Nacionalidade
Conceito:
O conceito de nacionalidade consiste em um agrupamento
de indivíduos unidos por laços mais sociológicos que jurídicos,
pois deriva da organização estatal.
O Estado que atribui nacionalidade, é um ato discricionário
dele
Assim, atribuição de nacionalidade às pessoas naturais é
regida pelo princípio da atribuição estatal da nacionalidade,
que repousa no fato de que cada Estado deve ter
competência exclusiva para legislar sobre sua nacionalidade e
sobre os interesses desses indivíduos, observados os
princípios do Direito Internacional. (para evitar que tenha
pessoas apátridas – sem pátria). As nações estão livres para
escolher o critério de atribuição de nacionalidade (jus solis,
jus sanguinis ou misto)
Diplomas internacionais:
De forma interna, temos o art. 12 da CF, mas no âmbito
internacional, temos:
Convenção de Haia sobre Conflitos de Nacionalidade (1930)
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969) – o
processo de ratificação pelo Brasil só terminou em 1992, pois
estava em regime ditatório
Declaração Universal dos Direitos Humanos: que prevê que
ninguém pode ser arbitrariamente privado de sua
nacionalidade (art. XV, § 1° e 2°)
Naturalidade:
Local físico onde se nasce, a cidade.
Cidadania:
possibilidade de exercer os direitos políticos.
Aviso: quando se tem dupla nacionalidade não se pode
exercer o direito das duas.
Nacionalidade:
A nacionalidade é a condição particular dos habitantes de
uma nação. O conceito engloba noções associadas a fatores
sociais, espaciais, culturais e políticos. A nacionalidade pode
ser analisada de um ponto de vista sociológico, mas também
com base numa ordem jurídica-política.
Observação: A nação cigana, por exemplo, não está
estabelecida em nenhum Estado próprio. A pertença ao
grupo prende-se, portanto, com as origens e as tradições
©todos direitos reservados para @deborarenatta
das pessoas. Não existe qualquer documento oficialmente
reconhecido que comprove que um sujeito tem a
nacionalidade cigana.
Nacionalidade originária:
A nacionalidade originária ou primária é aquela advinda do
nascimento, tendo quase nenhuma relação com a vontade
humana.
Critérios para determinar:
- Jus sanguinis (critério sangue): a nacionalidade do
ascendente determina a nacionalidade do descendente. Para
ser caracterizado, se utiliza da nacionalidade que os pais
tinham à época do nascimento do filho, independentemente
do local de nascimento
- Jus Solis (critério solo): a nacionalidade é uma consequência
do lugar do nascimento, adquire-se assim a nacionalidade em
função do território de nascimento, independente da
nacionalidade de seus ascendentes.
Atenção:
Aeronaves e embarcações públicas: Sendo a aeronave ou
embarcação pública brasileira ou à serviço do Brasil, onde
quer que elas estejam são consideradas território brasileiro,
se uma criança nasce nessas aeronaves, são considerados
brasileiros.
Aeronave e embarcações públicas/mercantes: O atribui a
nacionalidade do território onde ela está passando.
- Sistema misto: a nacionalidade é a junção do jus sanguinis
com o jus soli, ou seja, há uma união das nacionalidades
admitindo que o indivíduo tenha duas (polipátrida).
O Brasil adota o sistema misto. principalmente em
decorrência de compromissos. assumidos internacionalmente
de buscar garantir que o indivíduo sempre tenha uma
nacionalidade a qual recorrer.
No território brasileiro, em regra, é adotado o critério da
nacionalidade decorrente do nascimento em solo brasileiro,
ou seja, o indivíduo que nasceu no Brasil possui a
nacionalidade brasileira. Porém, existem exceções, levando
também à aplicação do critério sanguíneo: nos casos em
que ambos os pais forem estrangeiros e um deles estiver à
serviço oficial do seu país de origem.
O brasil é composto por nato e naturalizados, e iremos fazer
tal distinção, visto que os natos são referentes a
nacionalidade originária e os naturalizados a nacionalidade
secundária.
Natos:
Art.12, I, CF:
a) Nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
pais estrangeiros desde que não estejam a serviço de seus
país de origem.
Está é uma regra jus solis., porém, quando os pais estão a
serviço de seu país adota-se o jus sanguinis (aqui entra o
comentário do jus solis sobre embarcações e aeronaves.
b) Nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,
desde que qualquer deles esteja a serviço da República
Federativa do Brasil;
Critério Jus sanguinis
c) Nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
brasileira, desde que sejam registrados em repartição
brasileira competente ou venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de
atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
Critério jus sanguinis
Aviso: Só terá nacionalidade brasileira se os pais registrarem
a criança em repartição brasileira competente. OU com a
residência no Brasil, após atingir a maioridade manifeste à
vontade - solicite a nacionalidade brasileira - esta é chamada
de nacionalidade potestativa, ela fica suspensa até que ele
atinja a maioridade.
Obs.: A nacionalidade mesmo a nata pode ser retirada
Qualquer nacionalidade que não seja nata precisa ter a
manifestação de vontade
Nacionalidade secundária:
Ela é uma decisão, você tem que manifestar a vontade de
mudar de nacionalidade. Há países que permitem a dupla
nacionalidade, ou seja, você poderá ter a secundária sem
perder a originária.
Na maioria dos países, o mero preenchimento dos requisitos
previstos em lei não garante o direito à naturalização, mas
sim uma expectativa de direitos, pois consiste num ato de
soberania do Estado concedê-la ou não. Terá mera
expectativa de direito
O brasil permite a dupla nacionalidade, porém, não adota o
casamento como critério de atribuição de nacionalidade
adquirida automática.
Naturalização:
ART.12, I , CF:
a) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
exigidas aos originários de países de língua portuguesa
©todos direitos reservados para @deborarenatta
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade
moral;
Originário de língua portuguesa + 1 ano ininterrupto +
idoneidade moral (reputação ilibada)
Essa modalidade é conhecida como naturalização ordinária,
sendo a forma mais facilitada de aquisição da nacionalidade
brasileira, disciplinada, atualmente, pela Lei de Migração (Lei
no 13.445/2017). Para as pessoas originárias de países de
língua portuguesa, exige-se apenas residência por um ano
ininterrupto e idoneidade moral. A matéria também é
regulada no art. 65 da Lei de Migração.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram
a nacionalidade brasileira
Estrangeiro + 15 anos ininterruptos + sem condenação penal
Naturalização especial:
Previsão na Lei de Migração.
Art. 68. A naturalização especial poderá ser concedida ao
estrangeiro que se encontre em uma das seguintes
situações:
I - Seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos,
de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou
de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior;
Cônjuge há de 5 anos + ele precisa estar a serviço do Brasil
no exterior
I I - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou
em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos
ininterruptos.
Empregado em missão diplomática + 10 anos ininterruptos
Naturalização provisória:
Art. 70. A naturalização provisória poderá ser concedida ao
migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência
em território nacional antes de completar 10 (dez) anos de
idade e deverá ser requerida por intermédio de seu
representante legal.
Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será
convertida em definitiva se o naturalizando expressamente
assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a
maioridade.
Migrante com menos de 10 anos + tenha fixado residência
(após os 18, poderá torna-la definitiva se requerer no prazo
de 2 anos)
Conflitos de nacionalidade:
Polipatridia:
Conflito positivo de critérios para concessão de nacionalidade.
Quando o indivíduo tem duas ou mais nacionalidades devido
a coincidência de critérios de atribuição de nacionalidade
diferentes para a mesma pessoa.
Para o indivíduo ter essa dupla nacionalidade, é preciso que a
legislação de ambos os países permita a aquisição de uma
outra nacionalidade.
A Itália e o Brasil reconhecem tanto a nacionalidade originária,
quanto a adquirida = pode ter dupla nacionalidade. Filhos de
país italianos nascidos no Brasil, atendem ao critério jus Solis
de concessão da nacionalidade e atendem ao critério jus
sanguinis adotado pela Itália para a concessão de
nacionalidade.
Conflito de nacionalidade:
Convenção de Haia: Determina que o país não pode
exercer a sua proteção diplomática em proveito de seu
nacional, contra outro Estado e que deste também seja
nacional. Em respeito à soberania dos Estados não pode uma
nacionalidade ser contraposta a outra.
Aviso: isso se vale a questões fiscais, ou seja, que você
esteja querendo fugir da impunidade.
Apatridia:
Individuo que não possui nenhuma nacionalidade. Seja porque
não adquiriu a nacionalidade - não incidiu qualquer critério de
atribuição - com o nascimento, ou porque perdeu.
Essa perda nem sempre é relacionada a um crime, também
pode ocorrer por choque entre normas.
Nesse contexto, pode-se invocar a Convenção de Redução
dos Casos de Apatridia de 1991 - foi promulgado no Brasil
sobre forma de decreto: nº8.501/2015
Busca evitar hipóteses em que pessoas se tornem apátridas,
desse modo, prevê a concessão de nacionalidade pelo
Estado para pessoas nascidas em seu território que em
circunstâncias a pessoa não teria outra nacionalidade se
assim não o fizer.
Perda da nacionalidade:
Os diversos Estados ao redor do mundo têm disposições
diferentes em relação à perda de nacionalidade, contudo,
podemos mencionar um importante contexto histórico
oriundo do princípio da aligeância. Dessa forma, a
nacionalidade era o meio de obtenção desta relação de
submissão, chamada de aligeância, a qual impedia a obtenção
de outra nacionalidade sem a autorização do chefe de
©todos direitos reservados para @deborarenatta
Estado. Caso o indivíduo ferisse tal princípio, sua punição
consistia na perda da nacionalidade.
A perda da nacionalidade pode atingir tanto o brasileiro nato
quanto o naturalizado, estando prevista no art. 12, § 4o, da
Constituição Federal. Note que a natureza punitiva, oriunda
do contexto histórico, ainda se mantém em nossa legislação.
Perda da nacionalidade é publicada no diário oficial, é uma
declaração (ato declaratório), que decorre de decreto feito
pelo presidente da república ou ele pode delegar para que o
ministro da justiça faça isso
Nato:
A hipótese de perda de nacionalidade de brasileiro nato
decorre do fato de brasileiro adquirir outra nacionalidade
através de uma naturalização voluntária. Neste caso, a perda
da nacionalidade reforça o princípio acima estudado, de se
punir o indivíduo pela deslealdade com seu país original.
Aviso: A disposição constitucional aqui discutida, de perda de
nacionalidade de brasileiro nato não abrange os casos de
dupla nacionalidade originária nem os casos de pessoa que
adquira a nacionalidade de seu cônjuge em virtude do
casamento.
Exceções à regra:
. I - Reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira (reconhecimento também da polipatridia).
Como a situação já citada de Brasil - Itália, em que um
brasileiro, ao também adquirir nacionalidade italiana, pode
manter sua nacionalidade brasileira.
I I - Imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
brasileiro que reside em estado estrangeiro, como condição
para permanecer no território ou para o exercício de
direitos civis.
Aqui, há uma proteção do brasileiro que apenas adquiriu
outra nacionalidade em virtude de uma necessidade no
contexto em que se encontra. Não houve manifesta vontade
de adquirir outra nacionalidade pelos motivos que se espera,
como uma identificação cultural com o país estrangeiro.
Naturalizado:
A hipótese de perda de nacionalidade do brasileiro
naturalizado decorre do cancelamento da naturalização, por
sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional.
Podem ser consideradas atividades nocivas ao interesse
nacional: subversão por meios violentos, atentar contra as
instituições democráticas, deslealdade ao Brasil e pressuposto
criminal.
Vale destacar que a Lei de Migração, exige que se
considere a possibilidade de apatridia que pode advir da
perda de nacionalidade em questão. O que implica em que o
Ministro da Justiça não declare a perda de nacionalidade de
brasileiro caso esteja diante de uma situação que possa
gerar em apatridia.
A nacionalidade é um direito personalíssimo e indisponível de
cada cidadão. Assim, não pode um brasileiro simplesmente
renunciar à nacionalidade brasileira. Observe todo o trâmite
previsto para que o Estado, no exercício de sua soberania,
retire a nacionalidade de um indivíduo. O rol que acabamos
de ver, é taxativo, portanto, como a renúncia não está
prevista como hipótese de perda de nacionalidade, não há
esta possibilidade.

Reaquisição da nacionalidade brasileira:

Nos casos em que haja o cancelamento da naturalização, por

meio de sentença judicial, em regra, não se poderia esse
indivíduo requerer a nacionalidade brasileira novamente. A
única hipótese para que isto ocorra é diante de uma ação
rescisória que desfaça o cancelamento da naturalização

Estatuto de igualdade entre brasileiros e

portugueses:

O Estatuto da Igualdade Brasil-Portugal decorreu da assinatura

da Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre
Brasileiros e Portugueses, do ano de 1971, vigorando até 2001,
quando foi substituída pelo Tratado de Amizade,
Cooperação e Consulta entre os dois países, promulgado
pelo Decreto no 3.927/2001.
O objetivo principal do Estatuto é, tendo em vista as
afinidades históricas e culturais entre os dois países,
possibilitar que um brasileiro em Portugal ou um português
no Brasil possam exercer direitos relacionados à qualidade de
cidadão: os estrangeiros gozarão dos mesmos direitos e se
submeterão aos mesmos deveres dos nacionais desses
Estados, de acordo com as normas fixadas no Estatuto. No
entanto, esses benefícios não implicarão na perda das
respectivas nacionalidades.

©todos direitos reservados para @deborarenatta