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Cap. Sistema de determinagio da pena 70 Cap. sn psun le ig M. relative G, NG, Strafeumessun — nce 1971+ er ed irafeuessuns i SIRE, Delite re atscht che Problematik ebesonders sehyoqa tn 8, RTH, Tats tli n ENWERTB, ie eT Rational Society 1969 WESSELS, 7° Fan, an WALK x See 97 95. ZAPF, Die Sajafrevison 15g, eng pile» Maur yo intcio do cap. Seguin Regelbeispicl rafia cit. 10 ibliogt™ cf. ambém Juco doutrinal, legislativa e jurisprug . ~ ene): LAcvolus’ atéria de determinacgao dapena “en 1, Evolugio geral 4 sugerido (§ 3) que 0 problema da dete, §.235 JA atras ficou procedimento através do qual o jut aa — isto é,0 Be samedi da pena cabidas no caso concreto Etim doutrina arenes jurdicas do crime. Para tanto com -atitude jurispradencial fave go protien, bem como dos = k antes. Uma tal mutacgéio € compreensivel ¢ tomoy. egislativos relev: tagao € -se mesmo, a partir de certa altura, inevitavel. § 236 Sabe-se como, sob 0 influxo das \ juridico-penal — que encontrava jé em Beccaria e no seu Dei deliti e delle pene 0 mais coerente ¢ decidido propugnador! —, a sania) Eas imposto pelo entendimento que entio se fazia dos princfpios do contrato social e da divisdo dos poderes?, Estes postu- lados conduziam directamente ac de crime, de que a primeira legislacdo penal saida da Revolugio Francesa (CP de 1791) se prefieu eae i : tinham como ii f | BECCARIA, Traité ‘Assim CORREIA, Eduard Ir 3t6 Milano: Seiarelli 1989, § UIT 21 des delits et, 186 r Digitalizada com CamScanner 1. Evolugio ? $238 abstracta e 5 ee sehr 6040 feito nagaon’ Portanto determinada s6 Um entendimento abissalmente diferente haveria de ser of ole- iam, ie resto, a i ionalizaca, onde ainda ela fosse julgada indispen: q . . IS ‘ninimo irrenuncidvel de legalidade e consequente detest dos cides aos — caberia, no méximo, o papel de definir a espécie ou espécies ratio deste ponto de vista, se dava 0 nome de «arte de julgar»’). $238 A evolugdo das concepgdes extremas que ficaram esboga- das processou-se paulatinamente no sentido de uma dupla conver oe um lado, ainda no seio da propria Escola classica, comega- ram a ouvir-se vozes — entre as quais a de Carrara tera sido a mais forte e a mais clara fim, no sentido da manuten¢ao do «bem sentado pela ordem ane se assegura protegendo a lei juridicay’ > HECCARIA, como na nota 1, § TH. Cf depois, §§ XIX, XX e XXII Ea propésio DIAS, |e Figueiredo, Actas do Congresso Beccara Mio 1988. ; Patagmsético nesta direcgdo SALEILLES, L‘individualisation de ta peine 1898. {sim ainda CORREIA, Eduardo II 317. { FEUERBACH, Lehrbuch, 3. ed. 14 8 CARRARA, Programa §§ 615, 617, 623. E sob RlalDPP 1988 791 ss. xe 0 ponto DIAS, J. de Figueiredo, 187 — Digitalizada com CamScanner a. Cap. sistema de determinagio da peng N ‘Ao que acrescia a influéngj, anhava a reabilitagio d aria da pena e, consequentemente, roblema gam finalidade primé 9 , Sean nem sem bin compativeis, foi, até hd muito pouco tempo, encon, PLE oy contexto de uma situagao que pode, a lapis grosso, caractering Me Jos tracos seguintes: pee € esforgo de racionalizagao da) mais das veces. ulamaeaasiag? (consoante a posi¢io de arrancassem, em geral, sobre os tns das penas) i i ma quase sempre confundida com a intensidade do dolo e a gravidade dy negligéncia) va a ; ou ainda umas e outras — a prevencao geral tendo praticamente esgotado a sua fun¢do no momento da fixagaio legal da sangio 2° Em consequéncia, qual, consagrando embora uma paleta de penas de duragao em prin- cipio varidvel entre um maximo e um minimo, todavia, ou se guar dava de oferecer ao aplicador critérios regulativos da sua indispensé- vel actividade de determinagdo concreta da pena; ou, entio, punha somente sua disposicao formulas que cobriam todos os procedi- * No que desempenhou papel fundamental a Escola da defesa social nova. Cf: ANCE. Estudos Beleza dos Santos 203, Mal claro neste sentido MEZGER, Tratado II 397, ¢ CORREIA, Eduardo I! 318. 4} Vejasse, p. ex. a pequentssima importin. yum to ex rece St pees cia concedida ao problema m celett Digitalizada com CamScanner r a 1. Bvolugto a S241 ssiveis € que, antes que aj ahs a ali implicada, ‘pei disie neeet & Problemitica a ‘yeres, acrescentava longas listas de cj; agravar ou atenuar a responsabili de que modo determinada?), 32 Em resultado da situagaio descrita, 1 am", Férmulas as quais, Teunstancias que serviam idade (e qual Tesponsabilidade? (quando os limites maximo e licdveis ao caso; num tivista, intuitiva e nao 0 0 isto 6, “mo de medida da pena) abstractamente ap egundo momento, actuacao puramente subject racionalizavel, mesmo a posteriori (e conseqi vel), destinada a fixar, dentro da moldura penal nada, a medida concreta da pend; ao que eventualmente se seguiria ‘uma ponderagdo, ainda ela intuitiva, do quantum de pena encontrado em fungao do jogo e do peso relativo das circunstancias agravantes e (ou) atenuantes. 2, Evolugio do direito portugués $240 Os passos essenciais da evolugao descrita, com apelo a uma situagdo que, em geral, pode dizer-se comum aos ordenamentos juridico-penais tanto de tradigao romana, como germanica, encon- tram-se também presentes na evolugio do direito penal portugués. ‘Mas talvez possa dizer-se, sem exagero, que a legislagdo portuguesa ‘como que prenunciando a sua fase se- guinte. Em particular, pode afirm: que os estudos de Bruns operaram na doutrina alema da medida da pena, a partir dos anos 60", jd entre nés havia tido lugar por forga da teforma penal de 1954. §241 algumas consagrava, ™ De um preceito como o § 13 do CP alemio na redacgdo anterior a 1975 dizia STRA- TENWERTH, Tatschuld u. Strafcumessung 1972 13, tratar-se de uma «intervengao legislative ine de especial magnitude». Clissica tomou-sejé a obra de BRUNS, cit. 189 Digitalizada com CamScanner 1° Cap. Sistema de determinagio da pena Y g242 yrdrins» OU «varidveis», Cuja duragio Oscilava maximo ¢ umn minimo legalmente aati Fs 6 exact, por ute et no diploma a definigio de um ea rio geral de Procedimens’ judicial p a determinagio da medida — las penas varidveis, ej nha, no entanto, extensas listas de circunstincias agravantes (ait, 1 ; atenuantes)(art. 20.°) que serviarn para graduar a pena Consoante a influin, cia que exercessem na «culpabil dade do criminoso» (arts. 20.°-1] @ 800, Em toda esta matéria era visivel!? a influéncia do CP espanhol de 149 mraioria «penas tempo! cong. 9.9) § 242 OlEPde 1886 — pese a sua proclamada perfeiclo, 20 seu carécgy progressivo e 2 sua simpatia pelas ideias ético-retrtbutivas © Prejuizo dog ritérios de prevengio geral de intimidagao' — regrediw sensivelment, quanto forma de consideragiio do problema em exame. E isto basicamente porque, no extenso catilogo penal constante dos arts 55.° € ss., as penas vr minadas eramy na generalidade, penasfixas (0 que nao deixaré de inquietar quantos pensam que, s6 por si, a ideia ético-retributiva «favorece» ¢ a da prevengio geral «entrava» 0 progresso da doutrina da determinagao da penal), Pode dizer-se, por outro lado, que o\CP de 1886 manteve praticaments jnalterado o sistema das circunstancias agravantes e atenuantes constante do diploma precedente, Progresso houve, no entanto, na parte em que do art. 88° passou a constar um verdadeiro critério de determinago da medida concreta de «qualquer pena temporéria», estipulando-se que «o juiz fixard [...] a duragio dessa pena dentro do méximo e do minimo legais, tendo em atencao a gravidade do crime». Por mais que se pense tratar-se aqui de um critério vago ¢ pouco prestavel para as tarefas da determinacao concreta, a verdade é que, pela primeira vez, se chamou a atenco para as determinantes do quan- tum de pena dentro da moldura penal aplicdvel ¢ relativamente ao qual se faria depois funcionar 0 jogo das circunstincias agravantes © atenuantes gerais!®, § 243 Osistema de determinagao da pena constante do CP de 1886 na sua versao inicial — sistema globalmente inadmissivel, de um ponto de vista politico-criminal, dado que a grande maioria das penas era fixa —veio a sofrer modificagao profunda com a reforma penal de 1954. Em dois pontos: acabou-se, por um lado, com 0. sistema de penas de prisdo fixas, tornando-se todas elas tempordrias dentro de escaldes de gravidade continuamente decrescentes (arts. 55.° e 56.°); © afinou-se, por outro lado, o «critério geral de graduagio da pena, independentemente do concurso de circunstan- cias atenuantes e agravantes»'°, dispondo para o efeito 0 art. 84.° que ‘3 Como os comentadores nao deixaram logo de notar: JORDAO ¢ FERRAO arts. 77.° $8. '* Em sintese sobre as caracteristicas deste eddigo CORREIA, Eduardo I 111 ss. '5 Uma descriglo de todo este sistema pode ler-se em CASTRO, Anfoal de, cit. 1-55. "© A expressio ¢ retiada do Relat6rio da Reforma de 1954 (DL n.° 39 688, de 54IUNO5). oe” Digitalizada com CamScanner 1. Evolugio $244 ws fin as, entre os limites fixados na Je; ‘eacao das penas nites fixados na lei para cada a a ” culpabilidade do delinguente, tendo-se em ‘ie wee “de 40 facto criminoso, OS SeUS resultados, a se rau da culpa, 08 Motivos do crime Fou oh . 0 ter. en qelina! intensidade do a personalidade do F Quaisquer que sejam as criticas de sel” a verdade & ane, com ele, deram-se passos decisivos em pe ego a uma correcta compreensio e solucionacio da complexa sista da determinagao da pena, Oot um lado, erigiu-se um sistema de aceitavel clarez; Pe primeiro momento — dito de determinagio legal ou Sac da pena —, 0 juiz determinava a moldura penal abstracta- “onte cabida ao caso, em fungao do tipo legal de crime aplicavel - circunstancias agravantes Ou atenuantes que modificassem os jimtes legais, minimo Ou (e) maximo, da pena prevista; num segun- go momento, 0 Jut2, dentro da moldura Tegal encontrada, ia graduar conoretamente a pena em functio dos critérios do art. 84.° e, Portanto, i palavras da lei, em fuunglo da cupabilidade do delinquentes, um terceiro momento, o juiz agravaria ou atenuaria, dentro dos jimites da. moldura penal fixada na primeira operacio, o quantum de na fixado na segunda, em funcdo do jogo resultantes do extenso ol de circunstincias atenuantes e agravantes gerais que 0 Cédigo continha (arts. 34.° € 39.° do CP de 1886)'*. A conjungao do segundo edoterceiro momento descritos formava a fase dita de determinagao concreta ou judicial da pena, ou, numa férmula mais curta, da medida da pena (em sentido estrito). Por outro lado, com um tal sistema tornava-se clara a reparti¢aio de competéncias do legislador e do juiz no complexo procedimen- tode determinagao da pena. Com uma dupla consequéncia: a de, por uma banda, racionalizar todo aquele procedimento, nao mais per- mitindo que ele fosse atribufdo & discricionariedade nao vinculada dojuiz ow sua «arte» de julgar, mas fazendo antes compreender que também nele se trata de verdadeira «aplicagao do direito»; ea de, por que um tal sistema seja ‘a € preci- ” Eclas si, na verdade, muitas, como decorrerd da exposicio posterior e, sobretudo, do que ‘dito no 8° Cap, Cf, de modo particular, infra, § 275. _ Sobre est sistema, em pormenor, FERREIRA, M. Cavaleiro de, cit, II 1961 213 ss.,¢ 1982 3715s, e CORREIA, Eduardo II 141 ss. ue ainda hoje — com maior ou menor extensio— se contém em alguns diplomas legais ‘Stangetes, vg, nos arts, 61 e 62 do CP italiano. 191 a Digitalizada com CamScanner 9 Cap. Sistem de determinagio da pena 245 ie, outra banda e consequentement omar aa Proce ay se abriam vias a uma rdpiq, | este modo Se nana uted Ne jsprudencial na matéria. evolugio doutrinal ¢ juris dade e vinculagdo na determinagig iscricionarie II. Discricion: da pena 1. Cooperagio repartigdio de tarefas entre 0 legislador e 9 Juiz § 245 Considera-se hoje, sem discrepancias sens{veis, 0 proceqj. inagdo da pena como Um COnjUTtO Com. dente a determi u reste opened que exige, em medida varidvel, uma ‘cooperaciio — mas também, por outro lado, un separa tarefas ¢ de responsabilidades tao nitida quanto possi | — entre 9 legislador ¢ 0 juiz. § 246 Aoilegislador)compete, desde logo, estatuir as molduray Tegislagaio extravagant valorando para o efeito las porque O sistema nao poderia funcio- nar de forma justa e eficaz se nao fosse dotado, a este propésito, de val idas como regra a um certo tipo de factos (cireunstancias modificativas): Com todo este condicionalismo, assim fixado pelo legislador, “temo juiz de) _estritamente se conformar, §247 Ao legislador compete, por outro lado, através da enunciacio de tai: t 192 Digitalizada com CamScanner TL. Discricionariedade e vnculggg $250 ‘Ao juiz cabe um: 8 que lhe € oferecido pelo legislad ' por ye A(formayde cooperagao descrita entre legis slador © juiz é ane 168 (SE nio Nos seus Pormenores, ao menos na sua traga geral) janitirconstitucionalmente vinculada, Uma responsabilizacdo total do juiz pelas tarefas de determina- cao da pena significaria uma violagao:do principio da legalidade da genay(CRP, a 29.°-1) ou, quando menos, “dol/prinefpio da: sua jntagdo(CRP, art. 30.°-1)°°. A propésito, pode suscitar-se a yestio de saber se a indicacdo pelo legislador de uma qualquer moldura penal —maxime, da que oscile entre 0 minimo eo maximo iegais da espécie de pena respectiva — cumpre ja exigéncia juridi- co-constitucional de legalidade ¢ determinagio da pena. Em princi- jo, niio parece haver raz6es decisivas para uma resposta negativa’', salvo porventura quanto a uma pena de prisio cuja moldura fosse, peor de 1 més a 20 anos. Ainda neste caso, porém, mais que 0 principio da determinagio, € o principio — também ele juridico- ‘constitucional: CRP, art. 88.°-1, por identidade ou maioria de ra- iho — da proporcionalidadedaypena que pode ser posto em yuesto. 4 Inversamente, uma responsabilizacao total do legislador pelas tarefas de determinacao da pena conduziria 4 existéncia de penas fixas e, consequentemente, a violagio do principio da culpa e (even- tualmente também) do prinefpio da igualdade. §250 De relevo na determinagao da pena real é ainda — particularmente num direito penal tio sensfvel A prevengio especial de socializagio coms o ™ Neste sentido, na Alemanha, SCHUNEMANN, Nulla paena sine lege? 1978 37s. Assim também MAURACH/ZIPF § 62 n.° m. 22 ss. V., n0 entanto, FERREIRA, M.Cavaleiro de Il 1989 70; «Uma extraordinéria amplitude das penalidades € dificilmente conciiével com o principio da legalidade». Sobre tentativas da recente legislagao penal fancesa para reducir a «incerteza» das pens PRADEL, Dalloz-Chy. 1987-115. Neste termos CORREIA, E/RODRIGUES, Anabela/COSTA, A. M. Almeida 8 193 Digitalizada com CamScanner 7 Cap. Sistema de determinago da pena $251 nosso — da pena relativamente indeterminada, dg Tibe r titutos como OS = ee fe exes, saa s eoapensio da execuga0 da pris20, do regime de prot i "itd 152, 142 ¢ 102 Caps.), mostram claramente com a, tc, (infra, 15. Saeed onariedade e aplicacio do direito 2. Diserici 251 A partir do que fica dito tem-se posto a‘questao de saber se aractividade judicial deldeterminagao\da pena apresenta, relatiya. mente as tarefas normais de aplicagao do direito, especialidades que permitam onsideré-layumay actiyidade discricionaria, O correct tratamento da questo — interessante sobretudo em uma pura pers- pectiva metodolégica — implicaria um cabal esclarecimento de pressupostos que seria descabido prestar no presente enquadra- mento”, Bastar-nos-emos com acentuar © seguinte: se, por activida- de judicial discricionaria, se entende toda aquela que se nao traduz ou esgota em uma subsungao silogistico-formal— como a que, na verdade, o juiz penal cumpre no momento inicial de comprovagao da adequacio do facto ao tipo legal de crime*> —,entao, semidiividaya actividade de determinagio da pena é discriciondria; certo €, toda- via, por outro lado, que ‘uma tal discricionariedade se nao confunde com a discricionariedade juridico-administrativa, com aquela em que o juiz escolhe uma de varias solugées, juridicamente por igual possiveis, tfo-s6 em fungio de consideragées pragmiticas ¢ finalis- tas; neste sentido, a actividade judicial de determinagao da pena ¢, toda elajjuridicamente|vineulada® % Cr, em pormenor, HASSEMER, Sirajrechisdogmatik u. Kriminaipolitik 1974 38 s. e em: LUDERSSEN/SACK (Orgs.), Strafprozef u. Strafvollzug 1977 246 ss.; € depois BAUMANN, Estudos Eduardo Correia 1289 ss, E na conclusto também MAURACHIZIPF § 62.22 m. 11. % Fundamental, entre nés, NEVES, A. Castanheira, Questdo de facto — Questo de dito. 1968, sobretudo §§ 12 15. Contra, em todo 0 caso, NEVES, A. Castanheira, Estudos Eduardo Correia 1437 ss. Mas como no texto jé DIAS, J Figueiredo, RDP 3/ 1981 41 s.,e RPC 1 1991 15 s. vfs, mula exactameme, AEST de EFEV24, BMI 374 225; tumbém a douriaa hoje rgamente dominante tanto em Ttélia, face ao que dispGe o art, 13: P tivo — Por outos DOLCIN ct, 755, MANTOVANI n= 204¢ ROMANO art. tbe—seomo na Alem: ‘ha — por outros JESCHECK § 8211 1, Jé em Espanha, porém, parece continuar dominante iia a romans «livre» do juizs ef, por outros, RODRIGUEZ DEVESA/SERRANO s. 194 —_—— Digitalizada com CamScanner I. Disticionaiedade evineutagty $252 r ird entao qué a i se concluird enldo que aguclaastivia, / M jicagao do direito, confluindo as as noe te simples. Scriciona- page ieee ach a incu ago, nos mesmos termos ena mesma medid, , 3 ida em, fe eda ‘40 comum de aplicacio do ‘| sucede com gualauer Operac: ie io na qual relevam se go, operagao a Tegras de dir ‘i i “glementos descritivos e normativa; pn 0 eseritas & no ; 8, act i ages Justamente no desenvolvimento soins od : eee — WE TEDTESEnIa 0 adeus defintivg ay de »» do juize da sua discricionariedade desvinculada na materi : psa residir aquilo que, com Rudolphi, pode com razio eomrse fase de juridificagio da determinagiorday pena’s, Temos esta concep¢&o por fundamentalmer ano, dificil € negar que-Olptocedimento de enta especialidades notaveis face ao procedimento «comum» de fo do direitos Nao enquanto’o jiliz é, nele i reenviado para regras juridicas no escritas, conceitos normativos ¢ indeterminados, mesmo puras valora¢bes; mas j sim na medida em quese Ve obrigado a traduzir os critérios juridicos de determinaciio numa certa quantidade de pena, em que ele nao pode, Por outras polavrasy fut a quantificacao exacta (numérica!) das suas vyaloragées. E esta circunstancia — nao singular, mas, em todo o caso, exgeetfica no dom‘nio da aplicagao do direito— a responsével maion, deresto, pelas diferen¢as ou distonias na determinagio da pena, para as quais a doutrina mais recente se encontra especialmente alertada. Tém efectivamente sido notadas distonias verdadeiramente escandalosas em toda esta matéria, seja em condigées diferentes, seja mesmo em condi- ¢ges similares de tempo e de lugar, Dai que‘cresga, um pouco por toda a parte,ayreivindicagaowde formalizagi0 — quando nao mesmo de «matematizagao», inclusive com auxilio informdtico** “dos procedimentos € dos resultados de tkieminagdo da pena; reivindicago em que se tem distinguido a doutrina anglo-americana do sentencing*". Se, porém, uma uniformi- nte exacta. E, no oS Sates op z ses press termos MAURACH/ZIPF § 63 n° m, 192. RUDOLPHL, ZssW 83 1975 375, Sobre este assunto decorreu o VII Coldquio Criminolégico do Conselho da Europa (1987), tame deicado ao tema Disparités dans le prononcé des peines (Sentencing). As comuni- =i afapresentadas constituem um acervo importante de indicagées doutrinais,jurispruden- ey etilagdo comparada e bibliogréficas sobre o tema. » calm dos trabalhos cits, na nota anterior, as obras de STRENG ¢ de HAAG, cits. "Pr cttos, ASHWORTH, cit, © CrimLR 1984 519 ss. Oe 195 Digitalizada com CamScanner a9 Cap. Sistema de determinago da pena $253 na matéria nao deixard de ser benvinda za : ar), ela nao deverd ser conseguida 4 or ificil 'a de lograr), € a cust! oe io os procedimentos respectivos.Uma tal formal dy oe sderarse de antemao excluida face ao cardcter neg i itérit eSSarig. deve consi : LE sndividualicado que assumem tee Se variedade dos factores que 3 luz daqueles a yam® (sobre isto infra §335e5.). i da jurisprudéncia I do ponderado, inclufdas as especialidades que acabam de 5253 enciais, nao hé razdo bastante para por em diivida quesing rocedimento de determinagao da pena, se trata de auténtica aplica. ‘cio do direito. Eeesta uma das notas mais marcantes da fase actual de evolucio do nosso problema, a qual se ligam consequéncias doutrinais e jurisprudenciais do mais profundo relevo. 3. Controlabilidade em via de recurso § 254 Uma das Consequéncias da maiorimportancia, entre as aca- badas de referir, é a da controlabilidade em via de recurso do pro- cedimento dé detetminacaordaypena. Nessa via, declara expressis verbis o art. (72.3) que «na sentenga devem ser expressamente referidos os fundamentos de medida‘da\pena»; e, em consonancia com esta estatuic¢ao, regulou 0 CPP minuciosamente oy processo respectivo, autonomizando-o em certa medida relativamente ao cesso de determinagao da culpabilidade (arts. 369.°, 370.° ¢ 371.° do CPP). Este dever ju ‘Substantivo & processtial de fundamenta- cao visa justamente tornar possivel o controlo — total no caso dos tribunais de relagao, limitado 4s «quest6es de direito» no caso do tribunal supremo)(ou mesmo das relagdes, quando se tenha verifi- cado remincia ao recurso em matéria de facto: CPP, arts. 364.°-1 ¢ 2, e 428.°-2) — da decisiio sobre a determinagiio da pena. § 255 Importante é estabelecer o que seja «matéria de direito» para efeito de controlabilidade da determinag&o da pena em recurso de revista. De repudiar sero, logo a partida, todas as tentativas para 2 No sentido desta conclusio também MAURACH/ZIPF § 63 n.° m. 194, ‘Segundo CORREIA, Eduardo, Actas PG IL 125, esta ideia corresponderia jé a «jurisprudéa- cia pacifica» entre nés, mesmo anteriormente ao CP de 1982. 196 Digitalizada com CamScanner IM. Discricionariedade e vinculagio $255 ar a solugao segundo aquilo que, nin (ou , como na doutrina portuguesa*® — distinguem: a (Correctay atento o que deixdmos dito (supra, § 252). Mas jé assim nao serd, e aquela tradugao ser controlével mesmo em revista, se, v. g., tiverem sido violadas regras da experiéncia ou se a quantificagao se revelar de todo desproporcionada. Seen * NEVES, A. Castanheira, Questdo-de-facto — Questio-de-direito 1968 32 ss.; 36; ¢ no am sentido DIAS, J. de Figueiredo, RDES J7 1970 278 ss. (SIM JESCHECK, § 82113 e, de forma partculaz, THEUNE, NSHZ 1985 158 ss ¢ 1986 4, > ¥supra,notas 21 ¢ 22, » “Sim JESCHECK § 82.113, ‘Assim MAURACH/ZIPF § 63 n° m. 200 ss, 211. | 197 = Digitalizada com CamScanner 7 Cap. Sistema de determinagio da pena § 256 IU. As trés fases da determinacio da pena 4s ficou dito ($ 248) resulta ja que a determinacs, ea é alcangada pelo juiz da causa através de ia : na primeira, dita também medida ree 9 fume (dita al) na terceira ibém judic! individual) @ oe verernOS; nao necessariamente posterior, de um ponto de vista cronolégico, & segunda —, 0 juiz escolhe (dentre as penas postas 4 sua disposigao no caso, at $256 Doqu definitiva da Pp abstracta®” da pena 1. A investigacao e determinagao da moldura penal («pena aplicavel») a) O tipo legal de crime aplicdvel §257 A investigacao da moldura penal — a que a doutrina, a jurisprudéncia e a prépria lei chamam frequentemente «pena aplicé- Iisa tem o se pono de partida no tipo legal de crime conto “Gao. V. g., se o agente cometeu um crime de violagdo subsumivel 20 art. 201.°-I, a moldura penal aplicdvel serd a de 2 a 8 anos de prisio. § 258 (OllipolprefiChido pela conduta do agente pode, porém, ser nao um ipo fundamental (como no exemplo dado), mas um tipo qialifieado (v. g., violagio de descendente, art. 208.°-1, a), ou (@rivilegiado (v. g., violagio de mulher inconsciente, art. 202.°-1). das eircunstincias io, como acabamos de ver 5259 Em princ' fundamental, conduta do sao, nesta acepgao, (objectivo ou subjectivo —___ * Eni havendo por isso ‘qualquer raziio para, neste wlhimo caso (de elementos normativos), rents FERREIRA, M, Cavalero de II 1989 71, de «casos de estruturago abnorme da lide, 199 > Digitalizada com CamScanner 7 Cap. Sistema de determinagio da pena § 260 Dogmaticamente, pois, 0 estudo destas circunsténcias nao tence ji 4 doutrina geral do crime, mas a das suas consequéngs juridicas. nomeadamente a doutrina da determinagio da pe ‘as ‘© que nao significa, no entanto, que as circunstéincias modificativ” nio possam derivar de uma especial gradagio dos elementos consi tutivos do crime, ¥. g., de uma gravidade especialmente acrescida og diminuida do tipo-de-ilicito ou (e) do tipo-de-culpa. § 260 Tradicionalmente, entre nés, a «teoria das circunstincias» abrang, 2» "Sob notoria influéncia de uma doutrina ainda hoje dominante em mules lados, mas particularmente em Itéliat* — todos os chamados elementos ‘ei dentais do crime’; todos 0s elementos que, sendo «acess6rios» no sentido de que deles nio dependeria a existéncia do crime, respeitavam a «aspectos particulares» daquele e davam lugar a consequéncias juridicas diversas, Com esta extensiio e entendimento, porém, 0 conceito nao tem justifica. go teleoldgica bastante. Teleologicamente — e, portanto, também dogmati- camente —, 0 que releva nfo é 0 facto de um certo elemento ser essencial oy acidental relativamente & existéncia (6ntica?) do crime; decisivo é s6 saber se © clemento releva logo ao nivel do crime ou s6 ao nivel da consequéncia juridica, Outra coisa acaba por conduzir & confusio entre elementos tipicos, ‘com os quais se constroem 0s tipos qualificados ou privilegiados, e circuns- tancias modificativas*®, Nao, em suma, qualquer divergéncia — alids dificil- mente discernivel — entre uma estrutura essencial ¢ uma estrutura acidental do crime, mas a diferenga entre elementos tipicos, do ilfcito ou da culpa, ¢ da punibilidade, por um lado, e elementos atinentes & punigao e, portanto, & determinagéio da pena, por outro lado, € 0 que distingue as categorias que considerdmos nos §§ 257 s. e 259. Esta concepeiio «restritiva» de circunstaneia é, de resto, reforgada pelo facto de o nosso CP ter vindo reduzir 0 Ambito ¢ o relevo, entre nds tradicio- nais, da «teoria das circunstancias», ao omitir a categoria anteriormente 2 as palavras de BETTIOLIPETOELLO 576. a — num sentido que parece préximo do do texto — BETTIOL/PETOELLO 571 “°C, por itimo, © excelente estudo de PADOVANI, «Circostanze del reato», sep. do [NDigit “1988, mas cujas conclusGes sobre 0 ponto em anilise (16 ss. 24 ss.) pareeem aproximar-se jé, a muitos titulos, da posigio assumida em texto, © mesmo parece poder afirmar-se da exposigo (em todo 0 caso, porventura, mais conservadora) de ROMANO pré- “art. 59, No sentido de que as circunstincias sfo no s6 elementos acidentais do crime (os tradicionalmente chamados accidentalia delicti), como também elementos de medida da pena cf, MACHADO, M. Pedrosa, BM/ 383 103 ss. 48 y. CORREIA, Eduardo IT 142 em nota. 4 Confusio que elaramente se nota tanto nas consideragbes de CORREIA, Eduardo 1309 ¢ It 141, como nas de FERREIRA, M. Cavaleiro de I 1989 73 ss. 200 a Digitalizada com CamScanner IIL Fases $202 ia das circunstancias gerais, agravantes ¢ atenuantes, chammrcias que esgotavam a sua eficécia de actuagio dent canst egdadeiras circunstAncias so hoje pois, apenas, atl ancias modificativas. Mas j no hi, por outro I isco jara que de circunstancia modificativa se trate. on fico ou obrigatério, nao intercedendo autor stos especificos®”. Nem histética, ni wer exigenei se justifica. ul isto 6, das cir- iro da moldura face ao CP vigente, as lado, qualquer raziio de *» que 0 seu efeito seja apreciacao pelo juiz dos seus em legal, nem doutrinalmente vb) Circunstncias agravantes ¢ atenuantes comuns e especificas 261 AS circunstancias dividem-se em agravantes — as que alteram amoldura penal elevando-a ou 6 no seu limite maximo, ou s6 no seu jimite minimo, ou nos limites maximo e minimo — e atenuantes — as ue alteram a moldura penal baixando-a também ou s6 no seu limite ndximo, ou S6 no seu limite minimo, ou nos limites maximo e minimo. § 262 odem, por outro lado, ter cardc- ‘ea OF ante: As circunsténcias comuns ou gerais ¢ , E patentemente o caso, entre (como 0 seria do concurso de crimes, art. 78.°, e da pena relativamente indeterminada, art. 83.°, quando estas hipdteses devessem ter-se tecnicamente como «cir- cunstincias modificativas»*8), Como é 0 caso, entre as atentiantesy > da falta censurdvel de consciéncia do -2, datentativa, art. 23.°-2, da cumplicidade, art. 27.°-2, do excess esténico de ‘egitima defesa, art. 33.°-1, da inexigibilidade, art. 35.°-2, do consen- timento nao conhecido di te, art. 38.°-4, Dada a sua natureza comum ela: i Circunstancias de cardcter especifico ou especial sfio aquelas que (HURT pana TeacinimaTcesTpOICATEGS sendo, Por consequéncia,teguladas'nal PB ela devendo Ser estudadas,) —__ {1 Asin, no cntanto, FERREIRA, M. Cavaleiro de I! 1989 78, 81. © que & em definitivo, injustificado, Nao, em todo 0 caso, porque, como sustenta CORDEIRO, Robalo, cit, 240, tanto o concurso de crimes como a pena reltivamente indetr- inada suponbam jé a determinagio concreta de penas. Isso é exacto; mas o mesmo acontece, mang (nia, § 380), com a reincidencia; e nem por isso ela dea de ser agravante icatva, 201 _| Digitalizada com CamScanner 72 Cap. Sistema de determinaglo da pena De um ponto de vista politico-criminal — e, politico-legislativo — mente, mauito, a que The deve caber na formula 6ptima que ficou apontada (supra, §§ 245 e ss., e 248) de cooperagao entre legislador e juiz. Nao faltam, no entanto, @fdenamientosijunidico=penais (e nio, decerto, dos menos perfeitos tanto em perspectiva politico-criminal, como dogmética) quejaceitamlcomi liberalidade Talexisténciald . Certamente na pressuposicao, em si mesma exacta, de ccleaner Assim, e nomeadamente, o CP alem&o admite a existéncia do que chama os «casos especialmente graves» os «casos espe- cialmente pouco graves» @meras(Clausilas (de Walon labsolitament® eT © que, no entanto, tém como efeito modificar a moldura penal aplicdvel no sentido da agravagio ou da atenuacao”. § 264 QOlMOSSOUCRMAONECORKECENIPoTem — ao menos com a extensio com que sio acolhidas no direito alemao* —s@stasfiguras) © Em resumo sobre estas figuras JESCHECK § 26 V 1. E em pormenor MONTENBRUCK, cit. 50 ss., 67 ss. 5% E que levou o § 62 do £1962 a tentar defini (!) 0 que se entendia por casos especialmente raves — mas ainda af em termos indmissivelmente amplos e imprecisos. Criticamente, oAE* -AT 111 que, com plena coeréncia, preconizava a total eliminagio de tais casos. Também BETTIOL/PETOELLO 580 consideram, com raziio, os casas especialmente graves como sintoleréveis» 202 —_ Digitalizada com CamScanner IIL Fases. 5285 eat ramente, antes de tudo, pelo seu cardcter pelo menos duvidoso es , luvidoso, quando néio de intolerdvel sempre que funcionem contra 0 agente, nfio sendo 1 a que «principio daegalidadepenal/no seu entendimento wes poe fant peso no m lum crimen, como na nulla pena sine ee ‘Em particul lar no que toca aos «casos especialmente graves», gles $20 substituidos de forma integral, no nosso CP, por agravantes rrodificativas nominadas, ou mesmo por tipos qualificados, Quanto ws casos especialmente POUuCO graves», o nosso CP reconheceu-os, fo menos 12 hipotese do art. 228,°-4; mas, aqui, os inconvenientes ‘ind aludidos ja se nao verificam com a intensidade com que se fazer sentir NO direito alemio, Pois que a indeterminagdo legal e 0 aybitrio judicial s6 pode funcionar in bonam partem*, Oque est, em todo 0 caso, longe de os tornar em instituto isento de censura e digno de aplauso em perspectiva politico-criminal; pois se, nos casos espe- cialmente graves, 0 arbitrio do tribunal pode levar a agravar indevi- damente a pena, © mesmo arbitrio pode levar a nao atenuar a pena quando ela devesse ser atenuada. J4, todavia, em legislagZo extravagante surgem por vezes «casos especial- mente graves»: cf. p. €X., 0 art, 36-2 do DL n° 28/84. No entanto, em seguida, o n.° 5 do mesmo preceito expoe com precisio — e taxativa- mente! — quais 0s casos que devem reputar-se especialmente graves para efeito do n.° 2; 0 que acaba por invalidar completamente a técnica dos «casos especialmente graves» e as finalidades que com ela é suposto alcangar. Deixa, assim, de perceber-se de todo a que vem aquela referencia no art. 36.2, do afinal o art. 36.°-5 revela que o que se quis foi simplesmente criar um tipo qualificado! 4d) A técnica dos «exemplos-padrio» §265 A meio-caminho entre as circunstancias modificativas agra~ (Galestnominadasjevinominadas\esta\umalfigiia) também reconhe- * Tio duvidoso que leva uma parte da doutrina — ver, p. ex. ROXIN § 12 n? m. 1275. € JESCHECK § 29 11 3 b — a exigir que 0 dolo abranja os elementos que o juiz ird considerar ‘elevantes para caracterizar um certo caso como especialmente grave. Nao surpreende, por ‘S80, que na Alemanha cresca constantemente o niimero dos que consideram a existéncia de tun Digitalizada com CamScanner ~ 4.9 Cap Sistema de determinagi da pena $266 2 ireito penal alemao, cujo@esenhoéobtig ae Pina ehama uma técnica Digitalizada com CamScanner 5209 7 Cap. Sistema de determinagdo da pena resolver as dificuldades que aqui podem suscitar-se nao é indiferente para o resultado final. § 269 O@PWENBKG regulava expressamente a hip6tese de concorréneig d 3 etlfcativas agravantes, dispondo, no § tin. do art. 96.%, que s6 teria elupas togravagio resultante da circunsténcia qualificativa mais grave, apreciando. aoe demas circunstincias dessa espécie como se fossem de cardcter geraly O Cédigo' — vigente®? nog ordenamentos francés e alemio (na esteira, de resto, da nosg, jurisprudéncia, fixada no AssSTJ de 54FEVO6, e da nossa doutrina dom. nant y@sisteia chamado da/abisorgio ygravada, consagrado no ar. 639-3 do CP italiano™. O argumento politico-criminal e teleol6gico fuleral residia em qu esa sera a forma deevitar a aplicngio de penas demasiado sever Este argumento nao vale, em principio, perante 0 novo CP, 0 que deixa compreender 0 abandono do sistema da absorgdio agravada. § 270 Em caso de devellGj@o juiz porém, que a reincidéncia é verdadeiramente a unica agravante mo- dificativa comum que o CP conhece, 0 estudo de especialidades a este respeito tera de ser remetido ou para os lugares em que se tratem casos especiais de determinagio da pena (¥. g., quando concorra a reincidéncia com 0 concurso de crimes ou com os pressupostos de aplicagaio de uma pena indeterminada®), ou para 0 tratamento de agravantes modificativas especiais na PE do CPs, nada parece impedir o set Ao que informa CORREIA, Eduardo II 307. © FERREIRA, M. Cavaleiro de, Ligdes 532 8s. €, por tltimo, II 1989 85 ss. & Sobre este preceito, além de PALMA, Femanda, cit. 269 5s. cf. ROMANO art. 63 n.° m.7 ss. (chamando a atengio para a reforma que o preceito sofreu em 1984 ea sua importancia part 0 nosso problema). & CORREIA, Eduardo TI 307. © Como acentua FERREIRA, M. Cavaleiro de II 1989 86, «aio € possfvel[...] acunular 0s efeitos de agravagio ou de atenuagdo, porque no € possivel adicioné-las; no se adicionam penalidades». ® Y,, no entanto, desde j6, para este diltimo caso, 0 disposto no art. 77.°-2. © Bo caso do estudo de PALMA, Fernanda, cit. sobre a concorréncia de circunstincias rmodificativas no crime de furt. 206 | Digitalizada com CamScanner TIL Fases idei $272 Mas esta ideia get am-se aqui ditt Std longe de Ser exacta: 0, vyerifics cn ificuldades, » de tte a: bem pelo contra. Ino ool dao depois de estudada tin COMO, de resto, qrontuag@O espe : a Pena, a0 niicleg de pens, fra 9; Cap, W); conduzem quase todas as atenuantes mod; ‘amento da qual se patureza comuM OU geral cativas, sobretudo ae puantes concorrentes dactstet na medida ue) em pals ©U, Por outras 1 g., tentativa e menori ee JMSiCOnio tas hg. ore ¢da culpa nfo poderd servir para, ao 2 © grau diminufdo do ilfcite ificacii dean? tempo, qualifi falsificago como de «pequena gravidade» para efeit, icar uma <4etambém para fundarnentar yma atenuaco speci 6 art, 228 9. termos do art. 73. ). il da pena nos * aqui pode ver-se jé uma primeira manifesta ; aqui P ico do prin- cipio da proibigao de dupla valoragdo em matéri i fa penal (art. 72.°-2 e infra § 314 ss,), ee smn §272 Cavaleiro de Ferreira sustenta atenuante dum crime consumado inexi gunivel com a pena que caberia em abstracto ao crime consumado, eemo ng fase especialmente atenuaday”. E 0 mesmo defende para a cumplicidads, Eacrescenta: «O concurso de circunstancias vird alterar, eventualmente, a medida legal da pena assim indirectamente determinada». Tem tazao, em. principio, quanto a dltima afirmagao. Mas nem sempre: seria, p. ex., inadmis- sivel, como acabou de dizer-se, que o juiz atenuasse especialmente a pena jé determinada para a tentativa com o fundamento de que o dano nfo chegou a verificar-se, pelo que 0 ilfcito se revelaria diminuido por forma acentuada (ait. 73°-1). Ainda aqui estarfamos perante uma dupla valoragio ilegitima da que «nfo é a tentativa circunstincia istente. A tentativa é que é, por si, ® Assim também CORDEIRO, Robalo, cit. 265. E j4 a doutrina dominante na vigéncia do CP ‘anterior: CORREIA, Eduardo II 310 e FERREIRA, M. Cavaleiro de II 1982 409. ™ Aocstilo do que dispde o § $0 do CP alemfio. Trat 1ui, como em seguida se acentua em texto, de ‘como as vezes se eiimipe uma trina e da jurisprudénci vrs epee bi satin! Prot ve ina ‘vezes auneinds, em atta de agravantes € enum, pe 7 ‘Mtsprudéncia: cf, p, ex., AcSTJ de 86JUN25, RPCC I 1991 259, com anotacao desfav« eFemanda Palma. <9 > Asim HORSTKOTTE, cit, 265 5s. ¢ também MAURACHIZIPF § 62 1.°m. RR \. M, Cavaieiru de II 1989 73. Subtinhado a0ssu. 207 > TT Digitalizada com CamScanner $273 7° Cap. Sistema de determinago da pena mesmia circunstéincia. Posto isto, niio hd qualquer incorrec¢’o em considerar “Se que a tentativa ¢ a cumplicidade constituem atenuantes modificativas qa. molduras penais previstas para a consumagio e a autoria. . §273 Por tiltimo, em caso enya (@MAEHTTATEES) 0 procedimento mais justo e correcto parece estar em fa; Problemas — que, to. davia, nfo contendem exactamente, como se disse no § 262, com a matéria dag ' modificativas agravantes — sé podem levantar-se nos quadros da pena do concurso de crimes ou da pena relativamente indeterminada. Nio fica posto de lado, porém, que, em certos casos, a verificagao de uma atenuante deva excluir, logo segundo 0 seu sentido e a sua teleologia préprias, a concorréncia de uma agravante, mesmo que também esta efectivamente se verifique. Tal poderd suceder, nomeadamente, quando a raziio de ser da agravante (e) ou da atenvante deva ver-se na sua influéncia sobre a culpa do agente”, Erigir nesta matéria principios mais ou menos gerais seria pouco avisado e perigoso’®, sendo a propésito de concretas constelagdes da PE que estes problemas devem pér-se ¢ podem correctamente ser resolvidos. 2..A determinagio concreta da pena («pena aplicada») § 274 Uma vez fixada a moldura penal que cabe em abstracto ao caso, 0 juiz passa entdo a enfrentar a tarefa sem diivida mais com- plexa de todo o processo de determinagao da pena: a de encontrar a literatura germanica, do o qual «a determinagao _ eo i” pena, ee doe mites defitios na li, far-se-€ emi fungan da Gxlpa do gente» tendo ainda § 275 Nao falta quem acuse formulas legais deste tipo hk % Assim também CORDEIRO, Robalo, cit. 266. ' % De algum modo relacionadas com este ponto as consideragbes de PALMA, Fernanda, cit. 214s. 73 Como bem se tem dado conta uma parte da doutrina italiana, a propésito de uma regulamen- tacdo geral como a constante do art. 69 do seu CP. Cf., sobretudo, STILE, cit. e ROMANO art. 69 n° m. 1-7. 208 ad Digitalizada com CamScanner . MIL Fases san 6 c Como os da determina- ce das peas da Tedugso dos conflitos ou das antinomias 0 eles se suscitem, enfim, da eleigio dos elementos relevan- Fipenlte Oe ida da pena’®, H ~ ah ra a Me 1s ». ou qualquer outra lag anéloga fo! as j4 vimos (§ 252) el ge ah aqui, por outro lado, problemas cnja solucdo ¢ j ws er taduzida em artigos de lei. De todo o modo, poneee g vd a for iss ineritve uma concepeo maniguesta, mas com alum cuso ue exé 's as virtudes que se conteriam no art. 84; core 65,4 Z ; ° do CP de ggé eexproba todos 0s vicios de que estaria possufdo o art. 72-1 do CP 1 ent”. Nada de menos exacto, na verdade, como se tomar ébvio através ‘pee ido da exposicao que no 8.° Cap. se conterd. Bem pode dizer-se, pelo tonto, que nem um sé dos problemas que hoje se discutem na doutrine da pada da pena e que (folizmente!) continuam em aberto encontrava solugdo snivoca 10 art. 84.° E que mesmo quando este quisesse interpretar-se como cxferindo a consideragées de culpa papel decisivo, e mesmo snico, naquela outing, nfo deixaria de conduzir a solugdes absolutamente erradas; como «ain ede ter entio de concluir-se que todos os factores que so irrelevantes para. a culpa e s6 podem relevar pela via da prevencZo teriam de manter-se estanhos & medida da pena! Uma conclusio, esta, politico-criminalmente t20 inaceitével, que sobre ela ndo valeria hoje a pena perder uma 6 palavra, §276 Quaisquer que sejam as dificuldades, uma coisa é segura: a determi: tro da moldura penal aplicave de prisio, o arguido deve ser condenadio a 2, a4 “Ya, a 6 fy ou a 8 anos de prisdo, Tal como jé acontecia, de reso, com art. 84.° do CP de 1886, em fungdo do que af se chamava a «culpabilidade do delinquente». Com uma diferenga em todo 0 caso: no CP ‘alerior o juiz.encontrava um quantum de pena em funcio do art, 84. (». 2. —__ x Porisso fala LACKNER, Gallas-FS 136, em comentério ao § 46 do CP alem%o — muito Fon do nosso art. 72.°-1 —, de uma «férmula que tudo cobre e s6 obscurece a problemé- : 1s 28m, do pont de vista asinalad, BRITO, J. de Sousa e,Esdos Edvard Corea 209 Digitalizada com CamScanner 2 Cap. Sistema de determinagdo da pena gzi7 co, 4 anos de prisaio); ¢ depois aumentava ou diminyy, ao exemplo de hi Pry peso das circunstancias atenuantes ou () i esse quantum em RUNGE 34.2 do CP 1886 (acabando por fixar a antes geri — og @ 9 meses ou em 4 "Vy anos de piso) infra 8.° Cap., §277 Torna-se por isso pouco menos que incompreensivel como possa alguma vez ter ganho eco na jurisprudéncia a ideia de que, na determinagfio concreta da pena, 0 juiz deve partir do «meio da moldura penal aplicavel» (?!), agravando ou atenuando depois a pena em fungao do jogo das circunstancias”’, E ébvio que nada disto deve ou pode fazer 0 juiz, antes si A velhissima ideia — sufragada pela doutrina oitocen- tista espanhola face ao art. 74.° do seu CP de 1848” — da imposigio Por tiltimo, o argumento, sempre invoc Tencia que vimos de criticar, e que se louva numa frase que teria sido proferida por Eduardo Correia na discussio do seu ProjPE®, nao merece crédito. E para nés evidente que ela foi proferida no contexto de um problema diverso do que nos ocupa®! e se dirigia nomeada- mente ao habito (agora de todo inadmissfvel) da nossa, jurisprudéncia anterior de se abrigar no minimo da moldura penal, sempre que se ndo verificassem circunstdncias agravantes*. % Tendo sido decisiva (neste erréneo sentido) a jurisprudéncia do STI: ef. AcsSTI de 84FBVI5, 84ABR26, 84JULO7, 85JUL10, 87ABRO8 ¢ 87NOV 1, respectivamente BMI 334 274, 336 331, 339 223, 349 258, 366 318 e 371 226. Na mesma direcgao os AcsRC de 83MAII8, CJ VIII-3 1983 88, ¢ de 84MAR28, BMA/ 335 350, ¢ 0 ACRE de 84FEV 14, BMI 336 482, Parece concordar com esta orientago FERREIRA, M. Cavaleiro de II 1989 104. Contr®, logo, BRITO, J. de Sousa e, Esiudos Eduardo Correia III 1990 580 ss. ® Cf. JORDAO, anot, ao art, 84.° © Actas PE 20. % Como o demonstra, de esto, a posigfo (substancialmente correcta) desde sempre assumida 10 nosso problema, pelo préprio CORREIA, Eduardo II 315 ss. * Com rio fala GONGALVES, M. Mai ar. 72° ant. 4, de que oreferido pronunciameat Eduardo Correia tem sido «exageradamenie levado em conta pela jurisprudéncia> 210 Digitalizada com CamScanner TI, Fases im orém, agora indfcios seguros de que esta jurisprudéncia i Foi abandonada®, tendo-se compreendido que nao é previa- i igado a0 juz, antes da consideragao da culpa e da prevengio, wet or «pont médio ou outro, da moldura penal, donde aquele al : oat partir escolha da pena e 0 Ambito das sangdes aplicdveis 3A Por vezes, logo em seguida & determinagio da moldura § al aplicdvel, outras vezes — mais frequentemente —, apés a ee eminacao da pena concreta, art. 53.°-1). Como também, nao poucas vezes, a propria aplicdvel admite, 2 g., art, 156.°-1), Por outro lado. 480-1); se a pena concreta for de prisa ituf- (art. 43.°-1); e se art. 44.°-1), regime de semidetengao) (art. 45.°-1),/admoestagao\(art. 59.°-1) ou cepmpeuiepialionn en dco ar 60-1), 0 juiz esta assim colocado, em qualquer dos casos referidos, erante uma nova tarefa, a da escolha da pena, na qual $e/deixara) pe q do art 712; € (Ou) por critérios especiais|constantes) v. g., dos as, 43-1, 2.* parte, 44.°-1, 2." parte, 48.°-2, 53.°-1, 2.* parte, 5 Esta tarefa fazaindayparte, sob qualquer perspectiva, da determina» Jurspridéncia, de ‘Testo, desde muito cedo contestada pela Relagdo de Coimbra: cf. AcsRC Se NOVO9, S84MAI23 e 85JUN26, Tespectivamente BMJ 332 519, 337 420, e CJ X-3 1985 as ee depois pela Relagdo do Porto: AcsRP de 860UTIS ¢ 88JANI3, CJ X/-4 1986 ly a 1988 221. que, apés algumas hesitagdes (AcsSTJ de 8TNOV25 e de 88FEV24, SmNyage'3 £362 359), aeabou agora por ser subscita também pelo Supremo: AcsSTJ de 408, ‘ede 88FEV24, BMJ 371 225 e 374 229, de 89JUNO7 e de 89JUN21, Actiur 1 1989 * Sobre eta Coane ttt RODRIGUES, Anabela, Estudos Eduardo Correia I 21 ss., FERREIRA, Kio de T1989 96 ss,, e CORDEIRO, Robalo, ct. 238 s. . 2u1 Digitalizada com CamScanner

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