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Acto
Único
Europeu
• Em
1986,
assina-‐se
o
Acto
Único
Europeu,
motivado
pela
autonomização
financeira
da
Comunidade,
a
lógica
de
aprofundamento
das
matérias
de
integração
europeia,
o
reforço
competencial
do
Parlamento,
a
criação
do
Conselho
Europeu
e
a
voluntas
integradora
do
Parlamento,
e
que
vem
por
isso
fazer
uma
revisão
dos
tratados
comunitários:
- Introduziu-‐se
a
ideia
de
criação
da
União
Europeia
nos
objectivos
do
tratado.
- Fez-‐se
uma
institucionalização
do
Conselho
Europeu
como
instância
de
cooperação
política,
não
sujeito
aos
procedimentos
dos
órgãos
das
Comunidades.
- Fez-‐se
uma
primeira
reforma
do
sistema
institucional
comunitário:
são
aumentadas
as
matérias
em
que
o
Conselho
passa
a
decidir
por
maioria
qualificada
e
são
criados
novos
procedimentos
de
decisão
que
privilegiam
o
papel
do
Parlamento;
o
Conselho
é
limitado
no
exercício
das
suas
funções,
atribuindo-‐se
a
competência
de
execução
à
Comissão;
e
prevê-‐se
a
criação
de
uma
nova
instância
jurisdicional
(o
actual
Tribuna
Geral).
- Aumenta-‐se
o
leque
de
atribuições
comunitárias,
introduzindo
o
objectivo
de
coesão
económica
e
social.
Tratado
de
Maastricht
• O
Acto
Único
Europeu
representou
a
primeira
reforma
global
e
unitária
dos
tratados
comunitários,
porém
não
operou
uma
alteração
significativa.
No
final
dos
anos
80
do
século
XX,
assistiu-‐se
a
uma
série
de
alterações
políticas,
como
a
reunificação
da
Alemanha
e
os
pedidos
de
adesão
dos
países
de
centro
e
de
leste,
que
levou
à
convocação
de
duas
conferências
e
à
assinatura,
em
1992,
do
Tratado
de
Maastricht
ou
Tratado
da
União
Europeia,
com
um
duplo
objectivo:
criar
a
União
Europeia
e
alterar
os
tratados
comunitários.
• A
criação
da
União
Europeia
não
substituía
ou
absorvia
as
Comunidades
Europeias,
antes
coexistindo
com
elas
como
estrutura
externa
e
paralela
às
Comunidades,
sendo-‐lhe
atribuídos
domínios
particulares
como
a
política
externa
e
de
segurança
comum,
mais
próximos
do
modelo
intergovernamental.
• Principais
alterações
ao
tratado
de
Roma
da
CEE:
- A
CEE
passa
a
designar-‐se
apenas
Comunidade
Europeia,
algo
paradoxal
visto
que
este
tratado
elevou
a
integração
económica
ao
estádio
superior:
a
união
económica
e
monetária.
- Reforma
institucional:
o Atribuição
de
poderes
de
natureza
legislativa
ao
Parlamento,
através
do
procedimento
de
co-‐decisão;
o Reforço
dos
poderes
de
controlo
do
Parlamento,
nomeadamente
através
da
criação
do
Provedor
de
Justiça
Europeu,
nomeado
por
ele,
e
da
exigência
de
aprovação
parlamentar
prévia
da
Comissão;
o Conselho:
alargamento
do
âmbito
material
de
aplicação
do
princípio
maioritário;
o Criação
do
Comité
das
Regiões
e
qualificação
do
Tribunal
de
Contas
como
uma
verdadeira
instituição;
- Alterações
nas
atribuições:
o Abertura
à
integração
diferenciada;
o Criação
da
união
económica
e
monetária;
o Criação
de
novas
políticas,
em
educação,
cultura,
saúde
pública,
defesa
dos
consumidores;
o Introdução
da
cidadania
da
União.
Tratado
de
Amsterdão
• Em
1995,
aderiram
outros
três
Estados:
Áustria,
Finlândia
e
Suécia.
• O
Tratado
de
Maastricht
previa
a
realização
de
uma
Conferência
Intergovernamental
em
1966,
que
veio
conduzir
à
assinatura,
em
1997,
do
Tratado
de
Amsterdão.
• O
Tratado
de
Amsterdão
possuía
quatro
objectivos
essenciais:
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
- Eleição
do
Presidente,
que
pode
ser
por
maioria
simples
(art.
14.º
Regimento);
- Rejeição
de
proposta
no
processo
legislativo
ordinário
(art.
294.º/7/b)
e
rejeição
do
orçamento
(art.
272.º/7/c),
que
tem
de
ser
por
maioria
absoluta.
Competências
• O
Parlamento
é
o
órgão
cujas
competências
têm
sofrido
o
maior
incremento
com
as
revisões
dos
tratados,
baseada
no
reforço
da
sua
legitimidade
democrática
com
a
eleição
por
sufrágio
universal
directo,
• Art.
14.º/1
TUE:
o
Parlamento
exerce:
- Função
legislativa;
- Função
orçamental;
- Função
de
controlo
político;
- Função
consultiva.
• Função
legislativa:
surge
com
o
Tratado
de
Maastricht,
com
a
criação
do
procedimento
de
co-‐
decisão.
O
Parlamento
não
dispõe
de
iniciativa
legislativa,
salvo
nos
casos
excepcionais
(289.º/4),
embora
possa
suscitá-‐la
perante
a
Comissão
(225.º).
Geralmente,
o
Parlamento
legisla
através
do
processo
legislativo
ordinário
(289.º),
em
estrita
igualdade
com
a
Comissão,
raramente
o
fazendo
sozinho,
por
um
processo
legislativo
especial.
O
Tratado
de
Lisboa
vem,
pois,
consagrar
uma
dimensão
de
bicameralismo.
Após
o
exercício
da
função
legislativa,
o
Parlamento
controla
a
execução
dos
actos,
através
da
atribuição
à
Comissão
de
poderes
delegados
(290.º)
ou
da
definição
das
regras
de
execução
com
o
Conselho
(291.º/3).
O
Tratado
de
Lisboa
reconheceu
também,
pela
primeira
vez,
a
competência
para
apresentar
propostas
de
revisão
dos
tratados
(48.º/2
TUE).
• Função
orçamental:
cabe
ao
Parlamento
a
definição
das
regras
da
elaboração
e
execução
do
Orçamento
(322.º),
a
sua
preparação,
discussão
e
aprovação
(310.º
e
314.º),
e
o
controlo
da
sua
execução
(319.º).
• Função
de
controlo
político:
- Em
relação
à
Comissão:
a
Comissão
apresenta
uma
tripla
dependência
em
relação
ao
Parlamento,
de
cariz
genético,
funcional
e
extintivo.
1. Genético:
o
Presidente
da
Comissão
é
eleito
pelo
Parlamento
e
a
nomeação
da
Comissão
pelo
Conselho
Europeu
depende
da
aprovação
prévia
do
Parlamento
(17.º/7,
§3
TUE).
2. Funcional:
a
Comissão
é
responsável
perante
o
Parlamento
(17.º/8
TUE).
Cada
Comissão
é
nomeada
para
uma
dada
legislatura
do
Parlamento.
3. Extintiva:
só
o
Parlamento
pode
demitir
a
Comissão,
através
da
adopção
de
uma
moção
de
censura
(17.º/8
TUE
e
234.º).
- Constituição
de
comissões
de
inquérito,
226.º.
- Provedor
de
Justiça
Europeu:
apesar
de
este
ser
um
órgão
institucionalmente
independente,
é
eleito
pelo
Parlamento,
após
cada
eleição
e
durante
o
seu
período
de
legislatura
(228.º).
- Direito
de
petição:
20.º/2/d
,
24.º
§2
TUE,
227.º.
- Crescente
reconhecimento
da
legitimidade
contenciosa
do
Parlamento:
262.º
§2.
• Função
consultiva:
originariamente,
era
a
competência
mais
significativa,
e
está
prevista
em
várias
situações.
No
domínio
da
PESC,
esta
é
a
única
competência
do
Parlamento
(37.º
TUE).
Provedor
de
Justiça
Europeu
(228.º)
Designação
• O
Provedor
de
Justiça
é
um
órgão
personalizado,
introduzido
pelo
Tratado
de
Maastricht.
É
formalmente
eleito
pelo
Parlamento
após
a
sua
eleição
e
pelo
período
da
sua
legislatura
(228.º/1
e
2).
• O
Parlamento
exerce,
como
tal,
um
poder
de
controlo
sobre
o
Provedor,
que
se
traduz
em:
- Obrigação
do
Provedor
apresentar
anualmente
um
relatório
ao
Parlamento
(228.º/1);
- Poder
do
Parlamento
de
demissão
do
Provedor,
por
pedido
ao
Tribunal
de
Justiça
(228.º/2);
- Poder
do
Parlamento
estabelecer
as
condições
gerais
do
exercício
das
funções
do
provedor
(228.º/4).
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
Funções:
• Compete
ao
Provedor
receber
queixas
de
qualquer
cidadão
da
União,
respeitantes
a
casos
de
má
administração
na
actuação
das
instituições
e
órgãos
da
União.
O
Provedor
instrui
essas
queixas
e
apresenta
relatórios
sobre
ela,
podendo
ainda
realizar
inquéritos
(228.º/1).
• O
Provedor
exerce
as
suas
funções
com
total
independência
(228.º/3).
2.
Conselho
Europeu
(15.º
TUE,
235.º
e
segs.)
Origem
• Em
face
de
bloqueios
de
decisão
pelos
órgãos
comunitários,
surgiu
a
necessidade
de
um
órgão
superior,
dotado
de
poderes
de
impulsão
política.
Assim,
na
Cimeira
de
Paris,
em
1974,
a
França
propôs
que
os
Chefes
de
Estado
e
de
Governo
se
encontrassem
periodicamente.
• Até
ao
Tratado
de
Lisboa,
discutia-‐se
se
este
era
uma
mera
conferência
inter-‐governamental;
porém,
este
veio
resolver
a
controvérsia
consagrando-‐o
formalmente
como
uma
instituição.
O
Conselho
Europeu
é
um
órgão
de
cúpula,
que
reúne
as
personalidades
máximas
da
Europa.
Tem
como
missão
dar
os
impulsos
necessários
à
União,
remover
os
bloqueios
de
decisão
e
assegurar
a
representação
externa
da
União.
Composição
• O
Conselho
Europeu
tem
uma
composição
fixa
e
integra
os
Chefes
de
Estado
ou
de
Governo
dos
Estados-‐membros,
o
seu
Presidente
e
o
Presidente
da
Comissão
(15.º/2
TUE).
O
Alto
Representante
participa
nos
seus
trabalhos.
Sede
• O
Conselho
Europeu
tem
a
sua
sede
em
Bruxelas.
Funcionamento
• Reúne-‐se
pelo
menos
duas
vezes
por
semestre,
por
convocação
do
seu
Presidente
(15.º/3
TUE).
As
reuniões
são
preparadas
pelo
Conselho
de
Assuntos
Gerais
(16.º/6
TUE).
• Salvo
disposição
em
contrário,
o
Conselho
Europeu
pronuncia-‐se
por
consenso.
No
entanto,
prevêem-‐se
certas
excepções:
- Nas
situações
previstas
no
art.
235.º/3
delibera
por
maioria
simples
(questões
processuais
e
adopção
do
regulamento
interno);
- Nas
situações
previstas
no
art.
236.º,
delibera
por
maioria
qualificada;
- No
domínio
da
PESC,
delibera
por
unanimidade
(22.º
TUE)
–
a
unanimidade,
ao
contrário
do
consenso,
não
permite
abstenções.
Funções
• O
Conselho
Europeu
não
exerce
função
legislativa
(15.º/1
TUE).
No
entanto,
o
Tratado
de
Lisboa
veio-‐lhe
reconhecer
competência
para
a
adopção
de
actos
jurídicos
(art.
288.º,
que
se
refere
genericamente
às
“instituições”).
• O
Conselho
Europeu
exerce
fundamentalmente
uma
(1)
função
política
de
natureza
intergovernamental
–
“define
as
orientações
e
prioridades
políticas
gerais
da
União”
(15.º/1
TUE).
• Tem
também
(2)
competência
de
acção
externa,
competindo-‐lhe
definir
os
interesses
e
objectivos
estratégicos
da
União.
No
domínio
da
PESC,
o
TUE
reconhece
ao
Conselho
Europeu
e
ao
Conselho
a
competência
para
a
definir
e
executar
(24.º/1
TUE).
• Finalmente,
é
um
(3)
órgão
de
resolução
de
litígios
entre
os
Estados-‐membros
e
a
União
Europeia,
principalmente
nas
seguintes
matérias:
- Segurança
Social
(48.º
§2)
- Cooperação
judiciária
em
matéria
penal
(82.º/3,
83.º/3)
- Cooperação
com
vista
ao
combate
às
infracções
lesivas
dos
interesses
financeiros
da
União
(86.º/1)
- Cooperação
operacional
em
matéria
policial
(87.º/3)
• (4)
Outras
funções:
- Verificação
do
cumprimento
dos
valores
do
art.
2.º
(7.º
TUE);
- Intervenção
nos
processos
de
revisão
(48.º
TUE);
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
- Intervenção
nos
processos
de
suspensão
e
retirada
da
União
(354º
e
50.º
TUE);
- Avaliação
das
ameaças
com
que
a
União
se
confronta
(222.º).
Relação
com
as
outras
instituições
• Com
o
Conselho:
delibera
sobre
as
formações
do
Conselho
e
a
presidência
das
mesmas
(236.º).
O
Conselho
dos
Assuntos
Gerais
prepara
as
reuniões
do
Conselho
Europeu
(16.º/6
TUE).
• Com
a
Comissão:
a
Comissão
é
nomeada
pelo
Conselho
Europeu
(17.º/7
TUE);
o
Conselho
Europeu
determina
o
número
de
membros
da
Comissão
e
propõe
uma
personalidade
a
eleger
pelo
Parlamento
como
Presidente
da
Comissão
(17.º/5
e
7
TUE).
• Com
o
Alto
Representante
para
o
Negócios
Estrangeiros
e
a
Política
de
Alta
Segurança:
é
nomeado
pelo
Conselho
Europeu
(18.º/1
TUE).
• Com
o
Parlamento
Europeu:
o
Presidente
do
Conselho
Europeu
apresenta
um
relatório
ao
Parlamento
após
cada
reunião
(15.º/6
TUE);
e
o
Presidente
do
Parlamento
Europeu
pode
ser
chamado
para
ser
ouvido
pelo
Conselho
Europeu
(235.º/2).
Presidência
• A
figura
do
Presidente
do
Conselho
Europeu
foi
criada
com
o
Tratado
de
Lisboa,
para
substituir
o
sistema
das
presidências
rotativas
entre
os
Estados-‐membros.
Pretendeu-‐se
assim
dar
estabilidade
à
representação
externa
da
União.
-
Alto
Representante
para
os
Negócios
Estrangeiros
e
a
Política
de
Segurança
(18.º
TUE)
Designação
• O
Alto
Representante
é
nomeado
pelo
Conselho
Europeu,
deliberando
por
maioria
qualificada
(numa
excepção
ao
art.
15.º/4
TUE,
logo
o
Presidente
do
Conselho
Europeu
e
o
Presidente
da
Comissão
não
votam
–
art.
253.º/2)
e
com
o
acordo
do
Presidente
da
Comissão
(18.º
TUE).
• É
uma
novidade
do
Tratado
de
Lisboa,
tendo
origem
no
anterior
Alto
Representante
para
a
Política
Externa
e
Segurança
Comum,
figura
extinta
com
o
Tratado
de
Lisboa.
Este
órgão
funcionava
junto
do
Conselho
e
conduzia
a
política
externa
da
União
no
âmbito
da
PESC.
O
novo
Alto
Representante
tem
a
mesma
função,
porém
com
poderes
acrescidos.
Integração
nas
instituições
• É
um
dos
vice-‐presidentes
da
Comissão
Europeia
(18.º/4
TUE).
• Preside
ao
Conselho
dos
Negócios
Estrangeiros,
uma
das
formações
do
Conselho
(18.º/3
TUE).
• Tem
o
papel
de
observador
no
Conselho
Europeu.
• Ao
colocar
o
Alto
Representante
simultaneamente
nas
três
instituições,
o
Tratado
de
Lisboa
pretendeu
dar
coerência
à
acção
externa
da
União.
Funções
• Ao
Alto
Representante
cabe
a
(1)
definição,
com
as
suas
propostas,
da
política
externa
e
de
segurança
comum,
como
definido
pelo
Conselho
Europeu,
(2)
a
sua
condução
(18.º/2
TUE)
e
(3)
a
representação
da
União
nesse
domínio
(27.º/2
TUE).
• É,
por
isso,
ao
Alto
Representante
que
cabe
o
papel
fundamental
no
domínio
da
PESC,
apesar
do
Tratado
afirmar
que
ao
Presidente
do
Conselho
Europeu
cabe
assegurar,
“ao
seu
nível
e
nessa
qualidade,
a
representação
externa
da
União”
nestas
matérias.
Em
último
termo,
será
à
Comissão
que
caberá
o
papel
principal
de
representação
externa
da
União,
como
a
prática
o
demonstra.
3.
Conselho
(16.º
TUE,
237.º
e
segs.)
Composição
• O
Conselho
surgiu
com
os
Tratados
de
Roma,
que
instituíram
um
Conselho
para
a
CEE
e
um
Conselho
para
a
CEEA.
Contudo,
já
na
CECA
existia
um
Concelho
Especial
de
Ministros.
Com
o
Tratado
de
Bruxelas
de
1965,
o
Conselho
da
CEEA
e
o
Concelho
Especial
da
CECA
fundiram-‐se
com
o
Conselho
da
CEE,
que
passou
a
ser
um
órgão
comum
às
três
comunidades.
• O
Conselho
é
um
órgão
de
representação
dos
Governos
dos
Estados-‐membros
(10.º
TUE),
sendo
por
isso
composto
por
representantes
dos
Estados
ao
nível
ministerial,
com
poder
para
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
vincular
o
respectivo
Governo
(16.º/2
TUE).
Tem-‐se
entendido
que
pode
ser
qualquer
membro
do
Governo.
• A
composição
do
Conselho
é,
tradicionalmente,
variada.
As
formações
do
Conselho
são
determinadas
pelo
Conselho
Europeu
(236.º),
o
que
reduz
o
seu
poder
de
auto-‐organização.
O
Conselho
dos
Assuntos
Gerais
será
a
sua
formação
base,
à
qual
os
tratados
atribuem
funções
de
coordenação
e
acompanhamento
das
actividades
do
Conselho.
• O
Alto
Representante
preside
ao
Conselho
dos
Negócios
Estrangeiros
(18.º/3
TUE),
e
também
a
Comissão
pode
participar
nas
suas
reuniões.
Coerência
• Falta
ao
Conselho
a
continuidade
e
permanência
da
sua
acção,
pelo
que
se
desenvolveram
mecanismos
institucionais
que
garantem
a
unidade
e
coerência
da
sua
acção.
- Sistema
de
rotação
igualitária
das
presidências
das
formações
do
Conselho
(16.º/9
TUE
e
236.º);
- Atribuição
da
presidência
do
Conselho
dos
Negócios
Estrangeiros
ao
Alto
Representante
(18.º/3
TUE);
- Comité
de
Representantes
Permanentes
dos
Governos
dos
Estados-‐Membros
(16.º/7
TUE);
- Cabe
ao
Conselho
dos
Assuntos
Gerais
assegurar
a
coerência
dos
trabalhos
das
várias
formações
(16.º/6).
Funcionamento
• As
reuniões
do
Conselho
são
públicas
(16.º/8
TUE).
O
Conselho
reúne
por
convocação
do
seu
Presidente,
art.
237.º,
e
em
diferentes
formações,
em
função
das
matérias
tratadas
(16.º/6
TUE).
• O
quorum
deliberativo
do
Conselho
corresponde
à
maioria
dos
seus
membros.
Cada
membro
do
Conselho
pode
fazer-‐se
representar
por
outro
membro,
mas
cada
membro
do
Conselho
apenas
pode
representar
um
outro
Estado-‐membro
(239.º).
• Em
regra,
o
Conselho
delibera
por
maioria
qualificada
(16.º/3
TUE).
No
entanto,
os
Tratados
prevêem
excepções:
- Maioria
simples
(238.º/1):
cada
Estado
dispõem
de
um
voto,
sendo
adoptada
a
deliberação
que
tiver
mais
um
voto
a
favor
do
que
os
votos
contra.
- Unanimidade
(238.º/4):
não
pode
haver
votos
contra,
mas
pode
haver
abstenções.
Na
PESC
vigora
a
regra
da
unanimidade
(31.º
TUE),
com
a
especificidade
da
abstenção
construtiva.
Um
Estado
pode
abster-‐se,
não
obstando
à
tomada
da
deliberação,
declarando
que
a
decisão
não
se
lhe
aplica.
Nesse
caso,
a
deliberação
é
tomada
e
vincula
os
restantes
Estados-‐membros.
As
excepções
à
unanimidade
na
PESC
estão
previstas
no
art.
31.º/2
TUE.
• A
regra
da
maioria
qualificada
veio
substituir
a
regra
da
maioria
simples.
Se
nos
casos
em
que
o
Conselho
delibera
por
maioria
simples,
ou
por
unanimidade,
todos
os
Estados-‐membros
têm
o
mesmo
peso
na
deliberação
(um
Estado-‐um
voto),
na
deliberação
por
maioria
qualificada
os
Estados-‐membros
maiores
têm
maior
peso
absoluto.
A
implementação
do
novo
modelo
de
maioria
qualificada
será
feito
de
forma
progressiva:
até
2014,
vigoram
as
regras
do
Tratado
de
Nice;
de
2014
a
2017,
são
implementadas
progressivamente
as
regras
do
Tratado
de
Lisboa;
e
em
2017,
entra
em
pleno
vigor
as
regras
deste
tratado.
• Além
de
aumentar
o
número
de
matérias
em
que
o
Conselho
delibera
por
maioria
qualificada
em
vez
de
unanimidade,
o
Tratado
da
União
Europeia
prevê
que
em
várias
matérias
em
que
se
delibere
por
unanimidade
o
Conselho
Europeu
permita
decisões
do
Conselho
por
maioria
qualificada
–
cláusulas
passerelle
(31.º/3
TUE,
333.º),
inclusivamente
através
de
um
processo
de
revisão
simplificada
(48.º/7
TUE).
• Em
sentido
oposto,
os
Tratados
consagraram
mecanismos
de
“travagem
de
emergência”,
como
sucede,
por
exemplo,
nos
domínios
da
PESC
(31.º/1
e
2
TUE).
• Porém,
nem
sempre
as
regras
de
votação
são
as
que
estão
previstas
no
tratado.
Há
duas
excepções:
- Compromisso
de
Joanina
de
1992:
foi
adoptado
por
pressão
do
Reino
Unido
em
1992,
aquando
do
alargamento
da
Comunidade
a
15
Estados.
Antes
do
alargamento,
o
Reino
Unido
e
outro
Estado
formavam
uma
minoria
de
bloqueio;
depois
do
alargamento,
eram
precisos
2
Estados
grande
e
um
pequeno.
O
compromisso
de
Joanina
foi
uma
decisão
do
Conselho,
que
determinou
que
a
minoria
de
bloqueio
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
Presidência
• O
Presidente
da
Comissão
desempenha
um
papel
central
na
Comissão,
e
até
na
União
Europeia.
(1)
Representa
a
Comissão
perante
terceiros
e
possui
(2)
poderes
de
direcção
e
organização
internas
na
Comissão,
bem
como
no
(3)
exercício
diário
das
suas
funções.
Os
Tratados
reconhecem-‐lhe
as
seguintes
competências:
- Membro
do
Conselho
Europeu
(15.º/2
TUE);
- Escolha
dos
restantes
comissários
(17.º/7
TUE);
- Designação
dos
Vice-‐Presidentes;
- Nomeação
do
Alto
Representante
(18.º/1
TUE);
- Definição
das
orientações
da
Comissão
(17.º/6/a
TUE)
Sede
• A
Comissão
tem
a
sua
sede
em
Bruxelas.
Funções
• As
competências
da
Comissão
são
enunciadas
no
art.
17.º/1
e
2
TUE:
- Promove
o
interesse
geral;
- Vela
pela
aplicação
dos
tratados;
- Executa
o
orçamento
e
gera
os
programas;
- Exerce
funções
de
coordenação,
execução
e
gestão;
- Assegura
a
representação
externa
da
União;
- Toma
a
iniciativa
da
programação
anual
e
plurianual;
- Toma
a
iniciativa
legislativa.
• Função
legislativa:
O
Tratado
de
Lisboa
consagra,
pela
primeira
vez,
(1)
o
monopólio
do
direito
de
iniciativa
legislativa
da
Comissão.
No
entanto,
continuam
a
existir
matérias
em
que
a
Comissão
não
dispõe
de
iniciativa
ou
a
partilha
com
os
Estados-‐membros
(289.º/4).
Mas
a
função
legislativa
da
Comissão
não
se
esgota
aqui:
esta
realiza
consultas,
formula
recomendações,
cria
instâncias
preparatórias
ou
auxiliares
e
executa
políticas.
• Função
executiva:
a
Comissão
tem
competência
para
(1)
adoptar
actos
gerais
delegados
(290.º)
e
estabelecer
as
disposições
de
execução
(291.º).
Este
não
é
um
órgão
legislativo
de
primeiro
nível,
pelo
que
a
actividade
normativa
se
insere
no
quadro
do
exercício
de
poderes
delegados,
sujeitos
ao
controlo
do
Parlamento
e
do
Conselho.
A
Comissão
dispõe
de
(2)
extensos
poderes
de
administração
e
gestão.
A
dimensão
executiva
da
Comissão
manifesta-‐se
ainda
na
(3)
relação
com
os
restantes
órgãos:
responsabilização
política
face
ao
Parlamento
e
obrigações
de
apresentações
de
relatórios
e
outros.
No
entanto,
a
competência
executiva
é
partilhada
com
o
Conselho,
falando-‐se
até
de
um
executivo
bicéfalo.
• Função
de
representação
da
União
Europeia:
cabe
à
Comissão
a
representação
externa
da
União,
salvo
no
domínio
da
PESC,
que
é
assegurado
pelo
Alto
Representante,
que
é
um
Vice-‐Presidente
da
Comissão.
• Função
de
guardiã
dos
tratados:
esta
é
uma
competência
originária
da
Comissão.
Neste
contexto,
cabe
à
Comissão:
(1)
controlo
do
respeito
pelo
direito
da
União
pelos
Estados-‐
membros
e
mesmo
pelas
restantes
instituições;
(2)
controlo
do
respeito
do
direito
europeu
da
concorrência
pelas
empresas,
e
(3)
controlo
dos
auxílios
de
Estado
(108.º)
e
medidas
de
salvaguarda
(193.º).
Para
tal,
a
Comissão
tem
direito
de
acção
em
todo
o
contencioso
da
União
Europeia,
e
os
Estados-‐membros
e
empresas
possuem
obrigações
de
informar
a
Comissão.
5.
Tribunal
de
Justiça
da
União
Europeia
(19.º
TUE,
251.º
e
segs.)
Sistema
jurisdicional
da
União
Europeia
• O
sistema
jurisdicional
da
União
organiza-‐se
em:
1. Tribunal
de
Justiça
da
União
Europeia
(19.º/1
TUE)
i. Tribunal
de
Justiça
(em
sentido
estrito)
ii. Tribunal
Geral
iii. Tribunais
especializados
2. Órgãos
jurisdicionais
nacionais
(19.º/1
TUE
e
274.º)
Tribunal
de
Justiça
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
Natureza
• O
Tribunal
de
Justiça
surgiu
com
o
Tratado
de
Paris,
como
órgão
da
CECA.
Com
os
Tratados
de
Roma,
passou
a
ser
um
órgão
comum
às
três
comunidades.
• O
Tribunal
de
Justiça
é
um
verdadeiro
tribunal,
permanente,
independente
e
de
competência
obrigatória.
• É
um
tribunal
de
última
instância.
Funções
• O
Tribunal
desempenha
funções
de:
- Jurisdição
ordinária
(268.º
e
340.º);
- Jurisdição
internacional
(258.º
a
360.º);
- Jurisdição
administrativa
(263.º);
- Jurisdição
constitucional
(263.º,
267.º,
218.º).
• A
sua
intervenção
conhece,
no
entanto,
limites
funcionais:
- Repartição
interna
de
poderes;
- Soberania
estadual;
- Princípio
da
atribuição.
• O
Tribunal
de
Justiça,
na
sua
missão
de
interpretação
do
direito
da
União
Europeia,
tem
sido
uma
importante
instância
de
inovação,
retirando
dele
importantes
princípios
como
o
princípio
do
primado
e
o
do
efeito
directo.
Composição
• O
Tribunal
de
Justiça
é
composto
por
27
juízes
e
8
advogados-‐gerais
(19.º/2
TUE).
Estes
são
escolhidos
por
critérios
de
independência
e
qualidade
técnica
(253.º).
• A
designação
dos
juízes
e
advogados-‐gerais
é
feita
pelos
Estados-‐membros
(255.º).
• O
mandato
dos
juízes
tem
a
duração
de
seis
anos
e
pode
ser
renovado,
sem
limitação.
• O
Presidente
é
eleito
pelos
seus
pares,
por
um
período
de
três
anos
(253.º).
• Os
advogados-gerais
são
oito,
competindo
ao
Conselho
aumentar
o
número
e
cabendo
a
iniciativa
ao
Tribunal
(252.º).
Desempenham
um
papel
fundamental
e
funcionam
como
instância
independente
dos
interesses
das
partes
(19.º/2
TUE
e
252.º),
colmatando
a
falta
de
voto
de
vencido
e
fazendo
o
adequado
contraponto
à
decisão.
Organização
• O
Tribunal
tem
funcionamento
permanente
e
colegial.
• Organiza-‐se
em
secções
de
três
ou
cinco
juízes,
mas
também
pode
reunir
em
grande
secção
(13
juízes)
ou
em
tribunal
pleno
(251.º).
Sede
• O
Tribunal
tem
a
sua
sede
em
Luxemburgo.
Regime
linguístico
• A
regra
é
a
escolha
da
língua
do
processo
pelo
demandante,
podendo
no
entanto
ocorrer
excepções.
Relação
com
o
Tribunal
Geral
• O
Tribunal
Geral
corresponde
ao
anterior
Tribunal
de
Primeira
Instância.
No
entanto,
o
Tribunal
Geral
não
é
sempre
um
tribunal
de
primeira
instância.
• Situações
em
que
(1)
o
Tribunal
de
Justiça
funciona
como
primeira
instância:
- Recursos
de
anulação
(263.º);
- Acções
para
incumprimento
(265.º)
interpostas
por
um
Estado-‐membro
contra
um
acto
ou
omissão
do
Parlamento
Europeu
e
do
Conselho;
ou
por
uma
instituição
da
União
contra
acto
ou
omissão
do
Parlamento
e/ou
do
Conselho,
da
Comissão
ou
do
Banco
Central.
• Situações
em
que
(2)
o
Tribunal
Geral
funciona
como
instância
de
recurso:
- Recursos
interpostos
contra
as
decisões
dos
tribunais
especializados
(256.º/2).
6.
Banco
Central
Europeu
(282.º
e
segs.)
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
Caracterização
• Apesar
de
qualificado
como
uma
instituição
da
União,
o
Banco
Central
é,
em
rigor,
uma
pessoa
jurídica,
dotada
como
tal
de
personalidade
jurídica
(282.º/3).
• A
União
Económica
Monetária
assenta
no
Banco
Central
Europeu
e
no
Sistema
Europeu
de
Bancos
Centrais,
este
último
constituído
pelo
BCE
e
pelos
bancos
centrais
nacionais
(282.º/2).
O
SEBC
é
dirigido
pelos
órgãos
de
decisão
do
BCE
(129.º).
O
objectivo
do
SEBC
é
a
manutenção
da
estabilidade
de
preços
(127.º).
• Uma
característica
fundamental
do
BCE
e
dos
seus
órgãos
é
a
independência
(282.º/3).
Composição
• Os
órgãos
de
decisão
do
BCE
são
o
conselho
e
a
comissão
executiva
(283.º/1).
• O
Conselho
do
BCE
é
composto
pelos
membros
da
comissão
executiva
e
pelos
governadores
dos
bancos
centrais
nacionais
dos
países
cuja
moeda
seja
o
euro.
Não
tem
mandato
definido
nem
composição
fixa
e
dispõe
de
poder
de
auto-‐organização.
Sede
• O
Banco
Central
tem
a
sua
sede
em
Frankfurt.
Funções
• O
BCE
tem
o
direito
exclusivo
de
autorizar
a
emissão
do
euro
(128.º/1).
• Tem
competências
de
consulta.
• Para
atingir
os
seus
objectivos,
o
BCE
pode
adoptar
regulamentos
ou
decisões
e
formular
recomendações
e
pareceres;
e
ainda
aplicar
multas
ou
sanções
pecuniárias
às
empresas
(132.º).
7.
Tribunal
de
Contas
(295.º
e
segs.)
Composição
• O
Tribunal
de
Contas
foi
criado
pelo
Tratado
de
Bruxelas
de
1975
(diferente
do
Tratado
de
Fusão).
• A
colocação
do
Tribunal
de
Contas
no
elenco
das
instituições
ocorreu
com
o
Tratado
de
Maastricht
e
terá
sido
resultado
de
uma
motivação
política
que
pretende
destacar
a
importância
da
gestão
do
orçamento
da
União.
Em
rigor,
esta
não
será
uma
instituição
isto
não
decidir
nem
resolver
litígios.
• É
composto
por
27
juízes
(um
de
cada
Estado-‐membro),
escolhidos
por
critérios
de
qualificação
técnica
e
independência
(285.º
e
286.º/1).
Esta
independência
deverá
ser
genética
e
funcional.
• Os
juízes
são
nomeados
pelo
Conselho,
por
maioria
qualificada
(286.º/2).
• O
mandato
dos
juízes
é
de
6
anos.
Estes
escolhem
entre
si
o
seu
Presidente,
que
pode
ser
reeleito
(286.º/2).
Funções
• Cabe
ao
Tribunal
de
Contas:
-
A
fiscalização
das
contas
da
União,
abrangendo
as
receitas
e
despesas
de
qualquer
organismo
ou
órgão
(287.º/1).
- Examinar
a
legalidade
e
regularidade
das
receitas
e
despesas
e
garante
a
boa
gestão
financeira.
- Assistir
o
Parlamento
Europeu
e
o
Conselho
no
exercício
da
respectiva
função
de
controlo
da
execução
do
orçamento
(287.º/4).
• No
exercício
das
suas
funções,
o
Tribunal
tem
o
direito
de
acesso
a
qualquer
documento
e
o
direito
de
inspecção
na
sede
que
qualquer
instituição
(282.º/3).
• O
Tribunal
envia
ao
Parlamento
Europeu
e
ao
Conselho
uma
declaração,
que
é
publicada
no
Jornal
Oficial
da
União
Europeia
(281.º/1
8.
Órgãos
auxiliares
Comité
Económico
e
Social
(301.º
e
segs.)
Composição
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
• Porém,
não
vigora
plenamente
na
União
o
princípio
do
parlamentarismo,
com
o
seu
corolário
da
primazia
democrático-‐parlamentar
e
a
existência
de
uma
reserva
absoluta
de
competência
legislativa;
nem
uma
prerrogativa
geral
de
iniciativa
legislativa,
que
continua
a
caber
à
Comissão,
pese
embora
o
Parlamento
lhe
possa
solicitar
que
esta
apresente
propostas
adequadas
sobre
certas
questões
(225.º)
e,
em
casos
excepcionais,
disponha
mesmo
de
iniciativa
(288.º/4).
Reforço
dos
poderes
dos
parlamentos
nacionais
• Os
parlamentos
nacionais
devem
contribuir
activamente
para
o
bom
funcionamento
da
União,
de
acordo
com
o
Protocolo
relativo
ao
papel
dos
parlamentos
nacionais
na
União
Europeia.
• Devem
garantir
o
respeito
pelos
princípios
da
proporcionalidade
e
subsidiariedade:
a
Comissão
deve
enviar
aos
parlamentos
nacionais
todos
os
documentos
de
consulta,
bem
como
todos
os
documentos
relativos
à
programação
legislativa
ou
de
estratégia
política.
Os
projectos
de
actos
legislativos
dirigidos
ao
Parlamento
Europeu
e
ao
Conselho
são
enviados
aos
parlamentos
nacionais,
e
estes
podem
dirigir
aos
presidentes
do
Parlamento,
Conselho
e
Comissão
um
parecer
fundamentado
sobre
a
conformidade
dos
projectos
com
o
princípio
da
subsidiariedade
e
proporcionalidade
(Protocolo,
art.
1.º
e
segs.).
Em
caso
de
parecer
negativo,
a
Comissão
pode
manter
a
proposta,
fundamentando
(art.
7.º/3
Protocolo
relativo
à
aplicação
dos
princípios
da
subsidiariedade
e
da
proporcionalidade).
• Participam
na
avaliação
das
políticas
adoptadas
no
âmbito
do
espaço
de
liberdade,
segurança
e
justiça,
no
controlo
político
da
Europol
(77.º)
e
na
avaliação
do
Eurojust
(85.º
e
88.º);
• Participam
no
processo
de
revisão
dos
tratados
(48.º
TUE);
• São
informados
dos
pedidos
de
adesão
(49.º
TUE).
A
democracia
nas
fontes
de
direito
derivado
• Maior
leque
de
matérias
que
exigem
o
procedimento
legislativo
ordinário.
• Atribuição
de
um
valor
superior
aos
actos
com
a
intervenção
do
Parlamento:
- Hierarquia
entre
actos
legislativos
e
não
legislativos,
que
se
distinguem
pelo
processo;
- Maior
valor
aos
actos
adoptados
pelo
procedimento
ordinário,
visto
resultarem
de
um
consenso
entre
o
interesse
da
União
(Comissão),
Estados
(Conselho)
e
cidadãos
(Parlamento).
• Reforço
dos
poderes
dos
parlamentos
nacionais.
FONTES
DE
DIREITO
DA
UNIÃO
EUROPEIA
FONTES
FORMAIS
1.
Direito
originário
Caracterização
• O
direito
originário
distingue-‐se
do
direito
derivado
por
um
critério
de
fonte
formal.
• É
o
direito
criado
pelos
Estados-membros
através
de
tratados
internacionais,
constituído
pelas
normas
que
criaram
a
União
Europeia,
conferindo-‐lhe
atribuições
e
regulando
a
sua
organização
e
funcionamento;
bem
como
por
aquelas
normas
que
vêm
modificando
os
tratados.
• É
composto
por:
- Tratados
institutivos;
- Tratados
de
adesão;
- Tratados
de
revisão
geral;
- Acordos
de
revisão
parcial:
- Protocolos
anexos;
- Acordos
previstos
nos
tratados.
Força
jurídica
• Devido
ao
princípio
da
atribuição,
a
União
só
pode
intervir
para
realizar
os
objectivos
e
competências
que
lhe
são
atribuídos
com
os
tratados.
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
• Nenhum
dos
actos
da
União
pode
deixar
de
encontrar
a
sua
base
jurídica
numa
norma
de
direito
originário,
sob
pena
de
invalidade.
• O
direito
originário
é
o
parâmetro
de
validade
normativa
de
todo
o
direito
derivado
(direito
criado
pelos
órgãos
da
União).
• As
normas
de
direito
da
União
são
incorporadas
no
direito
interno
como
normas
de
direito
internacional,
depois
de
regularmente
aprovadas
e
ratificadas
(8.º/2
CRP).
No
caso
do
tratado
da
União,
a
vigência
interna
depende
da
própria
vigência
internacional,
que
só
ocorrerá
após
a
ratificação
por
todos
os
Estados-‐membros.
Integração
de
lacunas
• Apesar
da
União
Europeia
não
poder
criar
a
sua
própria
competência,
desde
cedo
se
admite
que,
em
algumas
hipóteses,
a
falta
de
previsão
de
competência
ou
dos
mecanismos
de
acção
não
foi
voluntária,
permitindo-‐se
a
integração
de
lacunas.
Esta
conhece,
pois,
como
limite
o
princípio
da
atribuição.
• Assim,
são
três
os
mecanismos
previstos
de
integração
de
lacunas
(apontando-‐se
também
um
quarto,
a
revisão
dos
tratados):
1. Unidade
de
sentido
imanente
aos
tratados;
2. Princípio
das
competências
implícitas;
3. Fundamento
subsidiário
do
art.
352.º;
• (1)
Unidade
de
sentido
dos
tratados
(via
jurisprudencial):
este
foi
um
primeiro
mecanismo
tradicionalmente
usado,
em
particular
pelo
Tribunal
de
Justiça.
Normalmente,
os
tratados
das
Comunidades
constituídas
em
Roma
serviam
de
paradigma
para
a
integração
de
lacunas
do
tratado
da
CECA,
apesar
de
o
inverso
também
suceder.
Isto
porque,
apesar
de
coexistirem
várias
organizações
(CECA,
CE,
EURATOM,
UE),
existia
uma
unidade
de
sentido
entre
si
pois
eram
constituídas
pelos
mesmos
Estados,
possuíam
as
mesmas
instituições
e
órgãos
e
objectivos
complementares.
Hoje,
apesar
de
alguns
autores
considerarem
este
mecanismo
desactualizado
o
TFUE
e
o
TUE
podem
ser
usados
para
integração
de
lacunas
do
Tratado
da
CEEA.
O
contrário
não
pode
suceder,
pois
o
Tratado
da
CEEA
é
entendido
como
desactualizado.
• (2)
Princípio
das
competências
implícitas
(via
doutrinal):
o
princípio
das
competências
implícitas
diz-‐nos
que
uma
organização
internacional
deverá
ter
todas
as
competências
que
sejam
necessárias
ou
convenientes
à
prossecução
dos
seus
fins,
não
implicando
nenhuma
excepção
ao
princípio
da
legalidade
da
competência.
O
Tribunal
de
Justiça
reconheceu
expressamente
este
princípio
na
sua
jurisprudência,
no
princípio
do
paralelismo
das
competências:
a
competência
interna
da
União
implica
a
sua
competência
externa,
se
for
necessária
a
realização
de
um
dos
objectivos
da
União.
O
Tratado
de
Lisboa
veio
consagrar
este
princípio
no
art.
3.º/2.
• (3)
Mecanismo
dos
poderes
subsidiários
do
art.
352.º
(via
normativa):
o
art.
352.º
diz-‐nos
que,
se
uma
acção
da
União
for
considerada
necessária
para
atingir
um
objectivo
estabelecido
pelos
tratados
e
não
esteja
neles
prevista,
o
Conselho,
deliberando
por
unanimidade,
sob
proposta
da
Comissão
e
após
aprovação
do
Parlamento,
adoptará
as
disposições
adequadas.
A
norma
refere-‐se,
assim,
às
competências
subsidiárias
da
União,
só
podendo
ser
usada
se
não
houver
um
outro
fundamento
jurídico,
expresso
ou
implícito
(e
apesar
de
poder
ser
também
usado
como
mecanismo
complementar).
A
sua
utilização
está
sujeita
à
verificação
de
um
conjunto
de
requisitos,
principalmente
formais:
- Proposta
da
Comissão;
- Parecer
do
Parlamento;
- Decisão
do
Conselho
por
unanimidade.
• ...
E
encontra
os
seguintes
limites:
1. Princípio
da
atribuição
–
só
se
pode,
por
esta
via,
dar
um
salto
quantitativo,
isto
é,
ampliar
os
poderes
previstos;
2. Visa
apenas
os
objectivos
do
art.
3.º/2,
3
e
5
(Declaração
ad
art.
352.º);
3. Tem
de
respeitar
as
proibições
expressas
(352.º/3);
4. Não
pode
ser
utilizado
no
âmbito
da
PESC
(352.º/4);
5. Não
se
pode
aplicar
o
processo
de
revisão
simplificada
(353.º);
6. As
propostas
estão
sujeitas
ao
controlo
pelos
parlamentos
nacionais
(352.º).
Revisão
dos
tratados
• O
Tratado
de
Lisboa
prevê
um
processo
ordinário
de
revisão
dos
tratados
e
processos
simplificados
(48.º/1).
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
• (1)
Processo
ordinário:
encontra-‐se
descrito
no
art.
48.º/2
e
segs.
TUE.
Salienta-‐se
o
papel
fundamental
desempenhado
pelos
Estados,
pois
é
na
Conferência
de
Representantes
dos
Estados-‐membros
que
se
prepara,
com
total
liberdade
de
conformação,
o
sentido
e
conteúdo
futuro
dos
tratados.
• Fases:
1. Intracomunitária:
iniciativa,
parecer
e
decisão;
2. Intermédia:
fase
facultativa
de
convocação
de
uma
Convenção;
3. Interestadual:
Conferência
Intergovernamental
(CIG);
4. Interna:
ratificação.
• (2)
Processos
simplificados:
estão
previstos
no
art.
48.º/6
e
7
TUE.
- 48.º/6:
é
relativo
às
políticas
e
acções
internas
da
União.
A
característica
fundamental
deste
processo
é
a
capacidade
de
os
Estados-‐membros
afastarem
a
intervenção
da
Comissão
e
do
Parlamento,
que
apenas
são
consultados.
As
alterações
não
podem
aumentar
as
competências
atribuídas
à
União.
- 48.º/7:
permite
que
as
deliberações
do
Conselho
por
unanimidade
possam
passar
a
ser
feitas
por
maioria
qualificada
(com
excepção
das
decisões
com
implicações
no
domínio
militar
ou
defesa);
e
autoriza
que
o
Conselho
adopte
decisões
pelo
processo
legislativo
ordinário.
A
aprovação
do
Parlamento
é
necessária
e
qualquer
parlamento
nacional
pode,
por
si
só,
impedir
previamente
a
adopção
da
decisão.
• (3)
Os
tratados
prevêem
também
outros
processos
de
revisão
simplificados,
isto
é,
que
certas
modificações
sejam
feitas
sem
necessidade
de
um
procedimento
formal
de
revisão.
Exemplos:
- O
Conselho
pode,
deliberando
por
unanimidade,
aumentar
o
número
de
advogados-‐gerais
(252.º);
- O
Parlamento
Europeu
e
o
Conselho
podem,
deliberando
de
acordo
com
o
processo
legislativo
ordinário,
criar
tribunais
especializados
(257.º).
Relação
com
outros
tratados
• (1)
Acordos
celebrados
entre
Estados-membros:
- Acordos
anteriores
à
conclusão
dos
tratados
comunitários:
apenas
subsistem
na
estrita
medida
em
que
sejam
compatíveis
com
eles.
- Acordos
posteriores
à
conclusão
dos
tratados
comunitários:
a
questão
é
resolvida
pelo
art.
4.º/3
TUE,
segundo
o
qual
os
Estados
se
obrigam
a
abster-‐se
de
quaisquer
medidas
susceptíveis
de
pôr
em
perigo
a
realização
dos
objectivos
da
União,
pelo
que
a
assinatura
entre
dois
Estados-‐membros
de
um
acordo
incompatível
com
os
tratados
poderia
mesmo
originar
condenação
perante
o
Tribunal
de
Justiça
(258º
a
260.º).
• (2)
Acordos
celebrados
por
Estados-‐membros
com
terceiros:
- Acordos
anteriores
à
conclusão
dos
tratados
comunitários:
rege
o
art.
351.º,
segundo
o
qual
os
Estados-‐membros
continuam
obrigados
a
essas
convenções,
porém
deverão
procurar
eliminar
as
incompatibilidades.
- Acordos
posteriores
à
conclusão
dos
tratados
comunitários:
esta
questão
é
hoje
maioritariamente
resolvida
pela
competência
geral
e
exclusiva
da
União
para
celebrar
acordos
internacionais
com
outros
Estados
ou
organizações
internacionais
(art.
216.º).
2.
Direito
derivado
Considerações
gerais
• O
direito
derivado
é
constituído
pelos
actos
adoptados
pelos
órgãos
da
União,
no
desenvolvimento
das
competências
que
os
tratados
lhes
conferem.
Estes
actos
não
têm
todos
a
mesma
natureza
e
alcance
jurídico.
• O
Tratado
de
Lisboa
veio
introduzir
uma
reforma
profunda
na
estruturação
da
ordem
jurídica
da
União,
tendo
introduzido
uma
hierarquização
dos
actos
de
direito
derivado:
1. Actos
legislativos;
2. Actos
não
legislativos:
i. Actos
delegados
de
natureza
não
legislativa;
ii. Actos
não
legislativos
de
base;
iii. Actos
de
execução,
de
natureza
não
legislativa;
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
Classificação
dos
actos
de
direito
derivado
segundo
um
critério
formal
1.
Actos
legislativos
• É
a
principal
categoria
de
actos
de
direito
derivado.
O
que
caracteriza
os
actos
legislativos
é
o
seu
procedimento
de
adopção
(289.º/3),
daqui
decorrendo
a
distinção
entre
regulamentos,
directivas
e
decisões
legislativos
e
não
legislativos.
• O
processo
legislativo
inclui
ainda
um
regime
de
perfeição
jurídica
autónomo,
cujo
cumprimento
é
condição
de
validade:
a
assinatura
pelo
legislador
e
a
publicação
no
Jornal
Oficial
(297.º/1).
• Os
actos
legislativos
primam
hierarquicamente
sobre
os
outros
(precedência
da
lei),
gozando
ainda
de
reserva
de
lei
e
apenas
eles
podem
delegar
na
Comissão.
2.
Actos
não
legislativos
• À
luz
do
sistema
anterior,
não
existia
qualquer
distinção
formal
entre
actos
legislativos
e
actos
não
legislativos,
e
os
órgãos
exerciam
as
suas
competências
de
forma
relativamente
livre,
não
desprovida
de
controlo.
O
sistema
em
vigor
antes
do
Tratado
de
Lisboa
radicava
na
chamada
“Comitologia”,
que
estabelecia
as
modalidades
de
controlo
do
exercício
pela
Comissão
as
competências
de
execução
conferidas
pelo
Conselho.
Este
sistema
foi
reformado
pela
Decisão
do
Conselho
de
28
de
Junho
de
1999,
que
fixa
as
regras
de
exercício
das
competências
de
execução
atribuídas
à
Comissão,
através
de
vários
procedimentos
de
controlo.
• O
Tratado
de
Lisboa
veio
alterar
substancialmente
esta
realidade,
introduzindo
os
actos
delegados
e
os
actos
de
execução.
-
Actos
delegados:
o
art.
290.º
permite
ao
legislador
(Parlamento
ou
Conselho)
delegar
na
Comissão
o
poder
de
adoptar
actos
não
legislativos,
de
alcance
geral,
que
completem
ou
alterem
certos
elementos
não
essenciais
do
acto
legislativo.
Este
regime
veio
substituir
o
sistema
da
comitologia.
Os
elementos
essenciais
são
reserva
absoluta
de
actos
legislativos.
- Actos
de
execução:
a
execução
dos
actos
juridicamente
vinculativos
cabe
principalmente
aos
Estados-‐membros,
nos
termos
do
art.
291.º.
No
entanto,
estes
podem
atribuir
ao
Conselho
ou
à
Comissão
a
execução
dos
actos.
O
Parlamento
Europeu
e
o
Conselho
podem,
por
meio
de
regulamento
adoptado
segundo
um
processo
legislativo
ordinário,
definir
previamente
as
regras
e
princípios
gerais
dos
mecanismos
de
controlo
dos
Estados-‐membros
sobre
a
execução
da
Comissão.
Quanto
aos
actos
de
execução,
o
Tratado
de
Lisboa
veio
consagrar
as
seguintes
novidades:
grau
hierárquico
inferior
e
competência
genérica
da
Comissão
para
sua
adopção
(291.º/2).
Classificação
dos
actos
de
direito
derivado
segundo
um
critério
material
1.
Actos
típicos
(vinculativos)
1.1.
Regulamento
• O
regulamento
está
previsto
no
art.
288.º,
§2
e
possui
três
características:
- Tem
carácter
geral,
isto
é,
aplica-‐se
a
uma
generalidade
de
destinatários;
- Goza
de
aplicabilidade
directa,
não
necessitando
de
nenhum
mecanismo
de
recepção
para
vigorar
internamente
(a
sua
reprodução
é
mesmo
proibida).
A
aplicabilidade
directa
depende
apenas
do
preenchimento
das
condições
de
vigência
e
validade
das
normas
da
União,
a
saber:
i. Adopção
pelo
órgão
ou
órgãos
competentes;
ii. Adopção
segundo
o
processo
adequado;
iii. Fundamentação
(296.º);
iv. Publicidade
(assinatura
e
publicação)
(297.º);
v. Vacatio
legis
(297.º).
- É
obrigatório
em
todos
os
seus
elementos,
o
que
significa
que
os
destinatários
não
podem
adaptar
o
seu
conteúdo.
Os
regulamentos
são
normativamente
autosuficientes,
ou
seja,
regulam
a
totalidade
da
matéria.
Contudo,
existe
uma
excepção:
os
regulamentos
de
base,
que
estabelecem
apenas
os
aspectos
essenciais
da
intervenção
comunitária,
deixando
à
Comissão
a
competência
para
legislar
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
sobre
os
aspectos
não
essenciais
através
dos
regulamentos
delegados
(art.
290.º);
ou
a
outras
instituições
através
dos
regulamentos
de
execução
(164.º
e
178.º).
• A
aplicabilidade
directa
dos
regulamentos
não
significa
aplicabilidade
imediata,
pois,
para
além
da
vacatio
legis
exigida,
pode
suceder
que
a
aplicação
do
regulamento
esteja
subordinada
à
aplicação
de
medidas
complementares
a
adoptar
quer
pela
instituição
da
União
competente
(regulamentos
de
execução),
quer
pelas
autoridades
nacionais
competentes.
• A
vigência
directa
dos
regulamentos
no
ordenamento
jurídico
português
resulta
do
art.
8.º/3
CRP,
que
consagra
a
sua
incorporação
automática.
A
obrigatoriedade
dos
regulamentos
supõe
que
não
possam
ser
postos
em
causa
por
instrumentos
de
direito
interno.
1.2.
Directiva
• As
directivas
estão
previstas
no
art.
288.º,
§3,
e
caracterizam-‐se
por
serem
actos
da
União
que
impõem
aos
Estados-membros
a
realização
de
certos
objectivos
dentro
de
um
certo
prazo,
deixando-‐lhes,
no
entanto,
uma
liberdade
quanto
à
forma
e
ao
meio
de
os
alcançar.
• Assim,
a
directiva
distingue-‐se
do
regulamento:
- Ao
contrário
dos
regulamentos,
as
directivas,
apesar
de
poderem
conter
uma
disciplina
geral,
têm
como
destinatários
imediatos
apenas
os
Estados;
- Se
os
regulamentos
são
obrigatórios
em
todos
os
seus
elementos,
as
directivas
só
vinculam
o
Estado
quando
ao
objectivo
a
alcançar;
- Enquanto
que
o
regulamento
goza
de
aplicabilidade
directa,
a
directiva
carece
de
um
acto
nacional
de
incorporação
para
poder
vigorar
internamente.
• A
obrigatoriedade
de
resultado
decorre
da
própria
directiva
e
do
art.
4.º/3
TUE
(dever
de
cooperação).
Consequentemente,
ao
aplicar
o
direito
interno,
especialmente
as
disposições
de
um
acto
nacional
adoptado
com
vista
à
transposição
da
directiva,
as
jurisdições
nacionais
estão
obrigadas
a
desaplicar
as
normas
internas
contrárias
(princípio
do
primado)
e
a
interpretar
o
direito
nacional
à
luz
do
texto
e
finalidade
da
directiva
(interpretação
conforme).
• A
liberdade
quanto
aos
meios
significa
que,
desde
que
respeitem
o
resultado,
cada
Estado-‐
membro
decide
quais
as
medidas
concretas
a
adoptar
para
o
atingir.
• A
liberdade
quanto
à
forma
significa
que
os
Estados
podem
recorrer,
para
atingir
o
objectivo
prescrito,
qualquer
das
modalidades
ou
instrumentos
técnico-‐jurídicos
de
direito
público
interno
–
por
via
legislativa,
regulamentar
ou
administrativa.
Porém,
de
acordo
com
a
jurisprudência
constante
do
Tribunal
de
Justiça,
a
transposição
deve
ser
correcta,
completa
e
com
a
especificidade,
exactidão
e
clareza
suficientes
para
que
seja
satisfeita
a
exigência
de
segurança
jurídica
e
o
seu
efeito
útil.
Incumbe
à
Comissão
fazer
prova
bastante
de
que
os
instrumentos
utilizados
pelo
Estado-‐membro
são
contrários
ao
direito
da
União
(17.º/1
TUE
e
258.º).
• Em
Portugal,
a
transposição
de
directivas
deve
revestir
a
forma
de
lei
ou
decreto-‐lei
(art.
112.º/9
CRP),
medida
introduzida
em
1997
e
terá
sido
motivada
pelo
reconhecimento
normativo
da
posição
hierárquica
das
normas
da
União.
• Porém,
a
vigência
interna
de
uma
directiva
não
está
totalmente
dependente
da
sua
transposição,
podendo
os
cidadãos
e
empresas
invocar
certos
direitos
e
obrigações
delas
emanados
contra
o
Estado,
mesmo
na
falta
de
um
acto
de
transposição.
Com
efeito,
a
directiva
gera,
para
o
Estado,
uma
vinculação
imediata,
pelo
que,
se
o
Estado
estava
obrigado
a
transpor
uma
directiva
e
não
o
fez
no
prazo
estipulado,
incorre
numa
situação
de
incumprimento
e
poder
ser
sancionado
contenciosamente
(258.º)
e
não
pode
beneficiar
dele.
Assim,
o
particular
poderá
invocá-‐la
jurisdicionalmente
contra
o
Estado,
obtendo
o
benefício
da
sua
aplicação
e
a
desaplicação
das
normas
nacionais
que
a
ela
se
oponham,
desde
que
a
directiva
reúna
certas
condições
–
efeito
directo.
• Para
este
efeito,
deve
considerar-‐se
Estado
numa
concepção
ampla,
incluindo
a
Administração
Pública
e
todos
os
organismos
ou
entidades
que
estejam
sujeitas
à
autoridade
ou
ao
controlo
do
Estado.
• E
antes
de
decorrer
o
prazo?
Apesar
de
os
Estados
não
estarem
obrigados
à
adopção
de
medidas,
durante
o
dito
prazo
devem
abster-‐se
de
adoptar
disposições
que
possam
comprometer
gravemente
o
resultado
prescrito
pela
directiva,
como
resulta
do
art.
4.º/3
TUE
(processo
Wallonie).
1.3
Decisão
• A
decisão
está
prevista
no
art.
288.º,
§4,
e
é
um
acto
obrigatório
em
todos
os
seus
elementos,
podendo
ser
individual
ou
geral.
Os
seus
destinatários
tanto
podem
ser
Estados-membros
ou
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
particulares.
A
noção
de
decisão
foi
alterada
com
o
Tratado
de
Lisboa,
visto
que
esta
já
não
tem
de
indicar
destinatários,
aumentando
assim
o
número
de
matérias
e
situações
em
que
pode
ser
utilizada.
• Em
princípio,
as
decisões
não
tem
carácter
geral,
e
a
sua
vigência
depende
da
notificação
(salvo
se
adoptadas
por
processo
legislativo,
297.º/2).
• As
decisões
gozam
de
efeito
directo?
Em
princípio,
como
qualquer
acto
juridicamente
vinculativo
da
União,
gozam
de
efeito
directo,
mas
a
limitação
dos
destinatários
e
a
forma
de
publicidade
(notificação)
tornam
difícil
o
reconhecimento
geral
do
seu
efeito
directo.
Torna-‐se
necessário
distinguir
três
tipos
de
situações:
- Decisões
dirigidas
a
particulares:
geram
efeito
directo,
cumpridos
os
pressupostos
de
que
este
depende
em
geral.
- Decisões
dirigidas
aos
Estados:
em
princípio,
estas
decisões
não
geram
efeito
directo.
Este
era
o
entendimento
corrente;
porém,
o
Tribunal
de
Justiça,
no
acórdão
Franz
Grad,
veio
consagrar
o
efeito
directo
de
uma
decisão,
que
dependerá
da
adopção,
pelo
Estado,
de
actos
internos
de
execução.
- Excepção:
decisões
sem
destinatário,
art.
25.º
TUE,
no
âmbito
da
PESC.
1.
Actos
típicos
(não
vinculativos)
• Os
actos
típicos
da
União
não
vinculativos
são
as
recomendações
e
os
pareceres,
encontrando-‐se
previstos
no
art.
288.º,
§5.
Apesar
de
serem
caracterizados
como
não
vinculativos,
alguns
pareceres
têm
consequências
jurídicas
(como
os
pareceres
do
Tribunal
de
Justiça,
218.º/11).
Os
actos
vinculativos
têm
também
de
fazer
expressa
referência
aos
pareceres,
sob
pena
de
invalidade
por
falta
de
fundamentação.
• Distinção
entre
recomendações
e
pareceres:
- Os
tratados
determinam
se
o
acto
a
adoptar
é
uma
recomendação
ou
um
parecer;
- Normalmente,
a
recomendação
é
da
iniciativa
do
órgão
e
dirige-‐se
para
o
exterior,
ainda
que
não
seja
publicitada;
- O
parecer
costuma
ser
adoptado
no
quadro
do
desenvolvimento
habitual
do
processo
de
decisão,
como
acto
interno
e
preparatório.
2.
Actos
atípicos
• É
possível
encontrar,
ao
longo
do
direito
originário
e
derivado,
outros
actos
jurídicos
com
características
diferenciadas
–
actos
atípicos,
por
não
estarem
previstos
no
art.
288.º.
Apesar
de,
tradicionalmente,
estes
actos
serem
desprovidos
de
efeitos
jurídicos
obrigatórios,
alguns
actos
atípicos
têm
relevo
jurídico
(exemplo:
os
regulamentos
internos,
235.º,
240.º,
249.º).
A
força
jurídica
de
um
acto
depende,
não
da
sua
designação,
mas
do
seu
conteúdo.
• Exemplos
de
actos
atípicos:
- Propostas
(17.º/2
TUE);
- Projectos
(48.º/2
TUE);
- Directrizes
(207.º/3),
- Relatórios
(249.º/2);
- Conclusões
(148.º/1);
- Declarações
(287.º/1);
- Cartas
de
arquivamento
(258.º);
- Resoluções;
- Comunicações.
FONTES
ESPONTÂNEAS
Entre
as
tradicionais
fontes
espontâneas
contam-‐se:
• Costume:
o
reconhecimento
do
costume
como
fonte
de
direito
da
União
Europeia
é
praticamente
pacífico,
e
funda
o
reconhecimento
de
normatividade
jurídica
a
actos
e
órgãos
de
maior
importância
para
a
União.
• Princípios
gerais
de
direito:
desempenham
um
papel
fundamental
no
ordenamento
jurídico
europeu,
defendendo-‐se
que
primam
sobre
o
direito
derivado
e
mesmo
sobre
o
direito
originário,
sempre
que
acolham
direitos
inderrogáveis.
Podemos
distinguir
três
tipos
de
princípios
gerais:
- Princípios
de
direito
interno;
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
• Está
previsto
no
art.
4.º/3
TUE
e
diz-‐nos
que
os
Estados-‐membros
devem
todas
as
medidas
adequadas
para
garantir
a
execução
das
obrigações
decorrentes
dos
tratados
e
resultantes
dos
actos
das
instituições
da
União,
e
abster-‐se
de
tomar
medidas
susceptíveis
de
pôr
em
perigo
a
realização
dos
objectivos
da
União.
4.2.
Princípio
da
atribuição
de
competências
• O
princípio
da
atribuição
de
competências
foi
introduzido
formalmente
com
o
Tratado
de
Maastricht,
e
está
previsto
no
art.
5.º/1
e
2
TUE.
• Significa
que
a
União
só
dispõe
das
atribuições
e
competências
que
lhes
hajam
sido
conferidas
pelos
Estados-‐membros,
através
dos
instrumentos
de
direito
originário.
Possui
duas
dimensões:
- Dimensão
positiva:
reconhecimento
da
competência
da
União
quando
os
Estados-‐
membros
lhe
tenham
atribuído;
- Dimensão
negativa:
quando
os
tratados
não
tenham
conferido
à
União
competência,
esta
mantém-‐se
no
Estado-‐membro.
• Este
princípio
percebe-‐se
à
luz
do
princípio
da
especialidade,
que
delimita
a
capacidade
jurídica
das
organizações
internacionais
no
direito
internacional
público;
e
pelo
facto
da
União
não
poder
criar
a
sua
própria
competência,
pois
a
competência
da
competência
é
característica
dos
Estados
soberanos.
Ou
seja,
o
princípio
da
atribuição
envolve
princípios
constitucionais
dos
Estados-‐membros,
proibindo
estes
de
transferir
a
competência
das
competências
e
obriga
a
União
a
respeitar
a
identidade
nacional
dos
Estados.
• O
Tratado
de
Lisboa
classifica
as
competências
da
União
em
competência
exclusivas
(3.º),
competências
partilhadas
(4.º),
competências
de
coordenação
(5.º)
e
competências
de
acompanhamento
ou
suplemento
(6.º).
Nos
domínios
de
competência
partilhada,
funciona
o
princípio
da
preempção,
art.
2.º/2:
os
Estados-‐membros
exercem
a
sua
competência
na
medida
em
que
a
União
não
tenha
exercido
a
sua.
Os
Estados-‐membros
voltam
a
exercer
a
sua
competência
na
medida
em
que
a
União
tenha
decidido
de
exercer
a
sua.
A
ideia
de
preempção
é
uma
ideia
de
precedência
–
o
exercício
da
competência
da
União
impede
os
Estados-‐membros
de
exercerem
a
sua.
4.3.
Princípio
da
subsidiariedade
• A
afirmação
expressa
do
princípio
da
subsidiariedade
ocorreu
com
o
Acto
Único
Europeu,
embora
na
política
do
ambiente;
tendo
o
princípio
obtido
consagração
como
princípio
geral
de
direito
com
o
Tratado
de
Maastricht.
Está
previsto
no
art.
5.º/3
TUE,
e
dispõe:
“nos
domínios
que
não
sejam
sua
competência
exclusiva,
a
União
intervém
apenas
se
e
na
medida
em
que
os
objectivos
da
acção
considerada
não
possam
ser
suficientemente
alcançados
pelos
Estados-‐
membros,
tanto
ao
nível
central
como
ao
nível
regional
e
local,
podendo
contudo,
devido
às
dimensões
ou
aos
efeitos
da
acção
considerada,
ser
mais
bem
alcançados
ao
nível
da
União”.
• Este
princípio
só
vale
nos
domínios
de
competência
concorrente
entre
os
Estados-‐membros
e
a
União,
e
tem
como
limite
o
princípio
da
proporcionalidade.
Os
critérios
para
a
repartição
das
competências
são
a
dimensão
da
acção
e
o
alcance
dos
efeitos.
• O
princípio
da
subsidiariedade
constitui
um
princípio
jurídico
geral
de
direito
da
União
e
está
sujeito
à
fiscalização
do
Tribunal
de
Justiça
da
União
Europeia.
• O
Tratado
de
Lisboa
veio
também
eleger
o
controlo
do
respeito
pelo
princípio
da
subsidiariedade
como
uma
das
áreas
onde
será
mais
evidente
a
intervenção
dos
parlamentos
nacionais
(Protocolo
relativo
ao
papel
dos
Parlamentos
nacionais
e
Protocolo
relativo
à
aplicação
dos
princípios
da
subsidiariedade
e
proporcionalidade):
- Qualquer
parlamento
nacional
pode
dirigir
aos
presidentes
do
Parlamento
Europeu,
do
Conselho
e
da
Comissão
um
parecer
fundamentado
sobre
a
conformidade
de
determinado
projecto
de
acto
legislativo
com
o
princípio
da
subsidiariedade
(art.
6.º
Protocolo);
- Todos
os
actos
legislativos
da
União
devem
ser
devidamente
fundamentados
quando
ao
princípio
da
subsidiariedade
(art.
5.º
Protocolo);
- Um
Estado-‐membro
pode
interpor
um
recurso
de
anulação
com
fundamento
na
violação
do
princípio
da
subsidiariedade
(art.
8.º
Protocolo).
4.4.
Princípio
da
proporcionalidade
• O
princípio
da
proporcionalidade
está
previsto
no
art.
5.º/1
e
4
TUE
e
a
sua
consagração
formal
ocorreu
com
o
Tratado
de
Maastricht.
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
• Compete
a
este
princípio
servir
de
critério
sobre
a
adequação
de
determinada
acção
da
União
ou
dos
Estados-‐membros
para
a
realização
de
determinados
objectivos,
bem
como
a
certificação
da
inexistência
de
outros
meios
menos
prejudiciais
para
realizar
os
mesmos.
O
princípio
da
proporcionalidade
é
indissociável
do
princípio
da
subsidiariedade
na
medida
em
que
serve
de
limite
ao
exercício
das
competências
concorrentes
pela
União.
Como
a
transferência
de
poderes
para
a
União
constitui
um
meio
para
atingir
as
finalidades
substantivas
dos
tratados,
o
princípio
da
proporcionalidade
impõe
a
limitação
material
e
formal
das
medidas
da
União
ao
estritamente
necessário
à
prossecução
dos
objectivos
dos
tratados.
• Este
princípio
não
pode
ser
entendido
com
a
mesma
densidade
e
significado
que
lhe
é
reconhecido
no
direito
interno.
O
Tribunal
de
Justiça
entende
que
este
princípio
“exige
que
os
actos
das
instituições
comunitárias
não
ultrapassem
os
limites
do
adequado
e
necessário
à
realização
dos
objectivos
legítimos
prosseguidos
pela
regulamentação
em
causa”.
O
princípio
da
proporcionalidade
compreende
três
subprincípios:
- Adequação:
a
medida
da
União
deve
ser
apta
a
realizar
o
fim
desejado.
- Necessidade:
exige
que
a
medida
seja
a
menos
onerosa,
do
ponto
de
vista:
1. Dos
custos
administrativos;
2. Dos
encargos
administrativos;
3. Da
ingerência
na
soberania
dos
Estados
–
o
princípio
da
proporcionalidade
aponta
para
a
adopção
da
medida
europeia
menos
detalhada
possível,
de
forma
a
permitir
uma
margem
de
manobra
tão
grande
quanto
possível.
Assim,
deve
dar-‐se
prevalência
a
directivas-‐quadro
sobre
directivas
propriamente
ditas,
e
a
estas
sobre
os
regulamentos;
- Proporcionalidade
em
sentido
estrito:
requer
que
sejam
evitadas
as
medidas
que
possam
ter
mais
custos
que
benefícios.
• Uma
correcta
aplicação
do
princípio
da
proporcionalidade
requer
a
promoção
de
amplas
consultas
e
a
fundamentação
de
todas
as
propostas.
4.5.
Princípio
da
aplicabilidade
directa
• É
a
desnecessidade
de
um
acto
nacional
de
recepção
para
que
os
regulamentos
vigorem
na
ordem
jurídica
interna.
• O
princípio
da
aplicabilidade
directa
está
previsto
no
art.
288.º.
Aplica-‐se
aos
regulamentos,
quer
legislativos,
quer
não
legislativos,
e
diz-‐nos
que
estes
vigoram
directamente
nos
ordenamentos
jurídicos
internos,
sem
necessidade
de
qualquer
acto
de
transformação
ou
recepção.
• Encontra-‐se
consagrado
no
art.
8.º/3
CRP:
“as
normas
emanadas
dos
órgãos
competentes
(Parlamento
Europeu
e
Conselho)
das
organizações
internacionais
de
que
Portugal
seja
parte
(União
Europeia)
vigoram
directamente
na
ordem
interna
(gozam
de
aplicabilidade
directa)
desde
que
tal
se
encontre
estabelecido
nos
respectivos
tratados
constitutivos
(288.º)”.
4.6.
Princípio
da
efectividade
• O
princípio
da
efectividade
diz-‐nos
que,
por
força
da
sua
pertença
à
União
Europeia
e
das
obrigações
emanadas
dos
tratados,
designadamente
do
art.
4.º/3
TUE,
os
Estados-‐membros
devem
garantir
a
plena
eficácia
do
direito
da
União.
• O
princípio
da
efectividade
desdobra-‐se
em
vários
subprincípios:
- Princípio
do
efeito
directo;
- Princípio
do
primado;
- Princípio
da
interpretação
conforme
- Princípio
da
responsabilidade
civil
do
Estado
pela
violação
do
direito
da
União
Europeia.
4.6.1.
Efeito
directo
• É
a
possibilidade
de
os
particulares
invocares,
juntos
dos
órgãos
jurisdicionais
nacionais,
direitos
subjectivos
que
lhes
sejam
conferidos
pelas
normas
de
Direito
da
União
Europeia.
1.
No
direito
originário
• O
efeito
directo
foi
afirmado
pela
primeira
vez
no
(1)
processo
Van
Gend
en
Loos
(1963),
acerca
da
criação
de
uma
taxa
aduaneira
pela
Holanda
sobre
a
importação
de
resina
e
a
produção
ou
não
de
efeitos
directos
da
norma
que
proibia
a
criação
destas
taxas
(actual
art.
28.º).
Neste
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
acórdão,
o
tribunal
reconheceu
que
os
particulares
podiam
invocar
contra
o
Estado
normas
dos
tratados
que
estabelecessem
obrigações
de
abstenção
para
os
Estados
de
forma
clara,
precisa
e
incondicionada.
Os
argumentos
que
o
Tribunal
invocou
na
fundamentação
foram
os
seguintes:
- Insuficiência
da
acção
de
incumprimento;
- Fins
do
reenvio
prejudicial
–
assegurar
a
unidade
da
interpretação
do
direito
nacional;
- Natureza
do
direito
comunitário
–
a
Comunidade
constitui
uma
ordem
jurídica
de
direito
internacional,
em
benefício
da
qual
os
Estados
limitaram
os
seus
direitos
soberanos;
- Sujeitos
do
direito
comunitário
–
os
sujeitos
do
direito
comunitário
são,
não
apenas
os
Estados,
mas
também
os
seus
cidadãos.
• No
(2)
acórdão
Simmenthal
(entre
a
administração
fiscal
italiana
e
a
Simmenthal,
uma
empresa
de
carnes
em
conserva),
o
Tribunal
veio
fornecer
uma
definição
de
efeito
directo,
argumentando
que,
como
as
disposições
dos
tratados
constituíam
uma
fonte
imediata
de
direitos
e
obrigações
para
todos
os
destinatários,
quer
Estados-‐membros,
quer
cidadãos,
os
juízes
devem
proteger
os
direitos
conferidos
aos
particulares
pelo
direito
comunitário.
• E
no
direito
derivado?
O
efeito
directo
tanto
se
verifica
no
direito
originário
como
no
direito
derivado
–
as
normas
das
directivas,
regulamentos
e
decisões
são
susceptíveis
de
gerar
efeito
directo,
desde
que
sejam
suficientemente
claras,
precisas
e
incondicionadas.
2.
Nas
directivas
• Como
as
directivas
vinculam
os
Estados-‐membros
quanto
ao
resultado
a
alcançar,
deixando
às
instâncias
nacionais
a
competência
quanto
à
forma
e
ao
meio,
os
direitos
aos
particulares
com
base
nas
directivas
apenas
poderiam
resultar,
à
partida,
das
disposições
internas
adoptadas
pelo
Estado
destinatário.
• Contudo,
a
jurisprudência
do
Tribunal
de
Justiça
foi-‐se
consolidando
no
sentido
de
afirmar
que,
sob
certas
condições,
as
directivas
podiam
gerar
efeito
directo.
Esta
concepção
foi
explicitamente
afirmada
no
acórdão
Van
Duyn
(1974),
no
qual
uma
trabalhadora,
adepta
da
cientologia,
se
viu
discriminada
num
posto
de
trabalho
em
Inglaterra
em
razão
da
sua
crença.
Reenviando
este
processo
ao
Tribunal
de
Justiça,
este
considerou
que
a
directiva
comunitária
acerca
da
livre
circulação
de
trabalhadores,
que
proibia
qualquer
discriminação,
tinha
efeito
directo,
com
base
nos
seguintes
argumentos:
- Recusa
do
argumento
literal:
do
art.
189.º
não
se
pode
concluir
que
apenas
os
regulamentos
geram
efeito
directo;
- Força
vinculativa:
a
directiva
gera
uma
obrigação
para
os
Estados-‐membros;
- Efeito
útil:
o
efeito
útil
da
directiva
implica
que
os
particulares
a
possam
invocar
contra
o
Estado
perante
os
tribunais
nacionais.
• Esta
posição
foi
reafirmada
por
vários
acórdãos
posteriores.
No
caso
Ratti,
no
qual
um
particular
cumpriu
as
exigências
de
rotulagem
de
uma
directiva
comunitária
não
transposta
pelo
Estado
italiano,
e
menos
exigentes
do
que
as
previstas
na
legislação
nacional,
o
Tribunal
afirmou
o
efeito
directo
da
directiva,
afirmando
que
esta
teria
efeitos
semelhantes
ao
do
regulamento:
da
sua
força
vinculativa
decorre
a
possibilidade
dos
particulares
a
poderem
invocar
perante
os
tribunais
nacionais;
e
com
base
no
princípio
do
Estoppel
(non
venire
contra
factum
proprium),
ou
seja,
a
directiva
é
invocada
como
um
escudo.
Este
efeito
directo
foi
também
afirmado
no
caso
Becker,
no
qual
uma
particular
reivindicou
a
restituição
do
IVA
de
transacções
comerciais
que,
de
acordo
com
uma
directiva
não
transposta,
deveriam
estar
isentas,
argumentando
o
Tribunal
que
a
não
transposição
de
uma
directiva
não
poderia
ter
efeitos
punitivos
para
os
particulares.
A
directiva
é
por
isso
invocada
como
uma
espada,
com
efeitos
punitivos.
• Pressupostos
do
efeito
directo
das
directivas:
1. Decurso
do
prazo
de
transposição;
2. Falta
de
transposição;
3. Direitos
para
os
particulares;
4. Contra
o
Estado,
ou
seja,
uma
directiva
não
produz
efeitos
entre
particulares
(Acórdão
Marshall);
5. Norma
clara,
precisa
e
incondicionada:
- Clara:
não
deixa
aos
Estados-‐membros
qualquer
margem
de
apreciação,
o
seu
sentido
é
inequívoco.
Laura
Nunes
Vicente
–
Ano
lectivo
de
2012/2013
dos
trabalhadores
no
caso
de
insolvência
da
entidade
patronal
visto
que
esta
não
identificava
quem
era
responsável
por
esta
garantia
de
protecção.
Também
no
(2)
caso
Brasserie
du
Pêcheur
vs.
Factortarme
III
(1996)
o
Tribunal
afirmou
o
princípio
da
responsabilidade
dos
Estados
pela
violação
do
direito
comunitário
–
a
legislação
alemã
sobre
a
pureza
da
cerveja
impedia
a
exportação
da
cerveja
francesa
pela
Brasserie.
Esta
intenta
contra
o
Estado
alemão
uma
acção
de
indemnização
com
fundamento
numa
norma
do
tratado
sobre
a
livre
circulação
de
mercadorias,
e
este
é
obrigado
a
indemnizá-‐la
visto
verificarem-‐se
os
três
requisitos
supra.
4.7.
Princípio
da
autonomia
• O
princípio
da
autonomia
estabelece
que
o
direito
da
União
Europeia
é
autónomo
pois,
embora
integrado
no
direito
internacional
em
sentido
amplo,
caracteriza-‐se
por
diferentes
modos
de
formação
e
de
aplicação.
• Assim,
podemos
dizer
que
a
autonomia
do
direito
da
União
Europeia
resulta
da:
- Autonomia
na
criação;
- Autonomia
na
aplicação;
- Autonomia
na
interpretação
e
integração
de
lacunas;
- Autonomia
na
força
jurídica.
• O
direito
europeu
é
também
autónomo
em
relação
ao
direito
interno
pois,
mesmo
incorporadas
nos
ordenamentos
estaduais,
as
normas
mantêm
a
sua
natureza.