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DUE I - sebenta
3ª turma, 2019/2020
Base: aulas práticas A.P e P.O e sebentas Maria Paixão, Tomás Cunha e Liliane Andrade.
1. História
2. Os tratados fundadores
fusão dos principais órgãos de direção e decisão das três comunidades, passando a haver
apenas um Conselho e uma Comissão.
Este é o Tratado de Maastricht, através dele procede-se à criação da UE, que não
substitui as outras Comunidades anteriormente criadas, mas sim coexiste com elas
funcionando externa e paralelamente às mesmas. Cria-se também institutos integrativos antes
não previstos e novas políticas de prossecução da União. Nascem assim as seguintes figuras:
A criação dessa figura é acompanhada pela previsão de um processo em três fases que
deveria conduzir, após 1 de janeiro de 1999, à instituição da moeda única. Foram instituídos
órgão de competência específica e de competência decisória como o Sistema Europeu de
Bancos Centrais (SEBC) e o Banco Central Europeu (BCE).
• A cidadania europeia:
5. O Tratado de Nice
prerrogativas de soberania, tem forçosamente de ter uma Constituição e outros duvidam que
a dita constitucionalização dos tratados constitutivos tenha atingido um estado de plenitude
constituinte que implique a criação de uma nova Grundnorm.
Um dos domínios em que a questão se faz sentir prende-se com a problemática de revisão
dos tratados. O art. 48º TUE estabelecia as normas que regulam o procedimento para a sua
revisão, à semelhança das normas constitucionais que regulam o poder constituinte
derivado. A este propósito alguns interrogavam-se se seria legítimo aos Estados-membros
adotarem outros procedimentos de revisão dos tratados (de acordo com a Convenção de
Viena sobre o Direito dos Tratados – documento de direito internacional público). A
jurisprudência comunitária tem dado uma resposta negativa a esta questão. A dimensão
constitucional dos tratados parece prevalecer sobre a sua natureza jurídico-internacional.
Em todo o caso, ela ainda não foi ao ponto de desativar a soberania internacional dos
Estados-membros transformando-os em meros Estados federados. A verdade é que o
avanço do direito da UE tem aumentado as preocupações de muitos Estados membros com
a sua identidade nacional.
O PTCE foi abandonado pois um duplo “não” nos referendos em França e na Holanda
determinaram a não ratificação daquele projeto. Estes acontecimentos motivaram um período
de reflexão, a que se segui uma tentativa de recuperar o Tratado a tempo das eleições para o
Parlamento Europeu.
B. O Tratado de Lisboa
Por outro lado, o mesmo faz sentir a sua influência no funcionamento do Conselho
Europeu e do Conselho, especialmente na sua formação de negócios estrangeiros. O direito
internacional mantém também a sua relevância no quotidiano da UE disciplinando as relações
que se estabelecem entre ela e terceiros Estados e organizações internacionais. Se os Estados-
membros puderem tomar iniciativas unilaterais externas nos domínios de competência da UE,
rapidamente irão comprometer a coerência e uniformidade das respetivas políticas.
I. Ius inter gentes: traduz-se no poder de celebrar tratados internacionais. A UE, tendo
personalidade jurídica, pode celebrar tratados com um ou mais Estados ou
organizações internacionais no âmbito da política externa e de segurança comum (art.
37º TUE);
II. Ius legationis: possibilidade de estabelecer relações diplomáticas e consulares): a UE
pode estabelecer delegações em países terceiros, organizações internacionais e
conferências internacionais (arts. 32º e 35º TUE); a UE dispõe de privilégios e
imunidades junto dos próprios Estados membros, e vice-versa.
Nota-se ainda que as relações entre os Estados-membros se regem ainda pelo Direito
Internacional – que não pelo direito interno europeu – exceto na medida em que o direito
internacional tenha sido preterido a favor do direito comunitário.
I. General Agreement on Tariffs and Taxes (GATT 47): o TJUE entendeu que as
obrigações dele resultantes não são, em via de regra, suficientemente precisas,
determinadas e incondicionais para serem diretamente aplicáveis e acionáveis
pelos cidadãos europeus junto dos tribunais nacionais. Essa resolução é de fácil
compreensão se percebermos o intuito do GATT como um regulador do jogo de
trocas internacionais, assim, é de se estranhar que suas disposições sejam
invocadas por particulares contra Estados-membros de um mercado comum com
instrumentos próprios de solução de litígios.
II. GATT/OMC 1994: esse acordo é uma atualização do GATT 47. O TJUE recusou o
efeito direto dos acordos da OMC por entender que os mesmos repousam em
princípios contratuais flexíveis e condicionais, negociáveis e moldáveis pelos
poderes legislativo e executivo; excetuam-se as situações em que a Comissão
tenha decidido dar cumprimento a uma específica obrigação assumida nesse
quadro ou quando há uma remissão expressa, por parte do ato sub judice, para
uma norma precisa desses acordos. Como exemplo temos a assunção do princípio
do GATT da “most favoured nation” – não é possível dar um tratamento mais
favorável as trocas com uma nação sem que ele seja estendido aos demais
membros da OMC.
Determina o art. 8º/4 CRP que “as disposições dos tratados que regem a União Europeia e
as normas emanadas das suas instituições, no exercício das respetivas competências, são
aplicáveis na ordem interna, nos termos definidos pelo direito da União, com respeito pelos
princípios fundamentais do Estado de direito democrático”. Está aqui em causa a integração,
na ordem constitucional portuguesa, da primazia e efeito direto do direito da UE. Salienta-se
que só estarão sujeitas a este regime as disposições das instituições europeias, quando estas
atuem no exercício das respetivas competências.
As competências da UE são determinadas nos Tratados, nos termos do art.5º TUE. O art.
3º TFUE enumera as competências exclusivas da União. Por fim, o art. 352º TFUE prevê as
chamadas “competências implícitas” da UE. Isto conduz a que os tribunais nacionais tenham a
obrigação de desaplicar o direito interno contrário ao direito da UE e de interpretar o direito
interno de acordo com o direito da UE. Mais polémica é a relação estabelecida entre o direito
da UE e o direito constitucional dos Estados-membros: há defensores da tendencial primazia
4. A cidadania europeia
Este entendimento das coisas é criticado por alguns setores da doutrina devido ao
estatuto que é conferido a nacionais de países terceiros residentes na União. Assim, surgem
opiniões a favor da autonomização de um critério próprio para a definição de “cidadania da
União”, que desligue a cidadania da nacionalidade: deveria prevalecer um critério de
residência legal por tempo determinado.
Entre nós considera-se que a resposta mais viável seria a uniformização dos critérios
de nacionalidade dos Estados-membros, por referência, sobretudo, à residência nesses
Estados. Operar-se-ia uma equiparação às nacionais, dos residentes não nacionalizados; como
se compreende não está aqui em causa uma comunhão de pleno direito entre as duas
categorias. A existência de uma cidadania da União tem como escopo:
De acordo com Miguel Poiares Maduro, este vínculo político que é a cidadania europeia une os
povos da Europa e decorre do compromisso de construir uma nova forma de solidariedade
cívica e política. A cidadania europeia reforça os laços que unem os Estado e emancipa os
cidadãos. Está em causa o compromisso recíproco de abrir as comunidades políticas a outros
cidadãos europeus.
Nos termos deste artigo, todos os cidadãos da União têm direito a circular e residir
livremente no território dos Estados-membros, não se exigindo, como outrora, o exercício de
uma atividade económica. Este direito pressupõe ainda que, de acordo com o princípio da
proporcionalidade, seja conferido direito de residência a familiares (cônjuge ou equiparados,
descendentes diretos e ascendentes diretos a cargo) de um cidadão da União.
A concepção de este direito a outros familiares a cargo do cidadão da UE, dos quais este
tenha de cuidar pessoalmente por motivos de saúde grave, ou a outra pessoa com a qual
mantenha uma relação permanente certificada, deve ser facilitada pela legislação nacional.
Este direito inclui o direito de saída e o direito de entrada. Sendo que: para a saída basta a
apresentação de bilhete de identidade ou passaporte; para a entrada bastará, em regra,
também o BI ou passaporte, podendo ser exigidos documentos de viagem ou visto para
membros da família (este visto deve ser emitido gratuita e celeremente).
Quanto ao direito de residência (num Estado da UE, mas que não o Estado de
nacionalidade), sempre que este for exercido por um período superior a 3 meses, exige-se:
O direito de residência permanente é conferido aos cidadãos e família que tenham residido
legalmente por um período de 5 anos consecutivos no território do Estado-membro (que,
embora da UE, não é o Estado de nacionalidade). O direito de residência permanente apenas
se perde por ausência superior a 2 anos. A cidadania da União já não é apenas uma cidadania
assente no mercado, mas não é ainda uma plena cidadania dos valores. Com efeito, verificam-
se alguns desvios:
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Consagrados no art. 22º TFUE. Estão aqui em causa os direitos: (1) a eleger e ser eleito nas
eleições municipais do Estado de residência (que não seja o de nacionalidade); (2) direito e
eleger e ser eleito para o Parlamento Europeu.
Regulado pelo art. 23º TFUE. Os cidadãos da União têm direito a proteção diplomática e
consular no território de Estados nos quais o Estado-membro de nacionalidade não se
encontre representado. Estas condições devem, no entanto, ser determinadas por acordos
internacionais; para a maioria da doutrina não se trata ainda de um direito diretamente
invocável e exequível.
Com o Tratado de Lisboa determinou-se a criação do Serviço Europeu para a Ação Externa
que, sendo o corpo diplomático da UE, pode vir a ter competências nesta matéria.
Este direito encontra-se consagrado no art. 24º TFUE. Segundo o disposto no artigo
supramencionado todos os cidadãos da UE têm: (1) direito de petição ao Parlamento Europeu;
(2) direito de petição ao Provedor de Justiça Europeu; (3) direito de se dirigir a qualquer uma
das instituições europeias do art. 13º do TUE por escrito.
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Em coerência com o seu caráter evolutivo e dinâmico, o Conselho tem incluído novos
direitos no âmbito da cidadania da União, designadamente:
• Direito ao nome;
• Direito à família: a reunificação familiar deve ser facilita sempre que não seja
afetado o núcleo essencial da cidadania da União. Deverá ter-se em conta: o
princípio da proporcionalidade, a vida familiar e, quando aplicável, o interesse
superior da criança;
• Não registar uma iniciativa que seja considerada contrária aos valores da União, ou
que seja abusiva, frívola e vexatória;
• Considerar inadmissível uma proposta se esta se referir a uma matéria em que o ato
jurídico da UE não possa ser adotado por falta de competências;
• Não iniciar um procedimento normativo (tendo que fundamentar essa decisão) ou de
iniciar um procedimento com conteúdo distinto do solicitado na iniciativa.
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São instituições da União Europeia aquelas previstas no art. 13º do TUE: o Parlamento
Europeu, o Conselho Europeu, o Conselho [da Europa], a Comissão Europeia, o Tribunal de
Justiça da União Europeia, o Banco Central Europeu e o Tribunal de Contas.
Para efeitos do direito europeu, as Instituições são órgãos de soberania com poderes de
direção e de controlo mais forte. Os restantes órgãos desempenham funções
predominantemente auxiliares como o Comité Económico e Social ou o Comité das Regiões.
É com base nesta distinção que iniciamos o estudo institucional da UE. O elenco enunciado
no tratado está em ordem decrescente de importância, começando pelo Parlamento Europeu
o órgão com legitimidade democrática por excelência. De fato, esta é uma instituição
paradoxal que, apesar da imensidão de membros que tem da importância que se faz desta
instituição, não tem as competências que gostaríamos que tivesse. Contudo, olhando para a
evolução do Parlamento, vemos que o leque de matéria tem vindo aumentar, diminuindo o
denominado “défice democrático” muitas vezes apontado ao PE.
• Autonomia: a autonomia das instituições europeias deve ser considerada numa dupla
acepção. Por um lado, verifica-se uma autonomia interna: as instituições têm poder de
auto-organização, mediante a provação de um regulamento interno próprio, e têm a
prerrogativa de organização dos seus serviços, podendo criar órgãos subsidiários.
Quanto à autonomia externa, falamos do grau de independência da própria UE na sua
relação com os Estados-membros e outras entidades jurídicas, mercê da personalidade
jurídica que lhe é reconhecida;
• Função pública comunitária: Os funcionários e agentes dos órgãos e instituições
devem atuar com autonomia e imparcialidade;
• Privilégios e imunidades: A UE não beneficia de imunidade de jurisdição, mas apenas
pode ser demandada junto do Tribunal de Justiça, no quadro da competência atribuída
pelos Tratados;
• Regime linguístico: A UE tem 24 línguas oficiais, sendo este um elemento essencial à
diversidade cultural do espaço da União;
• Sede: A localização das sedes das instituições consta de um Protocolo específico – o
“Protocolo relativo à localização das sedes das Instituições, Órgãos, certos Organismo
e Serviços da UE”. As sedes das instituições europeias encontram-se definidas como
em seguida:
▪ Parlamento Europeu: Estrasburgo (12 sessões plenárias mensais); Bruxelas
(sessões complementares); Luxemburgo (onde funciona o Secretariado-Geral e
respetivos serviços).
▪ Conselho: repartido entre Luxemburgo e Bruxelas.
▪ Comissão: sede em Bruxelas, conservando alguns serviços no Luxemburgo.
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3. O parlamento europeu
O Parlamento Europeu é uma instituição europeia composta pelos representantes dos
cidadãos da União eleitos por sufrágio universal direto e secreto para um mandato de 5 anos.
O regimento interno do PE define, as seguintes questões:
Os cidadãos europeus podem escolher onde que votam ou em qual dos Estados
participaram do ato eleitoral, pode-se votar e ser eleito num Estado que não seja o da
nacionalidade ou apenas o da residência. Os deputados não estão arranjados em função da
nacionalidade, não representa os povos da Europa, mas sim os cidadãos, portanto, agrupam-se
em função das ideologias e grupos políticos (ex: Partido Socialista).
A votação do Parlamento
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O Parlamento Europeu não tem iniciativa legislativa (ao contrário do que sucede com
os órgãos legislativos nacionais), exceto em matérias de relevo interno ou quanto à revisão dos
tratados (art. 48º TUE). Pode, no entanto, suscitar a iniciativa da Comissão, a que esta tem de
responder fundamentadamente.
Funções do Parlamento
Tem como função o exercício da função legislativa. É hoje o verdadeiro titular do poder
legislativo. Não tem, entretanto, os mesmos poderes dos parlamentos nacionais. Não tem a
iniciativa da proposta legislativa, sendo esta a cargo da Comissão Europeia. A Comissão Europeia
não fica obrigada a apresentar a proposta sendo pedida pelo Conselho ou Parlamento. A
Comissão tem apenas de fundamentar porque não apresentou, caso contrário, o PE pode
apresentar uma moção de censura.
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4. A comissão europeia
A Comissão Europeia é um órgão colegial composto por pessoas independentes que
garantem todas as condições de imparcialidade e representam o interesse da Comunidade
(art. 17º TUE). Esta instituição é considerada a guardiã da ordem pública. Cabe-lhe proteger o
interesse geral da UE, tomando as iniciativas adequadas a esse efeito. Procura promover o
Bem comum, de forma totalmente independente dos Estados-membros (art. 17º/3 TUE). Este
é, portanto, um órgão colegial, não governamental e de indivíduos. Os membros da Comissão
são escolhidos entre os nacionais dos Estados-membros, com base num sistema de rotação
rigorosamente igualitário.
O processo de escolha da Comissão Europeia inicia-se um pouco antes das eleições para o
Parlamento Europeu. Depende de um acordo entre o Parlamento, Conselho e Conselho
Europeu. Os partidos políticos devem indicar a pessoa que, se esse partido vencer as eleições,
entende que deve ser o novo Presidente da Comissão Europeia.
Em 2019, o Conselho Europeu nomeou uma personalidade que não havia sido indicada
pelos partidos. O Presidente da Comissão será eleito pelo PE sob proposta do Conselho
Europeu, tendo em conta os resultados das eleições europeias e após a realização de
consultas adequadas e que, por conseguinte, tal como ocorreu em 2014, os partidos políticos
europeus deverão designar uma lista de comissários sob escrutínio significativo pelo
Parlamento Europeu, cada comissário devendo apresentar uma lista de interesses.
A Comissão detém praticamente o monopólio das funções de iniciativa. Através dos seus
poderes formais de iniciativa a Comissão atua como “motor” da integração europeia. Cabe-lhe,
desde logo, a tomada de iniciativa de programação anual e plurianual da UE (art. 17º/1 TUE). A
sua iniciativa assume um especial relevo no exercício dos poderes legislativos.
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Para além disso, podemos sumariamente indicar em tópicos as seguintes outras funções
da Comissão:
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A Comissão exerce as suas funções com independência face ao Conselho e aos Estados-
membros; porém, pode apontar-se a sua dependência política relativamente ao PE:
Funções do Conselho
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na fase de negociação, ouvindo o PE sempre que tal seja exigido. No processo, ele deve seguir
as recomendações que lhe sejam formuladas pela Comissão ou pelo Alto Representante.
O COREPER
As decisões são tomadas com 55% dos Estados-membros (ou seja, a maioria), desde que
estes representem 65% da população europeia. Para bloquear a decisão, são necessários 4
Estados com, pelo menos, 35% de representatividade da população.
Quanto à PESC, vigora a regra da unanimidade - art. 31º TUE. Não são tomadas
deliberações sem o acordo unânime de todos os 27 Estados-membros. Há aqui uma
especificidade importante - 31º/2 TUE: o instituto da "abstenção construtiva" - um Estado
pode abster-se (não obstando à tomada da deliberação), declarando que a decisão não se lhe
aplica. Neste caso, a decisão é tomada e vincula apenas dos demais Estados-membros. É
abstenção "construtiva" porque, caso não existisse essa figura, um Estado que não quisesse
aplicar a deliberação votaria contra, não permitindo que a União a adotasse.
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6. O Conselho Europeu
O Conselho Europeu (art. 15º TUE) é composto pelos chefes de Estado e de Governo dos
Estados-membros (assistidos pelos MNE), pelo Presidente do Conselho Europeu, pelo
Presidente da Comissão e pelo Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a
Política de Segurança (ARUNEPS). Esta é uma composição fixa.
Até ao Tratado de Lisboa discutia-se se era um órgão da União ou se era apenas uma
conferência intergovernamental, sem ligação à União Europeia. O Tratado de Lisboa veio
resolver esta controvérsia: o Conselho Europeu é hoje uma instituição da UE (art. 13º e 15º
TUE). É a instituição de Cúpula, que reúne as personalidades máximas da Europa. Tem como
missão:
• Conduz a PESC, de acordo com o definido pelo Conselho Europeu - art. 18º/2 TUE;
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A proximidade dos nomes faz-nos causar confusão entre instituições que detém
poderes diferentes.
Funções do ARUNEPS
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Tem sede em Luxemburgo. Cumpre salientar que é necessário qualificar este Tribunal
como um verdadeiro Tribunal, uma verdadeira jurisdição permanente, independente e de
competência obrigatória. O Tribunal de Justiça é, desde o início, um órgão comum e único às
então três Comunidades Europeias (CECA, CEEA e CE) e, entre os Tratados de Maastricht e de
Lisboa, também da União Europeia. Hoje, é um órgão comum à União Europeia e à CEEA.
A jurisdição do TJUE
✓ Obrigatória;
✓ Exclusiva (as partes não podem recorrer a tribunais nacionais ou a qualquer meio
judicial ou arbitral de resolução de lítios);
✓ Tendencialmente completa (a jurisdição do TJ abrange quase todas as questões
contenciosas no âmbito da UE, sobretudo após o Tratado de Lisboa);
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✓ Definitiva (as decisões do TJ constituem caso julgado quando não admitirem mais
recurso).
O Reenvio Prejudicial
As decisões adotadas pelo TJUE são relevantes na medida em que vinculam o tribunal
de reenvio: os procedimentos judiciais nacionais suspendem-se enquanto o processo de
reenvio prejudicial se encontra pendente. A decisão proferida pelo TJUE tem natureza
interlocutória ou incidental, uma vez que não consubstancia uma solução do litígio em causa,
incidindo tão só sobre a validade e interpretação da norma de direito comunitário que haja
suscitado polémica. Assim sendo, com base na decisão do TJUE, os tribunais nacionais deverão
ainda analisar os factos relevantes e concretizar o direito aplicável. Como se compreende, este
é um procedimento baseado na cooperação entre os tribunais nacionais e o TJUE, num
contexto em que a aplicação do direito da UE vincula os primeiros e é relevante para a decisão
de um caso concreto.
Desde o Tratado de Nice é possível que o Tribunal Geral tenha competências para
apreciar questões prejudiciais em específicas áreas definidas no seu Estatuto (art. 256º/3
TFUE). Porém, esta possibilidade não foi ainda prevista e regulada no respetivo Estatuto,
permanecendo o TJUE em sentido estrito como única autoridade competente em matéria de
reenvio prejudicial (art. 267º TFUE). Mesmo que o Tribunal Geral venha a ter competência
nesta matéria, o Tribunal de Justiça sempre terá a última palavra quando esteja em causa um
sério risco para a unidade e consistência do direito da União (art. 256º/3 in fine TFUE). O órgão
jurisdicional nacional deve comunicar a decisão que tenha proferido ao TJUE.
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Sublinhe-se que a norma que o TJUE venha a considerar inválida continua eficaz, ainda
que seja desaplicada no caso. Isto porque só as Instituições que a adotaram têm competência
para rever ou anular; o TJUE também poderá assumir tais competências, mas somente no
âmbito de uma ação específica para o efeito.
Membros do TJUE
São nomeados de comum acordo, por 6 anos, pelos Governos dos Estados-membros,
após consulta a um comité (art. 255º TFUE), que dá parecer sobre a adequação dos candidatos
ao exercício das funções de juiz ou de advogado-geral.
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própria fundamentação do coletivo dos juízes, muitas vezes pouco explícita, pela
imperatividade que resulta da sua fundamental unidade deliberativa.
Nos termos do art. 256º TFUE, a jurisdição do Tribunal Geral (antigo TPI) abrange as seguintes
situações:
9. Restantes instituições
O sistema orgânico-institucional da União Económica e Monetária (UEM), introduzido com
o Tratado de Maastricht, constitui um verdadeiro subsistema no quadro da União Europeia. A
UEM assenta em duas entidades que o quadro normativo denomina SEBC e BCE: Sistema
Europeu de Bancos Centrais e Banco Central Europeu.
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O Direito Originário
São atos de direito originário, dos quais não há hierarquia entre si, os seguintes:
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Uma vez que não há, como se disse, hierarquia entre normas de direito originário, a sua
compatibilização deve ser efetuada de acordo com os princípios gerais aplicáveis a regras com
idêntico valor jurídico (lex posteriori priori derrogat; lex specialis derrogat lex generalis).
O processo de revisão comporta duas modalidades: (1) processo de revisão ordinário (2)
processos de revisão simplificados. Pode dizer-se que estamos em face de um poder
constituinte duplamente derivado: por um lado, pretende alterar-se os Tratados que
estruturam a UE; por outro, essa alteração será efetuada segundo processos regulados pelos
Tratados.
O processo ordinário de revisão dos tratados está consagrado no art. 48º/2 a 5 do TUE.
Este processo ocorre por 4 fases, que analisaremos sucintamente:
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Estas iniciativas deverão ser comunicadas aos parlamentos nacionais para que estes se
pronunciem no prazo de 6 meses. Havendo oposição de um parlamento nacional, a medida
não pode ser adotada. Além disso, a aprovação das alterações exige um voto do PE por maioria
dos seus membros.
Por último, temos o mecanismo dos poderes subsidiários, previsto em geral no artigo
352º TFUE. Se não existir ou não for suficiente um outro exercício jurídico ou base jurídica para
comportar certa ação, o artigo 352º TFUE permite atribuir à UE poderes não expressamente
previstos. A operatividade desde mecanismo encontra-se sujeita ao preenchimento de um
conjunto de pressupostos procedimentais e substanciais. Nos formais, supõe o envolvimento
dos órgãos da União de direção (Conselho, Comissão Europeia e Parlamento Europeu),
cabendo a deliberação final ao Conselho, seguindo o princípio unanimitário. O Tribunal de
Justiça assinalou importantes limites à utilização deste mecanismo, designadamente: o
respeito pela "Constituição Comunitária" (há um núcleo fundamental que não pode ser
desrespeitado - só pode lançar-se mão deste mecanismo quando o Tratado tenha plasmado os
objetivos e faltem apenas os poderes para agir); e a impossibilidade de fundar um "salto
qualitativo de integração" (só podem ser aumentados, ampliados os poderes previstos - salto
quantitativo).
O direito derivado/secundário
É constituído pelos atos adotados pelos órgãos da União, no desenvolvimento das
competências que os Tratados lhes conferem. Contudo, nem todos os atos adotados pelos
órgãos da União têm a mesma natureza e alcance jurídicos. O artigo 8º/3 CRP permite que o
direito europeu derivado seja considerado diretamente a nível interno (aplicabilidade direta).
Nota: 288º TFUE = 112º CRP O elenco do 288º não é um elenco taxativo - são os atos
normativos típicos.
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Atos unilaterais/convencionais
Como se desvela mediante o que foi dito, os atos jurídicos da União estão sujeitos a
três tipos de requisitos:
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Antes do Tratado de Lisboa não existia uma hierarquia formal entre atos unilaterais de
direito derivado. Com efeito, os diversos atos podiam ser adotados no âmbito da mesma
política, exceto quando a regulamentação dessa política nos Tratados excluísse ou exigisse
determinado ato. A distinção entre regulamentos, diretivas e decisões não assentava, nem
assenta hoje, na Instituição ou órgão que os adota, nem na natureza dos poderes exercidos
(legislativos ou administrativos), mas nas caraterísticas do próprio ato (círculo de destinatários,
eficácia jurídica).
Atos legislativos
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Os atos não legislativos submetem-se, sob pena de invalidade, aos atos legislativos. De
facto, ao longo dos Tratados, as bases jurídicas prescrevem outros procedimentos decisórios.
Os atos adotados por intermédio de procedimentos não legislativos podem derivar de duas
situações:
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I. Atos executados no âmbito de uma competência própria – ex.: arts. 106º e 96º
TFUE.
II. Atos praticados na sequência do anteriormente designado procedimento comum
de decisão ou de consulta obrigatória – ex.: arts. 103º, 74º, 78º, 95º, 129º TFUE.
Este procedimento está previsto no art. 293º do TFUE e, embora após o Tratado de
Nice tenha perdido grande parte da sua importância, já foi o procedimento
previsto pela maioria das bases jurídicas.
III. Atos adotados pela Comissão e pelo Conselho em execução de atos legislativos –
arts. 291º/2 e 3 e 4º TFUE.
IV. Atos adotados pela Comissão no âmbito de poderes delegados – art. 290º TFUE.
No caso dos atos de execução dos outros atos legislativos, o escopo prosseguido é a
criação de condições uniformes para a execução dos atos, substituindo-se, deste modo, o
procedimento de comitologia.
Relativamente aos atos delegados, determina o art. 290º TFUE que os atos legislativos
podem delegar na Comissão o poder para emitir atos não legislativos que alterem ou
completem certos elementos não essenciais desses mesmos atos legislativos. Os praticados
pela Comissão ao abrigo deste artigo devem referir a circunstância de o ato ser delegado. Os
Tratados preveem mecanismos de controlo relativamente a esta atuação da Comissão. Ainda
assim, não há um enquadramento horizontal destes procedimentos (depende do que ficar
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O art. 290º/2 TFUE determina duas condições a que o legislador pode (não tendo de
ser aplicadas simultaneamente) submeter a delegação de poderes: o direito de revogação e o
direito de oposição. Enquanto a oposição é uma censura específica a um ato delegado
claramente identificado, a revogação priva a Comissão de forma geral e absoluta dos seus
poderes delegados. Um ato delegado ao qual o Parlamento Europeu ou o Conselho se tenha
oposto, não pode entrar em vigor, podendo a Comissão adotar um novo ato no uso dos
poderes delegados. Noutro prisma, se alguma daquelas instituições revogar os poderes
delegados, a Comissão não pode de todo, adotar qualquer ato. Estamos, no fundo, em face de
mecanismos de controlo.
É de salientar, por fim, que o TJUE tem jurisdição para controlar a legalidade de todos
os atos legislativos e não legislativos que visem produzir efeitos em relação a terceiros,
nomeadamente no que toca a possível violação dos Tratados ou de qualquer norma relativa à
sua aplicação (é o caso de atos não legislativos em violação de atos legislativos) – art. 263º
TFUE].
Os Regulamentos e as diretivas
O regulamento
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A decisão
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As diretivas
As diretivas, como reza o terceiro do artigo 288º TFUE, só vinculam o Estado "quanto
ao resultado a alcançar, deixando (...) às instâncias nacionais a competência quanto à forma e
aos meios" para atingir esse resultado. Isso significa que o conteúdo da diretiva supõe, em
princípio a possibilidade de diferenciações normativas do regime jurídico a estabelecer
nacionalmente. Desde que respeitem o resultado previsto, os EM gozam de alguma liberdade
de conformação normativa, podendo adaptar o texto da diretiva à realidade jurídica,
económica e social do Estado. Mas além da liberdade "quanto aos meios", os EM também
gozam de "liberdade quanto à forma".
Convém salientar que a vigência interna de uma Diretiva, ainda que limitada, não está
totalmente dependente da sua transposição, podendo os cidadãos e empresas invocar certos
direitos e obrigações dela emanados, mesmo na falta de um tal ato, ainda que apenas contra o
Estado.
A razão disto é, antes de tudo, o facto de a Diretiva haver gerado, para o Estado, uma
vinculação imediata, a partir do momento em que, também em relação a ela, se cumpriram os
requisitos de: adoção pelo órgão competente (288º/1 TFUE), fundamentação (296º),
publicação ou notificação (297º) e entrada em vigor (297º). Facto que leva ao seu
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Se o EM estava obrigado a transpor a diretiva e não o faz (no prazo por esta fixado),
coloca-se numa situação de incumprimento, sancionável contenciosamente (258º) e não pode
prevalecer-se (beneficiando) perante os particulares do seu próprio incumprimento. Pelo que,
se a Diretiva não transposta (ou incorretamente transposta) reunir as condições de que
depende o efeito direto de qualquer norma da União (clareza, precisão e incondicionalidade),
o particular poderá invocá-la jurisdicionalmente contra o Estado-membro incumpridor,
obtendo o benefício da sua aplicação e a desaplicação das normas nacionais que a esta se
oponham.
O princípio do efeito direto tem uma importância crucial. É ele que traça a diferença e
particularidade únicas do Direito comunitário. As normas de direito comunitário, se tiverem
determinadas condições, podem ser invocadas pelos particulares perante órgãos nacionais
contra o Estado e contra os particulares. Que condições são essas? Ser uma norma clara (não
ssucitar dúvidas quanto ao sentido precrito pela UE), ser uma norma precisa (não carecer de
qualquer concretização por parte do Estado - cria, de forma autossuficiente, um concreto
direito subjetivo para os particulares) e ser uma norma incondicional.
Mesmo que uma diretiva não produza efeito direto horizontal, pode produzir aquilo a
que se chama "efeito indireto". O juiz, ao aplicar direito nacional, vai tentar atingir o objetivo
da diretiva, desde que o sistema de interpretação do direito nacional o permita. É o princípio
da interpretação conforme - o juiz nacional, quando aplica direito nacional, deve interpretá-lo
no sentido mais próximo do direito europeu. Exemplo: caso Von Colson, caso Kolpinghuis e o
caso Marleasing.
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Comercial' e outras empresas com fundamento numa causa de nulidade da lei espanhola
inexistente na Diretiva não transposta. Concluiu-se que a exigência de uma interpretação do
direito nacional conforme ao art 11º desssa Diretiva (68/151) impede a interpretação das
disposições do direito nacional relativas às sociedade anónimas de maneira a que a nulidade
de uma sociedade possa ser declarada por motivos diferentes dos que são taxativamente
enunciados nessa Diretiva.
No caso Ruiz Bernaldez a situação era a seguinte: Ruiz provocou um acidente de viação por
conduzir embriagado; em processo penal foi condenado a pagar os danos causados e a sua
seguradora foi absolvida, nos termos da lei espanhola. Foi para reduzir as discrepâncias
entre as legislações dos EM quanto ao alcance da obrigação de seguro, que a diretiva em
causa impôs, em matéria de responsabilidade civil, uma cobertura obrigatória dos danos
patrimoniais e das lesões corporais. Alargou-se, ainda, esta obrigação à cobertura dos
danos resultantes de lesões corporais causadas aos outros passageiros além do condutor.
Tendo em conta o objetivo de proteção, a diretiva desse ser interpretado no sentido de
que o seguro automóvel obrigatório deve permitir aos terceiros vítimas de um acidente
causado por um veículo ser indemnizados de todos os danos emergentes de lesões
corporais e dos danos patrimoniais sofridos. Qualquer outra interpretação teria por
consequência permitir aos EM limitar a indemnização dos terceiros vítimas de um acidente
de viação a certos tipos de danos, provocando assim, disparidades de tratamento entre as
vítimas - a diretiva ficaria assim privada do seu efeito útil. Assim, a Diretiva opõe-se a que a
seguradora possa invocar disposições legais ou cláusulas convencionais para recusar
indemnizar os terceiros vítimas de um acidente causado pelo veículo segurado.
Deste modo, cabe ao juiz de reenvio, chamado a decidir um litígio abrangido pelo
domínio de aplicação da diretiva e resultante de factos posteriores ao termo do prazo de
transposição desta última, quando aplica as disposições de direito nacional em vigor à data dos
factos, interpretá-las, na medida do possível, de acordo com a diretiva, de uma forma tal que
possam ser aplicadas oficiosamente. O órgão jurisdicional nacional é obrigado a interpretar as
disposições de direito nacional à luz do texto e da finalidade da Diretiva em causa.
Assim, este Acordão veio invocar o princípio da cooperação leal para dizer que os EM
devem abster-se de tomar quaisquer medidas que possam comprometer gravemente o
resultado prescrito pela Diretiva. Esta, desde o momento em que entra em vigor, cria algumas
expectativas jurídicas nos particulares, que merecem tutela. É o "dever de stand still". Ou seja,
antes do fim do prazo, os Estados não estão obrigados a atingir o objetivo da Diretiva. Mas,
estão proibidos de tomar medidas que se afastem do objetivo, tornando impossível o
cumprimento da Diretiva.
Ainda que estes atos não sejam, em regra, vinculativos, é possível apontar algumas
situações em que se verifica a sua vinculação mitigada:
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Atos atípicos
São atos atípicos todos aqueles previstos avulsamente nos Tratados, isto é, aqueles
que não constam do art. 288º TFUE, sem referência às suas caraterísticas essenciais.
Os atos atípicos são adotados por iniciativa dos órgãos comunitários ou por imposição
das normas de direito derivado. As designações dadas a estes atos são múltiplas, entre as
quais podemos salientar os Relatórios, os Programas de ação, os Códigos de conduta, os Livros
verdes e Brancos (sendo os primeiros relativos à discussão numa área e os segundo as
propostas de ação nessa matéria), etc. É de reforçar que o nomen iuris conferido aos atos não
tem relevância, podendo um ato ser vinculativo e ter, por ex., aplicabilidade direta, embora a
sua designação não o transpareça.
Atos convencionais
Nos termos do art. 216º TFUE, a União tem competência para celebrar acordos com
terceiros. Estes acordos poderão ser:
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Existem ainda outras convenções que gravitam na órbita do direito da União, por não
decorreram do sistema orgânico institucional previsto especificamente nos Tratados, mas que
visam cumprir as suas dispões ou complementá-los: acordos entre Estados-membros relativos
à nomeação de juízes do TJ, convenções celebradas à margem das reuniões do Conselho, mas
entre os seus representantes, etc.
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Nos termos do art. 3º/6 TUE, a União prossegue os seus objetivos mediante os meios
adequados e de acordo com as competências que lhe são atribuídas pelos Tratados. Assim, as
instituições e órgãos da UE só podem atuar se e quando os Tratados previrem competências
para tal. Como foi já referido, a atuação das instituições e órgãos requer uma base jurídica,
onde constem:
• Objetivos a prosseguir;
• Competências: âmbito material de intervenção da União (isto é, os poderes de
ação que lhe são conferidos);
• Poderes: modalidades de exercício das competências (ou seja, formas/meios
de ação ou tipos de atos passíveis de serem adotados);
• Procedimentos: conjunto de passos necessários para a tomada de decisão.
Os tipos de competência:
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• nacionalidade
• estado civil a organização militar
• a segurança nacional
• os salários
• os direitos de associação
• a greve
• a regulação da propriedade etc. (exs.: arts. 153º/5 e 345º TFUE).
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Com efeito, atualmente verifica-se uma tendência para a reavaliação das medidas já
adotadas pela União e a equação da possibilidade de “passos atrás” na integração europeia. O
princípio da preempção assume particular relevância no âmbito das competências externas,
pois a União assumirá a competência para concluir acordos internacionais sempre que estes
sejam suscetíveis de afetar ou alterar as disposições comunitárias. Enquanto as disposições
comunitárias versarem sobre certa matéria, os Estados-membros não terão competência para
celebrar acordos internacionais relativos a essa matéria.
O princípio da subsidiariedade
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Espera-se que, com este contexto institucional, se consiga uma maior eficácia e ganhos
de legitimidade que se traduzam numa redução da obscuridade e complexidade do direito da
União. Deste modo termina um período de quase monopólio de facto e de direito do Governo
em matéria de contributo nacional para o processo de decisão europeia, comprometendo-se
diretamente o Parlamento na construção, aprofundamento e consolidação da União.
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Este princípio é integrado por deveres de lealdade em sentido estrito (deveres de agir
em boa fé) e de solidariedade entre UE e Estados-membros, baseando tanto obrigações de
abstenção como obrigações de ação. É dele que deriva a “cláusula de solidariedade” prevista
no art. 222º TFUE e art. 46º/7 TUE, a que já referimos. Assim, por um lado, os Estado-membros
devem abster-se de quaisquer ações ou omissões que possam violar o direito da UE ou colocar
em causa a sua eficácia; por outro, devem respeitar as obrigações resultantes dos Tratados e
dos demais atos comunitários. Este princípio determina ainda obrigações da UE para com os
Estados-membros e destes entre si.
A aplicabilidade direta
O efeito direto
Saliente-se, neste ponto, que “aplicabilidade direta” e “efeito direto” são conceitos
que não se confundem. Na aplicabilidade direta está em causa a vigência imediata dos atos
comunitários na ordem jurídica dos Estados-membros; já no efeito direto está em causa a
natureza material de certos atos, que os torna invocáveis nos tribunais nacionais (ainda que
não tenham aplicabilidade direta).
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O princípio do primado
Princípio fundamental, afirmado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia. Uma qualquer
norma de direito interno quando em conflito é substituída na aplicação por uma norma de
direito europeu quando em casa normas infraconstitucionais. A questão torna-se mais
complexa quando se trata de uma norma constitucional. As várias ordens jurídicas dos
Estados-membros têm admitido a prevalência do direito europeu sobre o direito interno com
algumas restrições. Exemplo da CRP: art. 8, quando sejam respeitados os princípios do Estado
de Direito Democrático.
Caso não estejamos perante uma norma com efeito direito, está em causa uma mera
questão de interpretação. O TJ não distingue entre tipos de normas comunitárias e nacionais,
entre as quais poderá verificar-se um conflito. Assim, prima facie, o direito da UE teria primazia
sobre o direito nacional de um modo geral (o que implica a sua primazia em face do direito
constitucional).
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fazê-lo atribuindo a estas normas um sentido compatível com o direito europeu. De igual
modo, deve assegurar-se que a interpretação e aplicação do direito da UE é feita de maneira
harmoniosa em todos os Estados-membros, de modo a evitar níveis distintos de integração.
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I- Não devem ser menos favoráveis do que as normas que regem similares processos
domésticos-equivalência e não discriminação;
II- Não devem tornar virtualmente impossível ou excessivamente difícil o exercício
dos direitos atribuídos pelas normas comunitárias – eficácia.
Este princípio, embora não diretamente consagrado nos Tratados, é-lhes inerente.
Efetivamente, o pleno efeito do direito comunitário seria comprometido e a proteção dos
direitos que ele confere seriam enfraquecidos se os particulares não pudessem obter
compensação quando os seus direitos são lesados por violação culposa do direito comunitário
pelo Estado-membro onde residem. As condições para a efetivação da responsabilidade dos
Estados-membros repousam no direito nacional, sendo que o Estado não poderá impor
requisitos que tornem excessivamente difícil a obtenção de uma reparação. Assim, são
pressupostos a reunir para a responsabilidade dos Estados:
• A norma violada deve ter como função atribuir direitos aos indivíduos,
devendo ser possível a identificação do conteúdo do direito com base na
norma em causa;
• A violação deve ser suficientemente caraterizada ao nível do direito
comunitário, de modo a que seja possível exigir indemnização pelos danos
(sendo que não é necessário que a violação em causa seja previamente
declarada pelo TJ);
• O Estado deve ter incorrido em desrespeito grave pela obrigação
comunitária: devem aqui ter-se em conta requisitos como a clareza e
precisão da norma, a intencionalidade da violação, a possibilidade de
desculpabilização do Estado, a margem de discricionariedade conferida ao
Estado, a contribuição dos órgãos da UE para o incumprimento, etc., de
modo a atestar a gravidade da conduta estadual;
• O comportamento do Estado e o dano sofrido devem estar relacionados
por um vínculo casual (o que pressupõe ainda que a indemnização, quando
tenha lugar, seja adequada ao prejuízo sofrido como causa do
comportamento do Estado).
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Princípios Estruturantes da UE
✓ Princípio da igualdade e da não discriminação (arts. 2º/3 TUE e arts. 18º e 19º
TFUE);
✓ Princípio da proporcionalidade (este é um princípio transversal, pelo que foi já
analisado
✓ Princípio do respeito pelos direitos fundamentais (arts. 6º e 7º TUE e Carta dos
Direitos Fundamentais);
✓ Princípio da segurança jurídica: a ação da União deve ser previsível e
consistente;
✓ Princípio do respeito pelas legítimas expetativas: numa das suas refrações,
introduz limites à eficácia retroativa e desfavorável das ações da União.
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