federação
houverem sido estabelecidas.
ou outro tipo de associação, diligenciarão no
sentido de que o pacto comunitário respectivo
ARTIGO 31

34
Reconhecimento de Outros Direitos Comissão Interamericana de Direitos Humanos

Poderão ser incluídos no regime de Seção 1 - Organização


proteção desta Convenção outros direitos e
liberdades que forem reconhecidos de acordo ARTIGO 34
com os processos estabelecidos nos artigos 69
e 70. A Comissão Interamericana de Direitos
Humanos compor-se-á de sete membros, que
CAPÍTULO V deverão ser pessoas de alta autoridade moral
e de reconhecido saber em matéria de direitos
Deveres das Pessoas humanos.

ARTIGO 32 ARTIGO 35

Correlação entre Deveres e Direitos A Comissão representa todos os


Membros da Organização dos Estados
1. Toda pessoa tem deveres para com a Americanos.
família, a comunidade e a humanidade.
ARTIGO 36
2. Os direitos de cada pessoa são
limitados pelos direitos dos demais, pela 1. Os membros da Comissão serão
segurança de todos e pelas justas exigências eleitos a título pessoal, pela Assembléia-Geral
do bem comum, numa sociedade democrática. da Organização, de uma lista de candidatos
propostos pelos governos dos Estados-
Membros.
PARTE II
2. Cada um dos referidos governos pode
Meios da Proteção
propor até três candidatos, nacionais do
Estado que os propuser ou de qualquer outro
CAPÍTULO VI
Estado-Membro da Organização dos Estados
Órgãos Competentes Americanos. Quando for proposta uma lista de
três candidatos, pelo menos um deles deverá
ARTIGO 33 ser nacional de Estado diferente do
proponente.
São competentes para conhecer dos
assuntos relacionados com o cumprimento dos ARTIGO 37
compromissos assumidos pelos Estados-
Partes nesta Convenção: 1. Os membros da Comissão serão
eleitos por quatro anos e só poderão ser
a) a Comissão Interamericana de Direitos reeleitos uma vez, porém o mandato de três
Humanos, doravante denominada a Comissão; dos membros designados na primeira eleição
e expirará ao cabo de dois anos. Logo depois da
referida eleição, serão determinados por
b) a Corte Interamericana de Direitos sorteio, na Assembléia-Geral, os nomes
Humanos, doravante denominada a Corte. desses três membros.

CAPÍTULO VII 2. Não pode fazer parte da Comissão


mais de um nacional de um mesmo Estado.

35
ARTIGO 38 d) solicitar aos governos dos Estados-
Membros que lhe proporcionem informações
As vagas que ocorrerem na Comissão, sobre as medidas que adotarem em matéria de
que não se devam à expiração normal do direitos humanos;
mandado, serão preenchidas pelo Conselho
Permanente da Organização, de acordo com o e) atender às consultas que, por meio da
que dispuser o Estatuto da Comissão. Secretaria-Geral da Organização dos Estados
Americanos, lhe formularem os Estados-
ARTIGO 39 Membros sobre questões relacionadas com os
direitos humanos e, dentro de suas
A Comissão elaborará seu estatuto e possibilidades, prestar-lhes o assessoramento
submetê-lo-á à aprovação da Assembléia- que eles lhe solicitarem;
Geral e expedirá seu próprio regulamento.
f) atuar com respeito às petições e outras
ARTIGO 40 comunicações, no exercício de sua autoridade,
de conformidade com o disposto nos artigos 44
Os serviços de secretaria da Comissão a 51 desta Convenção; e
devem ser desempenhados pela unidade
funcional especializada que faz parte da g) apresentar um relatório anual à
Secretaria-Geral da Organização e deve dispor Assembléia-Geral da Organização dos Estados
dos recursos necessários para cumprir as Americanos.
tarefas que lhe forem confiadas pela
Comissão. ARTIGO 42

Seção 2 - Funções Os Estados-Partes devem remeter à


Comissão cópia dos relatórios e estudos que,
ARTIGO 41 em seus respectivos campos, submetem
anualmente às Comissões Executivas do
A Comissão tem a função principal de Conselho Interamericano Econômico e Social e
promover a observância e a defesa dos direitos do Conselho Interamericano de Educação,
humanos e, no exercício do seu mandato, tem Ciência e Cultura, a fim de que aquela vele por
as seguintes funções e atribuições: que se promovam os direitos decorrentes das
normas econômicas, sociais e sobre educação,
a) estimular a consciência dos direitos
ciência e cultura, constantes da Carta da
humanos nos povos da América;
Organização dos Estados Americanos,
reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.
b) formular recomendações aos governos
dos Estados-Membros, quando o considerar
ARTIGO 43
conveniente, no sentido de que adotem
medidas progressivas em prol dos direitos Os Estados-Partes obrigam-se a
humanos no âmbito de suas leis internas e proporcionar à Comissão as informações que
seus preceitos constitucionais, bem como esta lhes solicitar sobre a maneira pela qual o
disposições apropriadas para promover o seu direito interno assegura a aplicação efetiva
devido respeito a esses direitos; de quaisquer disposições desta Convenção.

c) preparar os estudos ou relatórios que Seção 3 - Competência


considerar convenientes para o desempenho
de suas funções;

36
ARTIGO 44 45 seja admitida pela Comissão, será
necessário:
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas,
ou entidade não governamental legalmente a) que hajam sido interpostos e
reconhecida em um ou mais Estados-Membros esgotados os recursos da jurisdição interna, de
da Organização, pode apresentar à Comissão acordo com os princípios de direito
petições que contenham denúncias ou queixas internacional geralmente reconhecidos;
de violação desta Convenção por um Estado-
Parte. b) que seja apresentada dentro do prazo
de seis meses, a partir da data em que o
ARTIGO 45 presumido prejudicado em seus direitos tenha
sido notificado da decisão definitiva;
1. Todo Estado-Parte pode, no momento
do depósito do seu instrumento de ratificação c) que a matéria da petição ou
desta Convenção ou de adesão a ela, ou em comunicação não esteja pendente de outro
qualquer momento posterior, declarar que processo de solução internacional; e
reconhece a competência da Comissão para
receber e examinar as comunicações em que d) que, no caso do artigo 44, a petição
um Estado-Parte alegue haver outro Estado- contenha o nome, a nacionalidade, a profissão,
Parte incorrido em violações dos direitos o domicílio e a assinatura da pessoa ou
humanos estabelecidos nesta Convenção. pessoas ou do representante legal da entidade
que submeter a petição.
2. As comunicações feitas em virtude
deste artigo só podem ser admitidas e 2. As disposições das alíneas a e b do
examinadas se forem apresentadas por um inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:
Estado-Parte que haja feito uma declaração
pela qual reconheça a referida competência da a) não existir, na legislação interna do
Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma Estado de que se tratar, o devido processo
comunicação contra um Estado-Parte que não legal para a proteção do direito ou direitos que
haja feito tal declaração. se alegue tenham sido violados;

3. As declarações sobre reconhecimento b) não se houver permitido ao presumido


de competência podem ser feitas para que esta prejudicado em seus direitos o acesso aos
vigore por tempo indefinido, por período recursos da jurisdição interna, ou houver sido
determinado ou para casos específicos. ele impedido de esgotá-los; e

4. As declarações serão depositadas na c) houver demora injustificada na decisão


Secretaria-Geral da Organização dos Estados sobre os mencionados recursos.
Americanos, a qual encaminhará cópia das
mesmas aos Estados-Membros da referida ARTIGO 47
Organização.
A Comissão declarará inadmissível toda
ARTIGO 46 petição ou comunicação apresentada de
acordo com os artigos 44 ou 45 quando:
1. Para que uma petição ou comunicação
apresentada de acordo com os artigos 44 ou a) não preencher algum dos requisitos
estabelecidos no artigo 46;

37
b) não expuser fatos que caracterizem d) se o expediente não houver sido
violação dos direitos garantidos por esta arquivado, e com o fim de comprovar os fatos,
Convenção; a Comissão procederá, com conhecimento das
partes, a um exame do assunto exposto na
c) pela exposição do próprio peticionário petição ou comunicação. Se for necessário e
ou do Estado, for manifestamente infundada a conveniente, a Comissão procederá a uma
petição ou comunicação ou for evidente sua investigação para cuja eficaz realização
total improcedência; ou solicitará, e os Estados interessados lhe
proporcionarão, todas as facilidades
d) for substancialmente reprodução de necessárias;
petição ou comunicação anterior, já examinada
pela Comissão ou por outro organismo e) poderá pedir aos Estados interessados
internacional. qualquer informação pertinente e receberá, se
isso lhe for solicitado, as exposições verbais ou
Seção 4 - Processo escritas que apresentarem os interessados; e

ARTIGO 48 f) por-se-á à disposição das partes


interessadas, a fim de chegar a uma solução
1. A Comissão, ao receber uma petição amistosa do assunto, fundada no respeito aos
ou comunicação na qual se alegue violação de direitos humanos reconhecidos nesta
qualquer dos direitos consagrados nesta Convenção.
Convenção, procederá da seguinte maneira:
2. Entretanto, em casos graves e
a) se reconhecer a admissibilidade da urgentes, pode ser realizada uma investigação,
petição ou comunicação, solicitará informações mediante prévio consentimento do Estado em
ao Governo do Estado ao qual pertença a cujo território de alegue haver sido cometida a
autoridade apontada como responsável pela violação, tão somente com a apresentação de
violação alegada e transcreverá as partes uma petição ou comunicação que reúna todos
pertinentes da petição ou comunicação. As os requisitos formais de admissibilidade.
referidas informações devem ser enviadas
dentro de um prazo razoável, fixado pela ARTIGO 49
Comissão ao considerar as circunstâncias de
cada caso; Se houver chegado a uma solução
amistosa de acordo com as disposições do
b) recebidas às informações, ou inciso 1, f, do artigo 48, a Comissão redigirá
transcorrido o prazo fixado sem que sejam elas um relatório que será encaminhado ao
recebidas, verificará se existem ou subsistem peticionário e aos Estados-Partes nesta
os motivos da petição ou comunicação. No Convenção e, posteriormente, transmitido, para
caso de não existirem ou não subsistirem, sua publicação, ao Secretário-Geral da
mandará arquivar o expediente; Organização dos Estados Americanos. O
referido relatório conterá uma breve exposição
c) poderá também declarar a dos fatos e da solução alcançada. Se qualquer
inadmissibilidade ou a improcedência da das partes no caso o solicitar, ser-lhe-á
petição ou comunicação, com base em proporcionada a mais ampla informação
informação ou prova superveniente; possível.

ARTIGO 50

38
1. Se não se chegar a uma solução, e Corte Interamericana de Direitos Humanos
dentro do prazo que for fixado pelo Estatuto da
Comissão, esta redigirá um relatório no qual Seção 1 - Organização
exporá os fatos e suas conclusões. Se o
relatório não representar, no todo ou em parte, ARTIGO 52
o acordo unânime dos membros da Comissão,
qualquer deles poderá agregar ao referido 1. A Corte compor-se-á de sete juízes,
relatório seu voto em separado. Também se nacionais dos Estados-Membros da
agregarão ao relatório as exposições verbais Organização, eleitos a título pessoal dentre
ou escritas que houverem sido feitas pelos juristas da mais alta autoridade moral, de
interessados em virtudes do inciso 1, e, do reconhecida competência em matéria de
artigo 48. direitos humanos, que reúnam as condições
requeridas para o exercício das mais elevadas
2. O relatório será encaminhado aos funções judiciais, de acordo com a lei do
Estados interessados, aos quais não será Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado
facultado publicá-lo. que os propuser como candidatos.

3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão 2. Não deve haver dois juízes da mesma


pode formular as proposições e nacionalidade.
recomendações que julgar adequadas.
ARTIGO 53
ARTIGO 51
1. Os juízes da Corte serão eleitos, em
1. Se no prazo de três meses, a partir da votação secreta e pelo voto da maioria
remessa aos Estados interessados do relatório absoluta dos Estados-Partes na Convenção,
da Comissão, o assunto não houver sido na Assembléia-Geral da Organização, de uma
solucionado ou submetido à decisão da Corte lista de candidatos propostos pelos mesmos
pela Comissão ou pelo Estado interessado, Estados.
aceitando sua competência, a Comissão
poderá emitir, pelo voto da maioria absoluta 2. Cada um dos Estados-Partes pode
dos seus membros, sua opinião e conclusões propor até três candidatos, nacionais do
sobre a questão submetida à sua Estado que os propuser ou de qualquer outro
consideração. Estado-Membro da Organização dos Estados
Americanos. Quando se propuser uma lista de
2. A comissão fará as recomendações três candidatos, pelo menos um deles deverá
pertinentes e fixará um prazo dentro do qual o ser nacional de Estado diferente do
Estado deve tomar as medidas que lhe proponente.
competirem para remediar a situação
examinada. ARTIGO 54

3. Transcorrido o prazo fixado, a 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um


Comissão decidirá, pelo voto da maioria período de seis anos e só poderão ser reeleitos
absoluta dos seus membros, se o Estado uma vez. O mandato de três dos juízes
tomou ou não medidas adequadas e se publica designados na primeira eleição expirará ao
ou não seu relatório. cabo de três anos. Imediatamente depois da
referida eleição, determinar-se-ão por sorteio,
CAPÍTULO VIII

39
na Assembléia-Geral, os nomes desses três A Comissão comparecerá em todos os
juízes. casos perante a Corte.

2. O juiz eleito para substituir outro cujo ARTIGO 58


mandato não haja expirado, completará o
período deste. 1. A Corte terá sua sede no lugar que for
determinado, na Assembléia-Geral da
3. Os juízes permanecerão em suas Organização, pelos Estados-Partes na
funções até o término dos seus mandatos. Convenção, mas poderá realizar reuniões no
Entretanto, continuarão funcionando nos casos território de qualquer Estado-Membro da
de que já houverem tomado conhecimento e Organização dos Estrados Americanos em que
que se encontrem em fase de sentença e, para o considerar conveniente pela maioria dos
tais efeitos, não serão substituídos pelos novos seus membros e mediante prévia aquiescência
juízes eleitos. do Estado respectivo. Os Estados-Partes na
Convenção podem, na Assembléia-Geral, por
ARTIGO 55 dois terços dos seus votos, mudar a sede da
Corte.
1. O juiz que for nacional de algum dos
Estados-Partes no caso submetido à Corte 2. A Corte designará seu Secretário.
conservará o seu direito de conhecer o mesmo.
3. O Secretário residirá na sede da Corte
2. Se um dos juízes chamados a e deverá assistir às reuniões que ela realizar
conhecer do caso for de nacionalidade de um fora da mesma.
dos Estados-Partes, outro Estado-Parte no
caso poderá designar uma pessoa de sua ARTIGO 59
escolha para integrar a Corte na qualidade de
juiz ad hoc. A Secretaria da Corte será por esta
estabelecida e funcionará sob a direção do
3. Se, dentre os juízes chamados a Secretário da Corte, de acordo com as normas
conhecer do caso, nenhum for da administrativas da Secretaria-Geral da
nacionalidade dos Estados partes, cada um Organização em tudo o que não for
destes poderá designar um juiz ad hoc. incompatível com a independência da Corte.
Seus funcionários serão nomeados pelo
4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos Secretário-Geral da Organização, em consulta
indicados no artigo 52. com o Secretário da Corte.

5. Se vários Estados-Partes na ARTIGO 60


Convenção tiverem o mesmo interesse no
caso, serão considerados como uma só parte, A Corte elaborará seu estatuto e
para os fins das disposições anteriores. Em submetê-lo-á à aprovação da Assembléia-
caso de dúvida, a Corte decidirá. Geral e expedirá seu regimento.

ARTIGO 56 Seção 2 - Competência e Funções

O quorum para as deliberações da Corte ARTIGO 61


é constituído por cinco juízes.

ARTIGO 57

40
1. Somente os Estados-Partes e a conseqüências da medida ou situação que haja
Comissão têm direito de submeter caso à configurado a violação desses direitos, bem
decisão da Corte. como o pagamento de indenização justa à
parte lesada.
2. Para que a Corte possa conhecer de
qualquer caso, é necessário que sejam 2. Em casos de extrema gravidade e
esgotados os processos previstos nos artigos urgência, e quando se fizer necessário evitar
48 a 50. danos irreparáveis às pessoas, a Corte, nos
assuntos de que estiver conhecendo, poderá
ARTIGO 62 tomar as medidas provisórias que considerar
pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda
1. Todo Estado-Parte pode, no momento não estiverem submetidos ao seu
do depósito do seu instrumento de ratificação conhecimento, poderá atuar a pedido da
desta Convenção ou de adesão a ela, ou em Comissão.
qualquer momento posterior, declarar que
reconhece como obrigatória, de pleno direito e ARTIGO 64
sem convenção especial, a competência da
Corte em todos os casos relativos à 1. Os Estados-Membros da Organização
interpretação ou aplicação desta Convenção. poderão consultar a Corte sobre a
interpretação desta Convenção ou de outros
2. A declaração pode ser feita tratados concernentes à proteção dos direitos
incondicionalmente, ou sob condição de humanos nos Estados americanos. Também
reciprocidade, por prazo determinado ou para poderão consultá-la, no que lhes compete, os
casos específicos. Deverá ser apresentada ao órgãos enumerados no capítulo X da Carta da
Secretário-Geral da Organização, que Organização dos Estados Americanos,
encaminhará cópias da mesma aos outros reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.
Estados-Membros da Organização e ao
Secretário da Corte. 2. A Corte, a pedido de um Estado-
Membro da Organização, poderá emitir
3. A Corte tem competência para pareceres sobre a compatibilidade entre
conhecer de qualquer caso relativo à qualquer de suas leis internas e os
interpretação e aplicação das disposições mencionados instrumentos internacionais.
desta Convenção que lhe seja submetido,
desde que os Estados-Partes no caso tenham ARTIGO 65
reconhecido ou reconheçam a referida
competência, seja por declaração especial, A Corte submeterá à consideração da
como prevêem os incisos anteriores, seja por Assembléia-Geral da Organização, em cada
convenção especial. período ordinário de sessões, um relatório
sobre suas atividades no ano anterior. De
ARTIGO 63 maneira especial, e com as recomendações
pertinentes, indicará os casos em que um
1. Quando decidir que houve violação de Estado não tenha dado cumprimento a suas
um direito ou liberdade protegido nesta sentenças.
Convenção, a Corte determinará que se
assegure ao prejudicado o gozo do seu direito Seção 3 - Processo
ou liberdade violados. Determinará também, se
isso for procedente, que sejam reparadas as ARTIGO 66

41
1. A sentença da Corte deve ser disso, dos privilégios diplomáticos necessários
fundamentada. para o desempenho de suas funções.

2. Se a sentença não expressar no todo 2. Não se poderá exigir responsabilidade


ou em parte a opinião unânime dos juízes, em tempo algum dos juízes da Corte, nem dos
qualquer deles terá direito a que se agregue à membros da Comissão, por votos e opiniões
sentença o seu voto dissidente ou individual. emitidos no exercício de suas funções.

ARTIGO 67 ARTIGO 71

A sentença da Corte será definitiva e Os cargos de juiz da Corte ou de membro


inapelável. Em caso de divergência sobre o da Comissão são incompatíveis com outras
sentido ou alcance da sentença, a Corte atividades que possam afetar sua
interpretá-la-á, a pedido de qualquer das independência ou imparcialidade conforme o
partes, desde que o pedido seja apresentando que for determinado nos respectivos estatutos.
dentro de noventa dias a partir da data da
notificação da sentença. ARTIGO 72

ARTIGO 68 Os juízes da Corte e os membros da


Comissão perceberão honorários e despesas
1. Os Estados-Partes na Convenção de viagem na forma e nas condições que
comprometem-se a cumprir a decisão da Corte determinarem os seus estatutos, levando em
em todo caso em que forem partes. conta a importância e independência de suas
funções. Tais honorários e despesas de
2. A parte da sentença que determinar viagem serão fixados no orçamento-programa
indenização compensatória poderá ser da Organização dos Estados Americanos, no
executada no país respectivo pelo processo qual devem ser incluídas, além disso, as
interno vigente para a execução de sentenças despesas da Corte e da sua Secretaria. Para
contra o Estado. tais efeitos, a Corte elaborará o seu próprio
projeto de orçamento e submetê-lo-á à
ARTIGO 69 aprovação da Assembléia-Geral, por
intermédio da Secretaria-Geral. Esta última não
A sentença da Corte deve ser notificada poderá nele introduzir modificações.
às partes no caso e transmitida aos Estados-
Partes na Convenção. ARTIGO 73

CAPITULO IX Somente por solicitação da Comissão ou


da Corte, conforme o caso, cabe á Assembléia-
Disposições Comuns Geral da Organização resolver sobre as
sanções aplicáveis aos membros da Comissão
ARTIGO 70
ou aos juízes da Corte que incorrerem nos
casos previstos nos respectivos estatutos. Para
1. Os juízes da Corte e os membros da
expedir uma resolução, será necessária
Comissão gozam, desde o momento de sua
maioria de dois terços dos votos dos Estados-
eleição e enquanto durar o seu mandato, das
Membros da Organização, no caso dos
imunidades reconhecidas aos agentes
membros da Comissão; e, além disso, de dois
diplomáticos pelo Direito Internacional. Durante
o exercício dos seus cargos gozam, além

42
terços dos votos dos Estados-Partes na Secretário-Geral, podem submeter à
Convenção, se se tratar dos juízes da Corte. Assembléia-Geral, para o que julgarem
conveniente, proposta de emenda a esta
Convenção.
PARTE III
2. As emendas entrarão em vigor para os
Disposições Gerais e Transitórias
Estados que ratificarem as mesmas na data
em que houver sido depositado o respectivo
CAPÍTULO X
instrumento de ratificação que corresponda ao
Assinatura, Ratificação, Reserva, Emenda, número de dois terços dos Estados-Partes
Protocolo e Denúncia nesta Convenção. Quanto aos outros Estados-
Partes, entrarão em vigor na data em que
ARTIGO 74 depositarem eles os seus respectivos
instrumentos de ratificação.
1. Esta Convenção fica aberta à
assinatura e à ratificação ou adesão de todos ARTIGO 77
os Estados-Membros da Organização dos
Estados Americanos. 1. De acordo com a faculdade
estabelecida no artigo 31, qualquer Estado-
2. A ratificação desta Convenção ou a Parte e a Comissão podem submeter à
adesão a ela efetuar-se-á mediante depósito consideração dos Estados-Partes reunidos por
de um instrumento de ratificação ou de adesão ocasião da Assembléia-Geral, projetos de
na Secretaria-Geral da Organização dos protocolos adicionais a esta Convenção, com a
Estados Americanos. Esta Convenção entrará finalidade de incluir progressivamente no
em vigor logo que onze Estados houverem regime de proteção da mesma outros direitos e
depositado os seus respectivos instrumentos liberdades.
de ratificação ou de adesão. Com referência a
qualquer outro Estado que a ratificar ou que a 2. Cada protocolo deve estabelecer as
ela aderir ulteriormente, a Convenção entrará modalidades de sua entrada em vigor e será
em vigor na data do depósito do seu aplicado semente entre os Estados-Partes no
instrumento de ratificação ou de adesão. mesmo.

3. O Secretário-Geral informará todos os ARTIGO 78


Estados Membros da Organização sobre a
1. Os Estados-Partes poderão denunciar
entrada em vigor da Convenção.
esta Convenção depois de expirado um prazo
ARTIGO 75 de cinco anos, a partir da data de entrada em
vigor da mesma e mediante aviso prévio de um
Esta Convenção só pode ser objeto de ano, notificando o Secretário-Geral da
reservas em conformidade com as disposições Organização, o qual deve informar as outras
da Convenção de Viena sobre Direito dos Partes.
Tratados, assinada em 23 de maio de 1969.
2. Tal denúncia não terá o efeito de
ARTIGO 76 desligar o Estado-Parte interessado das
obrigações contidas nesta Convenção, no que
1. Qualquer Estado-Parte, diretamente, e diz respeito a qualquer ato que, podendo
a Comissão ou a Corte, por intermédio do constituir violação dessas obrigações, houver

43
sido cometido por ele anteriormente à data na Estado-Parte que apresente, dentro de um
qual a denúncia produzir efeito. prazo de noventa dias, seus candidatos a juiz
da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
CAPÍTULO XI O Secretário-Geral preparará uma lista por
ordem alfabética dos candidatos apresentados
Disposições Transitórias e a encaminhará aos Estados-Partes pelo
menos trinta dias antes da Assembléia-Geral
Seção 1 - Comissão Interamericana de seguinte.
Direitos Humanos
ARTIGO 82
ARTIGO 79
A eleição dos juízes da Corte far-se-á
Ao entrar em vigor esta Convenção, o dentre os candidatos que figurem na lista a que
Secretário-Geral pedirá por escrito a cada se refere o artigo 81, por votação secreta dos
Estado-Membro da Organização que Estados-Partes, na Assembléia-Geral, e serão
apresente, dentro de um prazo de noventa declarados eleitos os candidatos que obtiverem
dias, seus candidatos a membro da Comissão maior número de votos e a maioria absoluta
Interamericana de Direitos Humanos. O dos votos dos representantes dos Estados-
Secretário-Geral preparará uma lista por ordem Partes. Se, para eleger todos os juízes da
alfabética dos candidatos apresentados e a Corte, for necessário realizar várias votações,
encaminhará aos Estados-Membros da serão eliminados sucessivamente, na forma
Organização pelo menos trinta dias antes da que for determinada pelos Estados-Partes, os
Assembléia-Geral seguinte. candidatos que receberem menor número de
votos.
ARTIGO 80
DECLARAÇÕES E RESERVAS
A eleição dos membros da Comissão far-
se-á dentre os candidatos que figurem na lista Declaração do Chile
a que se refere o artigo 79, por votação secreta
da Assembléia-Geral, e serão declarados A Delegação do Chile apõe sua
eleitos os candidatos que obtiverem maior assinatura a esta Convenção, sujeita à sua
número de votos e a maioria absoluta dos posterior aprovação parlamentar e ratificação,
votos dos representantes dos Estados- em conformidade com as normas
Membros. Se, para eleger todos os membros constitucionais vigentes.
da Comissão, for necessário realizar várias
votações, serão eliminados sucessivamente, Declaração do Equador
na forma que for determinada pela Assembléia-
Geral, os candidatos que receberem menor A Delegação do Equador tem a honra de
número de votos. assinar a Convenção Americana sobre Direitos
Humanos. Não crê necessário especificar
Seção 2 - Corte Interamericana de Direitos reserva alguma, deixando a salvo tão-somente
humanos a faculdade geral constante da mesma
Convenção, que deixa aos governos a
ARTIGO 81 liberdade de ratificá-la.

Ao entrar em vigor esta Convenção, o Reserva do Uruguai


Secretário-Geral solicitará por escrito a cada

44
O artigo 80, parágrafo 2, da Constituição
da República Oriental do Uruguai, estabelece
que se suspende a cidadania "pela condição
de legalmente processado em causa criminal
de que possa resultar pena de penitenciária".
Essa limitação ao exercício dos direitos
reconhecidos no artigo 23 da Convenção não
está prevista entre as circunstâncias que a tal
respeito prevê o parágrafo 2 do referido artigo
23, motivo por que a Delegação do Uruguai
formula a reserva pertinente.

Em fé do que, os plenipotenciários
abaixo-assinados, cujos plenos poderes foram
encontrados em boa e devida forma, assinam
esta Convenção, que se denominará "Pacto de
São José da Costa Rica", na cidade de São
Jose, Costa Rica, em vinte e dois de novembro
de mil novecentos e sessenta e nove.

***

DECLARAÇÃO INTERPRETATIVA DO
BRASIL

Ao depositar a Carta de Adesão à


Convenção Americana sobre Direitos Humanos
(Pacto de São José da Costa Rica), em 25 de
setembro de 1992, o Governo brasileiro fez a
seguinte declaração interpretativa sobre os
artigos 43 e 48, alínea "d":

" O Governo do Brasil entende que os


artigos 43 e 48, alínea "d", não incluem o
direito automático de visitas e inspeções in loco
da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, as quais dependerão da anuência
expressa do Estado."

45

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